Direção: Terence Fisher
Roteiro: John Sansom, John
Elder (ideia original) (baseado nos personagens criados por Bram Stoker)
Produção: Anthony
Nelson Keys
Elenco: Christopher
Lee, Barbara Shelley, Andrew Keir, Francis Matthews, Suzan Farmer
Depois de sete anos, eis que
Christopher Lee finalmente volta a vestir sua capa e presas, para encarnar o
terrível Conde Drácula, nesta que é a continuação direta de O Vampiro da Noite de 1959, produzido pelo lendário
estúdio inglês Hammer. Estou falando de Drácula, O
Príncipe das Trevas.
Assistir Lee interpretando o
vampiro mor é como rever um antigo amigo. Fora que seu altivo Drácula nunca
perde a sua majestade. E melhor ainda ver toda, ou quase toda, turma reunida,
depois de duas cabeçadas da própria Hammer na mitologia vampiresca, com os
fraquinhos As Noivas de Drácula e O Beijo do Vampiro, sem Christopher Lee no elenco. Terence
Fisher volta à direção, Jimmy Sangster, sob o pseudônimo de John Sansom, assina
o roteiro e Anthony Nelson Keys produz o filme. Só faltou Peter Cushing
reprisar o papel do Prof. Van Helsing. Apesar que ele aparece no começo da
fita, em cenas de arquivo de O Vampiro da Noite derrotando Drácula,
para recordar ao espectador como o destemido caçador havia varrido aquele mal
dos Cárpatos há dez anos. Fato é que Drácula – O Príncipe das Trevas é
considerado por muitos o melhor filme da franquia, percebendo-se uma evolução gigantesca
tanto no domínio de Fisher na direção, quanto nos trejeitos do personagem de
Lee, que abre a boca sequer uma vez no filme, mas sua frieza, presença
assustadora, longos caninos, olhar demoníaco, e maneirismos, metem medo sem
precisar que diga qualquer palavra. Há inclusive uma controvérsia entre o ator
e o roteirista, onde Lee alega que foi sua opção não ter nenhum diálogo,
considerando o script fraco (inclusive comenta esse fato no documentário As
Várias Faces de Christopher Lee), enquanto Sangster jura de pé junto que
realmente não escreveu nenhuma fala para o vampiro. Independente disso, não é
só Lee quem está afiado na atuação muda de Drácula. Barbara Shelley conseguiu
colocar seu nome de vez como uma das mais famosas Scream Queens do
cinema graças a seu papel de Helen Kent, que no começo do filme se caga de medo
e usa umas roupas fechadas até o pescoço, e depois de mordida pelo vampiro,
vira uma verdadeira concubina do inferno, abusando da sexualidade, camisolas
esvoaçantes e decotes convidativos. E também vale a menção para Andrew Keir que
interpreta o frade Sandor, que faz às vezes de caçador de vampiros e imprime um
tom de auto sátira ao papel (principalmente na cena da taverna, onde explana as
maravilhas dos prazeres mundanos em poder tomar uma taça de vinho e aquecer a
bunda numa lareira), e para Thorley Walter, que faz o papel de Ludwig, versão
Hammer para o excêntrico personagem Reinfield da novela de Bram Stoker,
louquinho de pedra e que gosta de comer moscas. Repare se o ator Thorley Walter
não é a cara do carteiro Jaiminho (para evitar a fadiga) do Chaves! Mesmo dez
anos após ter sido destruído por Van Helsing, a lenda de Drácula ainda faz
gelar o sangue dos moradores dos Cárpatos. Só que o descanso eterno do
morto-vivo está prestes a terminar quando um grupo de quatro ingleses turistas
resolvem se aventurar no castelo do conde, mesmo tendo sido avisado pelo frade
Sandor para nunca chegarem perto do local. Lá dentro, são recepcionados pelo
esquisito serviçal Klove, que guarda suas malas e prepara-lhes um jantar. A
temerosa e casta Helen começa a ouvir os alaridos do além túmulo durante a
noite, e manda o marido, Alan investigar. Não dá outra: o homem incauto é
capturado por Klove e seu sangue utilizado para trazer Drácula de volta à vida,
em uma cena duplamente splatter, primeiro por Alan estar pendurado de
cabeça para baixo, como um animal no abatedouro, deixando seu sangue escorrer
para o caixão onde se encontra as cinzas do vampiro. Depois, na impressionante
cena da criatura da noite voltando a tomar forma aos poucos, que é muito bem
executada. Ponto para o sempre competente trabalho de Roy Ashton, à frente do
departamento de maquiagem da Hammer. Drácula volta com um apetite danado e logo
transforma Helen em sua escrava, pronto para depois sugar o pescocinho da bela
Diana (Suzan Farmer), salva pelo seu marido, Charles (Francis Matthews). Conseguindo
escapar ao amanhecer das garras de Drácula, os dois são encontrados na floresta
por Sandor, que leva-os para o mosteiro e juntos começam a arquitetar um plano
para acabar com o Conde. Bom, eles estarão seguros ali, afinal, um vampiro não
pode entrar em nenhum lugar sem ser convidado, certo? Errado, porque Drácula
usa sua influência mental no seu antigo servo, o pobre Ludwig, para que ele
abra as portas para o chupador de sangue. Depois desse rebosteio todo, Drácula
escapa com Diana com a ajuda de Klove, até ser encurralado por Sandor e Charles
em um fina geleira ao redor do seu castelo (sendo que não nevou nenhuma vez
sequer durante todo o filme e só vimos tardes ensolaradas), onde ele padecerá
graças a uma das suas fraquezas: água corrente. Filmes de Drácula com
Christopher Lee sempre são garantia de bons momentos de diversão, sangue
abundante, garotas vampiras lascivas, climão gótico, moradores assustados em
seus vilarejos, castelos cafonas e carruagens. Drácula – O Príncipe das
Trevas não podia ser diferente. E isso já é ótimo por si só.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/06/20/192-dracula-o-principe-das-trevas-1966/
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