Direção: Scott
Spiegel
Roteiro: Scott
Spiegel
Produção: Lawrence Bender; Douglas
Scott-Hessler (Coprodutor); Charles Band (Produtor Executivo/não creditado)
Elenco: Elisabeth Cox, Renée Estevez,
Dan Hicks, David Byrnes, Sam Raimi, Eugene Robert Glazer, Ted Raimi, Bruce
Campbell
Violência e Terror (sério, que
diabo de título é esse que ele ganhou no Brasil, ao invés de um simples
“Intruso” que seria a tradução literal?) poderia ser apenas mais um filme slasher dos anos 80, igual a zilhões de
tantos outros lançados naquela década, e cair no esquecimento total do fã do
horror, se não fosse um pequeno detalhe: ele é todo realizado pela patota de A Morte do Demônio. Aquela turminha da pesada que se conhece
desde o colegial e cresceram juntos fazendo curtas metragens em uma câmera
Super 8 nos subúrbios de Michigan, responsáveis por um dos mais emblemáticos e
importantes filmes de terror de todos os tempos se uniu aqui para dar sua
pequena e interessante contribuição ao subgênero. Estou falando de Scott
Spiegel, Sam Raimi, seu irmão Ted Raimi e Bruce Campbell. Spiegel é o diretor e
roteirista de Violência e Terror, que infelizmente ficou de fora da
realização de A Morte do Demônio (mas o personagem Scott ganhou esse
nome em homenagem ao mesmo), mas escreveu Uma Noite Alucinante. Sam Raimi, muito
mais acostumado a estar do outro lado das câmeras, faz o papel do açougueiro
Randy e seu irmão, Ted (o rei das pontas!) faz Joe, da produção. Campbell
aparece só no finalzinho como policial, mas claro que no lançamento do VHS e
DVD o nome dele vem em letras garrafais e com um baita destaque, num truque
mercadológico dos mais escroques. A ideia de um bando de gente confinada em um
local específico, durante uma única noite, sendo caçadas um a um por um
terrível assassino, não é das mais originais do mundo, mas funciona muito bem
por um simples motivo específico: a química entre o elenco. Enquanto geralmente
nos slashers movies há
sempre aquele monte de estereótipo de adolescentes idiotas com seus “25 anos”
com personalidades mais rasas que um pires e uma ordem praticamente idêntica
das mortes, aqui estamos vendo um grupo de pessoas comuns, que ganham a vida
árdua trabalhando em um supermercado, com quem você até cria empatia e se
identifica, e fica realmente apreensivo em saber quem será a próxima vítima. Só
que o filme demora a engrenar se você está preocupado só com a matança
desenfreada. Mas aí quando chega, a criatividade, sempre presente nessa galera
do mal aí, delicia até os mais fanáticos fãs dos filmes de terror. Na
trama, Jennifer Ross (Elizabeth Cox) é caixa de um supermercado em Walnut Lake
(exatamente a região em que Spiegel, Campbell e os irmãos Raimi cresceram) e se
vê ameaçada pelo ex-namorado, Craig Peterson (David Byrnes) que está em liberdade
condicional e não digeriu ainda muito bem a separação. Todo o staff do
supermercado se junta para escorraçar o cara que passa a criar confusão no
local e agir como um maluco. Após se livrar do sujeito, ao fechar das portas,
todos têm uma péssima notícia: o local será vendido pelos sócios, Bill (Dan
Hicks) – sócio minoritário, a contragosto, e Danny (Eugene Robert Glazer) –
afim só de lucro e vender o local para a especulação imobiliária – e todo mundo
tem só mais um mês de trabalho e salário. Terminando o expediente noturno antes
de irem para casa, devem dar uma geral no local para o dia seguinte e de quebra
cada um deles começará a ser caçado impiedosamente por um assassino “intruso”. Então
temos dois pontos extremamente clichês dos filmes do gênero, mas que nem
comprometem tanto assim. O primeiro é que em todo momento vamos pensar que o
psicopata, mesmo nunca sendo visto e sempre espreitando às sombras, é o bad
boy de jaqueta de couro, ex de Jennifer. A segunda é a tal reviravolta
final, quando a identidade do misterioso psicopata é revelada. Há algumas dicas
plausíveis que já adianta quem pode na verdade ser o maníaco é só ficar ligado
(apesar do sujeito simplesmente desafiar diversas leis da física, mas tudo
bem). Mas o mais bacana mesmo é o final completamente pessimista e que foge
bastante dos padrões convencionais, onde vemos os heróis não se dando nada bem,
como de praxe. Agora o que mais é legal mesmo em Violência e Terror é,
hã… a violência. E o terror! A partir do momento que o filme engrena da sua
metade para frente, um clima muito bem acertado de suspense conduzido por
Spiegel é um dos grandes diferenciais dos típicosslahser. E a violência vem em
doses cavalares, com cenas extremamente gráficas, incluído aí a fatídica
sequência que o sujeito tem a cabeça dividida em dois por uma serra de cortar
frios, ou o outro infeliz que tem seu rosto esmagado pelo elevador de carga. Os
efeitos de maquiagem foram obra da santíssima trindade dos efeitos especiais:
Howard Berger, Robert Kurtzman e Greg Nicoteco. Pois bem, o que poderia ser um slasher movie mediano, de
baixíssimo orçamento (130 mil dólares) torna-se uma grata surpresa por conta de
todos os seus envolvidos, que foram capazes de, com bastante criatividade (como
de costume), doses inteligentes de suspense e mortes brutais, dar a Violência
e Terror um lugar de reconhecimento no subgênero que já andava capenga lá
no final dos anos 80.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/12/19/587-violencia-e-terror-1989/
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