Direção: Stephen Hopkins
Roteiro: Leslie Bohem; John Skipp, Craig
Spector, Leslie Bohem (história)
Produção: Rupert Harvey, Robert Shaye;
Sara Risher, John Turtle (Produtores Executivos)
Elenco: Robert
Englund, Lisa Wilcox, Kelly Jo Minter, Danny Hassel, Erika Anderson, Nicholas
Mele
Um fato curioso (e triste ao mesmo tempo)
para mim permeia A Hora do Pesadelo 5
– O Maior Horror de Freddy, a quarta sequência do filme de Wes Craven, que naquele
momento do final dos anos 80, após espremer o bagaço o máximo que poderia,
volta mais uma vez com aquela fórmula que já estava realmente dando no saco,
depois de tantas continuações e a superexposição de Freddy Krueger, que se
tornara um personagem da cultura POP. Até os 20 minutos de duração, o filme é
incrível! Sério, revendo para escrever a análise, percebi com todo pesar que
derrapa justamente a partir do momento em que Freddy Krueger aparece e solta
seu “It’s a booooooy” (é um garoto), mais uma vez um daqueles seus chistes
jocosos que estragaram completamente um personagem sinistro e sádico,
transformando-o num fanfarrão que curte uma galhofa. É até triste você parar
para pensar nisso, afinal ele é o astro, o personagem principal, o assassino
adorável de nossa infância com sua luva de garras, cara queimada, chapéu de
feltro e suéter vermelho e verde. Até então, o casal ternura do quarto filme,
Alice (Lisa Wilcox) e Dan (Danny Hassel) estão numa boa, acabaram de se formar,
preparam uma Eurotrip e tudo está às mil maravilhas, até que de repente, Alice
começa a ter sonhos com uma possível ressurreição de Freddy, porém acordada! Logo
de cara (com direito a uma cena de banho e nudez sugerida que já agrada também)
é desenvolvido todo um ambiente tétrico inerente aos pesadelos e cenários
góticos explorados pelo diretor Stephen Hopkins, que funcionam de forma
assertiva, com Alice revisitando o passado de Amanda Krueger, a mãe de Freddy,
que fora explorado lá em A Hora do Pesadelo 3 – Os Guerreiros
dos Sonhos,
sendo deixada a própria sorte no manicômio e estuprada pelos internos, que
gerou o fruto do vosso ventre, Freddy. Todo um clima realmente soturno que
vimos bastante em A Hora do Pesadelo original e também em sua terceira
parte, aqui é resgatado em um exímio trabalho, até que Freddy volta a vida,
dessa vez utilizando o feto que Alice carrega, pois ela está grávida,
manipulando os sonhos do recém-formado para conseguir fazer suas vítimas,
alimentar-se de suas almas e tentar voltar à vida. Esse escapismo do roteiro
também é um leve sopro de originalidade muito bem vindo. Mas depois do “It’s a
booooy”, mais uma vez vemos o repeteco dos outros filmes, as mortes
mirabolantes (mesmo a excelente morte da bulímica Greta, aspirante a modelo,
pressionada por sua mãe megera, sendo empaturrada de comida até a morte) sempre
seguidas de uma piadinha de gosto duvidoso, as batalhas toscas nos sonhos e uma
solução deveras apressada envolvendo a mamãe Krueger também. E como se não bastasse, temos a cena que quando
você é moleque acha o máximo, mas quando fica mais velho, sente vergonha
alheia, do Super Freddy, talvez o momento mais lembrado dessa quinta parte. E
vale salientar também que originalmente o filme seria muito mais violento, com
cenas das mortes mais extensas e sanguinárias, mas os produtores, querendo
levar os adolescentes ao cinema, base de fãs do Freddy, cortou tudo que podia
para evitar levar uma classificação alta. Mas o diretor Stephen Hopkins precisa
ficar o máximo de fora de toda e qualquer crítica ao filme, pois seu trabalho
realmente é interessantíssimo, no que concerne a exploração dos ambientes dos
sonhos e todos seus ambientes oníricos, assim como o trabalho hercúleo de
gravar um filme em QUATRO semanas, por imposição do estúdio, e tendo apenas
outras QUATRO para editá-lo. Como recompensa, o sujeito acabou ganhando a
direção de Predador 2 – A Caçada Continua. Uma curiosidade é que Stephen King e
o quadrinista Frank Miller foram convidados para escrever o roteiro e dirigir o
longa, ideia abortada por ambos. Sabe-se lá o que esses dois poderiam ter feito
com o filme. Eu não colocaria minha mão no fogo por nenhum deles, pois sabemos
tanto dos acertos, mas principalmente dos erros dessa dupla (Comboio do Terror e The Spirit estão aí para não me
deixar mentir). A Hora do Pesadelo 5 – O Maior Horror de Freddy (ou o
maior horror de um subtítulo nacional) veio em um momento de ressaca do cinema
de horror, que preparava terreno para as trevas vindouras para o gênero nos
anos 90, da derrocada dos slashers,
outrora sinônimos de público, e da inferioridade da quarta parte, que não se
refletiu em sua bilheteria, sendo a maior da série. O resultado foi desastroso:
apesar de estrear em terceiro lugar nas bilheterias, foi caindo semana após
semana e faturou “só” 22 milhões (mesmo mediante o orçamento de oito milhões),
menor resultado da franquia até o lançamento de O Novo Pesadelo – O
Retorno de Freddy Krueger, cinco anos mais tarde.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/12/06/578-a-hora-do-pesadelo-5-o-maior-horror-de-freddy-1989/
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