domingo, 31 de janeiro de 2016

DESESPERO (Desperetion, EUA, 2006)


#454 1982 HALLOWEEN III A NOITE DAS BRUXAS (Halloween III: Season of the Witch, EUA)


Direção: Tommy Lee Wallace
Roteiro: Tommy Lee Wallace, John Carpenter e Nigel Kneale (não creditados)
Produção: John Carpenter e Debra Hill, Barry Bernardi (Produtor Associado), Joseph Wolf e Irwin Yablans (Produtor Executivo), Moustapha Akkad e Dino De Laurentiis (Produtor Executivo – não creditados)
Elenco: Tom Atkins, Stacey Nelkin, Dan O’Herlihy, Michael Currie, Ralph Strait, Jadeen Brabor, Brad Schacter

Puta filme estranho que é Halloween III: A Noite das Bruxas. É meio que uma bobagem sem pé nem cabeça, que tem uma história das mais malucas do cinema de horror, não tem Michael Myers, e tem um poderosíssimo valor nostálgico para minha geração de trintões que assistiu ao filme diversas vezes nas reprises do SBT, e que nunca entendiam nada quando crianças.E aquela musiquinha? Talvez tão icônico quanto o toque minimalista criado por Carpenter como a música tema de Halloween – A Noite do Terror, seja aquele sintetizador eletrônico em loop chato pra burro com aquela voz de criancinhas esganiçadas cantando “Happy happy Halloween / Halloween, Halloween / Happy happy Halloween / Silver Shamrock”. O fato de Halloween III: A Noite das Bruxas ser da mesma equipe responsável por dar vida à Michael Myers, e não ter nenhum dos personagens consagrados nos dois filmes anteriores da série, criou uma tremenda rejeição dos fãs, que sentiram-se enganados pelo longa fazer parte da “franquia”, mesmo com uma história completamente diferente, e fez o mesmo fracassar na bilheteria e ser sumariamente renegado. Bem, eu mesmo só assisti três vezes na minha vida: a primeira quando era muito novo e passou no Cinema em Casa do SBT. Não entendi lhufas, mas adorava a musiquinha e as máscaras de Halloween. A segunda há um tempão, ainda bem novo, quando passou provavelmente em mais uma reprise do SBT. Em meu subconsciente lembrava que o filme era uma porcaria, mas não conseguia identificar o porquê. Fui vê-lo novamente agora, só depois de velho, para resenhar aqui para o blog. Confirmei minha conclusão que o filme é uma porcaria, mas não pelos mesmos motivos que todos. Na verdade, até seu final, eu estava impressionado e pensava: poxa, por que todo mundo, eu inclusive, metia o pau em Halloween III, se é um filme bom, climático, que foge do clichê? Pois bem, minha resposta veio exatamente na despirocada que ele dá no terceiro ato, quando vira uma babaquice (alguém me explique como um comando feito pela TV por meio de um chip implantando em uma máscara de látex consegue fazer o rosto de uma criança se transformar em cobras peçonhentas e grilos?) e apesar do contexto sinistro do final, das crianças de todos os EUA usarem as máscaras e grudarem o rosto na tela da televisão durante a poderosíssima mensagem subliminar, aquela história de robôs, o herói jogando os buttons que vão causar curto-circuito em todos e ele ligando para as emissoras de TV para tiraram o comercial do ar, enterram todo o clima de suspense que o vinha sendo construído até então, e merece um daqueles: bah! Bom, de forma sapiente, mas que não se manteve no futuro próximo, John Carpenter e Debra Hill sabiam que não havia a menor credibilidade trazer Michael Myers de volta, já que ele havia morrido em Halloween 2 – O Pesadelo Continua (ah, vá) e não queriam tornar a franquia mais um Sexta-Feira 13 (ah, vá) colocando o assassino mascarado matando gente à rodo com toda sua criatividade maléfica. Surgiu a ideia de manter a franquia viva, com novas e diferentes histórias que se passassem durante o Dia das Bruxas. Os produtores dos dois longas anteriores, Irwin Yablans e Moustapha Akkad compraram a ideia e o filme começou a tomar forma, chamando Joe Dante para dirigir e Nigel Kneale (lembra deles, da série Quatermass da BBC e dos filmes da Hammer?) para escrever o roteiro. Primeiro, Dante pulou fora e o cargo ficou para Tommy Lee Wallance, que havia editado o primeiro Halloween e A Bruma Assassina para Carpenter, e deveria ter dirigido a continuação, mas estava encarregado do roteiro de Amityville 2 – A Possessão. Segundo, Kneale pulou fora por não gostar do tratamento do roteiro, que envolveria mais gore e mortes escabrosas. Apesar de 60% de a história ter sido escrita por ele, seu nome foi retirado dos créditos. Falando em história, ela é BEM bacana, de verdade. Começa com um sujeito fugindo de uns figurões sinistros que querem assassiná-lo, subentendendo-se que ele descobriu algum segredo terrível. Ele consegue escapar, mas é levado a um pronto-socorro, transtornado, segurando uma máscara de látex e gritando que “eles vão matar todos nós”. O médico de plantão, Dr. Dan Challis (Tom Atkins) fica intrigado com o estado mental alterado do paciente, e mais intrigado ainda, quando ele é assassinado por mais um desses figurões que adentra no hospital (aparentemente sem nenhuma segurança, como de praxe nos hospitais da série, vide Halloween 2). O Dr. Challis e a filha do sujeito, que se descobre ser um comerciante de brinquedos e produtos de Halloween, e por consequência das máscaras da Silver Shamrock, a mesma que ele segurava e bombardeava a televisão com os comerciais da musiquinha cafona, Ellie Grimbridge (Stacey Nelkin), vão até Santa Mira, uma cidadezinha na Califórnia, investigar o que há por trás da nefasta empresa de produtos festivos, fantasias, máscaras e brinquedos. Aparentemente há uma conspiração silenciosa por lá, todo mundo age de forma estranha, há toque de recolher, as linhas de telefone ficam mudas, e todos são obedientes ao presidente da empresa, Conal Cochran (Dan O’Herlihy). Daí no fatídico último ato, Challis e Ellie descobrem a vilania por trás do megalomaníaco plano de Cochran, que é simplesmente matar todas as criancinhas dos EUA, usando uma elaborada trama tecnológica que ativaria um dispositivo que as mataria (transformando sua cabeça em cobras e lagartos, sei…), acionado pela propaganda chata. E aparentemente todas as crianças da América tem uma máscara Silver Shamrock, todas elas vão sintonizar a televisão às 21h do dia 31 de outubro e voilá. Cabe aos nossos heróis tentar impedir esse plano maléfico. Bom, que fique bem claro que meu problema com Halloween III: A Noite das Bruxas não é o considerar uma enganação, um engodo de marketing, que me senti lesado por usar o nome da franquia Halloween e não ter Michael Myers (apenas uma breve aparição na televisão, durante a propaganda da exibição do filme original) como aconteceu na época e tornou o filme um fracasso retumbante de bilheteria, motivo de ódio dos fãs xiitas, e resultou na “expulsão” de Carpenter e Hill da cinesérie, ressuscitando Myers anos depois e transformando-o em um vilão indestrutível. Eu acho louvável a ideia de ter deixado Myers enterrado e tentado dar um novo caminho para a franquia, tido a pachorra de projetar um infanticídio com um enredo completamente fora do clichê e que saía da zona de conforto dos slasher oitentistas que começavam a saturar exatamente por repetir à exaustão a própria fórmula que Carpenter criou, e inserir de mensagens subliminares sobre seitas pagãs e o corporativismo, capitalismo e ambição das grandes empresas multinacionais e a opressão. Meu problema é que o filme começa bem, intrigante, e depois vira uma bobagem. Bobagem com os robôs. Bobagem com o plano de vilão de filmes do James Bond. Bobagem da forma como eles são destruídos. Bobagem de como a cabeça da criança vira cobra e inseto com um raio que sai da televisão. Só isso. Mas é aquilo, Halloween III: A Noite das Bruxas poderia ser um filmaço, mas meio que se perde e transforma-se em caricato. É tosco. É trash. Eu levo por esse lado, e não, apenas em execrá-lo gratuitamente por se distanciar da saga de Michael Myers.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/06/10/454-halloween-iii-a-noite-das-bruxas-1982/

