quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

#439 1981 PAGUE PARA ENTRAR, REZE PARA SAIR (The Funhouse, EUA)


Direção: Tobe Hooper
Roteiro: Lawrence Block
Produção: Steven Bernhardt e Derek Power, Brad Neufeld (Produtor Associado), Mark L. Lester e Mace Neufeld (Produtores Executivos)
Elenco: Elizabeth Berridge, Shawn Carson, Cooper Huckabee, Largo Woodruf, Miles Chapin, David Carson, Kevin Conway, Sylvia Miles

Mais um daqueles exagerados e sensacionais títulos que os filmes ganham aqui nesse Brasil varonil. The Funhouse, que seria algo como A Casa Maluca, aquela atração dos parques de diversão, virou simplesmente: Pague para Entrar, Reze para Sair. Gênio é pouco esse tradutor! Os filmes de Tobe Hooper sempre são cercados de uma expectativa absurda, que acaba diluindo um pouco o senso crítico com relação ao cara. Ter realizado o seminal O Massacre da Serra Elétrica, na real fez muito mais mal do que bem para o texano, já que ele nunca mais conseguiria alçar tal impacto visceral cinematográfico, e toda fita nova lançada pelo sujeito, o desejo de público e crítica é por outro Masscacre… Em Pague para Entrar, Reze para Sair, Hooper ainda está em sua melhor forma, antes de ter feito a bobagem de vestir o cabresto de Spielberg em Poltergeist – O Fenômeno no ano seguinte, seguido de outras bombas que afundaram sua carreira até hoje. Só que o filme ficou em uma espécie de limbo dentro do terror oitentista. É um clássico menor, cultuado pelos fãs de terror, mas que foi um desastre de bilheteria e de crítica. E acredito que não tenha sido culpa de Hooper, e sim da tal expectativa em torno do seu nome como um gênio e mestre do terror, título que no final das contas ele nunca alcançou de verdade. Slasher sem ser um slasher no sentido bíblico, Pague… também é uma bela homenagem ao cinema de horror. Logo seu começo já é uma mistura de Halloween – A Noite do Terror, de John Carpenter e Psicose de Alfred Hitchcock, em uma cena em que um garoto veste uma máscara e ataca sua irmã peladinha no chuveiro (que mais tarde se mostra a protagonista e heroína do filme, Amy Harper – papel de Elizabeth Berridge). Fora isso, o filme também fará um tributo aos grandes monstros da Universal, principalmente a criatura de Frankenstein, exibindo A Noiva de Frankenstein na televisão em um determinado trecho e colocando a máscara do monstro encobrindo o rosto do assassino deformado da trama. Ajuda muito o filme ser lançado pela Universal, detentora dos direitos sobre os clássicos. Amy e seu pretê, Buzz Dawson (Cooper Huckabee) junto de mais um casal adolescente, Liz (Largo Woodruff) e Richie (Miles Chapin) resolvem ir se divertir em um parque de diversões recém-instalado na cidade, mesmo com a garota virginal com um pé atrás, por conta do desaparecimento de duas garotas no mesmo parque em uma cidade próxima, há alguns anos. Claro que depois de devidamente convencida, isso não impede da trupe fumar muita maconha, se rebelar contra a autoridade paternal, mentirem e colocarem seus desejos ardentes em primeiro lugar, graças aos hormônios em ebulição. A primeira metade de Pague… serve para Hooper preparar o terreno para nos aproximarmos dos personagens, tanto faz se você é adolescente ou se já foi, e se identificar com os quatro. Por mais clichê, você acaba adentrando naquele pequeno universo particular deles e no final nem julgando tão idiota a ideia de passar a noite dentro da Casa Maluca, após o parque fechar, pois pense que você mora em uma cidadezinha e não há muitas opções de diversões, onde quebrar regras de emancipação ou locais onde eles poderiam transar com certa mistura de privacidade com aventura. Daí, a segunda metade é moldada nos fundamentos do filme de terror oitentista. O grupo acaba testemunhando um assassinato dentro da Casa Maluca, e pior, descobrem que ele foi praticado por um cruel assassino demente com o rosto deformado, que sofre todo tipo de maltrato do pai severo, que abomina o filho monstruoso. Em um vacilo, a presença deles é descoberta e sem conseguir sair do local, começam a ser caçados impiedosamente pelo mutante, este trabalho do excelente maquiador Rick Baker, o mesmo que levaria um Oscar por Um Lobisomem Americano em Londres na premiação do ano seguinte. Por mais que a perseguição e os assassinatos sejam desenvolvidos de forma apressada e canhestra por Hooper, vale aqui sua imensa aptidão em trabalhar o cenário do cárcere dos adolescentes, que tiveram sua noite de diversão, sexo e baseado, transformada em um pesadelo vivo. Assim como fizera em O Massacre da Serra Elétrica, o diretor tem uma preocupação total com o seu cenário e como ele influencia o medo no espectador. Todo mundo já foi nessas Casas Malucas ou Casas do Terror em algum parque de diversão na vida, e retomar esse medo primal de bonecos, engrenagens, fumaças e espelhos é o objetivo aqui, e não só a matança padrão dos slasher movies. Ponto também para a fotografia de Andew Laszlo, que mistura ambientes claustrofóbicos escuros com cores quentes e frias e do design de produção de Morton Rabinowitz, que trabalhara com Hooper em seu filme anterior, Os Vampiros de Salem. E por não ser um banho de sangue com mortes violentas e elaboradas, como vinha acontecendo com todos os slashers da época, desencadeado por Sexta-Feira 13 e copiado à exaustão, Pague para Entrar, Reze para Sair acabou se tornando malfadado, um filme menor e um fracasso nas bilheterias. Mas o que vale mesmo, tirando todas as limitações de época é a capacidade ímpar de Tobe Hooper em trabalhar essa antítese de um lugar de diversão e passatempo tornar-se algo realmente assustador quando as luzes são apagadas e resta apenas o silêncio e o medo.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/20/439-pague-para-entrar-reze-para-sair-1981/

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