Direção: Umberto
Lenzi
Roteiro: Umberto
Lenzi
Produção: Mino
Loy, Luciano Martino
Elenco: Robert
Kerman, Janet Agren, Ivan Rassimov, Paola Senatore, Me Me Lai, Mel Ferrer
Já sabe né? Quem viu
um filme de canibais vindo da Itália, já viu todos. Mas Os Vivos Serão Devorados apesar de
explorar uma fórmula que traz sempre mais do mesmo, afinal todas as ideias
vigentes no ciclo italiano canibal foram repetidas à exaustão, mostra-se uma
grata surpresa e um dos melhores exemplares do gênero. E o porque disso? O
cineasta Umberto Lenzi, especialista no assunto e diretor de O Mundo Canibal, exatamente o pontapé original do
gênero em 1972, consegue trazer um certo frescor colocando na velha história do
homem branco perdido na selva em meio a cenas de gore chocantes,
canibalismo, estupro, castração, crueldade com animais e muita mulher pelada,
uma subtrama sobre uma seita pagã conduzida por um homem louco. Inspirado pelo
Reverendo Jim Jones e sua seita que cometeu suicídio em massa na Guiana em
1978, Lenzi apresenta Jonas Melvyn, interpretado por um ótimo Ivan Rassimov, um
desses malucos religiosos que cria no meio do mato uma tal de Igreja da
Purificação, predestinada a servir como refúgio para homens se livrarem do caos
da tecnologia e deixar para trás a civilização moderna. Acontece que Jonas é
completamente xarope, usa o fato de estarem cercados por uma tribo canibal nos
arredores para fazer seus prisioneiros, e utiliza-se de poderosos venenos e
alucinógenos para manter todo mundo ali no cabresto. Pois bem, o assassinato de
três pessoas diferentes (uma no Canadá e duas em Nova York) levam a polícia a
encontrar uma filmagem amadora em 8mm de Jonas e sua seita praticando alguns
rituais pagãos. Com isso eles fazem conexão com Diana Morris (Paola Senatore),
dada como desaparecida e que aparece nessas filmagens. A irmã de Diana, Sheila
(a bela loura Janet Argen), interessada em saber do paradeiro da irmã, contata
o famoso antropólogo Prof. Carter (participação especial do veterano Mel
Ferrer) que acaba por deduzir que aquela cerimônia foi realizada em algum lugar
da Nova Guiné. Como Sheila é cheia da grana, ela contrata o badass Mark Butler (Robert Kerman,
figurinha carimbada dos filmes de canibais, que já havia estrelado Cannibal Holocaust e O Último Mundo dos Canibais – ambos de
Ruggero Deodato), para ajudar a localizar o seu paradeiro. Ao se embrenharem no
meio do mato, o casal vai parar no povoado controlado por Jonas, e descobrem a
verdadeira índole daquele messias. Não vai demorar muito para ele começar a
drogar Sheila para praticar suas fantasias sexuais com ela (que envolve um
imenso consolo de madeira embebido em sangue sendo penetrado na garota,
pintá-la toda de dourado e usar chicotes e afins), tal qual fez com sua irmã
anteriormente. Bom, só resta a Mark, Sheila e Diana, auxiliada pela nativa
Moware (Me Me Lai, outra que já apareceu peladinha em diversos filmes do ciclo)
tentar escapar da garra opressora de Jonas e sua turma, e ainda tentar
sobreviver aos terríveis antropófagos sujos, desgranhentos, desdentados e
cabeludos que estão loucos para fazer uma boquinha. De resto, é aquilo que já
estamos acostumados: brutalidade em seu grau máximo, com efeitos especiais
toscos e sangue do mais falso possível, tudo para poder chocar, incluindo aí as
malfadadas cenas de animais sendo devorados e executados friamente pelos
indígenas em frente às câmeras. Tudo isso em meio aquele ambiente exótico da
selva tropical e as cerimônias ritualísticas das tribos. Detalhe é que além de
você ter a impressão de estar vendo sempre o mesmo filme, aqui REALMENTE você
estará vendo os mesmos filmes de fato, porque várias cenas de longas anteriores
são editadas e utilizadas aqui. Do próprio Mundo Canibal de Lenzi, há
um crocodilo sendo aberto por uma pequena faca e uma mulher sendo morta e
comida por canibais, de O Último Mundo dos Canibais de Deodato, foi
chupinada a cena da morte da atriz Me Me Lay e de A Montanha dos Canibais de Sergio
Martino, foi reutilizado uma cena de castração, um macaco sendo asfixiado e
comido por uma cobra e um homem sendo devorado na água por um crocodilo. Cara
de pau nível italiano MASTER.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia
por sua conta e risco.
Como o roteiro de
Lenzi foi vagamente inspirado no Massacre de Jonestown, ocorrido dois anos
antes, eis que quando a polícia consegue descobrir o refúgio do famigerado
Jonas e sua seita, ele prepara uma poção com veneno de cobra e todos os
seguidores praticam suicídio coletivo, com o nefasto vilão desaparecendo sem
deixar rastros. É um dos pontos positivos do filme. Os Vivos Serão
Devorados foi lançado pouco mais de um mês depois de Cannibal
Holocaust, que é o ápice do ciclo, mas que já mostrava sinais de
esgotamento, e é um dos mais cultuados do gênero. Lenzi ainda teria sua última
incursão pela selva tropical cheia de gente que gosta de comer gente
em Cannibal Ferox, lançado no ano seguinte.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2014/04/24/420-os-vivos-serao-devorados-1980/
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