Direção: Tommy Lee Wallace
Roteiro: Tommy Lee
Wallace, John Carpenter e Nigel Kneale (não creditados)
Produção: John
Carpenter e Debra Hill, Barry Bernardi (Produtor Associado), Joseph Wolf e
Irwin Yablans (Produtor Executivo), Moustapha Akkad e Dino De Laurentiis
(Produtor Executivo – não creditados)
Elenco: Tom Atkins, Stacey Nelkin, Dan
O’Herlihy, Michael Currie, Ralph Strait, Jadeen Brabor, Brad Schacter
Puta filme estranho que é Halloween III: A Noite das Bruxas. É meio que uma bobagem sem pé nem
cabeça, que tem uma história das mais malucas do cinema de horror, não tem
Michael Myers, e tem um poderosíssimo valor nostálgico para minha geração de
trintões que assistiu ao filme diversas vezes nas reprises do SBT, e que nunca
entendiam nada quando crianças.E aquela musiquinha? Talvez tão icônico quanto o
toque minimalista criado por Carpenter como a música tema de Halloween – A Noite do Terror, seja aquele sintetizador eletrônico
em loop chato pra burro com aquela voz de
criancinhas esganiçadas cantando “Happy happy Halloween /
Halloween, Halloween / Happy happy Halloween / Silver Shamrock”. O
fato de Halloween III: A Noite das Bruxas ser da mesma equipe responsável por
dar vida à Michael Myers, e não ter nenhum dos personagens consagrados nos dois
filmes anteriores da série, criou uma tremenda rejeição dos fãs, que sentiram-se
enganados pelo longa fazer parte da “franquia”, mesmo com uma história
completamente diferente, e fez o mesmo fracassar na bilheteria e ser
sumariamente renegado. Bem, eu mesmo só assisti três vezes na minha vida: a
primeira quando era muito novo e passou no Cinema em Casa do SBT. Não entendi
lhufas, mas adorava a musiquinha e as máscaras de Halloween. A segunda há um
tempão, ainda bem novo, quando passou provavelmente em mais uma reprise do SBT.
Em meu subconsciente lembrava que o filme era uma porcaria, mas não conseguia
identificar o porquê. Fui vê-lo novamente agora, só depois de velho, para
resenhar aqui para o blog. Confirmei minha conclusão que o filme é uma
porcaria, mas não pelos mesmos motivos que todos. Na verdade, até seu final, eu
estava impressionado e pensava: poxa, por que todo mundo, eu inclusive, metia o
pau em Halloween III, se é um filme bom, climático, que foge do
clichê? Pois bem, minha resposta veio exatamente na despirocada que ele dá no
terceiro ato, quando vira uma babaquice (alguém me explique como um comando
feito pela TV por meio de um chip implantando em uma máscara de látex consegue
fazer o rosto de uma criança se transformar em cobras peçonhentas e grilos?) e
apesar do contexto sinistro do final, das crianças de todos os EUA usarem as
máscaras e grudarem o rosto na tela da televisão durante a poderosíssima
mensagem subliminar, aquela história de robôs, o herói jogando os buttons que vão causar curto-circuito em todos
e ele ligando para as emissoras de TV para tiraram o comercial do ar, enterram
todo o clima de suspense que o vinha sendo construído até então, e merece um
daqueles: bah! Bom, de forma sapiente, mas que não se manteve no futuro
próximo, John Carpenter e Debra Hill sabiam que não havia a menor credibilidade
trazer Michael Myers de volta, já que ele havia morrido em Halloween 2 – O Pesadelo Continua (ah, vá) e não queriam tornar a
franquia mais um Sexta-Feira 13 (ah, vá) colocando o assassino
mascarado matando gente à rodo com toda sua criatividade maléfica. Surgiu a
ideia de manter a franquia viva, com novas e diferentes histórias que se
passassem durante o Dia das Bruxas. Os produtores dos dois longas anteriores,
Irwin Yablans e Moustapha Akkad compraram a ideia e o filme começou a tomar
forma, chamando Joe Dante para dirigir e Nigel Kneale (lembra deles, da série
Quatermass da BBC e dos filmes da Hammer?) para escrever o roteiro. Primeiro,
Dante pulou fora e o cargo ficou para Tommy Lee Wallance, que havia editado o
primeiro Halloween e A Bruma Assassina para Carpenter, e deveria ter dirigido
