segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

#421 1980 ZOMBIE HOLOCAUST (Zombi Holocaust / Dr. Butcher, M.D., Itália)


Direção: Marino Girolami
Roteiro: Romano Scandariato, Fabrizio De Angelis (história)
Produção: Gianfranco Coyoumdjian, Fabrizio de Angelis
Elenco: Ian McCulloch, Alexandre Delli Colli, Sherry Buchana, Peter O’Neal, Donald O’Brien
  
Pois bem, final dos anos 70 e começo dos anos 80, a Itália era o big hit do cinema de horror na época. E particularmente dois filmes foram os responsáveis diretos por colocar os italianos nos holofotes do terror exploitationZumbi 2 – A Volta dos Mortos de Lucio Fulci, de 79 e Cannibal Holocaust de Ruggero Deodato, do ano seguinte. Canibais e zumbis eram o que havia de mais extremo e gore naqueles tempos. Obviamente, como diz o ditado: “time que está ganhando não se mexe”, então as salas de cinema grindhouse eram invadidas por uma enxurrada de filmes de zumbis e canibais, feitos a toque de caixa por produtores picaretas e inescrupulosos, com qualidade beirando o pífio. Foi com esse pensamento caça-níqueis em mente que o canastra Fabrizio De Angelis, produtor de uma porrada de filmes do Fulci (incluindo aí Zumbi 2) e outros pérolas inimagináveis futuras como O Rato Humano e Killer Crocodile, resolveu colocar os dois “monstros” do cinema do momento no mesmo filme (gênio é pouco!) e surgiu Zombie Holocaust. Até o nome é digno das picaretagens italianas. Parece até receita de bolo: pegue uma pitada do filme do Fulci e acrescente ingredientes do filme de Deodato e voilá! Temos um dos mais gráficos e toscos filmes spaghetti do período, com toda sorte de mortes escabrosas, canibalismo, zumbis putrefatos com maquiagem ridícula, evisceração, autópsia em close, vivisseção, tortura, escalpelamento e também dois elementos primordiais nesse tipo de fita: nudez feminina e atuações bisonhas com suas péssimas dublagens em inglês. Falando em atuações bisonhas, uma das curiosidades é que Zombie Holocaust é protagonizado pelo escocês Ian McCulloch, o mesmo de Zumbi 2 – A Volta dos Mortos (carinhosamente apelidado de “Pouca Telha” no Horrorcast do mesmo – só que aqui já devidamente usando peruca). E em seu Reino Unido natal, os últimos três filmes do sujeito, lançado num período de dois anos, foram proibidos (os dois aqui citados, incluindo Alien – O Monstro Assassino de Luigi Cozzi). Ou seja, ninguém conseguiria ver o “proeminente” ator em sua pátria mãe porque a censura não dava trégua. Devaneios a parte, o roteiro de Zombie Holocaust, escrito por Romano Scandariato, baseado na própria história de Angelis, começa em um hospital em Nova York, onde misteriosamente alguns cadáveres estão sendo encontrados parcialmente devorados. Não demora para se descobrir que a culpa é de um enfermeiro canibal, vindo da pequena ilha de Moluccas nas Índias Ocidentais, onde lá realmente a antropofagia os une em adoração ao deus canibal Kito. A enfermeira e (detalhe) expert em antropologia Lori Ridgeway (a loiraça Alexandra Delli Colli, que irá presentear os marmanjos em cenas de nu frontal e posições ginecológicas de sacrifício) junta-se ao Dr. Peter Chandler (McCulloch), a jornalista Susan Kelly (Sherry Buchana) e o aventureiro George Harper (Peter O’Neal) e vão para a tal ilha de Moluccas para investigar a tribo canibal. Lá eles têm a ajuda do Dr. Obrero (Donald O’Brien) – ou Dr. Butcher na versão americana – e de seu assistente Molotto (Dakar). Só que o grupo, incluindo aí dois guias, começam a ser impiedosamente caçados pelos nativos canibais. Até aí tudo bem, típico plot de filme italiano do ciclo canibal. E onde entram os zumbis nessa história? É aí, fã do horror, que o filme vira uma patifaria. O tal Dr. Obrero é na verdade um cientista louco de pedra que está fazendo experiências com os locais, transformando-os em zumbis, afim de conseguir prolongar a vida! É isso mesmo que você leu. Então além de nossos heróis terem de escapar de serem devorados vivos pela tribo, também precisam escapar de virar boquinha de cadáveres putrefatos ambulantes. E aparentemente há uma rixa entre os dois, só para constar. Claro que o roteiro não é o forte da produção, e sim o exagero na violência gratuita e no sangue falso de guache. Para os fãs do gore, é um prato cheio. Entre os momentos de deleite para os mais sádicos, há uma clássica cena de eyeball, com um dos pobres diabos tendo os glóbulos oculares sendo arrancados, um momento absurdamente violento onde o crânio de um zumbi é transformado em mingau pelo motor de uma lancha, quando um dos guias é perfurado por uma armadilha de bambu no meio da selva e tem seu bucho aberto para provir suas estranhas de alimento para os nativos e a cena mais esquizofrênica de todas em que descobrimos as bizarras experiências do Dr. Obrero, quando ele corta as cordas vocais de sua “paciente” e começa a fazer uma lobotomia em seu cérebro com a infeliz ainda acordada e sem poder gritar. Zombie Holocaust é curto, direto e apelativo, recauchutando mais uma vez todos os elementos principais destes dois gêneros que fizeram tanto sucesso na escola italiana de filmes de terror daqueles tempos distantes. É um desfile de mau gosto, de tripas e sangue em close, e mãos invasivas mergulhando em corpos eviscerados e atravessando incisões e ferimentos abertos para desesperadamente descobrir o que tem lá dentro e trazer à tona, como uma mórbida aula de anatomia. Escancara na tela para aqueles que tem estômago, todo o fetichismo pelo sexo e pela carne tão presentes no ciclo splatter vindo da Terra da Bota.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/25/421-zombie-holocaust-1980/

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