terça-feira, 3 de maio de 2016

#578 1989 A HORA DO PESADELO V O MAIOR HORROR DE FREDDY (A Nightmare on Elm Street: The Dream Child, EUA)


Direção: Stephen Hopkins
Roteiro: Leslie Bohem; John Skipp, Craig Spector, Leslie Bohem (história)
Produção: Rupert Harvey, Robert Shaye; Sara Risher, John Turtle (Produtores Executivos)
Elenco: Robert Englund, Lisa Wilcox, Kelly Jo Minter, Danny Hassel, Erika Anderson, Nicholas Mele

Um fato curioso (e triste ao mesmo tempo) para mim permeia A Hora do Pesadelo 5 – O Maior Horror de Freddy, a quarta sequência do filme de Wes Craven, que naquele momento do final dos anos 80, após espremer o bagaço o máximo que poderia, volta mais uma vez com aquela fórmula que já estava realmente dando no saco, depois de tantas continuações e a superexposição de Freddy Krueger, que se tornara um personagem da cultura POP. Até os 20 minutos de duração, o filme é incrível! Sério, revendo para escrever a análise, percebi com todo pesar que derrapa justamente a partir do momento em que Freddy Krueger aparece e solta seu “It’s a booooooy” (é um garoto), mais uma vez um daqueles seus chistes jocosos que estragaram completamente um personagem sinistro e sádico, transformando-o num fanfarrão que curte uma galhofa. É até triste você parar para pensar nisso, afinal ele é o astro, o personagem principal, o assassino adorável de nossa infância com sua luva de garras, cara queimada, chapéu de feltro e suéter vermelho e verde. Até então, o casal ternura do quarto filme, Alice (Lisa Wilcox) e Dan (Danny Hassel) estão numa boa, acabaram de se formar, preparam uma Eurotrip e tudo está às mil maravilhas, até que de repente, Alice começa a ter sonhos com uma possível ressurreição de Freddy, porém acordada! Logo de cara (com direito a uma cena de banho e nudez sugerida que já agrada também) é desenvolvido todo um ambiente tétrico inerente aos pesadelos e cenários góticos explorados pelo diretor Stephen Hopkins, que funcionam de forma assertiva, com Alice revisitando o passado de Amanda Krueger, a mãe de Freddy, que fora explorado lá em A Hora do Pesadelo 3 – Os Guerreiros dos Sonhos, sendo deixada a própria sorte no manicômio e estuprada pelos internos, que gerou o fruto do vosso ventre, Freddy. Todo um clima realmente soturno que vimos bastante em A Hora do Pesadelo original e também em sua terceira parte, aqui é resgatado em um exímio trabalho, até que Freddy volta a vida, dessa vez utilizando o feto que Alice carrega, pois ela está grávida, manipulando os sonhos do recém-formado para conseguir fazer suas vítimas, alimentar-se de suas almas e tentar voltar à vida. Esse escapismo do roteiro também é um leve sopro de originalidade muito bem vindo. Mas depois do “It’s a booooy”, mais uma vez vemos o repeteco dos outros filmes, as mortes mirabolantes (mesmo a excelente morte da bulímica Greta, aspirante a modelo, pressionada por sua mãe megera, sendo empaturrada de comida até a morte) sempre seguidas de uma piadinha de gosto duvidoso, as batalhas toscas nos sonhos e uma solução deveras apressada envolvendo a mamãe Krueger também.  E como se não bastasse, temos a cena que quando você é moleque acha o máximo, mas quando fica mais velho, sente vergonha alheia, do Super Freddy, talvez o momento mais lembrado dessa quinta parte. E vale salientar também que originalmente o filme seria muito mais violento, com cenas das mortes mais extensas e sanguinárias, mas os produtores, querendo levar os adolescentes ao cinema, base de fãs do Freddy, cortou tudo que podia para evitar levar uma classificação alta. Mas o diretor Stephen Hopkins precisa ficar o máximo de fora de toda e qualquer crítica ao filme, pois seu trabalho realmente é interessantíssimo, no que concerne a exploração dos ambientes dos sonhos e todos seus ambientes oníricos, assim como o trabalho hercúleo de gravar um filme em QUATRO semanas, por imposição do estúdio, e tendo apenas outras QUATRO para editá-lo. Como recompensa, o sujeito acabou ganhando a direção de Predador 2 – A Caçada Continua. Uma curiosidade é que Stephen King e o quadrinista Frank Miller foram convidados para escrever o roteiro e dirigir o longa, ideia abortada por ambos. Sabe-se lá o que esses dois poderiam ter feito com o filme. Eu não colocaria minha mão no fogo por nenhum deles, pois sabemos tanto dos acertos, mas principalmente dos erros dessa dupla (Comboio do Terror e The Spirit estão aí para não me deixar mentir). A Hora do Pesadelo 5 – O Maior Horror de Freddy (ou o maior horror de um subtítulo nacional) veio em um momento de ressaca do cinema de horror, que preparava terreno para as trevas vindouras para o gênero nos anos 90, da derrocada dos slashers, outrora sinônimos de público, e da inferioridade da quarta parte, que não se refletiu em sua bilheteria, sendo a maior da série. O resultado foi desastroso: apesar de estrear em terceiro lugar nas bilheterias, foi caindo semana após semana e faturou “só” 22 milhões (mesmo mediante o orçamento de oito milhões), menor resultado da franquia até o lançamento de O Novo Pesadelo – O Retorno de Freddy Krueger, cinco anos mais tarde.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/12/06/578-a-hora-do-pesadelo-5-o-maior-horror-de-freddy-1989/

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