sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

#449 1982 BASKET CASE (EUA)


Direção: Frank Henenlotter
Roteiro: Frank Henenlotter
Produção: Edgar Ievins, Arnold H. Bruck (Produtor Executivo)
Elenco: Kevin Van Hentenryck, Terri Susan Smith, Beverly Bonner, Robert Vogel, Diana Browne

Os anos 80 foram muito frutíferos para produções trash de alta qualidade (não é contraditório?). Sam Raimi abriu a porteira com seu A Morte do Demônio para um estilo de filme que misturava o splatter italiano, porém sem a pegada niilista, com altas doses de humor e escracho, pegando orçamentos ridículos e trabalhando essa limitação em prol do roteiro inovador e utilizando efeitos especiais e de maquiagens toscos, que tornava esses filmes verdadeiras obras cultuadas. Um dos melhores exemplares dessa safra do cinema de horror é Basket Case, do diretor Frank Henenlotter. Henenlotter é um diretor americano, oriundo de Long Island, Nova York, entusiasta e fã dos filmes exploitation exibidos nas grindhouses durante os anos 70, que resolveu seguir carreira e desenvolver filmes que fossem transgressores, com bastante sangue e violência gráfica, mas com toques mordazes de humor ácido. Com uma ninharia de 33 mil dólares, ele entrega um dos filmes mais toscos, sem noção e apaixonantes do gênero. Basket Case traz a fraternal história de Duane Bradley (Kevin Van Hetenryck), um jovem que acaba de se mudar para Nova York e alugar um quarto em uma espelunca de hotel, andando de um lado para o outro com uma enorme cesta de vime (daí o título do filme). Dentro dessa cesta ele carrega Belial, seu irmão siamês, retirado cirurgicamente, que é violento, instável e completamente deformado, que mais parece um chiclete mastigado com cabeça, tronco e braços! Duane nasceu com o irmão preso em seu corpo, devido a uma má-formação genética. O nascimento deles resultou na morte de sua mãe durante o trabalho de parto, e seu pai inconsolável pela criatura que havia nascido acoplada em seu filho, o rejeita, fazendo com que eles sejam criados por sua tia. Anos mais tarde, o pai de Duane (e de Belial, consequentemente) resolve contratar uma junta médica, formada pelos doutores Judith Kutter (Diane Browne), Harold Needleman (Llyod Pace) e Julius Lifflander (Bill Freeman), para realizar a cirurgia de separação, sem o consentimento dos dois, e se livrar de uma vez por todas daquela aberração grotesca. A operação clandestina é um sucesso e Belial é jogado no lixo, deixado a sua própria sorte. Porém Duane o resgata e começa a acatar as ordens da criatura, comunicando-se com ele telepaticamente, e juntos arquitetam uma vingança sangrenta, executada por Belial, contra todos os responsáveis pela separação dos dois irmãos. Mas o grande problema é que Belial, dominando por um incontrolável instinto ciumento assassino, começa a interferir nos relacionamentos de Duane com outras pessoas, afastando e tentando matar qualquer um que se ponha no caminho dos dois, incluindo Sharon (Terri Susan Smith), a recepcionista de um dos médicos que vira interesse amoroso de Duane. Sério, esse filme é fantástico, apesar de toda a premissa completamente nonsense. As cenas em que Belial aparece é de rolar no chão de rir, tamanho a podreira. Principalmente quando é usado uma figura de barro, com seus movimentos filmados em stop-motion ou então é mostrada apenas a mão de borracha da criatura (manipulada pelo próprio diretor). E as mortes são extremamente violentas, com muita profusão de sangue (que são até bem feitas, tendo em vista toda a limitação técnica e financeira de Henenlotter), que é o que os fãs dos filmes B mais adoram nesse tipo de produção. Alguns detalhes curiosos do filme, é que ele levou quase um ano para ser concluído, já pela famosa falta de verba, e também pelo fato de ser gravado somente nos finais de semana, e a maioria dos créditos finais são falsos, já que a equipe era extremamente pequena e enxuta, e para não ficarem repetindo os nomes, os produtores decidiram inventar nomes fictícios. E por incrível que pareça, todas as sequências rodadas dentro do Hotel Broslin, onde Duane fica hospedado com a coisa e somos apresentados a quase todos os personagens secundários do longa, foram rodadas em diferentes locações e colocadas juntas de forma exímia na edição, parecendo que foram feitas em um local apenas. Basket Case fez um baita sucesso, muito graças a popularização do VHS já nesse começo dos anos 80, e até ganhou duas continuações, também dirigidas por Henenlotter. O diretor ainda entregaria outras duas pérolas do cinema trash: O Soro do Mal e Frankenhooker – Que Pedaço de Mulher, antes de cair de vez no ostracismo, por não se sujeitar a imposições criativas e regras das produtoras e distribuidoras, preferindo desistir dos seus filmes ao ter esse tipo de cabresto em sua obra. Isso prova o quanto Hollywood é injusta com seus inventivos diretores.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/06/03/449-basket-case-1982/

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