sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

#433 1981 UM LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES (An American Werewolf in London, Reino Unido, EUA)


Direção: John Landis
Roteiro: John Landis
Produção: George Folsey Jr., Peter Guber e Jon Peters (Produtores Executivos)
Elenco: David Naughton, Jenny Agutter, Griffin Dune, John Woodvine

Dentro da proeminente trinca de filmes de llicantropos dos anos 80, Um Lobisomem Americano em Londres é a fita mais famosa e mais importante. John Landis é o responsável por um excelente filme que mistura sangue, selvageria e doses de humor, acompanhado da mais impressionante e imbatível cena de transformação feita até hoje. 1981 foi o ano do lobo em Hollywood. Quatro meses depois da estreia de Grito de Horror de Joe Dante nos cinemas, Landis traz sua versão mais clássica e linear da história do lobisomem, sem questionamentos morais, psicológicos e a ideia de uma sociedade secreta como seu antecessor. Fora que Um Lobisomem Americano em Londres é uma espécie de filme tributo a O Lobisomem, enxertando várias referências do original por quase todo o longa. E Landis usa muito o subterfúgio do humor para contar uma história que por mais que seja simples, é na verdade extremamente trágica e brutal. E essa dose certeira, misturada com os impressionantes efeitos especiais e de maquiagem criados pelo oscarizado Rick Baker, transformaram Um Lobisomem Americano em Londres em um clássico. David Kessler e Jack Goodman são dois viajantes americanos que estão fazendo um mochilão pelo norte da Inglaterra, até pararem no pequeno vilarejo de East Proctor (a cena de abertura é uma das mais clássicas do cinema de horror, com um plano aberto das belas paisagens da Irlanda, onde foi realmente rodada a cena, não na Inglaterra, tocando uma versão balada de Blue Moon). Com frio e fome, resolvem se aquecer e comer alguma coisa dentro de um pub na beira da estrada, chamado carinhosamente de O Cordeiro Massacrado (e com o desenho da cabeça de um lobo atravessado por uma lança em seu letreiro). Lá dentro eles encontram os tipos mais esquisitos possíveis, além de um pequeno altar na parede com velas e um pentagrama desenhado. Lembra de O Lobisomem com Lon Chaney? O pentagrama é o símbolo do lobo, e eles até conversam sobre isso, remetendo ao clássico da Universal. Ao perguntarem sobre o pentagrama, o clima fica pesado e eles começam a ser hostilizados, até resolverem sair do local sinistro e seguir viagem. Mas é noite de lua cheia, e eles são prontamente avisados para seguirem a  estrada e evitarem o pântano. Mas o que os jovens americanos fazem? Saem da estrada e vão parar no pântano, é claro. Lá são atacados por um lobo gigante. Jack é violentamente estraçalhado enquanto David é atingido, mas sobrevive, graças aos locais que acabam por matar a criatura. Passada algumas semanas em coma, David acorda em um hospital em Londres e se envolve com sua enfermeira, Alex Price, com quem vai morar junto após receber alta. Mas não antes de ter sonhos esquisitos, como de estar correndo nu pelos campos e devorando um cervo, ou vendo sua família sendo chacinada por uma alegoria nazista monstruosa (Kessler é sobrenome judeu). E claro, não antes de ver Jack voltar dos mortos e pedir para que ele se mate, pois sabe que a maldição do lobisomem cairá sobre ele, e até que a linhagem não seja quebrada, todos que forem mortos pela criatura ficarão vagando no limbo, sem alcançar o merecido descanso eterno. A maquiagem de Jack é simplesmente espetacular. Da primeira vez que ele aparece a David como morto-vivo, ele está com a garganta e peito estraçalhados pelo ataque do lobo, todo ensanguentado e com nacos de carne pendurados na pele. Na segunda, ele já está em estado mais avançado de putrefação e seu corpo adquire uma tonalidade esverdeada. Na terceira, já está só o esqueleto com a carne toda podre deixando seu corpo. E Jack, é um dos alívios cômicos do filme, junto com outras vítimas assassinadas por David depois de sua primeira mutação, que aparecem para ele em uma surreal e divertidíssima cena dentro de um cinema pornô, onde enquanto um filme completamente nonsense está sendo exibido, cada um dá uma dica de como David deveria dar cabo de sua própria vida. A transformação de David em lobisomem sem dúvida é um dos momentos mais antológicos do cinema de terror. Tanto que levou o Oscar de melhor maquiagem naquele mesmo ano e deve ter feito Joe Dante e Rob Bottin morrerem de inveja. É extremamente visceral, dolorosa e incontrolável. E tudo escancarado para o espectador assistir, estupefato com aquilo que está vendo. Você vê o corpo de David se modificando violentamente com uma edição precisa, enquanto orelhas, presas e membros começam a se alongar, ouve-se o barulho de ossos trincando, sua coluna se partindo, boca e queixo se alongando para se transformar em um focinho e tufos espessos de pelo brotando pelo seu corpo. E diferente do homem lobo de Lon Chaney Jr., ou mesmo de Joe Dante, aqui o lobisomem é quadrúpede, e assume a forma de um terrível lobo gigante. Londres por sua vez é quase um protagonista do filme, e isso faz parte da escolha ácida do humor de Landis, que desfila todos os tipos de estereótipos ingleses possíveis e imagináveis. Desde os sujeitos com aquele carregado sotaque cockney no pub O Cordeiro Massacrado, tomando cerveja stout e jogando dardos, passando pelos inspetores da Scotland Yard que mais parecem ter saídos de um quadro de Monty Python até o apático policial londrino que ouve David difamando sua pátria, gritando a todo pulmão em plena Picadilly Circus que a Rainha Elizabeth é homem e Shakespeare era francês. Mas não se deixe enganar por todo a dose de bom humor. Um Lobisomem Americano em Londres tem suas belas cenas carregadas de suspense, muito sangue e até um momento de carnificina generalizada quando a criatura escapa do cinema e provoca o caos na cidade, na sequência final.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/13/433-um-lobisomem-americano-em-londres-1981/

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