O PROFETA (THE PROPHET, EUA, Canadá, Líbano , Qatar, 2014)


#451 1982 O ENIGMA DO OUTRO MUNDO (The Thing, EUA)


Direção: John Carpenter
Roteiro: Bill Lancaster (baseado na história de John W. Campbell Jr.)
Produção:Davis Foster e Lawrence Truman, Stuart Cohen (Co-Produtor), Larry J. Franco (Produtor Associado), Wilbur Stark (Produtor Executivo)
Elenco: Kurt Russel, Wilford Brimley, T.K. Carter, David Clennon, Keith David

A máxima experiência em terror alienígena. John Carpenter pegou um sci-fi dos anos 50, chamado O Monstro do Ártico, inspirado no livro Who Goes There? de John W. Campbell, e transformou em um dos cinco melhores filmes de terror de todos os tempos na minha opinião, em O Enigma de Outro Mundo, que infelizmente, recebeu aqui no Brasil um dos piores nomes possíveis e imagináveis, sendo que a tradução literal de seu título original, A Coisa, soaria perfeito. O ano é 1982, o mesmo ano do meu nascimento, e a história de uma forma alienígena que assimila a aparência e comportamento humanos ao atacar um grupo de pessoas isoladas em uma base no ártico, fracassa de forma retumbante nos cinemas. Isso porque duas semanas antes do filme estrear, Steven Spielberg coloca nas telas seu arrasa quarteirão de bilheteria E.T. – O Extraterrestre. E claro, que encantados com o adorado visitante baixinho e pescoçudo que diz “telefone, minha casa”, os americanos não estavam preparados para um filme claustrofóbico, sujo e repleto de criaturas asquerosas transmorfas vindas de outro planeta. Mas essa injustiça foi corrigida e o longa mais tarde se tornaria cultuado e um dos mais influentes filmes de terror e ficção científica da década de 80. Quem assiste a fita não imagina que ela foi filmada durante o verão em plena Los Angeles ensolarada. Foi preciso seis estúdios da Universal para dar vida ao gélido ambiente ártico, além de locações externas no Alasca e na Colúmbia Britânica. O visual, ou melhor dizendo, os visuais das criaturas foram criados em conjunto por Carpenter, o roteirista Bill Lancaster e o maquiador Rob Bottin (o mesmo de Grito de Horror). Durante a produção, o sigilo para que a aparência do alienígena não vazasse foi tanto, que foi proibida qualquer foto durante o período de pré ou pós produção. Muito do sucesso e da credibilidade do filme devem também aos efeitos especiais criados por Roy Arbogast e os efeitos visuais do mestre Albert Whitlock, sem contar a contundente trilha sonora minimalista do italiano Ennio Morricone. Começa com um helicóptero norueguês perseguindo um cachorro em meio a inóspita e branca paisagem antártica, tentando matá-lo. O animal se refugia em uma base americana, onde um dos membros é o piloto R. J. MacReady, interpretado por Kurt Russel. Os dois noruegueses que pilotavam o helicóptero acabam mortos e MacReady e o Dr. Cooper resolvem ir até a base deles para tentar entender o que aconteceu. Ao chegarem lá, descobrem que todos estão mortos, e que eles desenterraram algo do gelo que conseguiu escapar. O cão mostra-se então infectado pelo alienígena e durante a noite tenta assimilar outros animais no canil, quando é descoberto pelos membros da base e impedido, não antes de conseguir fugir. O que se segue é um clima de paranoia constante, sem que ninguém possa confiar em ninguém por não poder se determinar com exatidão quem está realmente infectado ou não, já que o alienígena transforma-se em uma réplica perfeita. Tudo complica ainda mais quando o Dr. Blair descobre que se o alienígena deixar a base, seria capaz de assimilar toda a população mundial em poucas horas, dando fim à nossa existência na terra. Os espectadores foram pegos de surpresa com O Enigma de Outro Mundo. Nenhum filme até então tinha apresentado criaturas tão repugnantes de tantas formas diferentes. Nunca a presença alienígena na terra tinha sido tão assustadora, gosmenta e sanguinária. Nem mesmo em clássicos como Os Invasores de Corpos, que também trabalha a ideia de pessoas sendo trocadas por seres de outros planetas. Podemos afirmar que Carpenter elevou o nível do horror cinematográfico a um novo patamar, graças a exposição grotesca inédita de carne, sangue, ossos e matéria disforme. Mas apesar dos efeitos visuais espetaculares, o que sustenta todo filme, impedindo que caia em uma armadilha de um filme de terror barato, é a forma como é trabalhada as desavenças internas e o medo do desconhecido, já que ninguém consegue provar quem é quem dentro daquele confinado ambiente, sem contato externo com o resto do mundo e isolados por uma terrível nevasca. Os pobres homens presos ali são seus próprios inimigos. E Carpenter sabe explorar e potencializar como ninguém esse sentimento, criando um clima sombrio de tensão à flor da pele e que chega quase a beirar o insuportável. Para mim, é o melhor filme do diretor, e olha que ele tem vários outros clássicos filmes de terror no currículo, como Halloween – A Noite do Terror, A Bruma Assassina e Christine – O Carro Assassino. Indispensável.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/06/05/451-o-enigma-de-outro-mundo-1982/

