segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

#445 1981 SEXTA FEIRA 13 PARTE 2 (Friday the 13th Part 2, EUA)


Direção: Steve Miner
Roteiro: Ron Kurz
Produção: Steve Miner, Dennis Stuart Murphy (Co-produtor), Frank Mancuso Jr. (Produtor Associado), Lisa Barsamian e Tom Gruenberg (Produtores Executivos)
Elenco: Betsy Palmer, Amy Steel, John Furey, Adrienne King, Kirsten Baker, Stu Charno

A Sra. Pamela Voohrees está morta. Sexta-Feira 13 faturou 40 milhões de dólares na bilheteria. E agora? Como vamos fazer para alguém continuar aterrorizando o Acampamento Crystal Lake e ganharmos ainda mais dinheiro, fazermos uma sequência e montarmos uma franquia? Óbvio, cara pálida: vamos colocar o filho dela, Jason Voohrees, que até então tinha morrido afogado quando criança no lago, para assumir o legado de matança deixado por sua mãe. Deve ter sido uma conversa mais ou menos assim que fez nascer Sexta-Feira 13: Parte 2, lançado nos cinemas um ano depois do primeiro filme. E com isso, fomos apresentados ao mais famoso assassino do cinema, que aqui começa a rodar o seu taxímetro de cadáveres. Mas a bem da verdade, Sexta-Feira 13: Parte 2 funciona muito bem, sendo mais um daqueles bons exemplos de uma sequência que deu certo e que continuou mantendo o nível do original. E falando de original, há muitas conexões com o filme anterior. Começamos acompanhando o destino de Alice Hardy, única sobrevivente do massacre realizado pela Sra. Voohrees (mais uma vez interpretada por Adrienne King), que tenta levar uma vida normal, mas é frequentemente acometida por pesadelos dos acontecimentos em Crystal Lake (pesadelos esses que vão contando o desfecho de Sexta-Feira 13, situando o espectador ou introduzindo para o novo público). Jason, movido por um sentimento de vingança, vai atrás da garota querendo acertar as contas por ela ter decapitado sua mãe, e acaba com sua vida já antes de entrar os créditos. Passam-se cinco anos desde que a tragédia se abateu em Crystal Lake, ou Acampamento Sangrento, para os mais chegados, e um novo grupo de monitores está em treinamento em um acampamento vizinho, ali na mesma região, para receber as crianças durante as férias de verão. O grupo é conduzido por Paul Holt (John Furey) e sua namorada Ginny Field (Amy Steel). Os jovens vão chegando e continuam sendo alertados pelo bêbado e sábio Ralph (outra participação especial oriunda do primeiro filme) que profetiza que eles estarão condenados (pela última vez, porque Jason também nos faz o favor de despachá-lo logo em seguida). O que se segue é a mesma rotina dos filmes slasher, que o próprioSexta-Feira 13 ajudou a popularizar: assassinatos cada vez mais elaborados, com Jason utilizando diversos tipo de ferramentas, como martelos, facões, lanças, rastelos, machados e por aí vai; jovens com hormônios saindo pelo ladrão, querendo transar toda hora ou então tendo a brilhante ideia de ir nada no lago bem no meio da noite; e personagens que não acrescentam nada na trama, que só estão lá para serem estripados. Tecnicamente falando, Sexta-Feira 13: Parte 2 é bem redondo. A direção de Steve Miner é segura e precisa e segue à risca a fórmula do primeiro filme, sendo que ele esteve no barco junto com Sean S. Cunningham como produtor associado do original e acompanhou de perto todas as decisões criativas, até filmado algumas das cenas como diretor de unidade. Além disso, Miner voltaria a dirigir a terceira parte da franquia. As mortes são mais elaboradas, porém menos explícitas que o primeiro, muito pelo fato de Tom Savini não estar responsável pela maquiagem (ele voltaria na quarta parte, a mais violenta de todas). A abordagem utilizada para Jason também é bastante interessante. Aqui ele ainda não usa a máscara de hóquei que seria sua marca registrada, e ao invés disso, utiliza um pano amarrado em sua cabeça, para esconder sua terrível deformidade, que seria revelada na cena final do filme. Fora isso, ele usa um macacão e uma camisa hipster xadrez, é extremamente ágil, magro e esguio, bem diferente do assassino troncudo, usando um macacão preto e que persegue as vítimas lentamente, que veríamos nos demais filmes. Outro detalhe interessante é a desconstrução psicológica do personagem. Ao que tudo indica, Jason não morreu afogado no lago, vagando pela mata por toda sua infância, adolescência e vida adulta, apreendo a sobreviver naquela situação inóspita, vivendo de sua própria caça, sem nenhum tipo de contato e convívio social, atingido por uma forte psicopatologia misturada já com seu famoso retardo mental. Isso pinta Jason como um produto do meio que vive, sem noção do que é certo ou errado e sem nenhum tipo de convenção social pré-estabelecida, transformando-o em uma irracional máquina de matar, motivado por vingança, sem nenhum sentimento de culpa e valores morais. Sexta-Feira 13: Parte 2 é uma grata surpresa e louvável por tentar fazer algo diferente, mesmo que seguindo os preceitos do primeiro, e traz um ar de frescor à série, substituindo seu assassino e ligando alguns pontos e personagens com o seu antecessor. Na verdade, até a quarta parte a franquia foi bastante eficaz, ao meu ver. Depois disso, sabemos muito bem o fim que leva.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/28/445-sexta-feira-13-parte-2-1981/

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