terça-feira, 17 de maio de 2016

#584 1989 SHOCKER 100 000 VOLTS DE TERROR (Shocker, EUA)


Direção: Wes Craven
Roteiro: Wes Craven
Produção: Barin Kumar, Marianne Maddalena; Robert Engelman, Peter Foster (Coprodutores); Warren Chadwick (Produtor Associado); Wes Craven, Shep Gordon (Produtores Executivos)
Elenco: Michael Murphy, Peter Berg, Mitch Pileggi, Sam Scarber, Camille Cooper, Ted Raimi

Wes Craven ataca novamente! Não, isso não é no bom sentido. O cineasta errático que dirigiu preciosidades como Aniversário MacabroQuadrilha de SádicosA Hora do Pesadelo e A Maldição dos Mortos-Vivos, tem também na sua filmografia umas bombas de doer, incluindo o pavoroso Shocker – 100.000 Volts de Terror. Fato é que Shocker é uma sequência de vergonhas alheias totais, uma atrás da outra (não tanto quando seu subtítulo em português), culpa do roteiro também escrito por Craven. E nem me venha falar que é um filme de baixo orçamento, o que prejudicou e tal, porque acho que nenhuma produção milionária no mundo melhoraria o longa, e olha que os efeitos especiais são bem decentes para a época, incluindo a versão “chuviscada” do vilão saindo da televisão e tal. Shocker na verdade cai em uma armadilha muito comum do cinema de terror com aquele pezinho no fantástico e sci-fi: se levar muito a sério. Na verdade fica claro que a intenção de Craven era criar mais um vilão icônico, um novo Freddy Krueger, depois da exaustão da fórmula da sua maior criação. Então parte da seguinte premissa: um assassino violento, que volta a vida com poderes paranormais, em busca de vingança. Claro que se falhou miseravelmente nesse sentido, mesmo contando com uma atuação acima da média de Mitch Pileggi, o eterno Diretor Assistente Walter Skinner de Arquivo X. Mas o lance é que a fita é dividida em três partes. Vamos agora analisá-las: A primeira metade na verdade é um baita filme de suspense/slasher/policial. Horace Pinker (Pileggi) é um técnico de televisão meio esquisito, serial killer que anda dizimando famílias violentamente e metendo medo na população de uma cidade. Certa noite, o jovem astro local de futebol americano, Jonathan Parker (Peter Berg – o ator que virou diretor de filmes como Bem-vindo à Selva, Hancock e Battleship: A Batalha dos Mares) tem um sonho clarividente onde vê sua família adotiva sendo assassinada brutalmente. O que acaba acontecendo na vida real, levando o jovem e seu pai adotivo, o Tenente Don Parker (Michael Murphy) a uma verdadeira caçada humana ao psicopata. Após falharem em uma emboscada, fatidicamente Pinker acaba sendo preso após assassinar Alisson (Camille Cooper), a namorada de Jonathan. Condenado a cadeira elétrica, o último pedido do convicto é uma televisão. Então em um ritual sombrio nada explicado, ele adquire uma espécie de poder elétrico do aparelho televisor, e quando vai ser fritado na cadeira elétrica sobrevive por meio da capacidade de “trocar de corpo” através de uma descarga elétrica. No que o filme estava caminhando muito bem, tirando o lance de Pinker ser mais rápido, mortal, sanguinolento e sorrateiro que o Jason, Michael Myers, Freddy e Leatherface juntos, desanda de vez nessa segunda metade, com o inimigo mudando de corpo enquanto busca vingança contra Jonathan. É um festival de bagaceiras de primeira linha, ao melhor estilo A Maldição de Samantha, outra “obra prima” de Craven. Primeiro que Pinker mancava de uma perna, e toda vez que ele transfere sua alma elétrica para outro, o sujeito passa a mancar também. Depois que há um viés sobrenatural canhestro com a falecida Alisson aparecendo para o namorado vivo, e lhe dá um amuleto que seria (sabe-se lá por que) o único objeto capaz de derrotar Pinker. E por aí vai. No terceiro ato, a partir do momento que o filme descamba e abraça sua tosquice, como é o caso da sequência final, onde rola o conflito entre herói e vilão passando pelos canais e programas de televisão enquanto trocam sopapos, com a música de Alice Cooper ao fundo, é o ápice da produção, quando dói até o pâncreas de tanto gargalhar, e se percebe que naquele momento, ele assume o status de galhofa. E então funciona como que por milagre, porque você não vai ficar julgando e apontando o dedo, pedindo seriedade e coerência como pregava até então (mesmo sendo um maluco que vira estática e com poderes de possuir as pessoas que toca). Por causa de Shocker – 100.000 Volts de Terror e outras, que a carreira do Wes Craven parece uma montanha-russa de altos e baixos (com muito mais baixos, apesar de seus altos serem sempre pontuais e emblemáticos, como o próprio A Hora do Pesadelo e Pânico). A dica é nunca levar o filme a sério desde o seu começo, apesar do que ele aparenta, se deliciar com a tosquice e claro, reviver os momentos saudosistas que somente filmes como esse despertam.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/12/16/584-shocker-100-000-volts-de-terror-1989/

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