Direção: Joe Dante
Roteiro: John Sayles, Terence H. Wikness (baseado no livro de Gary Brandner)
Produção: Jack Conrad e Michael Finnel, Rob
Bottin (Produtor Associado), Daniel H. Blatt e Steven A. Lane (Produtores
Executivos)
Elenco: Dee Wallace, Patrick Macnee, Dennis Dugan, Christopher Stone, Elisabeth
Brooks, Dick Miller
Grito de Horror é mais um
daqueles exemplares de filmes responsáveis por reinventar todo um gênero.
Afinal, antes do seu lançamento, a única incursão famosa do monstro no cinema
foi o clássico da Universal de 1941, O Lobisomem, com Lon Chaney Jr. e suas pobres
sequências. Mas o diretor Joe Dante estava aí para mudar tudo e jogar um novo
olhar sobre a licantropia. No começo de Grito de Horror, você mal
pode imaginar que é um filme sobre lobisomens, se assisti-lo sem saber do que
se trata. A âncora de TV Karen White (interpretada por Dee Wallace, rosto
conhecido dos fãs de terror graças a papeis em filmes como Quadrilha de Sádicos e Cujo,
além de E.T. – O Extraterrestre de Spielberg) está envolvida em uma armadilha
da polícia e de sua emissora para capturar um assassino que vinha mutilando
mulheres em Los Angeles e espalhando o medo. Ela marca um encontro com o assassino
dentro de uma cabine daquelas lojas underground de produtos
pornográficos. Lá dentro, enquanto é exibida uma fita pornô de uma garota sendo
estuprada por dois caras, ela conhece o terrível vilão, porém não consegue ver
seu rosto, até a polícia invadir o local e baleá-lo. Fortemente traumatizada
pelo ocorrido, Karen recorre ao psiquiatra Dr. George Waggner, especialista
comportamental, que sugere a ela passar umas férias em sua colônia experimental
no campo, onde participará de terapias de grupo com outras pessoas e sairá um
pouco da cidade. Só que mal sabe Karen e seu marido Bill, que na verdade ali é
uma colônia de lobisomens, que vivem em uma espécie de sociedade secreta,
criada pelo próprio psiquiatra, que na verdade tem o intuito de tentar fazer
com que as duas raças coexistam, tomando todos os cuidados para evitar uma
exposição desnecessária. Mas como bons lobos, alguns acham que os humanos são
gado e que ficar comendo carne de vaca e renegando seus instintos seculares é
um saco. Enquanto isso, os colegas de trabalho de Karen, investigando a
esquisitice do assassino que foi baleado no começo do filme, fazem uma parada
em uma livraria que vende produtos do oculto onde há uma caixa de bala de
pratas e toneladas de livros sobre o assunto, que explica que a transformação
somente na lua cheia é bobagem de Hollywood e os lobisomens podem se
transformar na verdade a qualquer momento, inclusive em plena luz do dia. E
falando em transformações, elas são a cereja do bolo do filme. Joe Dante queria
realmente ousar e deixar sua marca no gênero e então ele e o maquiador Rob
Bottin capricharam em tentar expor os monstros em plena luz, com closes, sem
trucagens baratas ou jogo de sombra para deixar a criatura pouco visível. Eles
desenvolveram a ideia de gigantes seres bípedes coberto de pelos, focinhos e
orelhas alongadas, presas salientes e enormes garras. Nem de longe lembrava o
sujeito barbudo imortalizado por Chaney. Por mais que hoje possa parecer
datada, a mutação dos homens para lobo foi realmente impressionante na época, e
muito melhor do que várias coisas feitas em CG posteriormente. Outro sopro de
originalidade que Dante trouxe foi a questão dos lobisomens viverem em
sociedade. Mesmo sendo párias, eles montaram um grupo fechado que moram em
cabanas em meio a floresta, remetendo aos seus ancestrais indígenas, deixando
mesmo que de forma organizada, aflorar seus instintos mais primitivos e liberar
o animal selvagem que existe em cada um de nós. E isso acaba sendo extremamente
atrativo para Bill, o marido frustrado de Karen, que vê a esposa cada vez mais
distante, até sexualmente, após sua experiência traumática. Ali na colônia, ele
se envolve com a sensual e ninfomaníaca Marsha Quist (Elizabeth Brooks), com
quem acaba transando e libertando todos suas frustrações reprimidas, inclusive
de comer carne. Para esse grupo, ser lobisomem é viver um intenso carpe
diem.
SPOILER ALERT – Se você ainda não assistiu ao filme, pule para o
próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
E Karen acreditando
que na verdade tudo que aquelas criaturas representam são abominação e
deturpação dos valores morais, resolve desmascará-los em rede nacional. Ao
fugir, é atingida por um deles e todos sabemos que quando não se é morto por um
lobisomem, você se transforma em um. Então em seu telejornal, ela força uma
transformação ao vivo em frente às câmeras, sendo abatida logo em seguida por
um companheiro de estação. E o irônico é que os telespectadores não levam muito
a sério, pensando que é mais uma jogada da emissora em busca de audiência e dá
os créditos a utilização de efeitos especiais. Os anos 80 foram muito
prolíficos para os filmes de lobisomem. Joe Dante lançou Grito de
Horror nos cinemas em abril de 1981. Quatro meses depois, John Landis
roubaria a cena com Um Lobisomem Americano em Londres. Depois em
1985, foi a vez de A Hora do Lobisomem, baseado no livro de Stephen
King. E os três foram considerados a trinca sagrada dos filmes sobre a criatura
peluda. E para se dizer a verdade, depois desses três filmes, pouquíssima coisa
boa do gênero foi feito nas próximas duas décadas, e bobagens sem tamanho
como Underworld e a malfadada Saga Crepúsculo, parecem ter
metido uma bala de prata no coração dos lobisomens de uma vez por todas.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2014/05/08/429-grito-de-horror-1981/
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