segunda-feira, 2 de maio de 2016

#577 1989 HALLOWEEN V A VINGANÇA DE MICHAEL MYERS (Halloween 5, EUA)


Direção: Dominique Othenin-Girard
Roteiro: Michael Jacobs, Dominique Othenin-Girard, Shem Bitterman
Produção: Ramsey Thomas; Moustapha Akad (Produtor Executivo)
Elenco: Donald Pleasence, Danielle Harris, Ellie Cornell, Beau Starr, Jeffrey Landman, Tamara Glynn, Don Shanks

Tudo bem, nada se compara as recentes atrocidades que Rob Zombie cometeu, mas esse Halloween 5 – A Vingança de Michael Myers é de uma mediocridade sem tamanho. É o tipo de filme que você assiste, dá cinco minutos que ele termina e aí você nem consegue mais lembrar direito do que acabou de acontecer, tamanha sua insignificância. E pensar que eles tinham a faca, a máscara inexpressiva e o queijo na mão para balançar o status quo da série slasher neste quinto filme da franquia, por conta do ótimo final de Halloween 4: O Retorno de Michael Myers. Foi mais ou menos a expectativa criada ao término do igualmente sofrível Sexta-Feira 13 – Parte 5 – Um Novo Começo, quando aquele desfecho nos fazia crer que Tommy Jarvis herdaria a máscara de hóquei de Jason Voorhees e se tornaria o maníaco dos próximos filmes. Aqui no caso, a pequena Jamie Lloyd (Danielle Harris), sobrinha do titio Michael Myers, tenta assassinar sua madrasta em um arroubo igual ao do pequeno serial killer no começo da obra seminal de John Carpenter. Até o eterno Sam Loomis (Donald Pleasence) fica transtornado e tenta matar a garotinha, sabendo que o mal havia passada de geração (ainda mais com o suposto Myers fuzilado e enterrado no poço). Originalmente, o roteiro escrito por Shem Bitterman trazia essa ousadia à história, colocando Jamie como a assassina desta sequência. Mas, eis que o famigerado produtor Moustapha Akad, até vacinado pela avalanche de críticas que a franquia rival recebeu e tratou de trazer Jason de volta em Sexta-Feira 13 – Parte 6 – Jason Vive, vetou o roteiro e arrumou um jeito de Michael Myers continuar sendo o vilão da vez em mais uma continuação, o que resultou em um filme pífio e execrável. Jamie está recebendo tratamento em uma instituição psiquiátrica após os acontecidos do final do longa anterior, sempre supervisionada por Loomis, que nessa altura do campeonato não faz mais nada na vida além de ficar praguejando, esperando a volta indefectível de Myers e tentar de uma vez por outra dar cabo da criatura maligna indestrutível. Enquanto isso, o psicopata consegue mais uma vez escapar da saraivada de tiros e da queda do poço, cavando um buraco para fora, indo parar numa cabana de um pescador que resolve cuidar do sujeito (e assim, nunca sequer pensa em avisar a polícia e tudo mais). Depois de um ano, afinal, ele só ataca no Dia das Bruxas, finalmente sai do seu esconderijo (vai saber o que ele e o pescador ficaram fazendo por lá durante todo esse tempo) à caça de Jamie. Depois disso é sempre mais do mesmo e Myers começa a fazer suas vítimas, usando facas, garfo de feno, tesoura, foice, e até um carro (lembra que ele aprendeu a dirigir misteriosamente no sanatório lá no primeiro filme né?) em busca da sobrinha, que agora possui uma espécie de elo telepático com o tio, que será usado por Loomis para encontrar sua nêmese e a batalha final se desenrolar em sua antiga casa em Haddonfield. Rola até um vislumbre do rosto de Michael em uma cena com a sobrinha. Talvez o único ponto positivo do longa, é que antes dos primeiros 20 minutos, Rachel, a irmã adotiva de Jamie, heroína do filme anterior, vivida novamente por Ellie Cornell, é assassinada, dando um interessante ponto de ruptura do modelo convencional. Originalmente ela deveria ter sua garganta cortada por uma tesoura, mas por protestos da atriz, foi “só” apunhalada mesmo. Isso contra ainda a vontade do conservador Akad, que se arrependeu e gostaria que ela continuasse viva. Mas aí nem teria pelo menos isso para prestar. Também no roteiro escrito por Bitterman, antes da revisão de Michael Jacobs e do também diretor Dominique Othenin-Girard, começaria a ser construída aquela explicação toda mística sobre runas e druidas que estaria presente na sexta parte. Repare, por exemplo, no surgimento repentino de uma tatuagem no pulso de Michael, e inclusive o tal pescador que virou babá de Myers naquele ano todo, usaria certos encantamentos para trazê-lo de volta a vida. Por conta dessa mudança brusca de roteiro, as filmagens se iniciaram sem um texto final, muitas cenas foram improvisadas, editadas, reescritas no andar da carruagem e isso contribuiu demais para a falta de nexo, objetividade e continuidade do longa.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Vale salientar também que Halloween 5 serviu apenas como um subterfúgio para preparar terreno para a próxima vergonhosa sequência, principalmente com seu tosquíssimo final em aberto. No decorrer do filme vemos um sujeito batizado de “homem de preto”, vestido de capote e chapéu, que aparece algumas vezes, até ser encaixado em uma cena chave (e deprimente) em seu final, aparecendo na delegacia em que Myers está preso e simplesmente fuzilando todo mundo lá dentro, em uma cena off screem. Jamie, a sobrevivente mais uma vez, entra sozinha na delegacia, vê todos os policiais mortos, Myers sumiu da cela e fade out. O filme termina com você querendo jogar o sapato na televisão. E o pior é que a sexta parte seria lançada somente seis longos anos depois. Burocrático, frouxo, remendado, desinteressante, sem razão de assistir. Halloween 5 – A Vingança de Michael Myers só não é o pior filme da franquia (mas trabalhou arduamente para tal) porque tem outra continuação ainda pior, as sequências de Halloween H20 que são verdadeiras aberrações nos anos 2000 e claro, as indecências de Zombie.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/12/05/577-halloween-5-a-vinganca-de-michael-myers-1989/

Nenhum comentário:

Postar um comentário