Direção: David Cronenberg
Roteiro: David Cronenberg
Produção: Claude Héroux, Pierre David e
Victor Solnicki (Produtores Executivos)
Elenco: Jennifer
O’Neill, Stephe Lack, Patrick McGoohan, Lawrence Dane, Michael Ironside
Scanners – Sua
Mente Pode Destruir é mais uma da gemas do canadense David Cronenberg, mas longe de
ser sua maior contribuição para aquele estilo de terror peculiar que
desenvolveu em seu começo de carreira, com uma pegada visceral, expondo as
mazelas científicas, médicas, tecnológicas e a vulnerabilidade da carne e seu
apreço por ela. Certa vez, escrevi em outro de meus textos em que resenhei uma
película de Cronenberg que seus filmes parecem convergir sempre para uma cena
impactante, emblemática que fica gravada para sempre em nosso subconsciente
cinematográfico. É aquele fotograma visualmente projetado que estará
continuamente relacionado ao diretor. No caso de Scanners…, estou
falando da famosa (talvez até a mais famosa da carreira do canadense) cena da
cabeça do sujeito explodindo durante uma malfadada experiência com os tais
scanners. Que são criaturas dotadas de um terrível poder telepático, que pode
ser utilizado desde esquadrinhar a mente de suas vítimas em busca de
informações, até manifestações físicas como telecinese e combustão espontânea.
Na verdade, no decorrer da trama acabamos por descobrir que os scanners são uma
mutação genética. Não há nada de sobrenatural, e sim, mais uma vez, o vilão é a
ciência, auxiliada pelas grandes corporações e seus interesses escusos. O
proeminente Dr. Paul Ruth (Patrick McGoohan) desenvolveu um medicamento para
mulheres grávidas chamado Efemerol, que fará com que os fetos tenham terríveis
efeitos colaterais e se transformem em scanners. A ConSec e Ruth começam a
trabalhar no estudo dos scanners, porém um poderoso dissidente chamado Darryl
Revok (Michael Ironside) se rebela e decide, em um plano megalomaníaco,
auxiliado pelo chefe de segurança da própria ConSec, Braedon Keller (Lawrence
Dane), para cooptar médicos para continuar injetando o produtor nas mulheres grávidas,
criar uma superpopulosa raça de scanners e adivinhem? Dominar o mundo, é claro.
O único capaz de detê-lo é seu irmão mais novo, Cameron Vale (Stephen Lack),
recrutado pelo Dr. Ruth para caçar os scanners rebeldes e confrontar os planos
maléficos de Revok. No meio do caminho, ele aprende a controlar seus poderes,
descobre que consegue acessar telepaticamente sistemas de computadores (como se
fosse um modem vivo) e conhece outros scanners por aí (ao total são 237
espalhados pela América do Norte, que Revok vem caçando impiedosamente),
incluindo a bela Kim Obrist (Jennifer O’Neill) que irá ajuda-lo na missão. Apesar
da interessantíssima premissa sci-fi (brevemente inspirado em
uma hostil organização de telepatas que buscam a dominação mundial existentes
no livro O Almoço Nu de William S. Burroughs – adaptado posteriormente ao
cinema pelo próprio Cronenberg), Scanners… acaba se perdendo
em seu desenvolvimento de personagens e situações, muito por conta de diversos
problemas de produção enfrentados por Cronenbger durante a realização do longa.
O diretor certa vez o considerou o filme mais frustrante que já fez, pois teve
de começar sem ter o roteiro finalizado e terminado às pressas depois de dois
meses para que o financiamento pudesse ser deduzido do imposto de renda,
obrigando-o a filmar e escrever ao mesmo tempo. Também reclamou do antagonismo
entre os atores Patrick McGoohan e Jennifer O’Neill. Michael Ironside está
muito bem no papel de Revok e merece destaque, mas a dupla de mocinhos, Vale e
Obrist parece não ter nenhuma química e empatia. Na verdade, Stephen Lack
mantem a mesma expressão praticamente durante toda a projeção. Mas os dois
momentos espetaculares do filme são definitivamente a cena da cabeça sendo
explodida durante uma conferência, no momento em que a ConSec resolve expor ao
mundo a existência dos scanners, e o confronto final entre Revok e Vale. Os
efeitos especiais das duas sequências saltam aos olhos, e impressionam ainda
até hoje. Na cena da explosão, uma prótese de látex foi usada e enchida com
ração animal e tripas de coelho, alvejada por uma espingarda depois. Méritos da
equipe do consultor de efeitos especiais Dick Smith, responsável pela maquiagem
de O Exorcista, A Sentinela dos
Malditos e Viagens
Alucinantes, entre
outros. Scanners – Sua Mente Pode Destruir foi o filme com maior
orçamento de Cronenberg até então, o primeiro a se tornar mainstream e
sobrepor o ar independente, e por conseguinte, o responsável por catapultar a
carreira internacional do diretor e credenciá-lo para dirigir seus próximos
grandes filmes seguintes, como Videodrome – A Síndrome do Vídeo e
A Mosca, entre outros.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/27/444-scanners-sua-mente-pode-destruir-1981/
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