terça-feira, 12 de janeiro de 2016

#429 1981 GRITO DE HORROR (The Howling, EUA)


Direção: Joe Dante
Roteiro: John Sayles, Terence H. Wikness (baseado no livro de Gary Brandner)
Produção: Jack Conrad e Michael Finnel, Rob Bottin (Produtor Associado), Daniel H. Blatt e Steven A. Lane (Produtores Executivos)
Elenco: Dee Wallace, Patrick Macnee, Dennis Dugan, Christopher Stone, Elisabeth Brooks, Dick Miller

Grito de Horror é mais um daqueles exemplares de filmes responsáveis por reinventar todo um gênero. Afinal, antes do seu lançamento, a única incursão famosa do monstro no cinema foi o clássico da Universal de 1941, O Lobisomem, com Lon Chaney Jr. e suas pobres sequências. Mas o diretor Joe Dante estava aí para mudar tudo e jogar um novo olhar sobre a licantropia. No começo de Grito de Horror, você mal pode imaginar que é um filme sobre lobisomens, se assisti-lo sem saber do que se trata. A âncora de TV Karen White (interpretada por Dee Wallace, rosto conhecido dos fãs de terror graças a papeis em filmes como Quadrilha de Sádicos e Cujo, além de E.T. – O Extraterrestre de Spielberg) está envolvida em uma armadilha da polícia e de sua emissora para capturar um assassino que vinha mutilando mulheres em Los Angeles e espalhando o medo. Ela marca um encontro com o assassino dentro de uma cabine daquelas lojas underground de produtos pornográficos. Lá dentro, enquanto é exibida uma fita pornô de uma garota sendo estuprada por dois caras, ela conhece o terrível vilão, porém não consegue ver seu rosto, até a polícia invadir o local e baleá-lo. Fortemente traumatizada pelo ocorrido, Karen recorre ao psiquiatra Dr. George Waggner, especialista comportamental, que sugere a ela passar umas férias em sua colônia experimental no campo, onde participará de terapias de grupo com outras pessoas e sairá um pouco da cidade. Só que mal sabe Karen e seu marido Bill, que na verdade ali é uma colônia de lobisomens, que vivem em uma espécie de sociedade secreta, criada pelo próprio psiquiatra, que na verdade tem o intuito de tentar fazer com que as duas raças coexistam, tomando todos os cuidados para evitar uma exposição desnecessária. Mas como bons lobos, alguns acham que os humanos são gado e que ficar comendo carne de vaca e renegando seus instintos seculares é um saco. Enquanto isso, os colegas de trabalho de Karen, investigando a esquisitice do assassino que foi baleado no começo do filme, fazem uma parada em uma livraria que vende produtos do oculto onde há uma caixa de bala de pratas e toneladas de livros sobre o assunto, que explica que a transformação somente na lua cheia é bobagem de Hollywood e os lobisomens podem se transformar na verdade a qualquer momento, inclusive em plena luz do dia. E falando em transformações, elas são a cereja do bolo do filme. Joe Dante queria realmente ousar e deixar sua marca no gênero e então ele e o maquiador Rob Bottin capricharam em tentar expor os monstros em plena luz, com closes, sem trucagens baratas ou jogo de sombra para deixar a criatura pouco visível. Eles desenvolveram a ideia de gigantes seres bípedes coberto de pelos, focinhos e orelhas alongadas, presas salientes e enormes garras. Nem de longe lembrava o sujeito barbudo imortalizado por Chaney. Por mais que hoje possa parecer datada, a mutação dos homens para lobo foi realmente impressionante na época, e muito melhor do que várias coisas feitas em CG posteriormente. Outro sopro de originalidade que Dante trouxe foi a questão dos lobisomens viverem em sociedade. Mesmo sendo párias, eles montaram um grupo fechado que moram em cabanas em meio a floresta, remetendo aos seus ancestrais indígenas, deixando mesmo que de forma organizada, aflorar seus instintos mais primitivos e liberar o animal selvagem que existe em cada um de nós. E isso acaba sendo extremamente atrativo para Bill, o marido frustrado de Karen, que vê a esposa cada vez mais distante, até sexualmente, após sua experiência traumática. Ali na colônia, ele se envolve com a sensual e ninfomaníaca Marsha Quist (Elizabeth Brooks), com quem acaba transando e libertando todos suas frustrações reprimidas, inclusive de comer carne. Para esse grupo, ser lobisomem é viver um intenso carpe diem
SPOILER ALERT – Se você ainda não assistiu ao filme, pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
E Karen acreditando que na verdade tudo que aquelas criaturas representam são abominação e deturpação dos valores morais, resolve desmascará-los em rede nacional. Ao fugir, é atingida por um deles e todos sabemos que quando não se é morto por um lobisomem, você se transforma em um. Então em seu telejornal, ela força uma transformação ao vivo em frente às câmeras, sendo abatida logo em seguida por um companheiro de estação. E o irônico é que os telespectadores não levam muito a sério, pensando que é mais uma jogada da emissora em busca de audiência e dá os créditos a utilização de efeitos especiais. Os anos 80 foram muito prolíficos para os filmes de lobisomem. Joe Dante lançou Grito de Horror nos cinemas em abril de 1981. Quatro meses depois, John Landis roubaria a cena com Um Lobisomem Americano em Londres. Depois em 1985, foi a vez de A Hora do Lobisomem, baseado no livro de Stephen King. E os três foram considerados a trinca sagrada dos filmes sobre a criatura peluda. E para se dizer a verdade, depois desses três filmes, pouquíssima coisa boa do gênero foi feito nas próximas duas décadas, e bobagens sem tamanho como Underworld e a malfadada Saga Crepúsculo, parecem ter metido uma bala de prata no coração dos lobisomens de uma vez por todas.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/08/429-grito-de-horror-1981/

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