quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

#437 1981 OS MORTOS VIVOS (Dead & Buried, EUA)


Direção: Gary Sherman
Roteiro: Ronald Shussett e Dan O’Bannon, Jeff Millar e Alex Stern (história)
Produção: Robert Fentress e Ronald Shussett, Michael I. Rachmil (Produtor Associado), Richard R. St. Johns (Produtor Executivo)
Elenco: James Farentino, Melody Anderson, Jack Albertson, Dennis Redfield, Nancy Locke, Lisa Blount, Robert Englund

Os Mortos-Vivos é um daqueles ótimos filmes subestimados dos anos 80, que foge do convencional quando se trata de filmes de zumbi, e que não teve tanto hype quanto outras produções do tema lançadas naquela década. O roteiro muito bem escrito pela dupla Ronald Shussett e Dan O’Bannon, responsáveis por nada mais, nada menos que Alien – O Oitavo Passageiro, dirigido por Ridley Scott dois anos antes, acerta em cheio fazendo uma mescla de suspense, atmosfera perturbadora, mortes gráficas, necrofilia, zumbis, magia negra e por aí vai. É aquele tipo de filme que te envolve desde a primeira cena (e que cena, chegando já com os dois pés no peito!) até a reviravolta de seu final surpreendente. Bem, como disse acima sobre a primeira cena, um fotógrafo de St. Louis chamado George LeMoyne (Christopher Allport) está nas prais da cidadezinha de Potters Bluff, em Rhode Island, fazendo alguns cliques da paisagem quando avista uma bela loira que logo começa a se insinuar a ele (parece até plot de filme pornô, mas beleza). Não demora em descobrirmos que há algo de muito errado com os moradores da cidade, que atacam o fotógrafo, o prendem a um poste e ateiam fogo no sujeito vivo, enquanto tiram fotos e se deliciam com a barbárie. Ainda bem que não tem Rachel Sheherazade em Potters Bluff para fazer um editorial depois! O xerife Dan Gillis (James Farentino) começa a investigação do crime e juntando as pistas, passa a descobrir que outros assassinatos de forasteiros que estão de passagem andam sendo cometidos na outrora pacata cidade, e todos violentíssimos. Primeiro foi o fotógrafo, mas logo na sequência ele é seguido por um pescador, uma família formada por pai, mãe e filho pequeno, e uma caronista, além de um médico que descobre estranhos fatos reveladores, e que tem ácido injetado em suas narinas fazendo seu rosto derreter e um dos momentos memoráveis do longa. Não dá para falar muito sobre Os Mortos-Vivos sem entregar um caminhão de SPOILER (apesar de que logo da para sacar tudo que se passa na trama, e o próprio título que ganhou no Brasil já dá com a língua nos dentes), mas há entre os personagens alguns suspeitos que começam a ter um comportamento estranho, misterioso e sinistro, como a própria esposa do xerife, Janet (Melody Anderson), que resolve ensinar magia negra para seus alunos na escola (!!!!), ou o legista e agente funerário William G. Dobbs (Jack Albertson), com seu fetiche em restaurar perfeitamente a aparência dos mortos antes do enterro, o que rende uma outra cena muito bem impressionante de maquiagem, quando ele reconstrói a tal caronista que teve o rosto esmagado, completamente desfigurado por um pedregulho. Todo aparato de suspense é brilhantemente executado pelo diretor Gary Sherman, principalmente por conta das terríveis cenas de assassinato com a horda dos estranhos moradores da cidade atacando em conjunto, das cenas de neblina que dão aquele ar gótico, da investigação dos acontecidos e a sensação de solidão do xerife Gillis, único que parece não estar envolvido naquela macabra conspiração à lá Além da Imaginação. Originalmente, a ideia de Sherman era fazer um filme de humor negro, mas a fita sofreu diversas interferências da PSO International, financiadora que comprou os direitos do filme (depois de passarem por duas outras produtoras inicialmente), e ordenou que o diretor focasse no gore e deixasse a comédia de lado, o que foi uma escolha bastante acertada no final. Até para enfatizar, toda a fotografia do filme tem a ausência da cor vermelha, exatamente para tornar ainda mais gráficas as cenas que contém sangue. E falando dos excelentes efeitos especiais, como os quais mencionei acima, o grande mérito vai para o mestre Stan Winston, responsável pelo design de maquiagem do filme. Como outro ponto alto de Os Mortos-Vivos, o cara responsável posteriormente por O Exterminador do Futuro, Jurassic Park, Predador e Homem de Ferro, criou um boneco mecatrônico do corpo do fotógrafo, George LeMoyne deitado na cama de hospital, com detalhes realistas e movimentos elaborados para dar uma aparência real na infame e surpreendente cena quando seus olhos são perfurados por uma agulha. Outra figura conhecida dos fãs de horror presentes no elenco é o ator Robert Englund, em um papel coadjuvante, antes de ser eternizado como Freddy Krueger. Os Mortos-Vivos merece demais ser visto. Um dos bons exemplos do cinema zumbi, que revive um pouco da antiga tradição vodu, que deu origem ao monstro no cinema e na literatura, depois substituído por cadáveres ambulantes canibais, com uma austera e pesada aura de suspense, ótimo roteiro, um bom desenrolar da trama e um final dos mais bacanas.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/17/437-os-mortos-vivos-1981/

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