sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

#450 1982 CREEPSHOW (Creepshow, EUA)


Direção: George Romero
Roteiro: Stephen King
Produção: Richard P. Rubenstein, David E. Vogel (Produtor Associado), Salah M. Hassanein (Produtor Executivo)
Elenco: Hal Holbrook, Adrienne Barbeau, Fritz Weaver, Leslie Nielsen, E.G. Marshall, Ed Harris, Ted Danson, Stephen King

Um dos mais famosos filmes de terror de estilo mosaico, Creepshow – Show de Horrores (ou Arrepio do Medo, como também ficou conhecido nas reprises do SBT) traz a junção de dois mestres do horror, Stephen King, que escreve as cinco histórias do longa e George Romero, responsável pela direção dos mesmos. Como se não bastasse, Creepshow – Show de Horrores é outro daqueles filmes saudosistas da década de 80 que impressionou e divertiu toda uma geração, a qual esse que vos escreve faz parte. A concepção da ideia do longa é King prestar uma homenagem a uma das suas maiores inspirações da infância, os quadrinhos de terror publicados pela editora EC Comics na década de 50, entre eles o famoso HQ Tales from the Crypt, que ganhou sua versão cinematográfica pela Amicus, Contos do Além, e mais tarde adaptado pela HBO como uma famosa série televisiva e The Vault of Horror, que também foi levado pelas telas pela Amicus como A Cripta dos Sonhos, entre outros. Os quadrinhos da EC Comics revolucionaram o mercado editorial com sua riqueza de detalhes em suas ilustrações e seus roteiros inventivos, e seu conteúdo era recheado de histórias de mistério, assassinato, monstros das trevas, fantasmas, criaturas pegajosas, zumbis, fantasmas, e sempre com muito sangue e violência. Líder absoluto de vendas, várias crianças na época tinham o hábito de ler essas histórias de noite, antes de dormir, em seus quartos escuros, iluminados apenas pelo feixe de uma lanterna, exatamente como o garoto Billy (que é vivido por Joe Hill, o próprio filho de King). E muita da repreensão paternal na vida real ocorria também como retratada no prólogo e epílogo do filme. Com uma dose cavalar de ignorância e intolerância e o crescimento do moralismo coxinha americano, somado com a explosão da delinquência juvenil que eram frequentemente relacionado aos quadrinhos, o psiquiatra Fredric Wertham iniciou uma verdadeira guerra ideológica contra os gibis, principalmente após a publicação do seu livro “A Sedução do Inocente”, que trazia um estudo detalhado do mal que as HQs representavam aos jovens da nação (que inclusive começou a levantar a polêmica do suposto relacionamento homossexual entre Batman e Robin e como isso era prejudicial aos adolescentes). Respingando no Senado americano, uma espécie de censura foi aplicada, resultando na criação de um código chamado Comics Code Authority, onde todas as HQs deveriam passar por um rígido controle (leia-se censura) e conter esse selo de aprovação na suas capas, o que levou a EC Comics ao declínio e a extinção das suas revistas em quadrinhos de terror. Ufa, todo esse ínterim apenas para posicionar você leitor na importância dessas HQs para toda uma geração, e como todo o enredo de Creepshow – Arrepio do Medo é uma belíssima homenagem de King e de Romero aos homens que popularizaram os quadrinhos de terror e influenciaram toda uma gama de escritores e cineastas. E os cinco contos do filme são na verdade retirados das páginas da revista que o garotinho Billy está lendo, mesclando cenas bem bacanas de atores reais com desenhos, como se fossem dos quadrinhos.
A primeira história, “Dia dos Pais”, traz o causo de Nathan Grantham (Jon Lorner), um velho autoritário e demente que foi morto por uma de suas filhas, Bedelia (Viveca Lindfors), após aporrinhá-la por conta de um bolo de dia dos pais, e também após ele ter mandado matar o amor de Bedelia durante uma caçada. Todos os anos, Bedelia retorna ao antigo casarão do pai, pontualmente às 18h, para ficar por uma hora rezando em seu túmulo e expiar seus pecados. Mas no sétimo aniversário da morte de Nathan, o velho sai da cova como um zumbi sedento por vingança e claro, esperando conseguir seu bolo. Um iniciante Ed Harris atua neste conto.
