quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

#436 1981 A MORTE DO DEMÔNIO (The Evil Dead, EUA)


Direção: Sam Raimi
Roteiro: Sam Raimi
Produção: Robert G. Tapert, Irvin Shapiro, Gary Holt (Produtor Associado), Sam Raimi e Bruce Campbell (Produtores Executivos)
Elenco: Bruce Campbell, Ellen Sandweiss, Richard DeManincor, Betsy Baker, Theresa Tilly

Se me pedissem para definir o gênero splatter em um único filme, esse filme seria A Morte do Demônio, ou Evil Dead para os íntimos! E sem dúvida nenhuma, Sam Raimi é o cara. Ele mudou o destino do cinema de terror para sempre provando que se pode fazer algo experimental extremamente inteligente, com um roteiro bacana apenas reciclando ideias já existentes, mesclando forte inspiração do cinema gore italiano com o cinema adolescente americano, orçamento irrisório, efeitos especiais beirando o ridículo e cinco atores amadores para sustentar 85 minutos de fita. É o terror cult definitivo! Hoje é praticamente impossível enxergar algo além do trash e do cômico em A Morte do Demônio. Uma garota sendo estuprada por galhos de árvore, bonecões mal feitos, sangue falso abundante, maquiagem de quinta categoria e animações de massinha em stop-motion. Eu tinha ficado realmente muito impressionado, tanto que era um dos filmes mais assustadores na minha opinião, até revê-lo com mais idade. E isso também aconteceu com a plateia em 1981, tanto que o filme foi censurado e proibido (novidade) e fez mais de 29 milhões de dólares de bilheteria mundial, contra um orçamento de 300 mil dólares. Imagine então que esse cara depois veio a dirigir a milionária trilogia do Homem-Aranha com um caminhão de dinheiro! Sam Raimi partiu do famoso princípio “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” e juntou seus amigos de faculdade, Robert Tapert para produzir (com que tem uma produtora de filmes de terror hoje em dia, a Ghost House Pictures) e um até então desconhecido Bruce Campbell para estrelar. Bebendo na fonte dos diretores dos anos 70 como Dario Argento, Tobe Hooper e Brian De Palma, Raimi utiliza toda a criatividade que se é possível com dinheiro de pinga e cria movimentos de câmera ousados, em um travelling que faz às vezes da terrível criatura kandariana despertada na floresta ao perseguir suas vítimas, que o levou a ser considerado um dos novos diretores mais promissores da época e virou uma de suas marcas registradas. Na história, cinco jovens vão passar uma noite em uma cabana abandonada no meio da floresta. No porão da cabana, encontram uma gravação feita por um arqueólogo que fazia expedições nas ruínas da antiga cidade de Kandar e também um livro que é denominado O Livro dos Mortos, claramente inspirado no Necronomicon de H.P. Lovecraft (o livro ganharia até o mesmo nome nas continuações). Numa diversão sadia e despretensiosa, começam a ouvir a gravação (originalmente os personagens fumariam maconha enquanto escutavam, e os atores resolveram fazer o mesmo para dar mais, hã, realidade à cena, que teve de ser refeita pois todos estavam MUITO LOUCOS), que faz com que um mal secular desperte no bosque lá fora, atacando um por um, que vão se transformando em criaturas demoníacas de maquiagem tosca. E eis que surge Ashley ‘Ash’ J. Williams, personagem eternizado por Bruce Campbell (brother the Raimi, sendo que ambos fizeram vários curtas de 8mm durante a faculdade, incluindo aí Within the Woods, em 1978, que deu origem ao A Morte do Demônio que começa como um baita loser cagando de medo das criaturas e no decorrer do filme ao ser banhado por sangue, obrigado a decepar a própria namorada, e ter que tomar outras medidas extremas, vai se transformando em um maluco afetado até virar um verdadeiro badass da Idade Média no terceiro filme da trilogia, com uma das mãos cortadas sendo substituída por uma motosserra e sua espingarda cano duplo de cabo de nogueira comprada na S. Mart (“This is my boomstick!”). E todos esses toques peculiares de podreira que Raimi conferiu ao filme com sua genialidade para driblar os problemas orçamentários, fora a criação de toda uma mitologia até hoje serve como inspiração, transformaram no cult de horror definitivo (repito), e também o mesmo vale em suas continuações, o que faz da trilogia Evil Dead algo deliciosamente imperdível, para fã do gênero nenhum botar defeito! Afinal, Ash é adorado por 11 em cada 10 amantes do horror! Como bem sabemos, no ano passado o tão esperado remake / reboot / continuação / whatever de A Morte do Demônio chegou às telas, com uma pegada completamente diferente do original, deixando todo o tom criado por Sam Raimi de lado, apostando mais em uma carga dramática diferente nos personagens, cenas realmente apavorantes e com um violento apelo visual e ótimos efeitos especiais e de maquiagem, maaaaaaaas que acaba não tendo o mesmo charme que o filme de Ash e companhia. Eu particularmente não gosto muito, porém vale a conferida. Ah, uma outra dica BEM bacana para quem é fã de carteirinha do filme, como eu, é o livro Evil Dead – A Morte do Demônio [Arquivos Mortos] da excelente editora Darkside Books, lançado inclusive em edição limitada de capa dura aqui no Brasil, trazendo os bastidores, entrevistas e curiosidades da filmagem deste clássico, compilados e escrito por Bill Warren.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/05/16/436-a-morte-do-demonio-1981/

1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
684 1982 Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio (The Evil Dead)

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