Direção: Sean S. Cunnigham
Roteiro: Lewis Abernathy, Geof Miller
Produção: Sean S. Cunningham, Patrick
Markey; Mario Kassar, Andrew G. Vajna (Produtores Executivos)
Elenco: Taurean
Blacque, Nancy Everhead, Greg Evigan, Miguel Ferrer, Nia Peeples, Matt McCoy,
Cindy Pickett
Sempre me lembrava da história de um
artrópode (foi a primeira vez que ouvi a palavra “artrópode”) gigantesco
atacando um base submarina e também do sujeito que morria esmagado pelos
efeitos da descompressão ao tentar voltar à superfície (foi a primeira vez que
descobri os efeitos da descompressão). Mais tarde pude assisti-lo novamente e
saquei duas coisas: A primeira é que a direção era de Sean S. Cunningham,
ninguém mais, ninguém menos que o criador de Sexta-Feira 13. A segunda é que certos filmes não deveriam
ser revistos e viver para sempre no seu intocado imaginário pueril,
porque Abismo do Terror é um sci-fi B, mas com B maiúsculo, e
aquele artrópode, ah, aquele artrópode que me fascinou na juventude, parece
mais obra de um Roger Corman só com pouquinho (tiquinho assim, ó) mais de
grana. Outro detalhe curioso quando revi é que na lata veio a suposição: mas é
uma cópia deslavada de O Segredo do Abismo, de James Cameron. Mas eis que
não, pois na verdade, Abismo do Terror foi lançado alguns meses
antes. Na verdade MESMO, ambos os roteiros foram escritos simultaneamente (e
ainda tem Leviathan, também de 1989, que é na mesma pegada) e Cameron e
Lewis Abernathy, escritor deste aqui, eram amigos. O “Rei do Mundo” até pediu
para o parça atrasar o lançamento do filme para ambos não competirem, mas
o muy amigo tocou um foda-se, seguiu em frente com seu projeto e
gerou uma treta entre os dois, resolvida somente anos mais tarde. Enfim,
modinha na época, o lance de colocar humanos em perigo em uma estação no fundo
do oceano não deu muito certo nesse caso aqui (e falando de bilheteria, nem
em Leviathan e nem no filme de Cameron). E olha que acho uma ideia tão
bacana quanto os filmes espaciais, pela mesma sensação de claustrofobia e
perigo iminente. No caso, a estação DeepStar Six foi incumbida pela marinha
americana de descobrir um local subaquático para instalar uma base de mísseis
submersa, afinal, nunca se sabia o que os petralhas, ops, comunistas, podiam
aprontar e a missão deles era trabalhar para garantir um mundo melhor. Mas ao
encontrar um local inexplorado no fundo do oceano, uma imensa caverna é
descoberta, e obviamente uma criatura dada como extinta há milhões de anos
faria dali seu lar. Um acidente libera esse crustáceo que começará a fazer suas
vítimas. Após algumas perdas trágicas, o grupo recebe ordens para realizar a
descompressão e submergir. O ganancioso Van Gelder (Marius Weyers) exige que os
mísseis passem por um procedimento de segurança, mas o descompensado Snyder
(Miguel Ferrer) acaba detonando-os, e a onda de choque atinge a estação
submarina com tudo, causando avarias irreparáveis, fazendo com que os demais
tripulantes fiquem presos no local, e para piorar, com oxigênio acabando e com
o resfriamento do reator danificado, tudo irá explodir dali a poucas horas. Tentando
consertar o erro e se safarem é que o monstro marinho consegue adentrar o
local. Mudando constantemente de proporção, diga-se de passagem, pois
inicialmente a criatura era gigantesca, daquele tipo monstro abissal, sabe? Mas
de repente ele passa por uma escotilha e fica ali escondidinho embaixo d’água
dentro do compartimento submerso. Snyder continua sendo o rei da presepada,
matando Van Gelder com uma lança que explode seu peito e depois fugindo em
disparada pela cápsula de escape sem o processo de descompressão, virando sopa.
No final das contas sobra o tosquíssimo casal sem a menor empatia e dono das
atuações mais sofríveis, McBride (Greg Evigan), o herói, e Laidlaw (Taurean
Blacque) a garota grávida em perigo, que precisam sair do local antes que tudo
vá pelos ares (quer dizer, pelos mares…) e sobreviver ao ataque do caranguejo
gigante de borracha tosco que muda a todo momento de tamanho. Olha, é uma
pérola! Até aquele costumeiro clima de suspense desse tipo de produção, com o
apelo do fantástico, vai se mantendo por Cunningham o máximo que dá. Mas uma
hora, o vilão teria que dar as caras, e aí, sacumé. Decente mesmo é quando o
sujeito é devorado pela metade pelo bicho e fica dentro de uma roupa de
mergulho e escafandro, pendurado de um lado para o outro com sangue gotejando. E
o efeito da pressão explodindo o outro caboclo (mesmo que o espatifar final
seja em off screen, infelizmente). Então Abismo do Terror fica
mesmo a título de curiosidade. E para aqueles que se lembram de sua exibição no
horário nobre dos filmes da Rede Globo às segundas-feiras nos anos 90 e tem sua
memória saudosista constantemente traída.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/28/573-abismo-do-terror-1989/
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