A segunda é protagonizada pelo próprio Stephen King. “A Morte Solitária de Jordy Verrill” traz o mestre do terror no papel de um caipira ignorante e matuto que vive em sua fazenda tranquilamente assistindo telecatchquando um meteorito com uma substância vegetal alienígena cai em seu território. Verrill pensa ter tirado a sorte grande e quer vender o meteorito para o Departamento de Meteoros da universidade por 200 dólares. Mas ao jogar água no fragmento para tentar esfriá-lo, o meteorito se parte, liberando um estranho líquido. Ao tocar em seu interior, Verrill começa a sofrer uma mutação que aos poucos vai transformando-o em uma planta mutante. Como se não bastasse, o meteorito começa a espalhar uma estranha vegetação que vai crescendo por toda a fazenda do azarado Verrill e partindo em direção à cidade. 
“Indo com a Maré” é o terceiro conto, e mais um de zumbi. Richard Vickers (interpretado por Leslie Nielsen, eterno sargento Frank Drebin de Corra que a Polícia Vem Aí) é um vingativo marido traído por sua esposa, que resolve enterrar adúltera na praia até a maré subir e matá-la afogada, gravando tudo para mostrar ao amante, Harry Wenthworth (vivido por Ted Danson). Ameaçando-o com uma arma, Vickers reserva o mesmo destino hediondo ao amante, também o enterrando na areia durante a noite para a maré alta dar cabo de sua vida. Porém após morrerem afogados, ambos voltam à vida em estado putrefato como zumbis cobertos por algas marinhas, em busca de vingança.
No quarto conto, “A Caixa” (não confundir com o famoso conto de Richard Matheson para a série Além da Imaginação), o zelador de uma universidade encontra embaixo das escadas uma caixa lacrada datada de 1834 e liga para o professor Dexter Stanley (Fritz Weaver), que ao abrir o estranho container descobre uma criatura símia assassina sedenta por sangue. Após fazer duas vítimas, Dexter, com medo de ser acusado pelos crimes, conta sobre a descoberta a outro professor, Henry Northup (Hal Halbrook), que é um banana que odeia a esposa infiel e que o trata feito gato e sapato, Wilma (Adrienne Barbeau). Henry, com a paciência no limite, tem a ideia de usar a terrível criatura da caixa para fazer algo que nunca teve coragem: matar a esposa que sempre o humilhou.
Para finalizar, o último episódio, mais famoso de todos, é altamente desaconselhável para a mulherada e para todos aqueles que tenham medo de baratas. “Vingança Barata” traz Upson Pratt (E.G. Marshall), um bilionário excêntrico com mania de limpeza, um TOC violento e pavor de insetos. Ele vive em um apartamento ultramoderno (para a época) aparentemente anti-germe, mas que começa a ficar infestado pelascucarachas. Detalhe que Pratt é um empresário inescrupuloso, racista e que passa por cima de todos e destrói a vida de qualquer um de seus concorrentes para progredir financeiramente. Para ele, está guardada uma terrível morte com uma horda de baratas invadindo seu apartamento. Ainda dá tempo de uma ponta do famoso maquiador Tom Savini, mestre dos efeitos de maquiagem, responsável por filmes como Despertar dos MortosO Maníaco e Sexta-Feira 13, entre outros, como um lixeiro no epílogo encontrando a revista em quadrinhos jogada no lixo no prólogo, e epílogo traz um desfecho terrível para o pai de Billy que o reprimiu na noite anterior por ler aquelas “porcarias de histórias”, já que o terrível moleque compra, através da própria revista, um verdadeiro boneco vodu e pretende usá-lo contra o pai intransigente.
Creepshow – Show de Horrores ganhou uma continuação, também escrita por Stephen King, igualmente ótima e também outro clássico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/06/04/450-creepshow-show-de-horrores-1982/

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