sábado, 11 de julho de 2015

#192 1966 DRÁCULA O PRINCIPE DAS TREVAS (Dracula: Prince of Darkness, Reino Unido)


Direção: Terence Fisher
Roteiro: John Sansom, John Elder (ideia original) (baseado nos personagens criados por Bram Stoker)
Produção: Anthony Nelson Keys
Elenco: Christopher Lee, Barbara Shelley, Andrew Keir, Francis Matthews, Suzan Farmer

Depois de sete anos, eis que Christopher Lee finalmente volta a vestir sua capa e presas, para encarnar o terrível Conde Drácula, nesta que é a continuação direta de O Vampiro da Noite de 1959, produzido pelo lendário estúdio inglês Hammer. Estou falando de Drácula, O Príncipe das Trevas.
Assistir Lee interpretando o vampiro mor é como rever um antigo amigo. Fora que seu altivo Drácula nunca perde a sua majestade. E melhor ainda ver toda, ou quase toda, turma reunida, depois de duas cabeçadas da própria Hammer na mitologia vampiresca, com os fraquinhos As Noivas de Drácula e O Beijo do Vampiro, sem Christopher Lee no elenco. Terence Fisher volta à direção, Jimmy Sangster, sob o pseudônimo de John Sansom, assina o roteiro e Anthony Nelson Keys produz o filme. Só faltou Peter Cushing reprisar o papel do Prof. Van Helsing. Apesar que ele aparece no começo da fita, em cenas de arquivo de O Vampiro da Noite derrotando Drácula, para recordar ao espectador como o destemido caçador havia varrido aquele mal dos Cárpatos há dez anos. Fato é que Drácula – O Príncipe das Trevas é considerado por muitos o melhor filme da franquia, percebendo-se uma evolução gigantesca tanto no domínio de Fisher na direção, quanto nos trejeitos do personagem de Lee, que abre a boca sequer uma vez no filme, mas sua frieza, presença assustadora, longos caninos, olhar demoníaco, e maneirismos, metem medo sem precisar que diga qualquer palavra. Há inclusive uma controvérsia entre o ator e o roteirista, onde Lee alega que foi sua opção não ter nenhum diálogo, considerando o script fraco (inclusive comenta esse fato no documentário As Várias Faces de Christopher Lee), enquanto Sangster jura de pé junto que realmente não escreveu nenhuma fala para o vampiro. Independente disso, não é só Lee quem está afiado na atuação muda de Drácula. Barbara Shelley conseguiu colocar seu nome de vez como uma das mais famosas Scream Queens do cinema graças a seu papel de Helen Kent, que no começo do filme se caga de medo e usa umas roupas fechadas até o pescoço, e depois de mordida pelo vampiro, vira uma verdadeira concubina do inferno, abusando da sexualidade, camisolas esvoaçantes e decotes convidativos. E também vale a menção para Andrew Keir que interpreta o frade Sandor, que faz às vezes de caçador de vampiros e imprime um tom de auto sátira ao papel (principalmente na cena da taverna, onde explana as maravilhas dos prazeres mundanos em poder tomar uma taça de vinho e aquecer a bunda numa lareira), e para Thorley Walter, que faz o papel de Ludwig, versão Hammer para o excêntrico personagem Reinfield da novela de Bram Stoker, louquinho de pedra e que gosta de comer moscas. Repare se o ator Thorley Walter não é a cara do carteiro Jaiminho (para evitar a fadiga) do Chaves! Mesmo dez anos após ter sido destruído por Van Helsing, a lenda de Drácula ainda faz gelar o sangue dos moradores dos Cárpatos. Só que o descanso eterno do morto-vivo está prestes a terminar quando um grupo de quatro ingleses turistas resolvem se aventurar no castelo do conde, mesmo tendo sido avisado pelo frade Sandor para nunca chegarem perto do local. Lá dentro, são recepcionados pelo esquisito serviçal Klove, que guarda suas malas e prepara-lhes um jantar. A temerosa e casta Helen começa a ouvir os alaridos do além túmulo durante a noite, e manda o marido, Alan investigar. Não dá outra: o homem incauto é capturado por Klove e seu sangue utilizado para trazer Drácula de volta à vida, em uma cena duplamente splatter, primeiro por Alan estar pendurado de cabeça para baixo, como um animal no abatedouro, deixando seu sangue escorrer para o caixão onde se encontra as cinzas do vampiro. Depois, na impressionante cena da criatura da noite voltando a tomar forma aos poucos, que é muito bem executada. Ponto para o sempre competente trabalho de Roy Ashton, à frente do departamento de maquiagem da Hammer. Drácula volta com um apetite danado e logo transforma Helen em sua escrava, pronto para depois sugar o pescocinho da bela Diana (Suzan Farmer), salva pelo seu marido, Charles (Francis Matthews). Conseguindo escapar ao amanhecer das garras de Drácula, os dois são encontrados na floresta por Sandor, que leva-os para o mosteiro e juntos começam a arquitetar um plano para acabar com o Conde. Bom, eles estarão seguros ali, afinal, um vampiro não pode entrar em nenhum lugar sem ser convidado, certo? Errado, porque Drácula usa sua influência mental no seu antigo servo, o pobre Ludwig, para que ele abra as portas para o chupador de sangue. Depois desse rebosteio todo, Drácula escapa com Diana com a ajuda de Klove, até ser encurralado por Sandor e Charles em um fina geleira ao redor do seu castelo (sendo que não nevou nenhuma vez sequer durante todo o filme e só vimos tardes ensolaradas), onde ele padecerá graças a uma das suas fraquezas: água corrente. Filmes de Drácula com Christopher Lee sempre são garantia de bons momentos de diversão, sangue abundante, garotas vampiras lascivas, climão gótico, moradores assustados em seus vilarejos, castelos cafonas e carruagens. Drácula – O Príncipe das Trevas não podia ser diferente. E isso já é ótimo por si só.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/06/20/192-dracula-o-principe-das-trevas-1966/

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