Direção: Jean
Rollin
Roteiro: Julián
Esteban, Jesús Franco
Produção: Marius
Lesoeur e Daniel White, Sean Warner (Co-Produtor), Daniel Lesoeur (Produtor
Associado)
Elenco:Howard
Vernon, Pierre-Marie Escorrou, Anouchka, Antonio Mayans, Nadine Pascal, Youri
Radionow
Existem filmes ruins de zumbi. E existe O Lago dos Zumbis.
Mas também, o que se esperar de uma fita produzida pela Eurociné,
dirigida por Jean Rollin (com o pseudônimo de J.A. Laser) e escrito por Jesús
Franco (também sob pseudônimo, A.L. Mariaux)? Podre até dizer chega, com uma
mixórdia de orçamento, erros grotescos de continuidade, crateras no roteiro,
atuações ridículas, maquiagem de quinta categoria, O Lago dos Zumbis é
um culto ao trash em todo seu esplendor. Absolutamente NADA se
aproveita nessa tranqueira. Há dezenas de cena de nudez gratuita presentes no
filme. Na verdade toda essa patifaria, como se não bastasse o currículo de
bizarrice dos envolvidos, é culpa de um histórico conturbado de produção. Jess Franco seria o diretor dessa pérola, só que o
espanhol doido desapareceu logo após o início das gravações. Sem
conseguir encontrar o picareta, a Eurociné contratou Rollin de última hora para
terminar o longa. O francês por conta disso nunca levou o filme a sério, nem
chegou a ler o roteiro (o produtor explicava todas as manhãs o que ele deveria
filmar) e deu no que deu. Rollin
chegou a afirmar mais tarde que se arrependeu amargamente de ter aceitado a
empreitada. Bem, dada as circunstâncias, ele tentou fazer o melhor que pode, até
por já estar familiarizado com o gênero, já que dirigiu anteriormente As Uvas da Morte, que é Cidadão Kane perto
disso aqui. Mas, como estamos falando de Jean Rollin, que ganhava a vida entre
um trash e um pornô, não
necessariamente nessa ordem, a fita abre com um nu frontal logo de cara, para
mostrar ao que vem. Uma gatinha fica pelada da silva e vai tomar banho em um
lago imundo cheio de vitórias-régias flutuando, quando é atacada por um zumbi
que vive nas profundezas, não antes de ser observada nadando por um bom tempo
em ângulos ginecológicos. Quando os aldeões da cidadezinha à volta do lago
começam a ser atacados pelos mortos-vivos, logo descobrimos que os corpos
putrefatos pertencem a um bando de soldados nazistas (expediente já usado em Ondas da Pavor, e mais tarde novamente em Oásis dos Zumbis, esse dirigido de fato por Franco,
e até no recente Zumbis na Neve), pegos em uma emboscada por membros da
resistência francesa, mortos e jogados no fundo do lago, sem sequer um enterro
digno. Passam-se dez anos e eles resolvem sair da reles existência molhada em
busca de vingança, sem nenhuma maldita explicação aparente. Cabe ao prefeito, interpretado por Howard “Dr. Orloff”
Vernon e uma cambada de incompetentes, impedir o massacre zumbi. Porém ao invés
de explorar apenas o canibalismo nas mais safadas cenas de gore de
todo o cinema de terror, Rollin mete um drama pessoal no meio da trama, já que
um dos soldados alemães engravida uma moça do vilarejo antes de ser morto. Ela morre
no parto e dá luz à Helena (Anouchka, filha do produtor Daniel Lesoeur – atriz
mirim que nem vou zoar o quanto ela é péssima, porque vai que é doença), que
irá desenvolver uma relação de afeto com o pai morto-vivo, e vice-versa. O Lago
dos Zumbis em sua hora e meia é um festival de bizarrices, com uma cena
mais tosca que a outra. Começa com
os zumbis pintados de verde, com uma maquiagem pobre de dar dó. Depois há
alguns momentos estapafúrdios, como zumbis lutando de faca, as cenas do lago
nitidamente filmadas dentro de uma piscina, a procissão onde os moradores
deixam uma garota morta na frente da prefeitura, incluindo o impassível pai
(que pelo menos tem a decência de esconder a calcinha da filha morta), os
zumbis bebendo água, as sequências durante a Segunda Guerra e o bombardeio na
cidade ao melhor estilo Trapalhões e a emblemática cena onde uma vã com sete
garotas do time feminino de basquete (mas que jogam vôlei) param perto do lago
só para todas elas ficarem nuazinhas em pelo e irem nadar, virando alvos dos
zumbis, em um festival de peitos, bundas embaixo d’água. Sabe aqueles filmes
que de tão ruim, tornam-se bons? Bem, não é
exatamente o caso de O Lago dos Zumbis, mas com todas essas “qualidade
indiscutíveis” que citei acima, ele acaba se tornando um daqueles cults interessantes
pelo calibre tão baixo que um filme conseguiu chegar. Fora que vez ou outra
chega a ser divertido, se você estiver no espírito. Vale pelo registro.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/12/432-o-lago-dos-zumbis-1981/
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