Direção: William
Friedkin
Roteiro: Stephen
Volk, Dan Greenburg, William Friedkin (baseado no livro de Dan Greenburg)
Produção: Joe
Wizan; Todd Black, Mickey Borofsky, Dan Greenburg (Coprodutores); David Salven
(Produtor Executivo)
Elenco: Jenny
Seagrove, Dwier Brown, Carey Lowell, Brad Hall, Miguel Ferrer, Natalija
Nogulich
A Árvore da Maldição foi um hit do
VHS na minha infância. Devo tê-lo visto pouco antes de meados dos anos 90, e já
tinha iniciado minha cultura cinematográfica, então sabia bem que William
Friedkin era ninguém menos que o diretor de O Exorcista. Lembro-me de ter achado um filme mais ou
menos a priori. Mas saudoso. Claro que essa opinião não mudou, mas foi deveras
interessante rever essa produção B, que tem lá seus momentos exatamente por ter
o nome de Friedkin envolvido na direção, mesmo ele admitindo que só o dirigiu
como um favor para o produtor Joe Wizam (e ainda foi a segunda escolha da
Universal, a primeira foi Sam Raimi, que declinou por conta deDarkman –
Vingança sem Rosto). Não teremos nada ao nível de um cara que tem em seu
currículo Operação França, mas em se tratando dos sofríveis anos 90, e a
sangreira derramada, vale o entretenimento.
Fora que temos a bela e sensualíssima
personagem Camilla, a bruxa druida de sotaque inglês escrava da tal “árvore da
maldição”, vivida pela atriz Jenny Seagrove, que além de representar uma vilã
digna, sem ser caricata (e até dissimulada em certos momentos), também esbanja
sensualidade e com direito a várias cenas de nudez. Lá na minha infância, foi
motivo de alguns, há, sonhos molhados, digamos assim. A história em si, escrita
a seis mãos por Dan Greenburg (autor do livro “The Nanny”, o qual o filme é
baseado), Stephen Volk (que teve um colapso durante o tratamento do roteiro) e
o próprio Friedkin (que assumiu a escrita após o colapso), tem toda uma pegada
mística celta interessante, com o lance de certa ordem dos druidas venerarem
árvores como seres poderosíssimos, que podem ser benevolentes ou, claro,
malignos, e que possuem uma guardiã que sacrifica jovens bebês para o vegetal.
Então se você está a procura desses recém-nascidos, qual seria seu emprego
ideal? Babá, obvio. No começo da trama, um casal está preste a viajar, e uma
babá que não vimos o rosto desfila como uma presença sobrenatural cuidando do
bebê e do filho mais velho, que ganhou um livro pop-up com a história
de João e Maria, onde ao abrir as páginas, uma imensa árvore de galhos
retorcidos pula das e dá toda aquela conotação verdadeiramente macabra das
fábulas, nada da besteira que a Dinsey fez depois. A esposa esquece os óculos,
o casal volta para casa e não encontra mais nem a babá, nem o bebê, que foi
oferecido para a árvore secular. Elipse de três meses e um jovem
casal yuppie, Phil (Dwier Brown) e Kate (Carey Lowell) muda-se de Chicago
para a Califórnia e não demoram para terem um filho. Camilla, uma babá quase
perfeita, entra na vida deles cuidando da criança, cozinhando, limpando,
fazendo compras e ainda excitando o mardião, tomando banho pelada com o bebê
sem nenhum pudor e logo depois aparecendo em seus sonhos mandando ver. Mas eis
que logo eles irão descobrir da pior forma a verdadeira identidade de Camilla e
então começará a velha luta pela vida do bebê antes dele ser sacrificado para o
“Ent” maligno que irá fazer em pedaços todos aqueles que se meter em seu
caminho. É a força devastadora da natureza animatrônica em todo seu esplendor,
que conta até com a ajuda de uma sinistra matilha de lobos, porque convenhamos,
é bem fácil escapar de uma árvore, certo? Afinal, é só ficar longe do alcance
de seus galhos. O lampejo de Friedkin na direção é visível, principalmente na
construção da atmosfera, e há até uma tentativa de emular O
Exorcista de alguma forma (os créditos iniciais são gritantemente
plagiados), principalmente no contexto da degradação da relação familiar a
partir do surgimento de uma terceira parte sobrenatural (uma druida, o capeta,
tanto faz…). A cena do ataque dos lobos ao arquiteto Ned Runcie (Brad Hall –
péssimo, por sinal) é de uma sufocante tensão prolongada, mostrando a grande
diferença se outro diretor tivesse assumido a cadeira, o que faria com que a
fita se transformasse mais um terror B da época, principalmente por conta da
quantidade de sangue despejado. E são esses momentos de sangue despejado
que A Árvore da Maldição esquece toda e qualquer pretensão e
mostra-se genuíno, aflorando um lado gore de Friedkin até então
inédito, como a perseguição de um bando de punks tentando estuprar
Camilla, estraçalhados pela árvore e seus bichinhos de estimação, ou o violento
final quando o protagonista parte com uma serra elétrica para cima da árvore,
cortando-a em pedações e banhando-se de sangue (sim, nada de seiva, é sangue
mesmo – e 500 galões para ser mais preciso) e Camilla vai sofrendo as
consequências desse ataque. O veredicto é que revisto, A Árvore da
Maldição não é tão ruim quanto eu lembrava, é mais gráfico que eu tinha em
memória, mas continua sendo nada memorável, uma fita de terror que você esquece
simplesmente de sua existência ao terminar os créditos finais (exceto se ele
foi um hit do VHS na sua infância, ou das infinitas reprises no Supercine),
mesmo com Friedkin na direção. Aliás, até ele mesmo não parece se lembrar desse
filme, uma vez que sequer o citou no livro de suas memórias, “The Friedkin
Connection”.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/01/14/591-a-arvore-da-maldicao-1990/
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