Direção: Phil Karlson
Roteiro: Gilbert A. Ralston
Produção: Mort Briskin, Joel Briskin (Produtor Associado), Charles
A. Pratt (Produtor Executivo)
Elenco: Lee Montgomery, Joseph Campanella, Arthur O’Connell,
Rosemary Murphy, Meredith Baxter
Algumas daquelas
bizarras coincidências do destino me fizeram assistir Ben, o Rato
Assassino na noite da véspera dos quatro anos da morte de
Michael Jackson (mas como o filme passou da meia-noite, então já era 25 de
junho). Sim, eu assisto aos filmes e vou produzindo os textos para o blog, e
deixando em stand by, esperando a data certa para postá-los. Essa é
minha mecânica. Meus textos estão muito mais adiantados do que os que vocês
leem aqui. Pois bem, isso tudo porque Ben, o Rato Assassino é muito
mais famoso pela música tema cantada por um púbere Michael Jackson, com a
singela letra do menino sem amigos e seu rato, do que por esse obscuro filme em
si, continuação de Calafrio, lançado no ano anterior
(original que inspirou A Vingança de Willard, esse provavelmente mais
conhecido que os dois filmes setentistas juntos). Aposto que MUITA gente canta
e se emociona com essa canção, sem imaginar que ela foi composta para um rato
que comanda um exército de roedores que toca o terror em uma cidadezinha,
enquanto é acalentado por um garoto tristonho que precisa urgente de um
transplante de coração. Cafonices musicais do Rei do Pop à parte, Ben, o
Rato Assassino é um filme duro de roer (desculpe pelo trocadilho infame).
Pense em um filme ridículo? É este daqui. Enquanto Calafrio mantinha
certo interesse no espectador por conta da inabilidade social de Willard
Stiles, o fardo de conviver com uma mãe dominadora e enferma, ser feito de gato
e sapato pelo seu chefe que deu um chapéu no pai e ficou com a sua metalúrgica
ao morrer, e ver nos ratos seu instrumento de vingança e aumento da autoestima,
nesse filme, fico boquiaberto de ver a trapalhada ininterrupta de um
DEPARTAMENTO INTEIRO DE POLÍCIA, com seus detetives, tentando encontra UM RATO
na cidade, que vem sendo culpado por diversos assassinatos. Não, seus olhos não
lhe pregaram uma peça, ó nobre leitor. Essa é a tônica do filme. Policiais
perseguindo um rato! Um não, bilhões de ratos, segundo eles, sendo que Ben é o
líder da quadrilha roedora, e eles estão atrás principalmente deste animal em
específico. O filme começa gastando cinco minutos repetindo a cena final de Calafrio,
e os incompetentes detetives encontrando o diário de Willard e começando a
caçada humana ao rato malfeitor. Não deixe de prestar atenção na cena em que os
policiais e exterminadores vasculham uma moita e não encontram absolutamente
nada. E na sequência seguinte, dezenas de roedores saem dos arbustos, sob o
comando dos guinchos de Ben. Enquanto isso, temos o insuportável Danny (Lee
Montgomery), um pobre garotinho que não tem amigos, digno de pena, que precisa
de um novo coração para continuar a viver. Por isso, ele adora fazer amigos imaginários,
vive sob intenso cuidado da mãe e da irmã, e divide seu tempo brincando com
aeromodelos e um teatro de fantoches. Na boa? Não é de espantar que Danny não
tenha amigos. Que Deus me perdoe, mas durante todo o filme, torci pelos ratos
ou matá-lo ou que ele caísse duro, vítima de um ataque cardíaco, logo em suas
primeiras aparições em cena. Mas infelizmente isso não acontece, e vamos
aguentar o pentelho e seu rato até o término dos longos 98 minutos de duração. História?
Não tem. Só a amizade crescente entre o roedor e o menino, a preocupação de sua
irmã e mãe, e os ineptos policiais perseguindo a rataria (sem nunca nem passar
por suas cabeças tentar achá-los nos esgotos). Mas as cenas dos ataques dos
ratos são um primor! A rataiada ataca supermercados, fábricas de biscoitos,
caminhões de alimentos, hospitais e até uma academia, em cenas dignas de
qualquer longa metragem de Os Trapalhões. Do time original, ficou apenas os
dois produtores, Mot Briskin e Charles A. Pratt. Não volta nem o diretor e nem
o roteirista do primeiro. E desde o começo do filme, fica no ar aquele cheiro
de continuação caça-níquel feita às pressas, para faturar mais algumas moedas
conseguidas com o primeiro filme. A direção do ilustre Phil Karlson (que
dirigiu o primeiro filme de Marylin Monroe. Imagine a decadência, da loura para
um rato!) é modorrenta, arrastada, sem inspiração. As cenas com os ratos são
patéticas, principalmente os ataques. Aos atores, para mim só resta enxovalhá-los,
principalmente o garotinho, destilando sua atuação péssima enquanto manipula
seus fantoches ou quando está ao piano “compondo” a música tema do filme, sim
aquela do Michael Jackson. Mas os senhores que interpretam os policiais não
ficam muito longe disso não. E a palavra “qualidade técnica” não existia no
dicionário dos realizadores desta pérola trash. É uma bomba de pelos e
guinchos. É aquele filme que você vê apenas por algum tipo de prazer sádico. É
o eco-horror chegando ao seu nível mais baixo. Quer ver um
ataque de ratos melhor? Assista aquele episódio de Chaves em que os ratos
entram no restaurante de Dona Florinda. E ainda foi indicado ao Oscar e
Globo de Ouro, justamente pela canção tema. Veja só a ironia, primeiro MJ
tornou esse filme inferior muito mais conhecido que seu predecessor, que é bem
melhor que este aqui, e segundo, um filme como Ben, o Rato Assassino na
Academia, quem diria. Já pensou se ganha a estatueta e na premiação os ratos
entram no palco para receber o careca dourado? Seria épico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/09/12/261-ben-o-rato-assassino-1972/
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