Direção: James
Cameron
Roteiro: Ovidio
G. Assonitis, James Cameron, Charles H. Eglee
Produção: Jeff
Schechtman e Chako van Leeuwen, Ovidio G. Assonitis (Produtor Executivo)
Elenco: Tricia O’Neill, Steve Marachuk, Lance Henriksen, Ricky
Paull Goldin, Ted Richert, Leslie Graves
Acho que James
Cameron, aka Rei do Mundo, deve sentir vergonha assistindo a Piranhas 2 –
Assassinas Voadoras. Eu que não sou o diretor das duas maiores
bilheterias do cinema sinto. Apesar que ele sempre leva na esportiva o fato de
ter sido o cineasta responsável (em partes) por essa trasheira, dizendo em
entrevistas frases espirituosas como: “o filme fica melhor quando visto em
um drive-in com um fardo de cerveja” ou “eu acredito que seja o
melhor filme de piranhas voadoras já feito”. A bem da verdade, Cameron só
participou das duas primeiras semanas de filmagens, pois depois foi demitido
pelo produtor picareta Ovidio G. Assonitis (que gosta de um eco-horror aquático,
pois havia dirigido anteriormente o também trash Tentáculos), por, digamos,
“divergências criativas”. Depois de ter tomado um pé na bunda, Cameron foi
impedido pela produção até de editar o longa. Só que seu nome ficou mantido nos
créditos, porque contratualmente era obrigado constar o nome de um diretor
americano. Cameron foi mais uma das descobertas de Roger Corman. Trabalhou na
equipe técnica de algumas produções do Rei dos Filmes B, que por sua vez é
produtor do Piranha original, de 1978, dirigido
por Joe Dante, onde elas só atacavam em água doce mesmo, nada de voar, viver no
mar e respirar fora da água. Hein? Piranhas que vivem no mar, respiram fora da
água e tem asas que lhes permitem voar? Pois é, esse é o enredo dessa sequência
não-oficial, escrito pelo próprio Cameron, Assonitis e Charles H. Eglee, todos
sob o pseudônimo de H.A. Milton. E o filme já mostra a que veio em sua
sequência inicial! Um casal safado de mergulhadores resolvem dar umazinha em um
navio naufragado próximo a um resort numa ilha caribenha. Assim sem a menor
noção do perigo (não das piranhas, pois eles ainda não sabiam de sua
existência, mas de morrerem afogados mesmo), os dois ficam pelados (a garota
corta a sunga do rapaz com uma faca!), dispensam o oxigênio para não atrapalhar
a pegação, e só aí são devorados por um voraz cardume dos peixes. Depois somos
apresentados aos personagens principais: a instrutora de mergulho e bióloga
marinha Anne Kimbrough (Tricia O’Neill), seu filho Chris (Ricky Paull Goldin),
seu ex-marido, chefe de polícia, Steve (Lance Henriksen, sim ele mesmo), e o
galanteador Tyler Sherman (Steve Marachuk), que terá um breve affair com Anne. E também somos
apresentados aos personagens excêntricos que vivem por ali, como: o gerente do
resort, Raoul (Ted Richert), que está organizando as festividades da chamada
“Noite de Peixe Frito”, onde os hóspedes podem capturar os peixes com a própria
mão na beira da praia, durante a desova, e fritá-los; um pescador e seu filho
que usam dinamite para pescar; uma velha tarada viúva (cujo marido morreu de
tesão, juro que ela fala isso) que dá em cima dos salva-vidas; um casal que só
se preocupa em fazer atividades inclusas no pacote turístico; um cozinheiro
gago perdedor pra caralho; e duas gatinhas que gostam de navegar de topless em
seu barco. E claro, temos as piranhas, que são mutações genéticas criadas pelo
exército (programa o qual Tyler, que na verdade é um bioquímico, está
envolvido) e começam a sair do mar para voar na jugular dos humanos, fazendo
aquele barulho característico dos peixes carnívoros usados no primeiro filme.
Claro que o ápice será a tal noite das festividades, mesmo Anne suplicando a
Raoul para que ele cancele o evento (e obviamente ele não o fará, afinal Tubarão já moldou o perfil vitalício
capitalista de prefeitos, gerentes de hotel, donos de parques aquáticos e por
aí vai) ao descobrir da existência dos terríveis pisciformes alados quando
invade um necrotério (!!!) e uma piranha sai voando de dentro do estômago de
uma vítima recém devorada. E ainda ela e Steve têm de se preocupar com o filho
adolescente que saiu em um passeio de barco com uma ninfetinha e acaba à
deriva. É um festival de bizarrices, por si só, como se não bastassem as toscas
piranhas de asas, com seus barbantes visíveis ao executarem seu voo da morte,
que proporcionam os momentos em que você precisa se segurar para não rir,
cortesia do excelente maquiador Gianetto de Rossi, colaborador habitual dos
filmes de Lucio Fulci. É impossível levar Piranhas 2 – Assassinas
Voadoras o mínimo a sério, sendo um daqueles tipos de filmes que você
sempre tem em mente quando a palavra trash lhe vem a cabeça. E o pior
que eu lembro lá no final década de 80, começo de 90, quando era exibido na
Tela Quente da Rede Globo, e depois no SBT, que eles juravam que era um filme
sério. Até a forma como eles editavam nos comerciais, parecia um baita filme de
terror. Tirando toda a patifaria, pelo menos para uma coisa
serviu Piranhas 2 – Assassinas Voadoras: reza a lenda que durante o
lançamento do filme em Roma, Cameron ficou doente e teve um sonho perturbador
de um torso metálico que se arrastava saindo de uma explosão. Bem, o resto é
história… Piranhas 2 – Assassinas Voadoras é filme para os fortes, para
sentir vergonha alheia do diretor de O Exterminador do Futuro, Aliens
– O Resgate, O Segredo do Abismo, True Lies e Avatar. Mas
claro, que nunca, por pior que seja o filme, mais tosco, picareta e pobre, a
vergonha alheia será maior que ver Titanic.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2014/05/21/440-piranhas-2-assassinas-voadoras-1981/
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