Direção: Erle C. Kenton
Roteiro: Edward T. Lowe
Produção: Paul Mavern, Joe Gershenson (Produtor Executivo)
Elenco: Lon Chaney Jr., John Carradine, Martha O’Driscoll, Lionel Atwill, Onslow Stevens, Jane Adams
Mais uma presepada da Universal com seus monstros, que um dia foram tão fantásticos e nessa altura do campeonato, viraram chacota. Felizmente, A Casa do Drácula é a última incursão dessas adoráveis criaturas no cinema, fechando de vez a Era de Ouro de terror do estúdio. E quando pensávamos que a vergonha alheia não poderia ser maior, eis que o diretor Erle C. Kenton (que já havia dirigido A Casa de Frankenstein), com a ajuda do roteiro de Edward T. Lowe consegue nos apresentar mais um filme meia boca, com uma história das mais esdrúxulas, encerrando de forma deprimente o ciclo de monstros da Universal. Novamente, estão reunidos o Conde Drácula, o lobisomem e o monstro de Frankenstein para seu derradeiro adeus, e mais uma vez rola também um cientista louco e uma corcunda (sim, do sexo feminino). Pois bem, o filme começa com Conde Drácula, mas uma vez interpretado por John Carradine, que nunca convenceu nem um pouco como o chupador de sangue, chegando até a casa do proeminente Dr. Franz Edelmahn, em busca de uma cura para seu vampirismo. Sim, é isso mesmo que você leu. Em busca de uma cura! O maligno conde está cansado da sua maldição e sua vida praticando atos nefastos e resolve procurar um médico para curá-lo. Segundo as pesquisas do Dr. Edelmahn, o vampirismo é uma doença sanguínea, e através da transfusão do sangue de alguém não contaminado (no caso o próprio médico é a cobaia), Drácula irá receber novos anticorpos que colocarão um fim na sua condição de vampiro. Claro, afinal tudo se resume a uma doença sanguínea. Não ter reflexo no espelho, torrar com a luz do sol, transformar-se em morcego e fugir da cruz são apenas efeitos colaterais da tal doença do sangue. Como se não bastasse, outro monstro vai ter uma consulta com o médico: Larry Talbot, conhecido na boca pequena como o lobisomem. Mais uma vez o amargurado personagem de Lon Chaney Jr. quer se livrar da sua maldição de virar uma assassina criatura peluda que uiva para a lua cheia. Ignorando completamente a cronologia estabelecida em A Casa de Frankenstein, onde ele havia sido morto com um tiro de bala de prata, Talbot também recebe o diagnóstico do médico: a licantropia é causada por uma pressão na caixa cerebral do indivíduo, fazendo com que ele sofra de uma espécie de auto-hipnose tão poderosa que irá liberar uma grande quantidade de hormônio que irá transformá-lo no lobisomem. Mas há uma cura. Como uma cirurgia no cérebro para dilatar a caixa craniana seria extremamente perigosa, o doutor, ajudado por uma enfermeira e a sua assistente corcunda (é claro que ele tem uma assistente corcunda para ajudá-lo) cultiva uma espécie raríssima de planta que produz um esporo que serve como uma antitoxina que irá resolver de vez o problema do peludão, sem precisar ir para a faca. Como se não bastasse, o Dr. Edelmahn ainda encontra o monstro de Frankenstein em uma gruta localizada em um precipício na encosta, quando estava procurando por Talbot, que resolveu se jogar na tentativa de se matar de uma vez por todas. Daí, agora respeitando os acontecimentos de A Casa de Frankenstein, o monstro está todo envolto em lama, segurando o esqueleto do Dr. Friemann (o personagem de Karloff no filme anterior da saga), tendo chegado naquele local, levado pela correnteza após afundarem na areia movediça. Agora que todos os monstros estão reunidos sobre a batuta do médico, descobrimos a verdadeira intenção de Drácula, que não é se livrar do seu problema coisa nenhuma. Ele foi atrás da enfermeira Miliza (não a corcunda, a bonitinha), antigo caso do vampiro, para transformá-la em uma criatura das trevas assim como ele. Mas precisou fazer tudo isso? Não era mais fácil virar um morcego, entrar pela janela da rapariga e chupar seu sangue? Enfim. Em uma transfusão mal sucedida, Drácula acaba passando seu sangue para o Dr. Edelmahn, que se transforma em um assassino ensandecido, com alguns poderes do Conde, e resolve também ressuscitar mais uma vez o monstro de Frankenstein, que aparece nos três minutos finais do filme apenas para dar um safanão em um polícia (da equipe do inspetor Holtz, mais uma vez interpretado por Lionel Atwill, que parece só saber fazer inspetores de polícia nos filmes da Universal) e levar com uma estante na cabeça, derrubada por Talbot (curado de uma vez por todas da licantropia). O laboratório do doutor pega fogo, e em um mesmo filme, temos Drácula e o monstro de Frankenstein derrotados e o lobisomem curado para sempre. Por mais inverossímil que pareça realmente essa tosqueira toda teve a coragem de ser filmada. A Casa do Drácula beira o ridículo em todo o seu enredo, chegando a ser triste seu resultado final, por mais que eu goste de filmes podres. Apenas algumas coisas se salvam na direção de Kenton (que entre seus trabalhos, tem o ótimo A Ilha das Almas Selvagens), como algumas excelentes brincadeiras com sombras dos personagens, que lembra vagamente o que era feito no expressionismo alemão, e a aparente melhora nos efeitos especiais, principalmente na transformação de Drácula em morcego e vice-versa. Mas o resto todo é sofrível, em pegar toda a explicação sobrenatural e mística da origem dos personagens, e inventar uma patética teoria médica e científica em cada caso. Descansem em paz, Conde Drácula, lobisomem e o monstro de Frankenstein.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/01/16/62-a-casa-de-dracula-1945/
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