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

#450 1982 CREEPSHOW (Creepshow, EUA)


Direção: George Romero
Roteiro: Stephen King
Produção: Richard P. Rubenstein, David E. Vogel (Produtor Associado), Salah M. Hassanein (Produtor Executivo)
Elenco: Hal Holbrook, Adrienne Barbeau, Fritz Weaver, Leslie Nielsen, E.G. Marshall, Ed Harris, Ted Danson, Stephen King

Um dos mais famosos filmes de terror de estilo mosaico, Creepshow – Show de Horrores (ou Arrepio do Medo, como também ficou conhecido nas reprises do SBT) traz a junção de dois mestres do horror, Stephen King, que escreve as cinco histórias do longa e George Romero, responsável pela direção dos mesmos. Como se não bastasse, Creepshow – Show de Horrores é outro daqueles filmes saudosistas da década de 80 que impressionou e divertiu toda uma geração, a qual esse que vos escreve faz parte. A concepção da ideia do longa é King prestar uma homenagem a uma das suas maiores inspirações da infância, os quadrinhos de terror publicados pela editora EC Comics na década de 50, entre eles o famoso HQ Tales from the Crypt, que ganhou sua versão cinematográfica pela Amicus, Contos do Além, e mais tarde adaptado pela HBO como uma famosa série televisiva e The Vault of Horror, que também foi levado pelas telas pela Amicus como A Cripta dos Sonhos, entre outros. Os quadrinhos da EC Comics revolucionaram o mercado editorial com sua riqueza de detalhes em suas ilustrações e seus roteiros inventivos, e seu conteúdo era recheado de histórias de mistério, assassinato, monstros das trevas, fantasmas, criaturas pegajosas, zumbis, fantasmas, e sempre com muito sangue e violência. Líder absoluto de vendas, várias crianças na época tinham o hábito de ler essas histórias de noite, antes de dormir, em seus quartos escuros, iluminados apenas pelo feixe de uma lanterna, exatamente como o garoto Billy (que é vivido por Joe Hill, o próprio filho de King). E muita da repreensão paternal na vida real ocorria também como retratada no prólogo e epílogo do filme. Com uma dose cavalar de ignorância e intolerância e o crescimento do moralismo coxinha americano, somado com a explosão da delinquência juvenil que eram frequentemente relacionado aos quadrinhos, o psiquiatra Fredric Wertham iniciou uma verdadeira guerra ideológica contra os gibis, principalmente após a publicação do seu livro “A Sedução do Inocente”, que trazia um estudo detalhado do mal que as HQs representavam aos jovens da nação (que inclusive começou a levantar a polêmica do suposto relacionamento homossexual entre Batman e Robin e como isso era prejudicial aos adolescentes). Respingando no Senado americano, uma espécie de censura foi aplicada, resultando na criação de um código chamado Comics Code Authority, onde todas as HQs deveriam passar por um rígido controle (leia-se censura) e conter esse selo de aprovação na suas capas, o que levou a EC Comics ao declínio e a extinção das suas revistas em quadrinhos de terror. Ufa, todo esse ínterim apenas para posicionar você leitor na importância dessas HQs para toda uma geração, e como todo o enredo de Creepshow – Arrepio do Medo é uma belíssima homenagem de King e de Romero aos homens que popularizaram os quadrinhos de terror e influenciaram toda uma gama de escritores e cineastas. E os cinco contos do filme são na verdade retirados das páginas da revista que o garotinho Billy está lendo, mesclando cenas bem bacanas de atores reais com desenhos, como se fossem dos quadrinhos.
A primeira história, “Dia dos Pais”, traz o causo de Nathan Grantham (Jon Lorner), um velho autoritário e demente que foi morto por uma de suas filhas, Bedelia (Viveca Lindfors), após aporrinhá-la por conta de um bolo de dia dos pais, e também após ele ter mandado matar o amor de Bedelia durante uma caçada. Todos os anos, Bedelia retorna ao antigo casarão do pai, pontualmente às 18h, para ficar por uma hora rezando em seu túmulo e expiar seus pecados. Mas no sétimo aniversário da morte de Nathan, o velho sai da cova como um zumbi sedento por vingança e claro, esperando conseguir seu bolo. Um iniciante Ed Harris atua neste conto.
A segunda é protagonizada pelo próprio Stephen King. “A Morte Solitária de Jordy Verrill” traz o mestre do terror no papel de um caipira ignorante e matuto que vive em sua fazenda tranquilamente assistindo telecatchquando um meteorito com uma substância vegetal alienígena cai em seu território. Verrill pensa ter tirado a sorte grande e quer vender o meteorito para o Departamento de Meteoros da universidade por 200 dólares. Mas ao jogar água no fragmento para tentar esfriá-lo, o meteorito se parte, liberando um estranho líquido. Ao tocar em seu interior, Verrill começa a sofrer uma mutação que aos poucos vai transformando-o em uma planta mutante. Como se não bastasse, o meteorito começa a espalhar uma estranha vegetação que vai crescendo por toda a fazenda do azarado Verrill e partindo em direção à cidade. 
“Indo com a Maré” é o terceiro conto, e mais um de zumbi. Richard Vickers (interpretado por Leslie Nielsen, eterno sargento Frank Drebin de Corra que a Polícia Vem Aí) é um vingativo marido traído por sua esposa, que resolve enterrar adúltera na praia até a maré subir e matá-la afogada, gravando tudo para mostrar ao amante, Harry Wenthworth (vivido por Ted Danson). Ameaçando-o com uma arma, Vickers reserva o mesmo destino hediondo ao amante, também o enterrando na areia durante a noite para a maré alta dar cabo de sua vida. Porém após morrerem afogados, ambos voltam à vida em estado putrefato como zumbis cobertos por algas marinhas, em busca de vingança.
No quarto conto, “A Caixa” (não confundir com o famoso conto de Richard Matheson para a série Além da Imaginação), o zelador de uma universidade encontra embaixo das escadas uma caixa lacrada datada de 1834 e liga para o professor Dexter Stanley (Fritz Weaver), que ao abrir o estranho container descobre uma criatura símia assassina sedenta por sangue. Após fazer duas vítimas, Dexter, com medo de ser acusado pelos crimes, conta sobre a descoberta a outro professor, Henry Northup (Hal Halbrook), que é um banana que odeia a esposa infiel e que o trata feito gato e sapato, Wilma (Adrienne Barbeau). Henry, com a paciência no limite, tem a ideia de usar a terrível criatura da caixa para fazer algo que nunca teve coragem: matar a esposa que sempre o humilhou.
Para finalizar, o último episódio, mais famoso de todos, é altamente desaconselhável para a mulherada e para todos aqueles que tenham medo de baratas. “Vingança Barata” traz Upson Pratt (E.G. Marshall), um bilionário excêntrico com mania de limpeza, um TOC violento e pavor de insetos. Ele vive em um apartamento ultramoderno (para a época) aparentemente anti-germe, mas que começa a ficar infestado pelascucarachas. Detalhe que Pratt é um empresário inescrupuloso, racista e que passa por cima de todos e destrói a vida de qualquer um de seus concorrentes para progredir financeiramente. Para ele, está guardada uma terrível morte com uma horda de baratas invadindo seu apartamento. Ainda dá tempo de uma ponta do famoso maquiador Tom Savini, mestre dos efeitos de maquiagem, responsável por filmes como Despertar dos MortosO Maníaco e Sexta-Feira 13, entre outros, como um lixeiro no epílogo encontrando a revista em quadrinhos jogada no lixo no prólogo, e epílogo traz um desfecho terrível para o pai de Billy que o reprimiu na noite anterior por ler aquelas “porcarias de histórias”, já que o terrível moleque compra, através da própria revista, um verdadeiro boneco vodu e pretende usá-lo contra o pai intransigente.
Creepshow – Show de Horrores ganhou uma continuação, também escrita por Stephen King, igualmente ótima e também outro clássico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/06/04/450-creepshow-show-de-horrores-1982/

