Direção: Rob Reiner
Roteiro: William Goldman (baseado na obra de Stephen
King)
Produção: Rob Reiner e Andrew Scheinmann, Steve
Nicolaides e Jeffrey Stott (Co-produtores)
Elenco: James Caan, Kathy Bates, Richard Farnsworth, Lauren Bacall
Taí uma das
melhores adaptações de um livro de Stephen King. O ótimo Louca Obsessão sem dúvida é
daquelas maravilhas que surgem de vez em quando perto de tantos filmes ruins
baseados no texto do escritor do Maine. Retirado do conto “Angústia”, publicado
na compilação Depois da Meia-Noite, Louca Obsessão tem como diretor Rob Reiner,
que já havia filmado outra história do escritor antes, no clássico da
Sessão da Tarde, Conta Comigo. E aqui nós vemos um trabalho
excelente de direção, um roteiro enxuto e coeso, uma ótima fotografia (último
trabalho de Barry Sonenfeld como cinematógrafo antes de se tornar diretor) e a
cereja do bolo, que é o show de interpretação da até então desconhecida Kathy
Bates, que levou o Oscar de Melhor Atriz, assim como o Globo de Ouro. Bates
é Annie Wilkes, enfermeira fã número um do escritor Paul Shedon, vivido por
James Caan. Sheldon é o criador de uma famosa personagem literária chamada
Misery, e dedicou os últimos anos de sua vida escrevendo esses romances
populares (ao melhor estilo Sabrina, saca?), mas por fim resolveu dar um ponto
final naquela história e escrever outras coisas. Ao terminar seu novo livro em
um afastado chalé nas montanhas, Sheldon sofre um terrível acidente de carro ao
voltar para Nova York durante uma tempestade de neve e é resgatado por Annie,
que presta atendimento médico ao escritor em sua própria casa, em uma fazenda
isolada. Wilkes vive por Misery, que é a inspiração de sua vida e por
conseguinte, é completamente obcecada pelo escritor. No começo ela presta toda
a assistência necessária a sua recuperação, mostrando-se uma solitária, carente
e solícita mulher. Mas conforme o filme vai avançando, vamos descobrindo a
verdadeira face psicótica da enfermeira. E é aí que Bates brilha, e brilha
muito em Louca Obsessão. As mudanças de humor, em ataques bipolares
incríveis, e seus requintes de loucura e crueldade carregam toda a tensão do
filme, que vai se tornando cada vez mais angustiante com o passar do tempo,
exatamente por você não ter ideia do que aquela surtada pode fazer na
sequência. E a famosa cena da marreta, meu amigo… Doeu até em mim, quando
assisti da primeira vez. E olha que ela é bem menos violenta do que
originalmente escrito por Stephen King no livro. Os personagens secundários,
como o xerife (Richard Farnsworth) e a agente literária de Sheldon (a veterana
Lauren Bacall) tem poucas, mas efetivas participações para completar o todo. E
vale também ver James Caan, um ator atlético e acostumado a papeis físicos,
interpretando um inválido que até tenta bolar planos mirabolantes para escapar,
mas come na mão da enfermeira e se sente impotente quase sempre. É um filme de
atores definitivamente, que vão seduzindo o espectador, cada qual a sua
maneira. E fica também, no cerne da discussão, o princípio da idolatria e até onde
vai a loucura e o exagero dos fãs, e o quanto sua vida quanto pessoa pública
famosa pode se transformar em um pesadelo graças a eles. Stephen King mesmo já
passou maus bocados por conta disso. E uma mórbida curiosidade é que um desses
fãs malucos chegou a invadir a casa de King, anunciando que estava de posse de
uma bomba, para explodir tudo pelos ares, acusando-o de roubar uma história de
sua tia, que seria no caso, “Angústia”, o conto que deu origem a Louca
Obsessão.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/02/02/604-louca-obsessao-1990/
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