a continuação, mas estava encarregado do roteiro de Amityville 2 – A Possessão. Segundo, Kneale pulou fora por não
gostar do tratamento do roteiro, que envolveria mais gore e mortes escabrosas. Apesar de 60% de
a história ter sido escrita por ele, seu nome foi retirado dos créditos. Falando
em história, ela é BEM bacana, de verdade. Começa com um sujeito fugindo de uns
figurões sinistros que querem assassiná-lo, subentendendo-se que ele descobriu
algum segredo terrível. Ele consegue escapar, mas é levado a um pronto-socorro,
transtornado, segurando uma máscara de látex e gritando que “eles vão matar
todos nós”. O médico de plantão, Dr. Dan Challis (Tom Atkins) fica intrigado
com o estado mental alterado do paciente, e mais intrigado ainda, quando ele é
assassinado por mais um desses figurões que adentra no hospital (aparentemente
sem nenhuma segurança, como de praxe nos hospitais da série, vide Halloween 2). O
Dr. Challis e a filha do sujeito, que se descobre ser um comerciante de
brinquedos e produtos de Halloween, e por consequência das máscaras da Silver
Shamrock, a mesma que ele segurava e bombardeava a televisão com os comerciais
da musiquinha cafona, Ellie Grimbridge (Stacey Nelkin), vão até Santa Mira, uma
cidadezinha na Califórnia, investigar o que há por trás da nefasta empresa de
produtos festivos, fantasias, máscaras e brinquedos. Aparentemente há uma
conspiração silenciosa por lá, todo mundo age de forma estranha, há toque de
recolher, as linhas de telefone ficam mudas, e todos são obedientes ao
presidente da empresa, Conal Cochran (Dan O’Herlihy). Daí no fatídico último
ato, Challis e Ellie descobrem a vilania por trás do megalomaníaco plano de
Cochran, que é simplesmente matar todas as criancinhas dos EUA, usando uma
elaborada trama tecnológica que ativaria um dispositivo que as mataria
(transformando sua cabeça em cobras e lagartos, sei…), acionado pela propaganda
chata. E aparentemente todas as crianças da América tem uma máscara Silver
Shamrock, todas elas vão sintonizar a televisão às 21h do dia 31 de outubro e voilá. Cabe aos
nossos heróis tentar impedir esse plano maléfico. Bom, que fique bem claro que
meu problema com Halloween III: A Noite das Bruxas não é o considerar uma enganação, um
engodo de marketing, que me senti lesado por usar o nome da franquia Halloween
e não ter Michael Myers (apenas uma breve aparição na televisão, durante a
propaganda da exibição do filme original) como aconteceu na época e tornou o
filme um fracasso retumbante de bilheteria, motivo de ódio dos fãs xiitas, e
resultou na “expulsão” de Carpenter e Hill da cinesérie, ressuscitando Myers
anos depois e transformando-o em um vilão indestrutível. Eu acho louvável a
ideia de ter deixado Myers enterrado e tentado dar um novo caminho para a
franquia, tido a pachorra de projetar um infanticídio com um enredo
completamente fora do clichê e que saía da zona de conforto dos slasher oitentistas que começavam a saturar
exatamente por repetir à exaustão a própria fórmula que Carpenter criou, e
inserir de mensagens subliminares sobre seitas pagãs e o corporativismo,
capitalismo e ambição das grandes empresas multinacionais e a opressão. Meu
problema é que o filme começa bem, intrigante, e depois vira uma bobagem.
Bobagem com os robôs. Bobagem com o plano de vilão de filmes do James Bond.
Bobagem da forma como eles são destruídos. Bobagem de como a cabeça da criança
vira cobra e inseto com um raio que sai da televisão. Só isso. Mas é aquilo, Halloween III: A Noite das Bruxas poderia ser um filmaço, mas meio que
se perde e transforma-se em caricato. É tosco. É trash. Eu levo por
esse lado, e não, apenas em execrá-lo gratuitamente por se distanciar da saga
de Michael Myers.
FONTE:
https://101horrormovies.com/2014/06/10/454-halloween-iii-a-noite-das-bruxas-1982/
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