#449 1982 BASKET CASE (EUA)


Direção: Frank Henenlotter
Roteiro: Frank Henenlotter
Produção: Edgar Ievins, Arnold H. Bruck (Produtor Executivo)
Elenco: Kevin Van Hentenryck, Terri Susan Smith, Beverly Bonner, Robert Vogel, Diana Browne

Os anos 80 foram muito frutíferos para produções trash de alta qualidade (não é contraditório?). Sam Raimi abriu a porteira com seu A Morte do Demônio para um estilo de filme que misturava o splatter italiano, porém sem a pegada niilista, com altas doses de humor e escracho, pegando orçamentos ridículos e trabalhando essa limitação em prol do roteiro inovador e utilizando efeitos especiais e de maquiagens toscos, que tornava esses filmes verdadeiras obras cultuadas. Um dos melhores exemplares dessa safra do cinema de horror é Basket Case, do diretor Frank Henenlotter. Henenlotter é um diretor americano, oriundo de Long Island, Nova York, entusiasta e fã dos filmes exploitation exibidos nas grindhouses durante os anos 70, que resolveu seguir carreira e desenvolver filmes que fossem transgressores, com bastante sangue e violência gráfica, mas com toques mordazes de humor ácido. Com uma ninharia de 33 mil dólares, ele entrega um dos filmes mais toscos, sem noção e apaixonantes do gênero. Basket Case traz a fraternal história de Duane Bradley (Kevin Van Hetenryck), um jovem que acaba de se mudar para Nova York e alugar um quarto em uma espelunca de hotel, andando de um lado para o outro com uma enorme cesta de vime (daí o título do filme). Dentro dessa cesta ele carrega Belial, seu irmão siamês, retirado cirurgicamente, que é violento, instável e completamente deformado, que mais parece um chiclete mastigado com cabeça, tronco e braços! Duane nasceu com o irmão preso em seu corpo, devido a uma má-formação genética. O nascimento deles resultou na morte de sua mãe durante o trabalho de parto, e seu pai inconsolável pela criatura que havia nascido acoplada em seu filho, o rejeita, fazendo com que eles sejam criados por sua tia. Anos mais tarde, o pai de Duane (e de Belial, consequentemente) resolve contratar uma junta médica, formada pelos doutores Judith Kutter (Diane Browne), Harold Needleman (Llyod Pace) e Julius Lifflander (Bill Freeman), para realizar a cirurgia de separação, sem o consentimento dos dois, e se livrar de uma vez por todas daquela aberração grotesca. A operação clandestina é um sucesso e Belial é jogado no lixo, deixado a sua própria sorte. Porém Duane o resgata e começa a acatar as ordens da criatura, comunicando-se com ele telepaticamente, e juntos arquitetam uma vingança sangrenta, executada por Belial, contra todos os responsáveis pela separação dos dois irmãos. Mas o grande problema é que Belial, dominando por um incontrolável instinto ciumento assassino, começa a interferir nos relacionamentos de Duane com outras pessoas, afastando e tentando matar qualquer um que se ponha no caminho dos dois, incluindo Sharon (Terri Susan Smith), a recepcionista de um dos médicos que vira interesse amoroso de Duane. Sério, esse filme é fantástico, apesar de toda a premissa completamente nonsense. As cenas em que Belial aparece é de rolar no chão de rir, tamanho a podreira. Principalmente quando é usado uma figura de barro, com seus movimentos filmados em stop-motion ou então é mostrada apenas a mão de borracha da criatura (manipulada pelo próprio diretor). E as mortes são extremamente violentas, com muita profusão de sangue (que são até bem feitas, tendo em vista toda a limitação técnica e financeira de Henenlotter), que é o que os fãs dos filmes B mais adoram nesse tipo de produção. Alguns detalhes curiosos do filme, é que ele levou quase um ano para ser concluído, já pela famosa falta de verba, e também pelo fato de ser gravado somente nos finais de semana, e a maioria dos créditos finais são falsos, já que a equipe era extremamente pequena e enxuta, e para não ficarem repetindo os nomes, os produtores decidiram inventar nomes fictícios. E por incrível que pareça, todas as sequências rodadas dentro do Hotel Broslin, onde Duane fica hospedado com a coisa e somos apresentados a quase todos os personagens secundários do longa, foram rodadas em diferentes locações e colocadas juntas de forma exímia na edição, parecendo que foram feitas em um local apenas. Basket Case fez um baita sucesso, muito graças a popularização do VHS já nesse começo dos anos 80, e até ganhou duas continuações, também dirigidas por Henenlotter. O diretor ainda entregaria outras duas pérolas do cinema trash: O Soro do Mal e Frankenhooker – Que Pedaço de Mulher, antes de cair de vez no ostracismo, por não se sujeitar a imposições criativas e regras das produtoras e distribuidoras, preferindo desistir dos seus filmes ao ter esse tipo de cabresto em sua obra. Isso prova o quanto Hollywood é injusta com seus inventivos diretores.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/06/03/449-basket-case-1982/

