Direção: Russ Meyer
Roteiro: Jack Moran, Russ
Meyer (história original)
Produção: Eve Meyer, Russ
Meyer, George Costello e Fred Owens (Produtor Associado)
Elenco: Tura Santana, Haji,
Lori Williams, Sue Bernard, Dennis Busch, Stuart Lancaster, Paul Trinka
Faster,
Pussycat! Kill! Kill! é o cultuado filme de Russ Meyer que
definiu toda a estética grindhouse, sendo o primeiro a escancarar o caminho
para que os filmes exploitation se tornassem febre nos cinemas
decadentes no final dos anos 60 e todos os anos 70, com suas doses cavalares de
sexo e sangue e todas as suas demais vertentes com o
sufixo sploitation (sex, black, nun, e por aí vai…). A narração
de abertura do longa por si só é espetacular: “Senhoras e senhores, bem vindo à
violência. Tanto da palavra como da ação. Porque a violência pode manifestar-se
de várias maneiras, sendo que sua forma preferida ainda continua sendo… sexo”.
E daí já emenda com todo o conceito pelo qual o filme roda: “Examinemos mais
detalhadamente esta nova maligna criação, esta nova geração presa e contida na
pele macia da mulher”. Faster… é uma ode à violência das mulheres, como o
próprio Meyer definiu, e tirou do cinema aquela mulher frágil e dependente dos
mocinhos, colocando em seu lugar a figura da vixen, da mulher de
personalidade forte, que explora muito bem sua sexualidade e não vê nenhum
problema em meter a porrada em marmanjos, dirigir carros possantes e mandar as
boas maneiras às favas. Todas as garotas deveriam
assistir Faster… pelo menos uma vez. Aqui temos o surgimento da
mulher forte, inteligente e perigosa. As três personagens principais, Varla,
Rosie e Billie são As Panteras ao avesso. E isso tudo em pleno meados dos anos
60, com a revolução feminina estourando assim como a batalha pelos direitos
iguais das mulheres. Um dos vários personagens caricatos do filme, o “Velho”
solta a pérola em determinado momento: “Mulheres. Permitiram a vocês votar, dirigir
e fumar. Até usar calças. E o que aconteceu? Um democrata na presidência”. E
esse humor ácido carregado vai permear todo o filme, com seus diálogos
incrivelmente afiados, situações inusitadas, linguajar chulo, e a explosiva
combinação de beldades, violência, sadismo e velocidade, verdadeiro deleite
para qualquer fã dos filmes B. A insólita história das três go go
dancers que pegam seus carros envenenados, vão para o deserto, apostam
racha com um coxa e sua namoradinha ingênua, matam o rapaz, sequestram a menina
e ainda querem roubar toda a grana de um velho aleijado que tem um filho meio
mongoloide, é impagável. E o que falar então dos seus decotes enormes, calças
justas, barriguinhas de fora, roupas provocantes, cenas de nudez parcial (como
os banhos das meninas na bomba de água em pleno deserto) e toda a sua
fortíssima conotação sexual? Varla, interpretada pela icônica Tura Santana, é a
megera em forma de mulher. Dominatrix, tem uma tremenda influência em suas
comparsas de crime e parceiras de dança: Rosie, a espevitada e bocuda e Billie,
com seu caricatíssimo sotaque italiano, lésbica reprimida que nutre uma paixão
platônica por Varla. A primeira maldade do trio, como disse no parágrafo acima,
é disputar racha no meio do deserto com um típico mauricinho americano (como
elas mesmo definem) e sua namorada sonsa, que não acaba nada bem para a dupla
tão encaixada no american way of life dos anos 60: ele é morto,
estrangulado por Varla, após tomar um cacete da mulher, o tal sexo frágil, e a
moça é sequestrada, amordaçada, drogada, espancada e torturada
psicologicamente. Ao parar em um posto de gasolina para abastecer, conhecem a
história do “Velho”, muquirana confinado a uma cadeira de rodas, podre de rico,
avarento, rabugento, que mora em um rancho no meio do deserto com seus dois
filhos, Kirk, o bonzinho reprimido e “Vegetal”, que tem um certo retardo mental
e todo marombado pois vive se exercitando. Esse é o passaporte para as três
mulheres fatais tentarem pegar a grana, despachar a dondoca que sequestraram e
não precisar dançar nunca mais. Mas por mais que o cenário pareça positivo, não
vai ser moleza para as três conseguirem esse dinheiro. O Velho é um baita de um
misógino que simplesmente odeia as mulheres devido a um distorcido senso de
vingança, afinal foi uma mulher que fez ele quebrar a espinha em uma acidente
de trem e ficar paraplégico, que usa seu filho brutamontes para raptá-las e
violentá-las. Juntando todos esses elementos malucos, o filme vai ficando cada
vez mais divertido, até seu final, principalmente os assassinatos e na forma
com que vão acontecendo. E olha que o narrador também avisa no começo da fita:
“Mas atenção, ajam com cuidado e não baixem a guarda”. Faster… é lendário
e importantíssimo para a história do cinema. É O FILME para quem é fã de
Quentin Tarantino, Robert Rodrigues e cia, e acha que eles são originalíssimos
e o maiores gênios que já andaram por essa terra. Faster… , por
exemplo, é uma das grandes referências de Tarantino. Tanto que seu filme À
Prova de Morte é uma homenagem rasgadíssima e ele. E também não deixe de
ouvir a música tema, Run Pussy Cat do Bostweeds, para entender mais um pouco
do que estou falando também sobre as influências musicais de Tarantino em suas
produções.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/06/13/186-faster-pussycat-kill-kill-1965/
1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
444 1965 Faster, Pussycat! Kill! Kill!
Nenhum comentário:
Postar um comentário