Direção: Peter
Newbrook
Roteiro: Brian
Comport, Christina Beers e Laurence Beers (história)
Produção: John Brittany,
Maxine Julius (Produtora Associada)
Elenco: Robert
Stephens, Robert Powell, Jane Lapotaire, Alex Scott, Ralph Arliss, Fiona Walker
O Espírito da Morte é um filme bastante interessante. Apesar de
eu, particularmente, achar datado até mesmo para sua época, por trazer aquelas
características do cinema gótico de horror, muito comum durante todos os anos
60, em um momento cinematográfico em que o gênero tornara-se cada vez mais
brutal e factível, não deixa de trazer uma história das mais criativas, malucas
e afetadas. E o tema que se envolve nesse enredo são as tentativas de um
cientista em capturar o espírito da morte, o tal Asphyx do título original, que
é a materialização de uma força sobrenatural fantasmagórica que aparece para
cada indivíduo no momento de sua morte, e aprisioná-lo em um recipiente, o que
daria a vida eterna àquele que tivesse o seu Asphyx capturado. Uma maluquice
né? Aquele tipo de ideia esdrúxula que só o cinema de terror pode te oferecer.
Mas acontece que apesar dessa premissa, digamos, engenhosa, o filme é muito bem
construído e te mantém ligado até o final da película, lembrando bastante os
tempos áureos da Hammer e colocando o personagem principal, Sir Hugo Cunningham
(Robert Stephens), até como uma espécie de discípulo metafísico do Dr.
Frankenstein. E o final também é dos mais bacanas e pessimistas. Na verdade,
Cunningham é um estudioso de fenômenos sobrenaturais em uma sociedade de
parapsicologia na Inglaterra vitoriana. Sua última investigação é o intrigante
aparecimento de uma mancha estranha em todas as fotos, tiradas por pessoas
diferentes, de indivíduos pouco antes de seu falecimento. A sociedade conclui
que é a evidência da alma deixando o corpo no momento da morte. Utilizando
técnicas avançadas de física, química, fotografia e ótica, Cunningham irá
descobrir, no meio de evolução de sua pesquisa, o tal Asphyx, quando ele
projeta uma espécie de luz ultravioleta em um condenado sendo enforcado em
praça pública, concluindo também que aquela combinação de elementos químicos e
visuais chama a atenção do espírito e com isso, ele será capaz de prendê-lo. Cunningham
não está sozinho nessa empreitada. Seu braço direito será seu genro e
protegido, Giles (Robert Powell), que está preste a pedir a mão de sua filha,
Christina Cunningham (Jane Lapotaire) em casamento. A obstinação de Hugo pelo
Asphyx tem seu estopim após uma tragédia que acometeu a família, quando em um
idílico passeio de barco, onde o pesquisador filmava os familiares, seu filho
mais velho, Clive (Ralph Arliss) e sua recém e apaixonada noiva, Anna Wheatley
(Fiona Wlaker), morrem afogados em um acidente. Após o sucesso em capturar o
Asphix de um porquinho da Índia, o próximo passo, obviamente é passar para os
humanos. Sir Hugo será cobaia de seu próprio teste, para que seu espírito fique
guardado em segurança em uma caixa selada no mausoléu da família, e só Giles
teria a combinação para abrir essa caixa. Após quase ser morto eletrocutado em
uma cadeira elétrica, o experimento é bem sucedido e Hugo começa a pressionar
Giles e Christina para que seus Asphyxes (será esse o plural?) também sejam
capturados, e assim, vivam eternamente, para Hugo não ter de viver com a dor da
morte dos entes queridos mais uma vez.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e
risco.
Até aí tudo uma maravilha, certo?
Até que as coisas irão complicar quando Hugo e Giles tentarão capturar o Asphyx
da assustada e contrária Christina. A moça é colocada em uma guilhotina, para
forjar sua morte, só que a experiência dá terrivelmente errada quando o mesmo
porquinho da Índia rói os cabos da traquitana e a donzela acaba sendo degolada.
Como vingança, Giles obriga Hugo a também transformá-lo, para que ambos possam
sofrer toda a eternidade a dor da perda, enquanto Hugo na verdade prefere e
morte e barganha para que o seu Asphyx seja liberado. Giles sacaneia Hugo, dá
uma combinação errada e acaba morrendo durante a experiência, condenando o
pobre diabo a uma vida eterna de sofrimento e culpa. Isso nos leva a primeira e
última cena do filme, com Hugo extremamente velho, deformado, louco e vivendo
como um mendigo com seu porquinho da Índia, envolvendo-se em um acidente de
carro já na Londres dos anos 70, porém, continuando ainda vivo, por toda a
eternidade. Abusando de vários clichês do gênero e com efeitos especiais
que na época deveriam ser assustadores e chocantes e hoje são
ultrapassados, O Espírito da Morte destaca-se por sua originalidade e
por um tema controverso e obscuro. Foi rodado no mesmo Shepperton Studio em Londres,
famoso pelas produções da Hammer e da Amicus, quando a Inglaterra era uma dos
mais vastos celeiros do cinema de horror do mundo.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/10/10/281-o-espirito-da-morte-1973/
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