#448 1982 AMITTYVILLE 2 POSSESSÃO (Amityville II: The Possession, EUA, México, Itália)


Direção: Damiano Damiani
Roteiro: Tommy Lee Wallace (baseado no livro de Hans Holzer)
Produção: Stephen R. Greenwald e Ira N. Smith, José López Rodero (Produtor Associado), Bernard Williams e Dino de Laurentiis (Produtores Executivos)
Elenco: James Olson, Burt Young, Rutanya Alda, Jack Magner, Andrew Pine, Diane Franklin

Fato: Amityille 2 – A Possessão é infinitamente melhor do que o original, Terror em Amityville, lançado três anos antes. A primeira parte é tão superestimada, tão mentirosa e com sua coleção de péssimas atuações, que faz com que a superioridade da sequência seja gritante, e não só pelo viés sobrenatural e seu clima muito mais pesado, mas sim pela exploração dos horrores da vida real de uma família completamente disfuncional, como: incesto, estupro, abuso infantil e violência doméstica. Os Montelli, vítimas da vez da casa mal-assombrada, que são livremente baseados nos DeFeo, família da tragédia da vida real que inspirou o livro de Jay Anson e deu origem ao primeiro filme da (longa) série – tática dos produtores para evitar qualquer tipo de processo – não são a amorosa família ítalo-americana, não. O patriarca, Anthony Montelli (Burt Young) é um sujeito rude, bronco, que bate na esposa, Dolores (Rutanya Alda) e tenta frequentemente estupra-la, bate no filho mais velho, o adolescente Sonny (Jack Magner), e bate nos filhos menores, Jan (Erika Katz) e Mark (Brent Katz). É um escroto. Como se não bastasse todos esses problemas familiares por conta de um marido e pai abusivo, ele ainda renega a igreja, mesmo Dolores sendo católica fervorosa, e Sonny e a irmã púbere Patricia (Diane Franklin) tem um estranho relacionamento incestuoso, que se consumará quando acontecer a tal possessão do título. Ou seja, eles são um prato cheio para os espíritos demoníacos que residem naquela casa em Amityville, outrora terreno indígena profanado por uma antiga bruxa fugida de Salem. Ah, para completar, Anthony tem uma coleção de espingardas. Pronto, a receita para o desastre está concluída. Quando um funcionário da empresa de mudança descobre um anexo no porão escondido atrás de um armário, que dá entrada para um fosso séptico, ele liberta os espíritos malignos dos índios que juraram amaldiçoar todos aqueles que viverem naquele lote. Sonny então é possuído por essa entidade, e será o executor de toda sua família, assim como a história dos DeFeo. Bom, fato também que daqui para frente veremos uma cópia de O Exorcista, mas diga: qual filme de possessão vindo depois do clássico de William Friedkin não se aproveitou de seus elementos consagrados? O antagonista ao possuído Sonny será o padre Adamsky (toda vez que eu ouvia o nome do pároco me vinha essa música na cabeça), papel de James Olson, que irá combater a própria burocracia dentro da Igreja para tentar salvar a alma do rapaz, inocentá-lo no tribunal e livrá-lo do domínio do Coisa-Ruim. Todo o aparato de “filmes de exorcismo” vem à tona, com a deformação facial e vocal do possuído, escárnio aos preceitos divinos, manifestações em sua epiderme implorando pelo salvamento de sua alma, objetos se mexendo, fogo sendo ateado, e adiante. Na verdade, as conjecturas envolvendo a família Montelli são muito próximas do relacionamento problemático da família DeFeo, brutalmente assassinada por Ronald DeFeo Jr. em 1974 no número 112 da Ocean Avenue, segundo relatos e documentários sobre o ocorrido. Ronald pai, assim como Anthony, era autoritário e violento e batia na esposa. Claro que há toda uma licença poética para chocar o espectador, como o controverso caso de incesto entre Butch, como era conhecido DeFeo Jr. e sua irmã Dawn. E o grande ponto positivo do longa é explorar essas tensões familiares e os conflitos religiosos para depois partir para a possessão propriamente dita e os desdobramentos da prisão e condenação de Sonny após os assassinatos, até o embate entre o bem e o mal, que vai resultar em uma conclusão um tanto quanto cômica e anticlímax com o demônio feioso saindo fisicamente do corpo desmanchado de Sonny, mas tá valendo. Produzido pelo lendário Dino de Laurentiis, em conjunto da American International Pictures, Amityville 2 – A Possessão tem o roteiro de Tommy Lee Wallace, diretor e escritor de Halloween III: A Noite das Bruxas, A Hora do Espanto 2 e It – Uma Obra Prima do Medo, e do italiano Dardano Sacchetti, colaborador habitual de Lucio Fulci, entre outros, de forma não creditada, baseado no livro Assassinatos em Amityville do parapsicólogo Hans Holzer. O picareta George Lutz, personagem o qual o escritor Jay Anson relatou em seu livro como fatos reais (que não eram reais coisas nenhuma, tratava-se de uma farsa) sobre os 28 dias em que a família Lutz viveu na casa palco das mortes, tentou processar Laurentiis, mas perdeu, conseguindo no máximo uma menção no pôster do longa explicando que o filme não tem nenhuma afiliação com eles. Amityville 2 – A Possessão de longe é o melhor da cinessérie, que ainda tem filme sendo lançado até hoje! O mais novo é um found footage de 2011, um documentário contando a vida de Daniel Lutz lançado em 2012 e está previsto mais uma versão da famosa e assustadora história para 2015. Parece que não querem deixar os espíritos zombeteiros que moram naquela casa descansar em paz, e por isso eles insistem em nos horrorizar com filmes péssimos até hoje.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/31/448-amityville-2-possessao-1982/

REGRESSÃO (Regression, Espanha/Canadá, 2015)

Angela (Emma Watson) acusa seu pai, Bruce (Ethan Hawke), de tê-la estuprado. Mas ele não consegue se lembrar do ocorrido. Em sessões de terapia, Bruce começa a ter lembranças da época, enquanto outras pessoas que também foram volentadas passam a relembrar dos episódios traumáticos.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

THE LIBRARIANS 1ª TEMPORADA (EUA, 2014)


DARK WAS THE NIGHT (EUA, 2014)


#445 1981 SEXTA FEIRA 13 PARTE 2 (Friday the 13th Part 2, EUA)


Direção: Steve Miner
Roteiro: Ron Kurz
Produção: Steve Miner, Dennis Stuart Murphy (Co-produtor), Frank Mancuso Jr. (Produtor Associado), Lisa Barsamian e Tom Gruenberg (Produtores Executivos)
Elenco: Betsy Palmer, Amy Steel, John Furey, Adrienne King, Kirsten Baker, Stu Charno

