Direção: Chris
Walas
Roteiro: Mick
Garris, Jim Wheat, Ken Wheat, Frank Darabont
Produção: Steven-Charles
Jaffe; Gillian Richardson (Produtor Associado); Stuart Cornfeld (Produtor
Executivo)
Elenco: Eric
Stotlz, Daphne Zuniga, Lee Richardson, John Getz, Frank C. Turner, Ann Marie
Lee, Garry Chalk
A Mosca 2 é mais uma daquelas
sequências caça-níquel. Fato consumado. Mas olhe, ele não é de tuuuuuudo tão
ruim. Na verdade, se formos pensar em termos dos efeitos de maquiagem, o longa
é excelente. O roteiro também tem lá seus méritos, ainda mais se tratando de
uma continuação direta de seu antecessor, o insuperável A Mosca, dirigido por David
Cronenberg. O grande problema é o final salafrário (coisa de estúdio, sabe?) e
o visual da criatura principal. Fato é que A Mosca é um filme tenso.
Além da nojeira no limite, dos dilemas morais e científicos aplicados, da
deturpada história de amor, o final é completamente pessimista, uma vez que
Brudlemosca ao virar a amálgama mutante entre humano e inseto, acaba fazendo o
papel do vilão (ou anti-herói?), deixando a mocinha grávida (a quem tenta até
matar em última instância) e sendo morto/sacrificado depois de mais um
teleporte errado. O filho de Seth Brundle e Veronica Quaife (Geena Davis não
voltou para o prólogo porque ficou deveras traumatizada com a cena da cirurgia
obstetrícia da larva no primeiro, e uma vez que ela voltaria apenas por poucos
minutos para dar a luz ao bebê) será então o protagonista nesta sequência (tal
qual o filho de Andre Delambre em O Monstro de Mil Olhos, sequência do
original A Mosca da Cabeça Branca, lá dos anos 50).
Veronica morre no parto e o garoto, Martin, que nasce aparentemente normal e
será confinado, cuidado e observado por uma equipe de cientistas da empresa
comandada pelo famigerado Sr. Bartok (Lee Richardson). Como Martin possui o
metabolismo de um inseto, com cinco anos de vida ele já se torna um adulto,
agora interpretado por Eric Stoltz (o papel quase foi de Vincent D’Onofrio, que
acabou não passando no teste, e também fora oferecido para Keanu Reaves e Josh
Brolin), e passa a trabalhar, sempre manipulado por Bartok, nos telepods do
pai. Tudo está bem na medida do possível, Martin se engraça com a também
pesquisadora Beth (Daphne Zuniga, impossível de se desassociar da Princesa
Vespa de Spaceballs), mas eis que a mutação em seu organismo começa a dar
sinais de vida e ele descobre que está sendo usado por Bartok e continua tendo
sua privacidade e passos filmados, inclusive dando umazinha (ainda bem que não
tinha xvideos naquela época). Então Martin fica emputecido, ao mesmo
tempo em que tenta fugir e começa a se transformar em um museu ambulante de
nojo, secreção, gosma, peles e órgãos caindo, até que é levado de volta à Bartok,
entrando no estágio de casulo, de onde sairá a criatura mutante inseto gigante
que irá se tornar. Mas que fica bem tosca, parecendo um vilão do
Changeman, muito aquém do trabalho ganhador do Oscar® no primeiro A
Mosca, que por sinal, foi feito pelo Chris Walas, que dirige essa sequência com
sua equipe assumindo essa tarefa. Mas em contrapartida, a transformação de Eric
Stoltz no Brundlemosca II é de tirar o chapéu, assim como as cenas de splatter (principalmente
quando o moscão vomita sua secreção ácida no rosto de um segurança, ou quando
outro guardinha tem sua cabeça esmagada por um elevador) e algumas outras
criaturas deformadas (incluindo aí um pobre cãozinho vítima de um teleporte mal
sucedido), que não entrarei mais em mais detalhes para não soltar SPOILERS do
final do filme. Mas ainda dando meus dois centavos sobre o final feliz do
filme, quebrando já o infeliz destino do pai Brundlemosca, com uma puta lição
de moral e maniqueísmo desnecessário, é realmente broxante e pelo menos em meu
caso, o filme perde todos os pontos que conseguiu conquistar até então por
conta de uma resolução faceira do estúdio para o grande público coxa,
infelizmente. E olha que teve gente bem conhecida dos fãs do horror cuidando do
roteiro, como Mick Garris e Frank Darabont. Mas a passagem mais genial de
todo A Mosca 2 provavelmente deve ter passado desapercebido de muita
gente, mas não do blogueiro aqui. Dado momento há uma cena com um vigia noturno
da Bartok dentro de sua guarita, e o livro que ele está lendo se chama “The
Shape of Rage”, que é exatamente o livro escrito pelo Dr. Hal Raglan em Os Filhos do Medo, dirigido por quem? David Cronenberg! Bela
homenagem ao diretor do primeiro filme. Mas como disse no começo do texto, toda
a estrutura da sequência em repetir fórmulas (como a história do caso amoroso
entre Martin e Beth), em ampliar o conceito do mutante, deixando-o maior, mais
mortal, e mais cartunesco, por conseguinte, e com muito mais tempo em cena, e o
tal do final mela cueca, é o que transforma A Mosca 2 em uma
sequência caça-níquel clássica com cara de produto enlatado de estúdio. O que é
uma pena, pois ele é decente de certa forma e poderia ter um resultado muito
mais satisfatório.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/12/10/580-a-mosca-2-1989/
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