Direção: Wes
Craven
Roteiro: Wes
Craven
Produção: Barin
Kumar, Marianne Maddalena; Robert Engelman, Peter Foster (Coprodutores); Warren
Chadwick (Produtor Associado); Wes Craven, Shep Gordon (Produtores Executivos)
Elenco: Michael
Murphy, Peter Berg, Mitch Pileggi, Sam Scarber, Camille Cooper, Ted Raimi
Wes Craven ataca novamente! Não, isso não é
no bom sentido. O cineasta errático que dirigiu preciosidades como Aniversário Macabro, Quadrilha de Sádicos, A Hora do Pesadelo e A Maldição dos Mortos-Vivos, tem também na sua
filmografia umas bombas de doer, incluindo o pavoroso Shocker – 100.000 Volts de Terror. Fato é que Shocker é
uma sequência de vergonhas alheias totais, uma atrás da outra (não tanto quando
seu subtítulo em português), culpa do roteiro também escrito por Craven. E nem
me venha falar que é um filme de baixo orçamento, o que prejudicou e tal,
porque acho que nenhuma produção milionária no mundo melhoraria o longa, e olha
que os efeitos especiais são bem decentes para a época, incluindo a versão
“chuviscada” do vilão saindo da televisão e tal. Shocker na verdade cai em
uma armadilha muito comum do cinema de terror com aquele pezinho no fantástico
e sci-fi: se levar muito a sério. Na verdade fica claro que a intenção de
Craven era criar mais um vilão icônico, um novo Freddy Krueger, depois da
exaustão da fórmula da sua maior criação. Então parte da seguinte premissa: um
assassino violento, que volta a vida com poderes paranormais, em busca de
vingança. Claro que se falhou miseravelmente nesse sentido, mesmo contando com
uma atuação acima da média de Mitch Pileggi, o eterno Diretor Assistente Walter
Skinner de Arquivo X. Mas o lance é que a fita é dividida em três partes. Vamos
agora analisá-las: A primeira metade na verdade é um baita filme de suspense/slasher/policial.
Horace Pinker (Pileggi) é um técnico de televisão meio esquisito, serial
killer que anda dizimando famílias violentamente e metendo medo na
população de uma cidade. Certa noite, o jovem astro local de futebol americano,
Jonathan Parker (Peter Berg – o ator que virou diretor de filmes como Bem-vindo
à Selva, Hancock e Battleship: A Batalha dos Mares) tem um sonho
clarividente onde vê sua família adotiva sendo assassinada brutalmente. O que
acaba acontecendo na vida real, levando o jovem e seu pai adotivo, o Tenente
Don Parker (Michael Murphy) a uma verdadeira caçada humana ao psicopata. Após
falharem em uma emboscada, fatidicamente Pinker acaba sendo preso após
assassinar Alisson (Camille Cooper), a namorada de Jonathan. Condenado a
cadeira elétrica, o último pedido do convicto é uma televisão. Então em um
ritual sombrio nada explicado, ele adquire uma espécie de poder elétrico do
aparelho televisor, e quando vai ser fritado na cadeira elétrica sobrevive por
meio da capacidade de “trocar de corpo” através de uma descarga elétrica. No
que o filme estava caminhando muito bem, tirando o lance de Pinker ser mais
rápido, mortal, sanguinolento e sorrateiro que o Jason, Michael Myers, Freddy e
Leatherface juntos, desanda de vez nessa segunda metade, com o inimigo mudando
de corpo enquanto busca vingança contra Jonathan. É um festival de bagaceiras
de primeira linha, ao melhor estilo A Maldição de Samantha, outra “obra prima”
de Craven. Primeiro que Pinker mancava de uma perna, e toda vez que ele
transfere sua alma elétrica para outro, o sujeito passa a mancar também. Depois
que há um viés sobrenatural canhestro com a falecida Alisson aparecendo para o
namorado vivo, e lhe dá um amuleto que seria (sabe-se lá por que) o único
objeto capaz de derrotar Pinker. E por aí vai. No terceiro ato, a partir do
momento que o filme descamba e abraça sua tosquice, como é o caso da sequência
final, onde rola o conflito entre herói e vilão passando pelos canais e
programas de televisão enquanto trocam sopapos, com a música de Alice Cooper ao
fundo, é o ápice da produção, quando dói até o pâncreas de tanto gargalhar, e
se percebe que naquele momento, ele assume o status de galhofa. E então funciona como que por milagre, porque
você não vai ficar julgando e apontando o dedo, pedindo seriedade e coerência
como pregava até então (mesmo sendo um maluco que vira estática e com poderes
de possuir as pessoas que toca). Por causa de Shocker – 100.000 Volts de
Terror e outras, que a carreira do Wes Craven parece uma montanha-russa de
altos e baixos (com muito mais baixos, apesar de seus altos serem sempre
pontuais e emblemáticos, como o próprio A Hora do Pesadelo e Pânico).
A dica é nunca levar o filme a sério desde o seu começo, apesar do que ele
aparenta, se deliciar com a tosquice e claro, reviver os momentos saudosistas
que somente filmes como esse despertam.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/12/16/584-shocker-100-000-volts-de-terror-1989/
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