A Sra. Pamela Voohrees está morta. Sexta-Feira 13 faturou 40 milhões de dólares na bilheteria. E agora? Como vamos fazer para alguém continuar aterrorizando o Acampamento Crystal Lake e ganharmos ainda mais dinheiro, fazermos uma sequência e montarmos uma franquia? Óbvio, cara pálida: vamos colocar o filho dela, Jason Voohrees, que até então tinha morrido afogado quando criança no lago, para assumir o legado de matança deixado por sua mãe. Deve ter sido uma conversa mais ou menos assim que fez nascer Sexta-Feira 13: Parte 2, lançado nos cinemas um ano depois do primeiro filme. E com isso, fomos apresentados ao mais famoso assassino do cinema, que aqui começa a rodar o seu taxímetro de cadáveres. Mas a bem da verdade, Sexta-Feira 13: Parte 2 funciona muito bem, sendo mais um daqueles bons exemplos de uma sequência que deu certo e que continuou mantendo o nível do original. E falando de original, há muitas conexões com o filme anterior. Começamos acompanhando o destino de Alice Hardy, única sobrevivente do massacre realizado pela Sra. Voohrees (mais uma vez interpretada por Adrienne King), que tenta levar uma vida normal, mas é frequentemente acometida por pesadelos dos acontecimentos em Crystal Lake (pesadelos esses que vão contando o desfecho de Sexta-Feira 13, situando o espectador ou introduzindo para o novo público). Jason, movido por um sentimento de vingança, vai atrás da garota querendo acertar as contas por ela ter decapitado sua mãe, e acaba com sua vida já antes de entrar os créditos. Passam-se cinco anos desde que a tragédia se abateu em Crystal Lake, ou Acampamento Sangrento, para os mais chegados, e um novo grupo de monitores está em treinamento em um acampamento vizinho, ali na mesma região, para receber as crianças durante as férias de verão. O grupo é conduzido por Paul Holt (John Furey) e sua namorada Ginny Field (Amy Steel). Os jovens vão chegando e continuam sendo alertados pelo bêbado e sábio Ralph (outra participação especial oriunda do primeiro filme) que profetiza que eles estarão condenados (pela última vez, porque Jason também nos faz o favor de despachá-lo logo em seguida). O que se segue é a mesma rotina dos filmes slasher, que o próprioSexta-Feira 13 ajudou a popularizar: assassinatos cada vez mais elaborados, com Jason utilizando diversos tipo de ferramentas, como martelos, facões, lanças, rastelos, machados e por aí vai; jovens com hormônios saindo pelo ladrão, querendo transar toda hora ou então tendo a brilhante ideia de ir nada no lago bem no meio da noite; e personagens que não acrescentam nada na trama, que só estão lá para serem estripados. Tecnicamente falando, Sexta-Feira 13: Parte 2 é bem redondo. A direção de Steve Miner é segura e precisa e segue à risca a fórmula do primeiro filme, sendo que ele esteve no barco junto com Sean S. Cunningham como produtor associado do original e acompanhou de perto todas as decisões criativas, até filmado algumas das cenas como diretor de unidade. Além disso, Miner voltaria a dirigir a terceira parte da franquia. As mortes são mais elaboradas, porém menos explícitas que o primeiro, muito pelo fato de Tom Savini não estar responsável pela maquiagem (ele voltaria na quarta parte, a mais violenta de todas). A abordagem utilizada para Jason também é bastante interessante. Aqui ele ainda não usa a máscara de hóquei que seria sua marca registrada, e ao invés disso, utiliza um pano amarrado em sua cabeça, para esconder sua terrível deformidade, que seria revelada na cena final do filme. Fora isso, ele usa um macacão e uma camisa hipster xadrez, é extremamente ágil, magro e esguio, bem diferente do assassino troncudo, usando um macacão preto e que persegue as vítimas lentamente, que veríamos nos demais filmes. Outro detalhe interessante é a desconstrução psicológica do personagem. Ao que tudo indica, Jason não morreu afogado no lago, vagando pela mata por toda sua infância, adolescência e vida adulta, apreendo a sobreviver naquela situação inóspita, vivendo de sua própria caça, sem nenhum tipo de contato e convívio social, atingido por uma forte psicopatologia misturada já com seu famoso retardo mental. Isso pinta Jason como um produto do meio que vive, sem noção do que é certo ou errado e sem nenhum tipo de convenção social pré-estabelecida, transformando-o em uma irracional máquina de matar, motivado por vingança, sem nenhum sentimento de culpa e valores morais. Sexta-Feira 13: Parte 2 é uma grata surpresa e louvável por tentar fazer algo diferente, mesmo que seguindo os preceitos do primeiro, e traz um ar de frescor à série, substituindo seu assassino e ligando alguns pontos e personagens com o seu antecessor. Na verdade, até a quarta parte a franquia foi bastante eficaz, ao meu ver. Depois disso, sabemos muito bem o fim que leva.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/28/445-sexta-feira-13-parte-2-1981/

#444 1981 SCANNERS SUA MENTE PODE DESTRUIR (Scanners, Canadá)


Direção: David Cronenberg
Roteiro: David Cronenberg
Produção: Claude Héroux, Pierre David e Victor Solnicki (Produtores Executivos)
Elenco: Jennifer O’Neill, Stephe Lack, Patrick McGoohan, Lawrence Dane, Michael Ironside

