Direção: Carlton J. Albright
Roteiro: Carlton J. Albright
Produção: David Platt; Beth George, Ernest Shapiro (Produtores
Associados)
Elenco: Edward Terry, Joan Roth, Stacy
Haiduk, Thomas Mills, Jerry Clarke, Tom Brittingham
Luther – O
Sanguinário tem todos os elementos clássicos de um filme da
Troma Enternatinment: gore, nudez, personagens malucos, mau gosto,
história nonsense, sem preocupação em estética, ode ao ridículo e sadismo.
Só que ao mesmo tempo, Luther – O Sanguinário é completamente
diferente dos demais filmes da icônica produtora de Lloyd Kaufman e Michael
Herz. Atrevo-me até a dizer que ele é até sério demais para os padrões Troma.
Afinal, os retardados envolvidos foram responsáveis por algumas das maiores
bagaceiras trashescrachadas do cinema B de todos os tempos, como os
impagáveis O Vingador Tóxico, O Monstro
do Armário ou Class of Nuk’Em High. Já Luther –
O Sanguinário tem lá seu personagem principal que não fala uma palavra o
filme inteiro, só CACAREJA (!!!???) e aquele final completamente acachapante,
mas tirando isso, é um filme até taciturno, cheio de suspense, longos momentos
de silêncio, que apesar do humor negro implícito, não desce a ladeira como seus
filmes irmãos de produtora. O geek do título original, não quer dizer
que o Luther é um fã de Star Wars, Big Bang Theory, lê quadrinhos, discute
tecnologia, é socialmente inapto e um CDF, não. Na verdade o termo também é
utilizado para aqueles artistas de circo estilo freak show que fazem
apresentações nojentas e escabrosas. Um desses artistas é famoso em uma trupe
circense por arrancar cabeças de galinhas vivas à dentadas e beber seu sangue.
Uma finesse! Certa noite, um bando de moradores locais leva uma galinha
para assistir ao show particular da aberração enjaulada, e um garotinho, o
jovem Luther, durante a confusão e empurra-empurra cai de boca em uma roda de
madeira e perde todos os dentes, substituindo por uma dentadura metálica, tipo
o inimigo do James Bond, Dentes de Aço, sabe? Só que ele acaba se simpatizando
pelo geek e quando se torna adolescente, passa a matar as pessoas,
arrancando suas jugulares com seus dentes e bebendo seu sangue, assim como as
galinhas. Luther é preso, mas por conta do comportamento modelo na prisão,
recebe liberdade condicional e agora, interpretado por Edward Terry (de forma
até brilhante, diria eu), não consegue ficar um dia sequer sem satisfazer seu
instinto assassino, matando uma mulher em um ponto de ônibus perto de um
supermercado e raptando a dona de casa Hilary (Joan Roth), mantendo-a
sequestrada em sua casa de campo. Na mesma tarde, a gostosinha da filha de
Hilary, Beth (Stacy Haiduk) chega à casa com seu namorado, Rob (Thomas Mills),
e nos brinda com uma cena de nudez no chuveiro, para depois ambos também se
tornarem vítimas de Luther, que obviamente é um psicopata, sem o mínimo traquejo
social, perigoso, demente, canibal, e tem aquele detalhe, de se comunicar como
uma galinha. Então o clima de sequestro, apreensão, tortura física e
psicológica começa a se desenvolver com os personagens, que ficam a mercê do
insano personagem, sem nenhuma moral, compaixão ou qualquer outro exemplo de
convenção social. A polícia está a caça de Luther e acaba batendo na porta da
casa de Hilary, mas seu destino também não será dos melhores. Outros dois
diferenciais de Luther – O Sanguinário com relação aos demais filmes
da Troma são o desenrolar da tensão, como um bom filme de suspense, sob a
direção de Carlton J. Albright, que também escreve o roteiro (o único de sua
vida, e tendo apenas dois filmes na filmografia como diretor) e seu final
pessimista.
ALERTA DE SPOILER.
Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Todos os personagens são mortos (de forma sangrenta), e apenas Hilary
sobrevive. Acuada por Luther no celeiro, ela tenta se “comunicar” com o
psicopata, cacarejando para ele. Tá bom, aí é o momento da patifaria, mas os
risos provocados são nervosos, forçados, porque é realmente uma situação
limítrofe de sobrevivência contra um desequilibrado de alta periculosidade.
Nessa Luther se solta, cacarejando a todos os pulmões, pulando, batendo os
braços como asas, até tomar um tiro de espingarda de cano duplo que acaba com
sua vida. Agora imagine o trauma dessa senhora após ter passado por tudo isso? Parece
que até a própria Troma sacou a “seriedade” de Luther – O Sanguinário, e
quando em seu lançamento em DVD, Lloyd Kaufman, a lenda em pessoa, faz uma
introdução de dez minutos falando um monte de besteira, colocando mulheres
seminuas, funcionários perdedores da própria produtora para montar seu próprio
“circo de horrores” (um deles que supostamente faz boquete no próprio pau,
outro que deveria comer merda, entendido de forma literal, outro que também
arranca a cabeça de pintos, mas nesse caso, o órgão sexual masculino, por assim
dizer) num momento completamente absurdo e de total vergonha alheia. Além
disso, há uma cacetada de extras e de erros de gravação, que totalizam mais de
uma hora de material deliciosamente divertido. Você encontra fácil essa versão
para baixar nas Internets da vida. Claro, Luther – O Sanguinário não
é uma maravilha da sétima arte, é um filme tosco em seu cerne, mas não deixa de
ser perturbador, completamente estranho, maluco e grosseiro, fora dos padrões
convencionais do gênero na época. Caso você seja fã da Troma, e goste da falta
de noção e do gore, mas que também preza pelo “bom cinema de terror”
(assim entre aspas mesmo), então certamente irá agradá-lo.
FONTE:
https://101horrormovies.com/2015/02/03/605-luther-o-sanguinario-1990/
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