Direção: Marino Girolami
Roteiro: Romano
Scandariato, Fabrizio De Angelis (história)
Produção: Gianfranco
Coyoumdjian, Fabrizio de Angelis
Elenco: Ian McCulloch, Alexandre
Delli Colli, Sherry Buchana, Peter O’Neal, Donald O’Brien
Pois bem, final dos
anos 70 e começo dos anos 80, a Itália era o big hit do cinema de horror
na época. E particularmente dois filmes foram os responsáveis diretos por
colocar os italianos nos holofotes do terror exploitation: Zumbi 2 – A Volta
dos Mortos de
Lucio Fulci, de 79 e Cannibal Holocaust de Ruggero
Deodato, do ano seguinte. Canibais e zumbis eram o que havia de mais extremo
e gore naqueles tempos. Obviamente, como diz o ditado: “time que está
ganhando não se mexe”, então as salas de cinema grindhouse eram invadidas por uma enxurrada de filmes de
zumbis e canibais, feitos a toque de caixa por produtores picaretas e inescrupulosos,
com qualidade beirando o pífio. Foi com esse pensamento caça-níqueis em mente
que o canastra Fabrizio De Angelis, produtor de uma porrada de filmes do Fulci
(incluindo aí Zumbi 2) e outros pérolas inimagináveis futuras como O Rato Humano e Killer Crocodile, resolveu
colocar os dois “monstros” do cinema do momento no mesmo filme (gênio é pouco!)
e surgiu Zombie Holocaust. Até o nome é digno
das picaretagens italianas. Parece até receita de bolo: pegue uma pitada do
filme do Fulci e acrescente ingredientes do filme de Deodato e voilá!
Temos um dos mais gráficos e toscos filmes spaghetti do
período, com toda sorte de mortes escabrosas, canibalismo, zumbis putrefatos
com maquiagem ridícula, evisceração, autópsia em close, vivisseção, tortura,
escalpelamento e também dois elementos primordiais nesse tipo de fita: nudez
feminina e atuações bisonhas com suas péssimas dublagens em inglês. Falando em
atuações bisonhas, uma das curiosidades é que Zombie Holocaust é
protagonizado pelo escocês Ian McCulloch, o mesmo de Zumbi 2 – A Volta dos
Mortos (carinhosamente apelidado de “Pouca Telha” no Horrorcast do mesmo –
só que aqui já devidamente usando peruca). E em seu Reino Unido natal, os
últimos três filmes do sujeito, lançado num período de dois anos, foram
proibidos (os dois aqui citados, incluindo Alien – O Monstro
Assassino de
Luigi Cozzi). Ou seja, ninguém conseguiria ver o “proeminente” ator em sua
pátria mãe porque a censura não dava trégua. Devaneios a parte, o roteiro de Zombie
Holocaust, escrito por Romano Scandariato, baseado na própria história de
Angelis, começa em um hospital em Nova York, onde misteriosamente alguns
cadáveres estão sendo encontrados parcialmente devorados. Não demora para se
descobrir que a culpa é de um enfermeiro canibal, vindo da pequena ilha de
Moluccas nas Índias Ocidentais, onde lá realmente a antropofagia os une em
adoração ao deus canibal Kito. A enfermeira e (detalhe) expert em antropologia
Lori Ridgeway (a loiraça Alexandra Delli Colli, que irá presentear os marmanjos
em cenas de nu frontal e posições ginecológicas de sacrifício) junta-se ao Dr.
Peter Chandler (McCulloch), a jornalista Susan Kelly (Sherry Buchana) e o
aventureiro George Harper (Peter O’Neal) e vão para a tal ilha de Moluccas para
investigar a tribo canibal. Lá eles têm a ajuda do Dr. Obrero (Donald O’Brien)
– ou Dr. Butcher na versão americana – e de seu assistente Molotto (Dakar). Só
que o grupo, incluindo aí dois guias, começam a ser impiedosamente caçados
pelos nativos canibais. Até aí tudo bem, típico plot de filme
italiano do ciclo canibal. E onde entram os zumbis nessa história? É aí, fã do
horror, que o filme vira uma patifaria. O tal Dr. Obrero é na verdade um
cientista louco de pedra que está fazendo experiências com os locais,
transformando-os em zumbis, afim de conseguir prolongar a vida! É isso mesmo
que você leu. Então além de nossos heróis terem de escapar de serem devorados
vivos pela tribo, também precisam escapar de virar boquinha de cadáveres
putrefatos ambulantes. E aparentemente há uma rixa entre os dois, só para
constar. Claro que o roteiro não é o forte da produção, e sim o exagero na
violência gratuita e no sangue falso de guache. Para os fãs do gore, é um
prato cheio. Entre os momentos de deleite para os mais sádicos, há uma clássica
cena de eyeball, com um dos
pobres diabos tendo os glóbulos oculares sendo arrancados, um momento
absurdamente violento onde o crânio de um zumbi é transformado em mingau pelo
motor de uma lancha, quando um dos guias é perfurado por uma armadilha de bambu
no meio da selva e tem seu bucho aberto para provir suas estranhas de alimento
para os nativos e a cena mais esquizofrênica de todas em que descobrimos as
bizarras experiências do Dr. Obrero, quando ele corta as cordas vocais de sua
“paciente” e começa a fazer uma lobotomia em seu cérebro com a infeliz ainda
acordada e sem poder gritar. Zombie Holocaust é curto, direto e apelativo,
recauchutando mais uma vez todos os elementos principais destes dois gêneros
que fizeram tanto sucesso na escola italiana de filmes de terror daqueles
tempos distantes. É um desfile de mau gosto, de tripas e sangue em close, e
mãos invasivas mergulhando em corpos eviscerados e atravessando incisões e
ferimentos abertos para desesperadamente descobrir o que tem lá dentro e trazer
à tona, como uma mórbida aula de anatomia. Escancara na tela para aqueles que
tem estômago, todo o fetichismo pelo sexo e pela carne tão presentes no
ciclo splatter vindo da Terra da Bota.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2014/04/25/421-zombie-holocaust-1980/
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