Direção: Steve Miner
Roteiro: Ron Kurz
Produção: Steve Miner, Dennis Stuart
Murphy (Co-produtor), Frank Mancuso Jr. (Produtor Associado), Lisa Barsamian e
Tom Gruenberg (Produtores Executivos)
Elenco: Betsy
Palmer, Amy Steel, John Furey, Adrienne King, Kirsten Baker, Stu Charno
A Sra. Pamela Voohrees está morta. Sexta-Feira 13 faturou
40 milhões de dólares na bilheteria. E agora? Como vamos fazer para alguém
continuar aterrorizando o Acampamento Crystal Lake e ganharmos ainda mais
dinheiro, fazermos uma sequência e montarmos uma franquia? Óbvio, cara pálida:
vamos colocar o filho dela, Jason Voohrees, que até então tinha morrido afogado
quando criança no lago, para assumir o legado de matança deixado por sua mãe. Deve
ter sido uma conversa mais ou menos assim que fez nascer Sexta-Feira
13: Parte 2, lançado nos cinemas um ano depois do primeiro filme. E
com isso, fomos apresentados ao mais famoso assassino do cinema, que aqui
começa a rodar o seu taxímetro de cadáveres. Mas a bem da verdade, Sexta-Feira
13: Parte 2 funciona muito bem, sendo mais um daqueles bons exemplos de
uma sequência que deu certo e que continuou mantendo o nível do original. E
falando de original, há muitas conexões com o filme anterior. Começamos
acompanhando o destino de Alice Hardy, única sobrevivente do massacre realizado
pela Sra. Voohrees (mais uma vez interpretada por Adrienne King), que tenta
levar uma vida normal, mas é frequentemente acometida por pesadelos dos
acontecimentos em Crystal Lake (pesadelos esses que vão contando o desfecho de Sexta-Feira
13, situando o espectador ou introduzindo para o novo público). Jason, movido
por um sentimento de vingança, vai atrás da garota querendo acertar as contas
por ela ter decapitado sua mãe, e acaba com sua vida já antes de entrar os
créditos. Passam-se cinco anos desde que a tragédia se abateu em Crystal Lake,
ou Acampamento Sangrento, para os mais chegados, e um novo grupo de monitores
está em treinamento em um acampamento vizinho, ali na mesma região, para
receber as crianças durante as férias de verão. O grupo é conduzido por Paul
Holt (John Furey) e sua namorada Ginny Field (Amy Steel). Os jovens vão
chegando e continuam sendo alertados pelo bêbado e sábio Ralph (outra
participação especial oriunda do primeiro filme) que profetiza que eles estarão
condenados (pela última vez, porque Jason também nos faz o favor de despachá-lo
logo em seguida). O que se segue é a mesma rotina dos filmes slasher, que
o próprioSexta-Feira 13 ajudou a popularizar: assassinatos cada vez mais
elaborados, com Jason utilizando diversos tipo de ferramentas, como martelos,
facões, lanças, rastelos, machados e por aí vai; jovens com hormônios saindo
pelo ladrão, querendo transar toda hora ou então tendo a brilhante ideia de ir
nada no lago bem no meio da noite; e personagens que não acrescentam nada na
trama, que só estão lá para serem estripados. Tecnicamente falando, Sexta-Feira
13: Parte 2 é bem redondo. A direção de Steve Miner é segura e
precisa e segue à risca a fórmula do primeiro filme, sendo que ele esteve no
barco junto com Sean S. Cunningham como produtor associado do original e
acompanhou de perto todas as decisões criativas, até filmado algumas das cenas
como diretor de unidade. Além disso, Miner voltaria a dirigir a terceira parte
da franquia. As mortes são mais elaboradas, porém menos explícitas que o
primeiro, muito pelo fato de Tom Savini não estar responsável pela maquiagem
(ele voltaria na quarta parte, a mais violenta de todas). A abordagem utilizada
para Jason também é bastante interessante. Aqui ele ainda não usa a máscara de
hóquei que seria sua marca registrada, e ao invés disso, utiliza um pano
amarrado em sua cabeça, para esconder sua terrível deformidade, que seria
revelada na cena final do filme. Fora isso, ele usa um macacão e uma camisa hipster xadrez,
é extremamente ágil, magro e esguio, bem diferente do assassino troncudo,
usando um macacão preto e que persegue as vítimas lentamente, que veríamos nos
demais filmes. Outro detalhe interessante é a desconstrução psicológica do
personagem. Ao que tudo indica, Jason não morreu afogado no lago, vagando pela
mata por toda sua infância, adolescência e vida adulta, apreendo a sobreviver
naquela situação inóspita, vivendo de sua própria caça, sem nenhum tipo de
contato e convívio social, atingido por uma forte psicopatologia misturada já
com seu famoso retardo mental. Isso pinta Jason como um produto do meio que
vive, sem noção do que é certo ou errado e sem nenhum tipo de convenção social
pré-estabelecida, transformando-o em uma irracional máquina de matar, motivado
por vingança, sem nenhum sentimento de culpa e valores morais. Sexta-Feira 13:
Parte 2 é uma grata surpresa e louvável por tentar fazer algo diferente,
mesmo que seguindo os preceitos do primeiro, e traz um ar de frescor à série,
substituindo seu assassino e ligando alguns pontos e personagens com o seu
antecessor. Na verdade, até a quarta parte a franquia foi bastante eficaz, ao
meu ver. Depois disso, sabemos muito bem o fim que leva.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/28/445-sexta-feira-13-parte-2-1981/
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