segunda-feira, 2 de maio de 2016

#573 1989 O ABISMO DO TERROR (DeepStar Six, EUA)


Direção: Sean S. Cunnigham
Roteiro: Lewis Abernathy, Geof Miller
Produção: Sean S. Cunningham, Patrick Markey; Mario Kassar, Andrew G. Vajna (Produtores Executivos)
Elenco: Taurean Blacque, Nancy Everhead, Greg Evigan, Miguel Ferrer, Nia Peeples, Matt McCoy, Cindy Pickett

Sempre me lembrava da história de um artrópode (foi a primeira vez que ouvi a palavra “artrópode”) gigantesco atacando um base submarina e também do sujeito que morria esmagado pelos efeitos da descompressão ao tentar voltar à superfície (foi a primeira vez que descobri os efeitos da descompressão). Mais tarde pude assisti-lo novamente e saquei duas coisas: A primeira é que a direção era de Sean S. Cunningham, ninguém mais, ninguém menos que o criador de Sexta-Feira 13. A segunda é que certos filmes não deveriam ser revistos e viver para sempre no seu intocado imaginário pueril, porque Abismo do Terror é um sci-fi B, mas com B maiúsculo, e aquele artrópode, ah, aquele artrópode que me fascinou na juventude, parece mais obra de um Roger Corman só com pouquinho (tiquinho assim, ó) mais de grana. Outro detalhe curioso quando revi é que na lata veio a suposição: mas é uma cópia deslavada de O Segredo do Abismo, de James Cameron. Mas eis que não, pois na verdade, Abismo do Terror foi lançado alguns meses antes. Na verdade MESMO, ambos os roteiros foram escritos simultaneamente (e ainda tem Leviathan, também de 1989, que é na mesma pegada) e Cameron e Lewis Abernathy, escritor deste aqui, eram amigos. O “Rei do Mundo” até pediu para o parça atrasar o lançamento do filme para ambos não competirem, mas o muy amigo tocou um foda-se, seguiu em frente com seu projeto e gerou uma treta entre os dois, resolvida somente anos mais tarde. Enfim, modinha na época, o lance de colocar humanos em perigo em uma estação no fundo do oceano não deu muito certo nesse caso aqui (e falando de bilheteria, nem em Leviathan e nem no filme de Cameron). E olha que acho uma ideia tão bacana quanto os filmes espaciais, pela mesma sensação de claustrofobia e perigo iminente. No caso, a estação DeepStar Six foi incumbida pela marinha americana de descobrir um local subaquático para instalar uma base de mísseis submersa, afinal, nunca se sabia o que os petralhas, ops, comunistas, podiam aprontar e a missão deles era trabalhar para garantir um mundo melhor. Mas ao encontrar um local inexplorado no fundo do oceano, uma imensa caverna é descoberta, e obviamente uma criatura dada como extinta há milhões de anos faria dali seu lar. Um acidente libera esse crustáceo que começará a fazer suas vítimas. Após algumas perdas trágicas, o grupo recebe ordens para realizar a descompressão e submergir. O ganancioso Van Gelder (Marius Weyers) exige que os mísseis passem por um procedimento de segurança, mas o descompensado Snyder (Miguel Ferrer) acaba detonando-os, e a onda de choque atinge a estação submarina com tudo, causando avarias irreparáveis, fazendo com que os demais tripulantes fiquem presos no local, e para piorar, com oxigênio acabando e com o resfriamento do reator danificado, tudo irá explodir dali a poucas horas. Tentando consertar o erro e se safarem é que o monstro marinho consegue adentrar o local. Mudando constantemente de proporção, diga-se de passagem, pois inicialmente a criatura era gigantesca, daquele tipo monstro abissal, sabe? Mas de repente ele passa por uma escotilha e fica ali escondidinho embaixo d’água dentro do compartimento submerso. Snyder continua sendo o rei da presepada, matando Van Gelder com uma lança que explode seu peito e depois fugindo em disparada pela cápsula de escape sem o processo de descompressão, virando sopa. No final das contas sobra o tosquíssimo casal sem a menor empatia e dono das atuações mais sofríveis, McBride (Greg Evigan), o herói, e Laidlaw (Taurean Blacque) a garota grávida em perigo, que precisam sair do local antes que tudo vá pelos ares (quer dizer, pelos mares…) e sobreviver ao ataque do caranguejo gigante de borracha tosco que muda a todo momento de tamanho. Olha, é uma pérola! Até aquele costumeiro clima de suspense desse tipo de produção, com o apelo do fantástico, vai se mantendo por Cunningham o máximo que dá. Mas uma hora, o vilão teria que dar as caras, e aí, sacumé. Decente mesmo é quando o sujeito é devorado pela metade pelo bicho e fica dentro de uma roupa de mergulho e escafandro, pendurado de um lado para o outro com sangue gotejando. E o efeito da pressão explodindo o outro caboclo (mesmo que o espatifar final seja em off screen, infelizmente). Então Abismo do Terror fica mesmo a título de curiosidade. E para aqueles que se lembram de sua exibição no horário nobre dos filmes da Rede Globo às segundas-feiras nos anos 90 e tem sua memória saudosista constantemente traída.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/28/573-abismo-do-terror-1989/

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