Scanners – Sua Mente Pode Destruir é mais uma da gemas do canadense David Cronenberg, mas longe de ser sua maior contribuição para aquele estilo de terror peculiar que desenvolveu em seu começo de carreira, com uma pegada visceral, expondo as mazelas científicas, médicas, tecnológicas e a vulnerabilidade da carne e seu apreço por ela. Certa vez, escrevi em outro de meus textos em que resenhei uma película de Cronenberg que seus filmes parecem convergir sempre para uma cena impactante, emblemática que fica gravada para sempre em nosso subconsciente cinematográfico. É aquele fotograma visualmente projetado que estará continuamente relacionado ao diretor. No caso de Scanners…, estou falando da famosa (talvez até a mais famosa da carreira do canadense) cena da cabeça do sujeito explodindo durante uma malfadada experiência com os tais scanners. Que são criaturas dotadas de um terrível poder telepático, que pode ser utilizado desde esquadrinhar a mente de suas vítimas em busca de informações, até manifestações físicas como telecinese e combustão espontânea. Na verdade, no decorrer da trama acabamos por descobrir que os scanners são uma mutação genética. Não há nada de sobrenatural, e sim, mais uma vez, o vilão é a ciência, auxiliada pelas grandes corporações e seus interesses escusos. O proeminente Dr. Paul Ruth (Patrick McGoohan) desenvolveu um medicamento para mulheres grávidas chamado Efemerol, que fará com que os fetos tenham terríveis efeitos colaterais e se transformem em scanners. A ConSec e Ruth começam a trabalhar no estudo dos scanners, porém um poderoso dissidente chamado Darryl Revok (Michael Ironside) se rebela e decide, em um plano megalomaníaco, auxiliado pelo chefe de segurança da própria ConSec, Braedon Keller (Lawrence Dane), para cooptar médicos para continuar injetando o produtor nas mulheres grávidas, criar uma superpopulosa raça de scanners e adivinhem? Dominar o mundo, é claro. O único capaz de detê-lo é seu irmão mais novo, Cameron Vale (Stephen Lack), recrutado pelo Dr. Ruth para caçar os scanners rebeldes e confrontar os planos maléficos de Revok. No meio do caminho, ele aprende a controlar seus poderes, descobre que consegue acessar telepaticamente sistemas de computadores (como se fosse um modem vivo) e conhece outros scanners por aí (ao total são 237 espalhados pela América do Norte, que Revok vem caçando impiedosamente), incluindo a bela Kim Obrist (Jennifer O’Neill) que irá ajuda-lo na missão. Apesar da interessantíssima premissa sci-fi (brevemente inspirado em uma hostil organização de telepatas que buscam a dominação mundial existentes no livro O Almoço Nu de William S. Burroughs – adaptado posteriormente ao cinema pelo próprio Cronenberg), Scanners… acaba se perdendo em seu desenvolvimento de personagens e situações, muito por conta de diversos problemas de produção enfrentados por Cronenbger durante a realização do longa. O diretor certa vez o considerou o filme mais frustrante que já fez, pois teve de começar sem ter o roteiro finalizado e terminado às pressas depois de dois meses para que o financiamento pudesse ser deduzido do imposto de renda, obrigando-o a filmar e escrever ao mesmo tempo. Também reclamou do antagonismo entre os atores Patrick McGoohan e Jennifer O’Neill. Michael Ironside está muito bem no papel de Revok e merece destaque, mas a dupla de mocinhos, Vale e Obrist parece não ter nenhuma química e empatia. Na verdade, Stephen Lack mantem a mesma expressão praticamente durante toda a projeção. Mas os dois momentos espetaculares do filme são definitivamente a cena da cabeça sendo explodida durante uma conferência, no momento em que a ConSec resolve expor ao mundo a existência dos scanners, e o confronto final entre Revok e Vale. Os efeitos especiais das duas sequências saltam aos olhos, e impressionam ainda até hoje. Na cena da explosão, uma prótese de látex foi usada e enchida com ração animal e tripas de coelho, alvejada por uma espingarda depois. Méritos da equipe do consultor de efeitos especiais Dick Smith, responsável pela maquiagem de O ExorcistaA Sentinela dos Malditos e Viagens Alucinantes, entre outros. Scanners – Sua Mente Pode Destruir foi o filme com maior orçamento de Cronenberg até então, o primeiro a se tornar mainstream e sobrepor o ar independente, e por conseguinte, o responsável por catapultar a carreira internacional do diretor e credenciá-lo para dirigir seus próximos grandes filmes seguintes, como Videodrome – A Síndrome do Vídeo e A Mosca, entre outros.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/27/444-scanners-sua-mente-pode-destruir-1981/

#443 1981 QUEM MATOU ROSEMARY? (The Prowler, EUA)


Direção: Joseph Zito
Roteiro: Glenn Leopold, Neal Barbera
Produção: Joseph Zito e David Streit, James Bochis (Produtor Executivo)
Elenco: Vicky Dawson, Christopher Goutman, Lawrence Tierney, Farley Granger, Cindy Wentraub

Entre 1980 e 1981 os cinemas sofreram uma enxurrada de filmes slasher de todos os tipos. Vários assassinos com suas motivações escusas e seus métodos diferenciados usavam toda sorte de armas para dar cabo de suas vítimas. Entre essas produções, temos uma pérola do gênero que é Quem Matou Rosemary? Slasher basicamente é tudo igual, isso é fato. Todos eles seguem aquela mesma cartilha de regras impostas lá atrás por John Carpenter em Halloween – A Noite do Terror, todos eles têm garotas com peitinhos de fora, adolescentes com hormônios em ebulição, roteiros cheio de furos e um plot twist no final, quando revelado quem é o matador da vez. O que torna uns melhores que os outros? É o gore meu amigo (ou amiga). E esse daqui, tem de monte. Isso se deve pela presença do genial Tom Savini na maquiagem. O cara já havia mostrado seus dotes em Despertar dos Mortos de Romero, e depois feito fama nos slasher movies, como o primeiro Sexta-Feira 13, o violentíssimo Chamas da Morte e em O Maníaco. Aqui em Quem Matou Rosemary?, ele executa seu melhor trabalho (segundo ele mesmo) em mortes acachapantes sem cortes, que vão desde uma garota no banho sendo trespassada por um forcado, uma jugular sendo cortada em uma piscina, um sujeito sendo apunhalado pela lança de uma baioneta, e uma cabeça sendo explodida por um tiro. Dirigido por Joseph Zito (o que o credenciou a dirigir Sexta-Feira 13 – Capítulo Final), Quem Matou Rosermary? começa com uma premissa bem interessante. Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, na noite de 28 de Junho de 1945, acontece na cidade de Avalon Bay um baile de formatura que receberá de volta aqueles que lutaram no estrangeiro. Porém durante o conflito, um dos soldados recebe por carta a notícia de que sua amada, Rosemary Chatham (Joy Glaccum), acaba de lhe dar um pé na bunda para ficar com outro. Eis que na noite do baile, o soldado psicopata vingativo vestido em traje militar, com capacete, farda, botas e máscara de camuflagem, empala com o forcado a ex e seu novo namorado, Roy (Timothy Wahrer), obviamente no momento em que eles fogem do baile para fornicar em um lugar mais reservado. O assassino como assinatura, deixa uma rosa no corpo das vítimas. Tal qual em Dia dos Namorados Macabro, outros slasher lançado no mesmo ano, o baile é cancelado durante 35 anos, até que resolve-se retomar as velhas tradições e realizar o festejo novamente. Claro que isso dará pano para manga para que o guerrilheiro insano volte à ativa, executando um a um os adolescentes que só pensam em fazer sexo e fumar maconha. A mocinha da história será a comportada e virginal loirinha Pam MacDonald (Vicky Dawson), apaixonada pelo assistente delegado, Mark London (Christopher Goutman), que está cobrindo a viagem do xerife George Fraser (Farley Granger) para pescar, enquanto uma garota foi morta na cidadezinha à facadas e todos ficam em alerta pois ele pode se dirigir para Avalon Bay. Esse é o roteiro de Neal Barbera e Glenn Leopold, o resto é banho de sangue, aqueles personagens rasos e todos os meandros do desenvolver da trama, com as motivações e a descoberta do assassino acontecendo de forma superficial, sem se aprofundar muito nas perturbações do ex-militar, o que renderia um viés interessante ao filme, que é completamente descartado. O suspense mesmo é descobrir quem matou a tal Rosemay, como alardeia o título nacional. Apesar de ficar muito fácil descobrir, mesmo com alguns personagens sendo colocados em cena na vã tentativa de deixar alguma dúvida na cabeça do espectador. Mas não é um demérito, afinal você está assistindo a um slasher movie, e não a um filme filosófico de arte. Ao apertar o play, o que você quer ver mesmo são mortes sanguinolentas, e isso Zito e Savini entregam com louvor, com boas doses de violência. Ainda vale um último susto em forma de pesadelo, que com certeza fez (e ainda fará) nego pular da cadeira. Quem Matou Rosemary?, que além do título original, The Prowler, também ficou conhecido como Rosemary’s Killer (mais próximo do nome que ganhou aqui no Brasil) é um clássico cult obscuro que merece seu lugar no hall da fama do gênero, com toda certeza.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/24/443-quem-matou-rosemary-1981/

