sábado, 23 de janeiro de 2016

#536 1987 UMA NOITE ALUCINANTE 2 (Evil Dead 2 – Dead by Dawn, EUA)


Direção: Sam Raimi
Roteiro: Sam Raimi, Scott Spiegel
Produção: Robert G. Tapert, Alex De Benedetti, Irvin Shapiro, Bruce Campobell (Co-Produtor)
Elenco: Bruce Campbell, Sarah Berry, Dan Hicks, Kassie Wesley, Danise Bixier

Imagine se você tivesse nas suas mãos um orçamento 12 vezes maior do que recebeu em seu primeiro filme e ganhasse sinal verde para produzir uma sequência? Foi o que aconteceu com Sam Raimi. Com o estrondoso sucesso de A Morte do Demônio, Raimi resolveu fazer uma sequência/reboot/remake do seu clássico seis anos depois, e eis que surge Uma Noite Alucinante, maior exemplar do gênero splatstick. Rápida enquete entre os leitores do blog: Qual “tradução” para Evil Dead você considera pior? A Morte do Demônio ou Uma Noite Alucinante? Dureza, né? Os filmes splatstick (trocadilho de splatter com slapstick, termo inglês para as comédia de pancadaria, tipo Os Três Patetas e O Gordo e o Magro) fez parte de um ciclo curto, mas promissor, na história dos filmes de terror, dando vida a alguns uns bons exemplares, como o próprio A Morte do Demônio, Re-Animator – A Hora dos Mortos Vivos e A Volta dos Mortos Vivos e os longas de Peter Jackson futuramente em seu início de carreira. E o que há em comum em todas as produções dos plastick é a noção do visceral, do grotesco e da repugnância, mas diferente, por exemplo, do niilismo do ciclo italiano de terror dos anos 80, o gore e o nojento são atenuados pelo alívio cômico e a grande carga de comédia nervosa. Comédia essa que foi o caminho pelo qual Raimi se enveredou em Uma Noite Alucinante. Afinal, com mais dinheiro no bolso, mas sempre sem perder a tosquice, aqui ele joga o anti-heroi Ash em diversas situações inverossímeis, como ter que enfrentar a própria mão possuída que insiste em quebrar pratos na sua cabeça ou ser aloprado por todos os objetos da casa, incluso um abajur, as janelas e uma cabeça de veado empalhada na parede, que racham o bico de sua cara quando ele cai de uma cadeira. Uma Noite Alucinante perde todo o ar underground transgressor de tentar assustar alguém, que havia no primeiro filme. Pero no mucho. O grande motivo pelo qual muitos cineastas, até possivelmente tentando conseguir abrandar suas produções para a censura, decidissem misturar a comédia para tentar dissolver o terror com risadas, foi o conservadorismo dos anos 80. E Raimi sofreu deveras com os censores da época com o lançamento de A Morte do Demônio. Além da MPAA (Motion Pictures Association of America), órgão censor de um Estados Unidos sob as rédeas do governo Reagan, também tomou pauladas dos coxinhas ingleses, que adoravam proibir e retalhar filmes, e entrou até na mira do DPP (Director of Public Prosecution, o promotor público da terra da rainha), sendo realmente processado pela Lei das Publicações Obscenas por sua infâmia. A saída foi em Uma Noite Alucinante dar um tapa com luva de pelica nos censores e ter uma vida muito mais fácil contra os guardiões da moral e do bom costume da época. O prólogo do filme nada mais é que contar a história do anterior, fazendo significantes alterações, a fim de conquistar um novo público e situar aquele que já era fã da trasheira anterior. Dessa vez Ash viaja só com a namorada Linda para a mesma cabana isolada na floresta, encontra o Necronomicon (agora oficialmente assim denominado) e liberta acidentalmente os demônios adormecidos no bosque. Assim como em A Morte do Demônio, Ash decapita o amor da sua vida, enterrando-a na sequência e tenta fugir daquele inferno o quanto antes. Então somos levados exatamente onde termina o primeiro filme, com a câmera, que encarna o papel das forças das trevas perseguindo o anti-heroi pela casa e arredores e possuindo-o. Porém como amanhece e essa força maligna só tem poder à noite, Ash acaba se livrando de seu domínio, mas desmaia, acordando só na noite seguinte, tendo que enfrentar mais uma vez a solidão na cabana, os demônios e manter sua sanidade limítrofe. Ele acaba vivendo uma verdadeira noite alucinante (RÁ!!!!). Para fazer companhia à Ash, a filha do iminente professor que encontrou o livro dos mortos e o traduziu, descobre algumas páginas faltantes e resolve levar até ele na cabana, sem saber do infortúnio que se abateu sobre sua família. Ela, o namorado e dois locais que a ajudam a encontrar o caminho, mediante compensação financeira, encontram Ash já em parafusos, maneta, com uma serra elétrica substituindo a mão perdida e a espingarda de cano cerrado na outra. Após ter enfrentando sua namorada que voltou à vida sem cabeça e dançando à luz do luar, esquartejado-a, amputado a própria mão e estar às raias da loucura, Ash precisa ainda dar cabo dos novos visitantes que gradativamente vão ficando possuídos e a mãe da jovem e esposa do professor que estava trancafiada no porão e consegue escapar. E dá-lhe sangue, nojeira e situações que beiram o ridículo.
Não sei se isso é SPOILER para alguém, mas se não assistiu ao filme não leia esse parágrafo, ou então leia por sua conta e risco.
No final, Ash consegue conjurar um imenso portal dimensional que vai livrá-lo de uma vez por todas daquela famigerada força das trevas, porém também acaba sendo sugado pelo portal e vai parar na idade média, mais precisamente na corte do Rei Artur (!!!!!). Esse é o gancho para Uma Noite Alucinante 3, onde Ash é supostamente o predestinado enviado por uma profecia para livrar a terra de um grande mal. Apesar de Bruce Campbell estar impecável nesse terceiro filme (não que no segundo ele não esteja também), o terror e o splatter são completamente deixados de lado e Raimi assume de vez o viés cômico da franquia.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/10/03/536-uma-noite-alucinante-1987/


Nenhum comentário:

Postar um comentário