Direção: Sam
Raimi
Roteiro: Sam
Raimi, Scott Spiegel
Produção: Robert
G. Tapert, Alex De Benedetti, Irvin Shapiro, Bruce Campobell (Co-Produtor)
Elenco: Bruce
Campbell, Sarah Berry, Dan Hicks, Kassie Wesley, Danise Bixier
Imagine se você
tivesse nas suas mãos um orçamento 12 vezes maior do que recebeu em seu
primeiro filme e ganhasse sinal verde para produzir uma sequência? Foi o que
aconteceu com Sam Raimi. Com o estrondoso sucesso de A Morte do Demônio, Raimi
resolveu fazer uma sequência/reboot/remake do seu clássico seis anos
depois, e eis que surge Uma
Noite Alucinante, maior exemplar do gênero splatstick. Rápida
enquete entre os leitores do blog: Qual “tradução” para Evil Dead você
considera pior? A Morte do Demônio ou Uma Noite Alucinante?
Dureza, né? Os filmes splatstick (trocadilho de splatter com slapstick,
termo inglês para as comédia de pancadaria, tipo Os Três Patetas e O Gordo e o
Magro) fez parte de um ciclo curto, mas promissor, na história dos filmes de
terror, dando vida a alguns uns bons exemplares, como o próprio A Morte do
Demônio, Re-Animator – A Hora
dos Mortos Vivos e A Volta dos Mortos
Vivos e os longas de Peter Jackson futuramente em seu início de
carreira. E o que há em comum em todas as produções dos plastick é a noção do visceral, do grotesco e da
repugnância, mas diferente, por exemplo, do niilismo do ciclo italiano de
terror dos anos 80, o gore e o nojento são atenuados pelo alívio
cômico e a grande carga de comédia nervosa. Comédia essa que foi o caminho pelo
qual Raimi se enveredou em Uma Noite Alucinante. Afinal, com mais dinheiro
no bolso, mas sempre sem perder a tosquice, aqui ele joga o anti-heroi Ash em
diversas situações inverossímeis, como ter que enfrentar a própria mão possuída
que insiste em quebrar pratos na sua cabeça ou ser aloprado por todos os
objetos da casa, incluso um abajur, as janelas e uma cabeça de veado empalhada
na parede, que racham o bico de sua cara quando ele cai de uma
cadeira. Uma Noite Alucinante perde todo o ar underground transgressor de tentar assustar alguém, que havia no
primeiro filme. Pero no mucho. O grande motivo pelo qual muitos cineastas,
até possivelmente tentando conseguir abrandar suas produções para a censura,
decidissem misturar a comédia para tentar dissolver o terror com risadas, foi o
conservadorismo dos anos 80. E Raimi sofreu deveras com os censores da época
com o lançamento de A Morte do Demônio. Além da MPAA (Motion Pictures
Association of America), órgão censor de um Estados Unidos sob as rédeas do
governo Reagan, também tomou pauladas dos coxinhas ingleses, que adoravam
proibir e retalhar filmes, e entrou até na mira do DPP (Director of Public
Prosecution, o promotor público da terra da rainha), sendo realmente processado
pela Lei das Publicações Obscenas por sua infâmia. A saída foi em Uma
Noite Alucinante dar um tapa com luva de pelica nos censores e ter uma
vida muito mais fácil contra os guardiões da moral e do bom costume da época. O
prólogo do filme nada mais é que contar a história do anterior, fazendo
significantes alterações, a fim de conquistar um novo público e situar aquele
que já era fã da trasheira anterior. Dessa vez Ash viaja só com a namorada
Linda para a mesma cabana isolada na floresta, encontra o Necronomicon (agora
oficialmente assim denominado) e liberta acidentalmente os demônios adormecidos
no bosque. Assim como em A Morte do Demônio, Ash decapita o amor da sua
vida, enterrando-a na sequência e tenta fugir daquele inferno o quanto antes.
Então somos levados exatamente onde termina o primeiro filme, com a câmera, que
encarna o papel das forças das trevas perseguindo o anti-heroi pela casa e
arredores e possuindo-o. Porém como amanhece e essa força maligna só tem poder
à noite, Ash acaba se livrando de seu domínio, mas desmaia, acordando só na
noite seguinte, tendo que enfrentar mais uma vez a solidão na cabana, os
demônios e manter sua sanidade limítrofe. Ele acaba vivendo uma verdadeira
noite alucinante (RÁ!!!!). Para fazer companhia à Ash, a filha do iminente
professor que encontrou o livro dos mortos e o traduziu, descobre algumas
páginas faltantes e resolve levar até ele na cabana, sem saber do infortúnio
que se abateu sobre sua família. Ela, o namorado e dois locais que a ajudam a
encontrar o caminho, mediante compensação financeira, encontram Ash já em
parafusos, maneta, com uma serra elétrica substituindo a mão perdida e a
espingarda de cano cerrado na outra. Após ter enfrentando sua namorada que
voltou à vida sem cabeça e dançando à luz do luar, esquartejado-a, amputado a
própria mão e estar às raias da loucura, Ash precisa ainda dar cabo dos novos
visitantes que gradativamente vão ficando possuídos e a mãe da jovem e esposa
do professor que estava trancafiada no porão e consegue escapar. E dá-lhe
sangue, nojeira e situações que beiram o ridículo.
Não sei
se isso é SPOILER para alguém, mas se não assistiu ao filme não leia
esse parágrafo, ou então leia por sua conta e risco.
No final, Ash
consegue conjurar um imenso portal dimensional que vai livrá-lo de uma vez por
todas daquela famigerada força das trevas, porém também acaba sendo sugado pelo
portal e vai parar na idade média, mais precisamente na corte do Rei Artur
(!!!!!). Esse é o gancho para Uma Noite Alucinante 3, onde Ash é
supostamente o predestinado enviado por uma profecia para livrar a terra de um
grande mal. Apesar de Bruce Campbell estar impecável nesse terceiro filme (não
que no segundo ele não esteja também), o terror e o splatter são
completamente deixados de lado e Raimi assume de vez o viés cômico da franquia.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2014/10/03/536-uma-noite-alucinante-1987/
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