Direção: George
Romero
Roteiro: Stephen
King
Produção: Richard
P. Rubenstein, David E. Vogel (Produtor Associado), Salah M. Hassanein
(Produtor Executivo)
Elenco: Hal
Holbrook, Adrienne Barbeau, Fritz Weaver, Leslie Nielsen, E.G. Marshall, Ed
Harris, Ted Danson, Stephen King
Um dos mais famosos filmes de terror de estilo
mosaico, Creepshow – Show de Horrores (ou Arrepio
do Medo, como também ficou conhecido nas reprises do SBT) traz a junção de dois
mestres do horror, Stephen King, que escreve as cinco histórias do longa e
George Romero, responsável pela direção dos mesmos. Como se não bastasse, Creepshow – Show de Horrores é
outro daqueles filmes saudosistas da década de 80 que impressionou e divertiu
toda uma geração, a qual esse que vos escreve faz parte. A concepção da ideia
do longa é King prestar uma homenagem a uma das suas maiores inspirações da
infância, os quadrinhos de terror publicados pela editora EC Comics na década
de 50, entre eles o famoso HQ Tales from the Crypt, que ganhou sua versão
cinematográfica pela Amicus, Contos do
Além, e mais tarde adaptado pela HBO como uma famosa série
televisiva e The Vault of Horror, que também foi levado pelas telas pela Amicus
como A Cripta dos Sonhos, entre outros. Os
quadrinhos da EC Comics revolucionaram o mercado editorial com sua riqueza de
detalhes em suas ilustrações e seus roteiros inventivos, e seu conteúdo era
recheado de histórias de mistério, assassinato, monstros das trevas, fantasmas,
criaturas pegajosas, zumbis, fantasmas, e sempre com muito sangue e violência.
Líder absoluto de vendas, várias crianças na época tinham o hábito de ler essas
histórias de noite, antes de dormir, em seus quartos escuros, iluminados apenas
pelo feixe de uma lanterna, exatamente como o garoto Billy (que é vivido por
Joe Hill, o próprio filho de King). E muita da repreensão paternal na vida real
ocorria também como retratada no prólogo e epílogo do filme. Com uma dose
cavalar de ignorância e intolerância e o crescimento do moralismo coxinha
americano, somado com a explosão da delinquência juvenil que eram
frequentemente relacionado aos quadrinhos, o psiquiatra Fredric Wertham iniciou
uma verdadeira guerra ideológica contra os gibis, principalmente após a
publicação do seu livro “A Sedução do Inocente”, que trazia um estudo detalhado
do mal que as HQs representavam aos jovens da nação (que inclusive começou a
levantar a polêmica do suposto relacionamento homossexual entre Batman e Robin
e como isso era prejudicial aos adolescentes). Respingando no Senado americano,
uma espécie de censura foi aplicada, resultando na criação de um código chamado Comics Code Authority, onde todas as
HQs deveriam passar por um rígido controle (leia-se censura) e conter esse selo
de aprovação na suas capas, o que levou a EC Comics ao declínio e a extinção
das suas revistas em quadrinhos de terror. Ufa, todo esse ínterim apenas para
posicionar você leitor na importância dessas HQs para toda uma geração, e como
todo o enredo de Creepshow – Arrepio do
Medo é uma belíssima homenagem de King e de Romero aos homens que
popularizaram os quadrinhos de terror e influenciaram toda uma gama de
escritores e cineastas. E os cinco contos do filme são na verdade retirados das
páginas da revista que o garotinho Billy está lendo, mesclando cenas bem
bacanas de atores reais com desenhos, como se fossem dos quadrinhos.
A primeira história, “Dia dos Pais”, traz o causo de Nathan Grantham (Jon Lorner), um
velho autoritário e demente que foi morto por uma de suas filhas, Bedelia
(Viveca Lindfors), após aporrinhá-la por conta de um bolo de dia dos pais, e
também após ele ter mandado matar o amor de Bedelia durante uma caçada. Todos
os anos, Bedelia retorna ao antigo casarão do pai, pontualmente às 18h, para
ficar por uma hora rezando em seu túmulo e expiar seus pecados. Mas no sétimo
aniversário da morte de Nathan, o velho sai da cova como um zumbi sedento por
vingança e claro, esperando conseguir seu bolo. Um iniciante Ed Harris atua
neste conto.
