segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

#440 1981 PIRANHAS 2 ASSASSINAS VOADORAS (Piranha Part Two: The Spawning, EUA, Itália, Holanda)


Direção: James Cameron
Roteiro: Ovidio G. Assonitis, James Cameron, Charles H. Eglee
Produção: Jeff Schechtman e Chako van Leeuwen, Ovidio G. Assonitis (Produtor Executivo)
Elenco: Tricia O’Neill, Steve Marachuk, Lance Henriksen, Ricky Paull Goldin, Ted Richert, Leslie Graves

Acho que James Cameron, aka Rei do Mundo, deve sentir vergonha assistindo a Piranhas 2 – Assassinas Voadoras. Eu que não sou o diretor das duas maiores bilheterias do cinema sinto. Apesar que ele sempre leva na esportiva o fato de ter sido o cineasta responsável (em partes) por essa trasheira, dizendo em entrevistas frases espirituosas como: “o filme fica melhor quando visto em um drive-in com um fardo de cerveja” ou “eu acredito que seja o melhor filme de piranhas voadoras já feito”. A bem da verdade, Cameron só participou das duas primeiras semanas de filmagens, pois depois foi demitido pelo produtor picareta Ovidio G. Assonitis (que gosta de um eco-horror aquático, pois havia dirigido anteriormente o também trash Tentáculos), por, digamos, “divergências criativas”. Depois de ter tomado um pé na bunda, Cameron foi impedido pela produção até de editar o longa. Só que seu nome ficou mantido nos créditos, porque contratualmente era obrigado constar o nome de um diretor americano. Cameron foi mais uma das descobertas de Roger Corman. Trabalhou na equipe técnica de algumas produções do Rei dos Filmes B, que por sua vez é produtor do Piranha original, de 1978, dirigido por Joe Dante, onde elas só atacavam em água doce mesmo, nada de voar, viver no mar e respirar fora da água. Hein? Piranhas que vivem no mar, respiram fora da água e tem asas que lhes permitem voar? Pois é, esse é o enredo dessa sequência não-oficial, escrito pelo próprio Cameron, Assonitis e Charles H. Eglee, todos sob o pseudônimo de H.A. Milton. E o filme já mostra a que veio em sua sequência inicial! Um casal safado de mergulhadores resolvem dar umazinha em um navio naufragado próximo a um resort numa ilha caribenha. Assim sem a menor noção do perigo (não das piranhas, pois eles ainda não sabiam de sua existência, mas de morrerem afogados mesmo), os dois ficam pelados (a garota corta a sunga do rapaz com uma faca!), dispensam o oxigênio para não atrapalhar a pegação, e só aí são devorados por um voraz cardume dos peixes. Depois somos apresentados aos personagens principais: a instrutora de mergulho e bióloga marinha Anne Kimbrough (Tricia O’Neill), seu filho Chris (Ricky Paull Goldin), seu ex-marido, chefe de polícia, Steve (Lance Henriksen, sim ele mesmo), e o galanteador Tyler Sherman (Steve Marachuk), que terá um breve affair com Anne. E também somos apresentados aos personagens excêntricos que vivem por ali, como: o gerente do resort, Raoul (Ted Richert), que está organizando as festividades da chamada “Noite de Peixe Frito”, onde os hóspedes podem capturar os peixes com a própria mão na beira da praia, durante a desova, e fritá-los; um pescador e seu filho que usam dinamite para pescar; uma velha tarada viúva (cujo marido morreu de tesão, juro que ela fala isso) que dá em cima dos salva-vidas; um casal que só se preocupa em fazer atividades inclusas no pacote turístico; um cozinheiro gago perdedor pra caralho; e duas gatinhas que gostam de navegar de topless em seu barco. E claro, temos as piranhas, que são mutações genéticas criadas pelo exército (programa o qual Tyler, que na verdade é um bioquímico, está envolvido) e começam a sair do mar para voar na jugular dos humanos, fazendo aquele barulho característico dos peixes carnívoros usados no primeiro filme. Claro que o ápice será a tal noite das festividades, mesmo Anne suplicando a Raoul para que ele cancele o evento (e obviamente ele não o fará, afinal Tubarão já moldou o perfil vitalício capitalista de prefeitos, gerentes de hotel, donos de parques aquáticos e por aí vai) ao descobrir da existência dos terríveis pisciformes alados quando invade um necrotério (!!!) e uma piranha sai voando de dentro do estômago de uma vítima recém devorada. E ainda ela e Steve têm de se preocupar com o filho adolescente que saiu em um passeio de barco com uma ninfetinha e acaba à deriva. É um festival de bizarrices, por si só, como se não bastassem as toscas piranhas de asas, com seus barbantes visíveis ao executarem seu voo da morte, que proporcionam os momentos em que você precisa se segurar para não rir, cortesia do excelente maquiador Gianetto de Rossi, colaborador habitual dos filmes de Lucio Fulci. É impossível levar Piranhas 2 – Assassinas Voadoras o mínimo a sério, sendo um daqueles tipos de filmes que você sempre tem em mente quando a palavra trash lhe vem a cabeça. E o pior que eu lembro lá no final década de 80, começo de 90, quando era exibido na Tela Quente da Rede Globo, e depois no SBT, que eles juravam que era um filme sério. Até a forma como eles editavam nos comerciais, parecia um baita filme de terror. Tirando toda a patifaria, pelo menos para uma coisa serviu Piranhas 2 – Assassinas Voadoras: reza a lenda que durante o lançamento do filme em Roma, Cameron ficou doente e teve um sonho perturbador de um torso metálico que se arrastava saindo de uma explosão. Bem, o resto é história… Piranhas 2 – Assassinas Voadoras é filme para os fortes, para sentir vergonha alheia do diretor de O Exterminador do Futuro, Aliens – O Resgate, O Segredo do Abismo, True Lies e Avatar. Mas claro, que nunca, por pior que seja o filme, mais tosco, picareta e pobre, a vergonha alheia será maior que ver Titanic.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/21/440-piranhas-2-assassinas-voadoras-1981/

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