#441 1981 POSSESSÃO (POSSESSION, França, Alemanha Oriental)


Direção: Andrzej Zulawski
Roteiro: Andrzej Zulawski
Produção: Marie-Laure Reyre
Elenco:Isabelle Adjani, Sam Neill, Margit Carstensen, Heinz Bennent

Eu sou um cara que é muito fã de filmes de terror. Acho que vocês já perceberam isso, né? E eu valorizo muito o gênero e detesto tentar rotulá-lo, pois elementos de horror você pode encontrar em diversos tipos de filmes, mesmo que eles não sejam clichê ou sigam determinadas doutrinas. E esse é o caso de Possessão, tresloucada e bizarra produção do diretor ucraniano Andrzej Zulawski. Limitar chamá-lo somente de filme de horror é algo muito simplório e ignorante. E por mais que haja elementos o bastante para colocá-lo nessa prateleira na locadora, como sangue, mortes, perversão sexual e até um monstro, Possessão é muito bem um drama existencialista e um filme cult de diretor também. É sobre amor obsessivo, psicose, bizarrice sexual, controle, fim de relacionamento, traição, fracasso da instituição familiar e do casamento. É recheado de metáforas. E tudo isso filmado pela câmera intensa de Zulawski, com seus closes invasivos e perturbadores e as atuações viscerais do casal Sam Neill, permissivo, dependente e fraco e Isabelle Adjani, linda, louca, psicótica e escrava de um desejo sexual incontrolável. Neil interpreta Mark, casado com Anna (Adjani), que ficou muito tempo ausente devido ao seu obscuro trabalho e ao voltar dessa viagem encontra o casamento destruído, com Anna assolada por sérias dúvidas sobre sua própria vida e sentimentos. Nesse tempo ela mantinha um caso extraconjugal com Heinrich. Enquanto Mark sempre foi um bunda mole, Heinrich parecia ser o cara liberal, intelectual, viajado, que era melhor de cama, melhor de papo, melhor de tudo e conseguia satisfazer certas necessidades que Anna não encontrava no marido. Certo, isso é passível de acontecer em qualquer relacionamento. Só que Anna acaba voltando para casa, para sumir em seguida, largando tanto o marido e o filho, o pequeno Bob, quanto o amante, aparecendo esporadicamente apenas para ver a criança e ter ataques histéricos e suicidas, vivendo uma verdadeira batalha campal constante com o marido, que ainda insiste em se sujeitar, sem um pingo de amor próprio, a rastejar aos pés da mulher. Pois bem, Mark no auge da sua obsessão contrata um detetive para saber onde Anna está passando seus dias e noites e principalmente com quem. E o que ele descobre não é nem um pouco agradável e aqui que o filme entra no campo do fantástico. Anna vive em um apartamento imundo com uma estranha criatura, repleta de tentáculos, que a satisfaz sexualmente. É mais ou menos como se ela trepasse incansavelmente noite afora com algum monstro saído diretamente de um livro de H.P. Lovecraft. Anna então começa a matar todos aqueles que veem a criatura e tentam de alguma forma afastá-los, dando-os de alimento, ou seu sangue, para que ela vá tomando forma. Pelo menos é isso que dá a entender. O monstro é obra do italiano Carlo Rambaldi, morto recentemente, que no início de sua carreira trabalhava como maquiador de vários filmes do italiano Mario Bava, e mais tarde Dario Argento, como em Prelúdio Para Matar e depois ficou famoso por criar efeitos visuais para filmes como Alien – O Oitavo Passageiro, King Kong (1976), ET – O Extraterrestre, Contatos Imediatos de Terceiro Grau e Duna. As atuações dos dois atores são sensacionais. Adjani, que faz um papel duplo, além da surtada Anna, a doce professora Helen, ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes, assim como Zulawski também concorreu a Palma de Ouro, e ela ainda levou o César daquele ano. Preste muita atenção na cena do metrô. No grau de histeria, descontrole e exagero que ela chega, numa das cenas que para mim, é uma das mais assustadoras de todos os tempos. E não há nenhum elemento assustador básico que vem na sua cabeça quando se pensa em um filme de terror, não. É só a mais pura loucura elevada à enésima potência, e claro, com uma boa pitada de sangue, porque a gente adora. Mas a verdade é que todos os atores do filme fazem personagens igualmente bizarros, e parecem que vivem em um mundo desconexo. Quanto mais vai se aproximando do final, mas as coisas vão perdendo o sentido e ficando xaropes, sem perspectiva alguma de um final feliz e sem chavões. Até uma questão religiosa filosófica começa a ser discutida pelos protagonistas, sobre a existência ou não de Deus. Fora que o próprio final é repleto de metáforas e você termina de ver o filme com aquela cara de interrogação. Mas esse era o propósito inicial, que não fosse uma peça fechada com uma conclusão óbvia. Não há vencedores, nem mocinhos e nem vilões. Possessão é um filme complexo. É preciso ter muito estômago e estar preparado psicologicamente para assisti-lo. Mas é uma pérola da sétima arte, isso sem dúvida nenhuma.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/22/441-possessao-1981/