segunda-feira, 26 de outubro de 2015

#287 1973 O HOMEM-COBRA (Sssssss, EUA)


Direção: Bernard L. Kowalski
Roteiro: Hal Dresner, Daniel C. Striepeke (história)
Produção: Daniel C. Striepeke, Robert Butner (Produtor Associado), David Brown e Richard D. Zanuck (Produtores Executivos)
Elenco: Strother Martin, Dirk Benedict, Heather Menzies, Richard B. Shull, Tim O’Conner, Jack Ging

Quando você tomava muito sol e descascava, e seus pais diziam que você estava se transformando no Homem-Cobra, que pânico! Ou isso não acontecia com vocês, só meus pais eram terríveis a esse ponto? Fato é que há toda uma mística assustadora por trás dessa fita produzida pela dupla David Brown e Richard D. Zanuck (responsáveis por Tubarão, o filme definitivo de animais assassinos), que se dissipa quando você o assiste mais velho. Falando com o coração, O Homem-Cobra é um filme lendário, apavorante, objeto do imaginário popular de toda uma geração. Falando com a razão, é um filme chato pra danar, que envelheceu muito mal e perdeu completamente seu charme. Recomendado apenas para saudosistas, porque duvido que a molecada de hoje em dia vá se impressionar e não achá-lo enfadonho. Mas que verdade seja dita: a maquiagem ainda é bem bacana pros dias de hoje. Sem computação gráfica pilantra, o visual do rapaz que vai se transformando em uma bizarra mutação réptil e tem sua pele transformada em escamas foi criada por Daniel C. Striepeke, que também é produtor e idealizador da história original e leva na bagagem os efeitos de maquiagem de filmes como O Planeta dos Macacos, A Ilha do Dr. Moreau, Grease – Nos Tempos da Brilhantina, O Resgate do Soldado Ryan e Forrest Gump – O Contador de Histórias (sendo que por esse dois últimos, foi indicado ao Oscar). No começo do filme, já somos avisados logo de cara que todas as cobras utilizadas no filme eram reais, importadas do sudeste asiático, e que os atores se puseram em grande perigo ao contracenar com os ofídios.  E vale lembrar que tem muita gente por aí que tem pavor de cobras, então mais um motivo para o filme ser traumático. Abre a história com o cientista louco da vez, Dr. Carl Stoner (Strother Martin), vendendo u de seus experimentos que deu terrivelmente errado (que não sabemos até então) para um dono de um circo de aberrações, por 800 dólares. Obstinado em sua pesquisa, o outrora proeminente herpetológo procura por outro assistente, e encontra o jovem David Blake (vivido por Dirk Benedict, o eterno Templeton “Cara de Pau” Peck do seriado Esquadrão Classe A), indicado pelo infame Dr. Ken Daniels (Richard B. Shull), rival acadêmico do agora decadente e desacreditado Dr. Stoner. Enquanto o pobre estagiário pensa que vai ajudar nas pesquisas de veneno e ainda por cima, se dar bem pegando a filha do cientista, a doce Kristina (Heather Menzies), mal ele sabe que o Dr. Stoner é um louco de pedra travestido na figura de um simpático velhinho bonachão que gosta de se embebedar junto com sua píton de estimação, e que na verdade, irá testar uma fórmula experimental no rapaz e gradativamente transformá-lo em uma criatura metade homem, metade cobra, com a desculpa de injetá-lo um soro que irá imunizá-lo do veneno dos répteis. Descobrimos então que o assistente anterior do Dr. Stoner, que estava dado como desaparecido, é a tal aberração vendida ao circo no começo do filme, sendo que ele não havia chegado ao estágio completo de desenvolvimento e a experiência deu errado. Kristina é enviada para recolher uma cobra rara para mantê-la longe de David, assim ficando à par do que está acontecendo com o recém caso amoroso, e acaba por descobrir o paradeiro do antigo assistente e vê a criatura bizarra em que ele se transformou. Logo ela sabe que o namorado está correndo sério perigo, ao mesmo tempo em que a polícia começa a ficar na bota do herpetólogo por conta dos misteriosos desaparecimentos do Dr. Daniels e de um rapaz que se envolvera em uma briga com David por xavecar Kristina, e acaba por assassinar a cobra de estimação deles. ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco. Desesperada, ela retorna para casa apenas para descobrir que dessa vez o experimento do pai fora bem sucedido, e em uma cena ruim de doer que mistura trucagem de câmera e os primórdios dos efeitos especiais, David se transforma em uma Cobra-rei, um dos mais perigosos e venenosos espécimes do planeta. Essa cena derruba todo o filme. Lembrou-me bastante de O Homem-Crocodilo, sci-fi dos anos 50 que traz uma premissa bastante parecida, e um ótimo efeito de maquiagem até a criatura ter sua mutação concluída a estragar tudo. Ainda dá tempo do Dr. Stoner ser picado por outra Cobra-rei que ele hipnotizava em seu show para poder conseguir uns trocados e de David ser morto pelo terrível mangusto, único mamífero predador que rivaliza com o réptil e é imune ao seu veneno. No frigir dos ovos o Dr. Stoner é um sujeito cheio de boas intenções. O problema é que como diz o ditado popular, de boas intenções o inferno está cheio. Então a maluquice de querer fazer experiências genéticas para mesclar duas espécies (algo que absolutamente NUNCA terminou bem no cinema de horror) e tentar criar uma raça híbrida é apenas para dar um salto na lenta teoria da evolução das espécies. Claro que a obstinação se confunde com instinto assassino desprovido de qualquer humanidade e remorso. E dá uma dó desgraçada do pobre David se contorcendo, e gritando de dor quando aos poucos vai se transformando naquela criatura peçonhenta. Isso sim metia medo! E somente nos momentos finais a mutação passa a ser o foco principal do filme e a criatura é vista, mantendo um climão de suspense e fazendo escola, assim como aconteceu, por exemplo, com A Mosca de David Cronenberg futuramente. Bom, como disse lá em cima, O Homem-Cobra é filme para os trintões ou quarentões, que viveram o esplendor de ser criança ou adolescente no melhor momento possível da humanidade para tal, quando éramos brindados por filmes como esse sendo exibidos nos canais abertos, logo após a Semana do Presidente e aquela mensagem sinistra de Jesus Cristo (“paz, amor, fé, esperança, luz e união…”), ainda tendo o prazer de ouvir Silvio Santos dizendo que uma de suas filhas havia assistido e recomendava, e nossos pais nos deixavam ver um filme de terror tarde da noite, mandando o politicamente correto às favas.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/10/18/287-o-homem-cobra-1973/

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