A segunda é protagonizada pelo próprio Stephen
King. “A Morte Solitária de Jordy
Verrill” traz o mestre do terror no papel de um caipira ignorante e matuto
que vive em sua fazenda tranquilamente assistindo telecatchquando um meteorito com uma substância vegetal
alienígena cai em seu território. Verrill pensa ter tirado a sorte grande e
quer vender o meteorito para o Departamento de Meteoros da universidade por 200
dólares. Mas ao jogar água no fragmento para tentar esfriá-lo, o meteorito se
parte, liberando um estranho líquido. Ao tocar em seu interior, Verrill começa
a sofrer uma mutação que aos poucos vai transformando-o em uma planta mutante.
Como se não bastasse, o meteorito começa a espalhar uma estranha vegetação que
vai crescendo por toda a fazenda do azarado Verrill e partindo em direção à
cidade.
“Indo com a Maré” é o terceiro conto, e mais um de zumbi. Richard
Vickers (interpretado por Leslie Nielsen, eterno sargento Frank Drebin de Corra que a Polícia Vem Aí) é um
vingativo marido traído por sua esposa, que resolve enterrar adúltera na praia
até a maré subir e matá-la afogada, gravando tudo para mostrar ao amante, Harry
Wenthworth (vivido por Ted Danson). Ameaçando-o com uma arma, Vickers reserva o
mesmo destino hediondo ao amante, também o enterrando na areia durante a noite
para a maré alta dar cabo de sua vida. Porém após morrerem afogados, ambos
voltam à vida em estado putrefato como zumbis cobertos por algas marinhas, em
busca de vingança.
No quarto conto, “A Caixa” (não confundir com o famoso conto de Richard Matheson
para a série Além da Imaginação), o zelador de uma universidade encontra
embaixo das escadas uma caixa lacrada datada de 1834 e liga para o professor
Dexter Stanley (Fritz Weaver), que ao abrir o estranho container descobre uma
criatura símia assassina sedenta por sangue. Após fazer duas vítimas, Dexter,
com medo de ser acusado pelos crimes, conta sobre a descoberta a outro
professor, Henry Northup (Hal Halbrook), que é um banana que odeia a esposa
infiel e que o trata feito gato e sapato, Wilma (Adrienne Barbeau). Henry, com
a paciência no limite, tem a ideia de usar a terrível criatura da caixa para
fazer algo que nunca teve coragem: matar a esposa que sempre o humilhou.
Para finalizar, o último episódio, mais famoso de
todos, é altamente desaconselhável para a mulherada e para todos aqueles que
tenham medo de baratas. “Vingança
Barata” traz Upson Pratt (E.G. Marshall), um bilionário excêntrico com
mania de limpeza, um TOC violento e pavor de insetos. Ele vive em um
apartamento ultramoderno (para a época) aparentemente anti-germe, mas que
começa a ficar infestado pelascucarachas.
Detalhe que Pratt é um empresário inescrupuloso, racista e que passa por cima
de todos e destrói a vida de qualquer um de seus concorrentes para progredir
financeiramente. Para ele, está guardada uma terrível morte com uma horda de
baratas invadindo seu apartamento. Ainda dá tempo de uma ponta do famoso
maquiador Tom Savini, mestre dos efeitos de maquiagem, responsável por filmes
como Despertar dos Mortos, O Maníaco e Sexta-Feira
13, entre outros, como um lixeiro no epílogo encontrando a revista
em quadrinhos jogada no lixo no prólogo, e epílogo traz um desfecho terrível
para o pai de Billy que o reprimiu na noite anterior por ler aquelas “porcarias
de histórias”, já que o terrível moleque compra, através da própria revista, um
verdadeiro boneco vodu e pretende usá-lo contra o pai intransigente.
Creepshow – Show de
Horrores ganhou uma continuação, também
escrita por Stephen King, igualmente ótima e também outro clássico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/06/04/450-creepshow-show-de-horrores-1982/
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