Direção: Ralph
S. Singleton
Roteiro: John
Esposito (baseado no conto de Stephen King)
Produção: William
J. Dunn, Ralph S. Singleton; Anthony Labonte, Joan V. Singleton (Produtores
Associados); Bonnie Sugar, Larry Sugar (Produtores Executivos)
Elenco: David Andrews, Kelly Wolf, Stephen Macht, Andrew Divoff,
Vic Polizos, Brad Dourif
Nessa altura do
campeonato, adaptações ruins de contos de Stephen King para a telona já era
mato. Mas olha que esse A Criatura do Cemitério merece uma
medalha. Produtores querendo ganhar uma grana levando o público fã do Mestre do
Terror para os cinemas simplesmente topavam qualquer negócio, achando que a
bilheteria estava garantida. Não foi o caso de A Criatura do Cemitério.
Não há marketing que salve uma bomba dessa magnitude, muito menos a heresia que
a distribuidora do VHS nacional cometeu, ao escrever bem a seguinte frase em
sua capa: “Stephen King aterrorizou em O Iluminado e Carrie. Desta vez ele se
superou”. Só faltou assinar: LISPECTOR, Clarice. O filme ainda teve a
distribuição da Paramount Pictures, gastou 10 milhões de dólares, mas faturou
11 milhões, mal se pagando. A Criatura do Cemitério foi inspirado no conto
homônimo “The Graveyard Shift”, aqui no Brasil, “O Último Turno”, publicado na
coletânea “Sombras da Noite” de 1978. E vale aqui um adendo que o livro foi um
celeiro de histórias para filmes execráveis. Para ter uma ideia, saíram de suas
páginas as pérolas do gênero: Mangler, O Grito de Terror, Às Vezes
Eles Voltam, Passageiro do Futuro e Comboio do Terror. Tá bom para você? Enfim, em uma cidadezinha
do Maine (ah, vá?) há um moinho têxtil chamado Moinho Bachman (para quem não
sabe, Bachman é o sobrenome do pseudônimo de Stephen King) onde um funcionário
do turno da noite que cuida da máquina que desfia algodão é morto de forma
violenta e misteriosa. Um forasteiro, John Hall (David Andrews) é contratado em
seu lugar pelo sacana dono do empreendimento, Warwick (Stephen Macht), que
pagou uma boa propina para a fiscalização não fechar o local após uma conferida
na zona que era o porão da fábrica, logo depois do acidente. Mas ele precisa
limpar aquele porão e oferecendo pagamento dobrado para um bando de trabalhadores
durante o feriado de 04 de julho (e algumas chantagens e extorsões), eles se
embrenham em uma missão no meio das tranqueiras infestadas de ratos, sujeira,
ferro velho acumulado durante anos e documentos antigos, sem imaginar que uma
terrível criatura quiróptera mutante vive por ali. Sim, é como se o inimigo do
Batman, o Morcego Humano fizesse do local sua residência. Agora imagine a
limitação orçamentária impondo efeitos especiais, de maquiagem e mecânicos de
terceira categoria para o bicho e BINGO, você tem aí a trasheira que
dói até a medula. E olha que nem vale a pena falar no quão a história é rasa,
os personagens são descartáveis, o roteiro é cheio de buracos e as atuações são
do pior calibre possível (salva-se apenas Brad Dourif, a eterna voz do boneco
Chucky, como um exterminador). Tudo poderia ser ruim, mas nada, nada se compara
ao monstrengo. Ainda bem que pelo menos ele aparece pouco em cena e é filmado
geralmente em close, porque senão a vergonha seria maior. A quem eles queriam
enganar ou assustar? A máxima que de tão ruim fica bom, não se aplica aqui,
definitivamente. Uma curiosidade é que lá no final dos anos 80, Tom Savini
estava cotado para dirigi-lo, mas o projeto foi colocado de lado pela falta de
interesse do estúdio. Não sei nem como e nem o porquê desengavetaram essa
ideia. Mas então me pego pensando hipoteticamente que talvez, apenas talvez, a
presença de Savini pelo menos elevasse a fita no quesito FX. Mas além de
tudo, A Criatura do Cemitério é um filme chato. Ruim, sabe? Mais que
isso, é uma afronta ao espectador, reflexo desastroso dessa obsessão dos
produtores em adaptar qualquer história de King (e olha que o conto é dos bons,
viu) de qualquer jeito achando que vai ter retorno, como disse lá em cima.
Infelizmente, era uma prática das mais comuns.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/01/21/596-a-criatura-do-cemiterio-1990/
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