segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

#444 1981 SCANNERS SUA MENTE PODE DESTRUIR (Scanners, Canadá)


Direção: David Cronenberg
Roteiro: David Cronenberg
Produção: Claude Héroux, Pierre David e Victor Solnicki (Produtores Executivos)
Elenco: Jennifer O’Neill, Stephe Lack, Patrick McGoohan, Lawrence Dane, Michael Ironside

Scanners – Sua Mente Pode Destruir é mais uma da gemas do canadense David Cronenberg, mas longe de ser sua maior contribuição para aquele estilo de terror peculiar que desenvolveu em seu começo de carreira, com uma pegada visceral, expondo as mazelas científicas, médicas, tecnológicas e a vulnerabilidade da carne e seu apreço por ela. Certa vez, escrevi em outro de meus textos em que resenhei uma película de Cronenberg que seus filmes parecem convergir sempre para uma cena impactante, emblemática que fica gravada para sempre em nosso subconsciente cinematográfico. É aquele fotograma visualmente projetado que estará continuamente relacionado ao diretor. No caso de Scanners…, estou falando da famosa (talvez até a mais famosa da carreira do canadense) cena da cabeça do sujeito explodindo durante uma malfadada experiência com os tais scanners. Que são criaturas dotadas de um terrível poder telepático, que pode ser utilizado desde esquadrinhar a mente de suas vítimas em busca de informações, até manifestações físicas como telecinese e combustão espontânea. Na verdade, no decorrer da trama acabamos por descobrir que os scanners são uma mutação genética. Não há nada de sobrenatural, e sim, mais uma vez, o vilão é a ciência, auxiliada pelas grandes corporações e seus interesses escusos. O proeminente Dr. Paul Ruth (Patrick McGoohan) desenvolveu um medicamento para mulheres grávidas chamado Efemerol, que fará com que os fetos tenham terríveis efeitos colaterais e se transformem em scanners. A ConSec e Ruth começam a trabalhar no estudo dos scanners, porém um poderoso dissidente chamado Darryl Revok (Michael Ironside) se rebela e decide, em um plano megalomaníaco, auxiliado pelo chefe de segurança da própria ConSec, Braedon Keller (Lawrence Dane), para cooptar médicos para continuar injetando o produtor nas mulheres grávidas, criar uma superpopulosa raça de scanners e adivinhem? Dominar o mundo, é claro. O único capaz de detê-lo é seu irmão mais novo, Cameron Vale (Stephen Lack), recrutado pelo Dr. Ruth para caçar os scanners rebeldes e confrontar os planos maléficos de Revok. No meio do caminho, ele aprende a controlar seus poderes, descobre que consegue acessar telepaticamente sistemas de computadores (como se fosse um modem vivo) e conhece outros scanners por aí (ao total são 237 espalhados pela América do Norte, que Revok vem caçando impiedosamente), incluindo a bela Kim Obrist (Jennifer O’Neill) que irá ajuda-lo na missão. Apesar da interessantíssima premissa sci-fi (brevemente inspirado em uma hostil organização de telepatas que buscam a dominação mundial existentes no livro O Almoço Nu de William S. Burroughs – adaptado posteriormente ao cinema pelo próprio Cronenberg), Scanners… acaba se perdendo em seu desenvolvimento de personagens e situações, muito por conta de diversos problemas de produção enfrentados por Cronenbger durante a realização do longa. O diretor certa vez o considerou o filme mais frustrante que já fez, pois teve de começar sem ter o roteiro finalizado e terminado às pressas depois de dois meses para que o financiamento pudesse ser deduzido do imposto de renda, obrigando-o a filmar e escrever ao mesmo tempo. Também reclamou do antagonismo entre os atores Patrick McGoohan e Jennifer O’Neill. Michael Ironside está muito bem no papel de Revok e merece destaque, mas a dupla de mocinhos, Vale e Obrist parece não ter nenhuma química e empatia. Na verdade, Stephen Lack mantem a mesma expressão praticamente durante toda a projeção. Mas os dois momentos espetaculares do filme são definitivamente a cena da cabeça sendo explodida durante uma conferência, no momento em que a ConSec resolve expor ao mundo a existência dos scanners, e o confronto final entre Revok e Vale. Os efeitos especiais das duas sequências saltam aos olhos, e impressionam ainda até hoje. Na cena da explosão, uma prótese de látex foi usada e enchida com ração animal e tripas de coelho, alvejada por uma espingarda depois. Méritos da equipe do consultor de efeitos especiais Dick Smith, responsável pela maquiagem de O ExorcistaA Sentinela dos Malditos e Viagens Alucinantes, entre outros. Scanners – Sua Mente Pode Destruir foi o filme com maior orçamento de Cronenberg até então, o primeiro a se tornar mainstream e sobrepor o ar independente, e por conseguinte, o responsável por catapultar a carreira internacional do diretor e credenciá-lo para dirigir seus próximos grandes filmes seguintes, como Videodrome – A Síndrome do Vídeo e A Mosca, entre outros.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/27/444-scanners-sua-mente-pode-destruir-1981/

Nenhum comentário:

Postar um comentário