sexta-feira, 2 de outubro de 2015

#261 1972 BEN, O RATO ASSASSINO (Ben, EUA)


Direção: Phil Karlson
Roteiro: Gilbert A. Ralston
Produção: Mort Briskin, Joel Briskin (Produtor Associado), Charles A. Pratt (Produtor Executivo)
Elenco: Lee Montgomery, Joseph Campanella, Arthur O’Connell, Rosemary Murphy, Meredith Baxter

Algumas daquelas bizarras coincidências do destino me fizeram assistir Ben, o Rato Assassino na noite da véspera dos quatro anos da morte de Michael Jackson (mas como o filme passou da meia-noite, então já era 25 de junho). Sim, eu assisto aos filmes e vou produzindo os textos para o blog, e deixando em stand by, esperando a data certa para postá-los. Essa é minha mecânica. Meus textos estão muito mais adiantados do que os que vocês leem aqui. Pois bem, isso tudo porque Ben, o Rato Assassino é muito mais famoso pela música tema cantada por um púbere Michael Jackson, com a singela letra do menino sem amigos e seu rato, do que por esse obscuro filme em si, continuação de Calafrio, lançado no ano anterior (original que inspirou A Vingança de Willard, esse provavelmente mais conhecido que os dois filmes setentistas juntos). Aposto que MUITA gente canta e se emociona com essa canção, sem imaginar que ela foi composta para um rato que comanda um exército de roedores que toca o terror em uma cidadezinha, enquanto é acalentado por um garoto tristonho que precisa urgente de um transplante de coração. Cafonices musicais do Rei do Pop à parte, Ben, o Rato Assassino é um filme duro de roer (desculpe pelo trocadilho infame). Pense em um filme ridículo? É este daqui. Enquanto Calafrio mantinha certo interesse no espectador por conta da inabilidade social de Willard Stiles, o fardo de conviver com uma mãe dominadora e enferma, ser feito de gato e sapato pelo seu chefe que deu um chapéu no pai e ficou com a sua metalúrgica ao morrer, e ver nos ratos seu instrumento de vingança e aumento da autoestima, nesse filme, fico boquiaberto de ver a trapalhada ininterrupta de um DEPARTAMENTO INTEIRO DE POLÍCIA, com seus detetives, tentando encontra UM RATO na cidade, que vem sendo culpado por diversos assassinatos. Não, seus olhos não lhe pregaram uma peça, ó nobre leitor. Essa é a tônica do filme. Policiais perseguindo um rato! Um não, bilhões de ratos, segundo eles, sendo que Ben é o líder da quadrilha roedora, e eles estão atrás principalmente deste animal em específico. O filme começa gastando cinco minutos repetindo a cena final de Calafrio, e os incompetentes detetives encontrando o diário de Willard e começando a caçada humana ao rato malfeitor. Não deixe de prestar atenção na cena em que os policiais e exterminadores vasculham uma moita e não encontram absolutamente nada. E na sequência seguinte, dezenas de roedores saem dos arbustos, sob o comando dos guinchos de Ben. Enquanto isso, temos o insuportável Danny (Lee Montgomery), um pobre garotinho que não tem amigos, digno de pena, que precisa de um novo coração para continuar a viver. Por isso, ele adora fazer amigos imaginários, vive sob intenso cuidado da mãe e da irmã, e divide seu tempo brincando com aeromodelos e um teatro de fantoches. Na boa? Não é de espantar que Danny não tenha amigos. Que Deus me perdoe, mas durante todo o filme, torci pelos ratos ou matá-lo ou que ele caísse duro, vítima de um ataque cardíaco, logo em suas primeiras aparições em cena. Mas infelizmente isso não acontece, e vamos aguentar o pentelho e seu rato até o término dos longos 98 minutos de duração. História? Não tem. Só a amizade crescente entre o roedor e o menino, a preocupação de sua irmã e mãe, e os ineptos policiais perseguindo a rataria (sem nunca nem passar por suas cabeças tentar achá-los nos esgotos). Mas as cenas dos ataques dos ratos são um primor! A rataiada ataca supermercados, fábricas de biscoitos, caminhões de alimentos, hospitais e até uma academia, em cenas dignas de qualquer longa metragem de Os Trapalhões. Do time original, ficou apenas os dois produtores, Mot Briskin e Charles A. Pratt. Não volta nem o diretor e nem o roteirista do primeiro. E desde o começo do filme, fica no ar aquele cheiro de continuação caça-níquel feita às pressas, para faturar mais algumas moedas conseguidas com o primeiro filme. A direção do ilustre Phil Karlson (que dirigiu o primeiro filme de Marylin Monroe. Imagine a decadência, da loura para um rato!) é modorrenta, arrastada, sem inspiração. As cenas com os ratos são patéticas, principalmente os ataques. Aos atores, para mim só resta enxovalhá-los, principalmente o garotinho, destilando sua atuação péssima enquanto manipula seus fantoches ou quando está ao piano “compondo” a música tema do filme, sim aquela do Michael Jackson. Mas os senhores que interpretam os policiais não ficam muito longe disso não. E a palavra “qualidade técnica” não existia no dicionário dos realizadores desta pérola trash. É uma bomba de pelos e guinchos. É aquele filme que você vê apenas por algum tipo de prazer sádico. É o eco-horror chegando ao seu nível mais baixo. Quer ver um ataque de ratos melhor? Assista aquele episódio de Chaves em que os ratos entram no restaurante de Dona Florinda. E ainda foi indicado ao Oscar e Globo de Ouro, justamente pela canção tema. Veja só a ironia, primeiro MJ tornou esse filme inferior muito mais conhecido que seu predecessor, que é bem melhor que este aqui, e segundo, um filme como Ben, o Rato Assassino na Academia, quem diria. Já pensou se ganha a estatueta e na premiação os ratos entram no palco para receber o careca dourado? Seria épico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/09/12/261-ben-o-rato-assassino-1972/

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