Direção: Tobe
Hooper
Roteiro: Lawrence
Block
Produção: Steven
Bernhardt e Derek Power, Brad Neufeld (Produtor Associado), Mark L. Lester e
Mace Neufeld (Produtores Executivos)
Elenco: Elizabeth Berridge, Shawn Carson, Cooper Huckabee, Largo
Woodruf, Miles Chapin, David Carson, Kevin Conway, Sylvia Miles
Mais um daqueles
exagerados e sensacionais títulos que os filmes ganham aqui nesse Brasil
varonil. The Funhouse, que seria algo como A Casa Maluca, aquela atração
dos parques de diversão, virou simplesmente: Pague para Entrar, Reze para Sair. Gênio é pouco esse
tradutor! Os filmes de Tobe Hooper sempre são cercados de uma expectativa
absurda, que acaba diluindo um pouco o senso crítico com relação ao cara. Ter
realizado o seminal O Massacre da Serra Elétrica, na real fez muito
mais mal do que bem para o texano, já que ele nunca mais conseguiria alçar tal
impacto visceral cinematográfico, e toda fita nova lançada pelo sujeito, o
desejo de público e crítica é por outro Masscacre… Em Pague para
Entrar, Reze para Sair, Hooper ainda está em sua melhor forma, antes de ter
feito a bobagem de vestir o cabresto de Spielberg em Poltergeist – O
Fenômeno no ano seguinte, seguido de outras bombas que afundaram sua
carreira até hoje. Só que o filme ficou em uma espécie de limbo dentro do
terror oitentista. É um clássico menor, cultuado pelos fãs de terror, mas que
foi um desastre de bilheteria e de crítica. E acredito que não tenha sido culpa
de Hooper, e sim da tal expectativa em torno do seu nome como um gênio e mestre
do terror, título que no final das contas ele nunca alcançou de verdade. Slasher sem
ser um slasher no sentido bíblico, Pague… também é uma bela
homenagem ao cinema de horror. Logo seu começo já é uma mistura de Halloween – A Noite do Terror, de John Carpenter e
Psicose de Alfred Hitchcock, em uma cena em que
um garoto veste uma máscara e ataca sua irmã peladinha no chuveiro (que mais
tarde se mostra a protagonista e heroína do filme, Amy Harper – papel de
Elizabeth Berridge). Fora isso, o filme também fará um tributo aos grandes
monstros da Universal, principalmente a criatura de Frankenstein, exibindo A Noiva de Frankenstein na televisão em
um determinado trecho e colocando a máscara do monstro encobrindo o rosto do
assassino deformado da trama. Ajuda muito o filme ser lançado pela Universal,
detentora dos direitos sobre os clássicos. Amy e seu pretê, Buzz Dawson (Cooper
Huckabee) junto de mais um casal adolescente, Liz (Largo Woodruff) e Richie
(Miles Chapin) resolvem ir se divertir em um parque de diversões
recém-instalado na cidade, mesmo com a garota virginal com um pé atrás, por
conta do desaparecimento de duas garotas no mesmo parque em uma cidade próxima,
há alguns anos. Claro que depois de devidamente convencida, isso não impede da
trupe fumar muita maconha, se rebelar contra a autoridade paternal, mentirem e
colocarem seus desejos ardentes em primeiro lugar, graças aos hormônios em
ebulição. A primeira metade de Pague… serve para Hooper preparar o terreno
para nos aproximarmos dos personagens, tanto faz se você é adolescente ou se já
foi, e se identificar com os quatro. Por mais clichê, você acaba adentrando
naquele pequeno universo particular deles e no final nem julgando tão idiota a
ideia de passar a noite dentro da Casa Maluca, após o parque fechar, pois pense
que você mora em uma cidadezinha e não há muitas opções de diversões, onde
quebrar regras de emancipação ou locais onde eles poderiam transar com certa
mistura de privacidade com aventura. Daí, a segunda metade é moldada nos
fundamentos do filme de terror oitentista. O grupo acaba testemunhando um
assassinato dentro da Casa Maluca, e pior, descobrem que ele foi praticado por
um cruel assassino demente com o rosto deformado, que sofre todo tipo de
maltrato do pai severo, que abomina o filho monstruoso. Em um vacilo, a
presença deles é descoberta e sem conseguir sair do local, começam a ser
caçados impiedosamente pelo mutante, este trabalho do excelente maquiador Rick
Baker, o mesmo que levaria um Oscar por Um Lobisomem
Americano em Londres na
premiação do ano seguinte. Por mais que a perseguição e os assassinatos sejam
desenvolvidos de forma apressada e canhestra por Hooper, vale aqui sua imensa
aptidão em trabalhar o cenário do cárcere dos adolescentes, que tiveram sua
noite de diversão, sexo e baseado, transformada em um pesadelo vivo. Assim como
fizera em O Massacre da Serra Elétrica, o diretor tem uma preocupação
total com o seu cenário e como ele influencia o medo no espectador. Todo mundo
já foi nessas Casas Malucas ou Casas do Terror em algum parque de diversão na
vida, e retomar esse medo primal de bonecos, engrenagens, fumaças e espelhos é
o objetivo aqui, e não só a matança padrão dos slasher movies. Ponto
também para a fotografia de Andew Laszlo, que mistura ambientes claustrofóbicos
escuros com cores quentes e frias e do design de produção de Morton Rabinowitz,
que trabalhara com Hooper em seu filme anterior, Os Vampiros de Salem. E por não ser um
banho de sangue com mortes violentas e elaboradas, como vinha acontecendo com
todos os slashers da época, desencadeado por Sexta-Feira 13 e copiado à exaustão, Pague para
Entrar, Reze para Sair acabou se tornando malfadado, um filme menor e um
fracasso nas bilheterias. Mas o que vale mesmo, tirando todas as limitações de
época é a capacidade ímpar de Tobe Hooper em trabalhar essa antítese de um
lugar de diversão e passatempo tornar-se algo realmente assustador quando as
luzes são apagadas e resta apenas o silêncio e o medo.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2014/05/20/439-pague-para-entrar-reze-para-sair-1981/
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