Direção: John Landis
Roteiro: John Landis
Produção: George Folsey Jr., Peter Guber e Jon Peters (Produtores
Executivos)
Elenco: David Naughton, Jenny
Agutter, Griffin Dune, John Woodvine
Dentro da proeminente
trinca de filmes de llicantropos dos anos 80, Um
Lobisomem Americano em Londres é a fita mais famosa e mais importante.
John Landis é o responsável por um excelente filme que mistura sangue,
selvageria e doses de humor, acompanhado da mais impressionante e imbatível
cena de transformação feita até hoje. 1981 foi o ano do lobo em Hollywood.
Quatro meses depois da estreia de Grito de Horror de Joe Dante
nos cinemas, Landis traz sua versão mais clássica e linear da história do
lobisomem, sem questionamentos morais, psicológicos e a ideia de uma sociedade
secreta como seu antecessor. Fora que Um Lobisomem Americano em Londres é uma espécie de filme
tributo a O Lobisomem, enxertando várias referências do original
por quase todo o longa. E Landis usa muito o subterfúgio do humor para contar
uma história que por mais que seja simples, é na verdade extremamente trágica e
brutal. E essa dose certeira, misturada com os impressionantes efeitos
especiais e de maquiagem criados pelo oscarizado Rick Baker,
transformaram Um Lobisomem
Americano em Londres em um clássico. David Kessler e Jack Goodman
são dois viajantes americanos que estão fazendo um mochilão pelo norte da
Inglaterra, até pararem no pequeno vilarejo de East Proctor (a cena de abertura
é uma das mais clássicas do cinema de horror, com um plano aberto das belas
paisagens da Irlanda, onde foi realmente rodada a cena, não na Inglaterra,
tocando uma versão balada de Blue
Moon). Com frio e fome, resolvem se aquecer e comer alguma coisa dentro
de um pub na beira da
estrada, chamado carinhosamente de O Cordeiro Massacrado (e com o desenho da
cabeça de um lobo atravessado por uma lança em seu letreiro). Lá dentro eles
encontram os tipos mais esquisitos possíveis, além de um pequeno altar na
parede com velas e um pentagrama desenhado. Lembra de O Lobisomem com Lon Chaney? O
pentagrama é o símbolo do lobo, e eles até conversam sobre isso, remetendo ao
clássico da Universal. Ao perguntarem sobre o pentagrama, o clima fica pesado e
eles começam a ser hostilizados, até resolverem sair do local sinistro e seguir
viagem. Mas é noite de lua cheia, e eles são prontamente avisados para seguirem
a estrada e evitarem o pântano. Mas o que os jovens americanos fazem?
Saem da estrada e vão parar no pântano, é claro. Lá são atacados por um lobo
gigante. Jack é violentamente estraçalhado enquanto David é atingido, mas
sobrevive, graças aos locais que acabam por matar a criatura. Passada algumas
semanas em coma, David acorda em um hospital em Londres e se envolve com sua
enfermeira, Alex Price, com quem vai morar junto após receber alta. Mas não
antes de ter sonhos esquisitos, como de estar correndo nu pelos campos e
devorando um cervo, ou vendo sua família sendo chacinada por uma alegoria
nazista monstruosa (Kessler é sobrenome judeu). E claro, não antes de ver Jack
voltar dos mortos e pedir para que ele se mate, pois sabe que a maldição do
lobisomem cairá sobre ele, e até que a linhagem não seja quebrada, todos que
forem mortos pela criatura ficarão vagando no limbo, sem alcançar o merecido
descanso eterno. A maquiagem de Jack é simplesmente espetacular. Da primeira
vez que ele aparece a David como morto-vivo, ele está com a garganta e peito
estraçalhados pelo ataque do lobo, todo ensanguentado e com nacos de carne
pendurados na pele. Na segunda, ele já está em estado mais avançado de
putrefação e seu corpo adquire uma tonalidade esverdeada. Na terceira, já está
só o esqueleto com a carne toda podre deixando seu corpo. E Jack, é um dos
alívios cômicos do filme, junto com outras vítimas assassinadas por David
depois de sua primeira mutação, que aparecem para ele em uma surreal e
divertidíssima cena dentro de um cinema pornô, onde enquanto um filme
completamente nonsense está sendo exibido, cada um dá uma dica
de como David deveria dar cabo de sua própria vida. A transformação de David em
lobisomem sem dúvida é um dos momentos mais antológicos do cinema de terror.
Tanto que levou o Oscar de melhor maquiagem naquele mesmo ano e deve ter feito
Joe Dante e Rob Bottin morrerem de inveja. É extremamente visceral, dolorosa e
incontrolável. E tudo escancarado para o espectador assistir, estupefato com
aquilo que está vendo. Você vê o corpo de David se modificando violentamente
com uma edição precisa, enquanto orelhas, presas e membros começam a se
alongar, ouve-se o barulho de ossos trincando, sua coluna se partindo, boca e
queixo se alongando para se transformar em um focinho e tufos espessos de pelo
brotando pelo seu corpo. E diferente do homem lobo de Lon Chaney Jr., ou mesmo
de Joe Dante, aqui o lobisomem é quadrúpede, e assume a forma de um terrível
lobo gigante. Londres por sua vez é quase um protagonista do filme, e isso faz
parte da escolha ácida do humor de Landis, que desfila todos os tipos de
estereótipos ingleses possíveis e imagináveis. Desde os sujeitos com aquele
carregado sotaque cockney no pub O Cordeiro Massacrado,
tomando cerveja stout e
jogando dardos, passando pelos inspetores da Scotland Yard que mais parecem ter
saídos de um quadro de Monty Python até o apático policial londrino que ouve
David difamando sua pátria, gritando a todo pulmão em plena Picadilly Circus
que a Rainha Elizabeth é homem e Shakespeare era francês. Mas não se deixe
enganar por todo a dose de bom humor. Um Lobisomem Americano em Londres tem suas belas cenas
carregadas de suspense, muito sangue e até um momento de carnificina
generalizada quando a criatura escapa do cinema e provoca o caos na cidade, na
sequência final.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2014/05/13/433-um-lobisomem-americano-em-londres-1981/
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