Direção: Mary Lambert
Roteiro: Stephen King (baseado em seu
livro)
Produção: Richard
P. Rubinstein; Mitchell Galin (Co-produtor); Ralph S. Singleton (Produtor
Associado); Tim Zinnermann (Produtor Executivo)
Elenco: Dale
Midkiff, Denise Crosby, Fred Gwyne, Brad Greenquist, Miko Hughes
Stephen King em toda a história foi certamente
o escritor que mais sofreu com péssimas adaptações de seus livros para o
cinema. A maioria delas são completas bombas! Cemitério Maldito é exatamente
uma das exceções, tendo ficado redondinho. E também é mais um caso daqueles
filmes que marcaram a infância da molecada no início dos anos 90, como eu,
quando foi exibido lá na televisão aberta. Cansado das fracas adaptações
de seus livros ao cinema, satisfeito com raras exceções como Carrie – A
Estranha e Christine – O Carro Assassino, puto com o que
Kubrick tinha feito em O Iluminado, e depois de uma enxurrada de filmes de
qualidade duvidosa produzidos por Dino De Laurentiis, King só deu o sinal
verde para a produção de Cemitério Maldito, baseado no livro homônimo de
1983, mediante a exigência de que ele mesmo escrevesse o roteiro. A
direção ficou com a então diretora de videoclipes Mary Lambert, que já havia dirigido
nomes como Madonna (inclusive o clipe de “Like a Prayer”) e Nirvana. O escritor
do Maine nos traz uma história de horror basicamente sobre a perda. Em
como não estamos preparados para perder pessoas queridas na nossa vida, e até
mesmo animais. E que na vã tentativa de confortar nossa dor, somos capazes de
cruzar barreiras intransponíveis e ir até as últimas consequências. Como é o
caso do Dr. Louis Creed (Dale Midkiff), protagonista do filme. Creed muda-se
com esposa, Rachel (Denise Crosby), e seus dois filhos, Ellie (Blaze Berdhal) e
o bebê Gage (Miko Hughes), para uma casa no interior dos EUA, onde acaba de ser
contratado para ser o médico da universidade local. A nova casa dos sonhos
porém, fica à beira de uma movimentada estrada, rota de caminhões durante dia e
noite. Logo ao se mudarem conhecem o soturno vizinho Judd Crandall
(interpretado por Fred Gwyne, o eterno Hermann do seriado Os Monstros),
responsável por apresentar aos Creed o tal cemitério de animais, onde as
crianças da cidade enterram seus bichinhos mortos, principalmente aqueles
atropelados na estrada (por isso a grafia em inglês errada, sematary, e
não cemetery). Tudo lindo, maravilhoso, até que Rachel viaja com os filhos para
passar o Dia de Ação de Graças com os pais, deixando Louis na cidade, o gato de
estimação de Ellie, Church, é encontrado morto espatifado no jardim de Judd.
Sabendo que a dor da perda seria muito grande para a menina, que ainda não sabe
lidar com as questões da morte, Judd tem a BRILHANTE ideia de levar Louis
para enterrar seu gato em um antigo cemitério indígena, além da trilha do
cemitério de animais. Só que aqueles que são enterrados naquele solo, voltam à
vida de forma agressiva e com instintos assassinos. Assim como havia acontecido
com o cachorro de Judd ou com um jovem que voltou da guerra e retornou como um
violento zumbi. Mas mesmo assim, ele teve a pachorra de levar o pobre
doutor lá para enterrar seu felino. E não dá outra! O bichano volta com um
comportamento agressivo, jogando ratos na banheira e cheirando putrefação. Em
um ensolarado dia de piquenique, os Creed se descuidam do pequeno Gage que é
atropelado por um Fenemê que vinha à
toda velocidade pela estrada, enquanto o caminhoneiro escutava “Sheena is a Punk Rocker” dos Ramones em
alto e bom som. Se fosse no Brasil, estaria ouvindo Sula Miranda ou Gaúcho da
Fronteira, certeza! E adivinha a ideia de girico do Dr. Creed? Enterrar o
garoto no cemitério índio, claro! Como você não está acostumado a ver
crianças zumbis assassinas andando para lá e para cá com um bisturi tentando
matar os pais e vizinhos, o pequeno Gage torna-se a verdadeira surpresa macabra
do filme. Com a sua risadinha, meteu medo em muita criança. Mas a cena mais
impressionante do filme é quando conhecemos a irmã de Rachel, Zelda, portadora
de uma rara meningite na espinha que a deixou inválida, de aparência
esquelética e retorcida, gritando assustadoramente o nome da irmã (RAAAAAACHEL),
que era encarregada de cuidar dela quando criança. Detalhe que é um homem quem
interpreta Zelda, pois não conseguiram encontrar uma mulher tão magra para o
papel. E ponto também para o fantasma camarada Victor Pascow (Brad Greenquist),
que desencarnou quando Creed tentava ajudá-lo, e por isso tenta dar um toque
para ele. O filme foi muito bem nas bilheterias e funciona por ser extremamente
simples e direto, tratando de seus temas assustadores. E como disse, tem
todo seu valor histórico, pelo menos para mim e toda uma geração que se
assustou com o garotinho Gage na infância. Stephen King ainda faz uma ponta
como um padre durante um enterro. E impossível desassociar Cemitério
Maldito da música tema do filme dos Ramones (eles mais uma vez!).
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/12/04/576-cemiterio-maldito-1989/
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