sábado, 17 de outubro de 2015

#281 1973 THE ASPHYX O ESPÍRITO DA MORTE (The Asphyx, Reino Unido)


Direção: Peter Newbrook
Roteiro: Brian Comport, Christina Beers e Laurence Beers (história)
Produção: John Brittany, Maxine Julius (Produtora Associada)
Elenco: Robert Stephens, Robert Powell, Jane Lapotaire, Alex Scott, Ralph Arliss, Fiona Walker

O Espírito da Morte é um filme bastante interessante. Apesar de eu, particularmente, achar datado até mesmo para sua época, por trazer aquelas características do cinema gótico de horror, muito comum durante todos os anos 60, em um momento cinematográfico em que o gênero tornara-se cada vez mais brutal e factível, não deixa de trazer uma história das mais criativas, malucas e afetadas. E o tema que se envolve nesse enredo são as tentativas de um cientista em capturar o espírito da morte, o tal Asphyx do título original, que é a materialização de uma força sobrenatural fantasmagórica que aparece para cada indivíduo no momento de sua morte, e aprisioná-lo em um recipiente, o que daria a vida eterna àquele que tivesse o seu Asphyx capturado. Uma maluquice né? Aquele tipo de ideia esdrúxula que só o cinema de terror pode te oferecer. Mas acontece que apesar dessa premissa, digamos, engenhosa, o filme é muito bem construído e te mantém ligado até o final da película, lembrando bastante os tempos áureos da Hammer e colocando o personagem principal, Sir Hugo Cunningham (Robert Stephens), até como uma espécie de discípulo metafísico do Dr. Frankenstein. E o final também é dos mais bacanas e pessimistas. Na verdade, Cunningham é um estudioso de fenômenos sobrenaturais em uma sociedade de parapsicologia na Inglaterra vitoriana. Sua última investigação é o intrigante aparecimento de uma mancha estranha em todas as fotos, tiradas por pessoas diferentes, de indivíduos pouco antes de seu falecimento. A sociedade conclui que é a evidência da alma deixando o corpo no momento da morte. Utilizando técnicas avançadas de física, química, fotografia e ótica, Cunningham irá descobrir, no meio de evolução de sua pesquisa, o tal Asphyx, quando ele projeta uma espécie de luz ultravioleta em um condenado sendo enforcado em praça pública, concluindo também que aquela combinação de elementos químicos e visuais chama a atenção do espírito e com isso, ele será capaz de prendê-lo. Cunningham não está sozinho nessa empreitada. Seu braço direito será seu genro e protegido, Giles (Robert Powell), que está preste a pedir a mão de sua filha, Christina Cunningham (Jane Lapotaire) em casamento. A obstinação de Hugo pelo Asphyx tem seu estopim após uma tragédia que acometeu a família, quando em um idílico passeio de barco, onde o pesquisador filmava os familiares, seu filho mais velho, Clive (Ralph Arliss) e sua recém e apaixonada noiva, Anna Wheatley (Fiona Wlaker), morrem afogados em um acidente. Após o sucesso em capturar o Asphix de um porquinho da Índia, o próximo passo, obviamente é passar para os humanos. Sir Hugo será cobaia de seu próprio teste, para que seu espírito fique guardado em segurança em uma caixa selada no mausoléu da família, e só Giles teria a combinação para abrir essa caixa. Após quase ser morto eletrocutado em uma cadeira elétrica, o experimento é bem sucedido e Hugo começa a pressionar Giles e Christina para que seus Asphyxes (será esse o plural?) também sejam capturados, e assim, vivam eternamente, para Hugo não ter de viver com a dor da morte dos entes queridos mais uma vez.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Até aí tudo uma maravilha, certo? Até que as coisas irão complicar quando Hugo e Giles tentarão capturar o Asphyx da assustada e contrária Christina. A moça é colocada em uma guilhotina, para forjar sua morte, só que a experiência dá terrivelmente errada quando o mesmo porquinho da Índia rói os cabos da traquitana e a donzela acaba sendo degolada. Como vingança, Giles obriga Hugo a também transformá-lo, para que ambos possam sofrer toda a eternidade a dor da perda, enquanto Hugo na verdade prefere e morte e barganha para que o seu Asphyx seja liberado. Giles sacaneia Hugo, dá uma combinação errada e acaba morrendo durante a experiência, condenando o pobre diabo a uma vida eterna de sofrimento e culpa. Isso nos leva a primeira e última cena do filme, com Hugo extremamente velho, deformado, louco e vivendo como um mendigo com seu porquinho da Índia, envolvendo-se em um acidente de carro já na Londres dos anos 70, porém, continuando ainda vivo, por toda a eternidade. Abusando de vários clichês do gênero e com efeitos especiais que na época deveriam ser assustadores e chocantes e hoje são ultrapassados, O Espírito da Morte destaca-se por sua originalidade e por um tema controverso e obscuro. Foi rodado no mesmo Shepperton Studio em Londres, famoso pelas produções da Hammer e da Amicus, quando a Inglaterra era uma dos mais vastos celeiros do cinema de horror do mundo.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/10/10/281-o-espirito-da-morte-1973/

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