terça-feira, 13 de outubro de 2015

#051 1943 FRANKENSTEIN ENCONTRA O LOBISOMEM (Frankenstein meets the Wolf Man, EUA)


Direção: Roy William Neill
Roteiro: Curt Siodmak
Produção: George Waggner
Elenco: Lon Chaney Jr., Bela Lugosi, Lionel Atwill, Ilona Massey, Patric Knowles

Isso sim foi uma jogada de mestre da Universal. Em 1943, o estúdio, casa de todos os monstros, resolveu fazer um crossover entre duas das suas mais famosas criaturas em Frankenstein Encontra o Lobisomem. E deu muito certo! Afinal, ver os dois monstengos juntos em um filme é um prato cheio para qualquer fã do cinema de horror. Eu lembro a primeira vez que vi esse filme. O ano era 1997, e ele passou certa madrugada no extinto USA Channel (hoje Universal Channel) na também extinta operadora de TV a cabo Multicanal (hoje NET). Meu primo, um grande fã de filmes de terror como eu, pediu até para gravá-lo (lembram-se do videocassete?), pois era um clássico que ele lembrava da sua infância. O peludo mais uma vez é interpretado por Lon Chaney Jr., reprisando seu monstro de maior sucesso em O Lobisomem, de 1941. Já a criatura de cabeça quadrada criada pelo Dr. Frankenstein foi interpretado, ora ora, por Bela Lugosi. Lembram-se qual foi a reação do ator ao ser convidado para viver o papel da criatura logo após Drácula? “Eu sou um ator, não um espantalho?”. Foi isso que o ator húngaro disse ao recusar o papel em Frankenstein, porque não teria nenhuma fala durante todo o filme e teria que ficar escondido embaixo de pesada maquiagem. O resto é história. William Henry Pratt assumiu o papel do monstro, e seu nome artístico, Boris Karloff, seria eternizado para sempre como um dos maiores atores do cinema de horror e teria muito mais destaque nas telas que Lugosi, que entrou em uma profunda decadência até morrer na pobreza e solidão, fazendo filmes precários de Ed Wood e viciado em morfina. Como o mundo dá voltas, não é? Aqui Lugosi faz o papel do monstro, sem nenhuma fala, todo coberto por maquiagem, e ainda é um mero coadjuvante, sendo que o lobisomem de Chaney (que também viveu o monstro no posterior O Fantasma de Frankenstein) é o personagem principal e toda a trama é centrada nele. Na verdade, Frankenstein Encontra o Lobisomem é uma continuação oficial do filme de Geroge Waggner lançado dois anos antes. A história começa com dois ladrões tentando saquear o túmulo dos Talbot, e ao abrir a sepultura de Lawrence, acabam acordando o licantropo, que não havia morrido no final do primeiro filme, e estava sendo mantido preso em baixo de quilos e quilos de mata-lobos (a planta do poema: “Mesmo um homem puro de coração”… e blá, blá, blá). Claro que junto com o atormentado Talbot, a maldição de se transformar toda lua cheia na selvagem criatura também retorna, e o sofrido rapaz quer de uma vez por todas dar cabo de sua vida e poder descansar em paz. Obcecado em descobrir uma forma de morrer (acho que ele nunca tinha ouvido falar de balas de prata), Talbot junto com a cigana Maleva, aquela mesma que o alertou no primeiro filme e mãe do lobisomem original que o mordeu (que foi interpretado por Lugosi), resolvem ira até o antigo vilarejo onde vivia o Dr. Frankenstein, tentando encontrar um meio, através de suas experiências com vida e morte, de arrumar uma forma de matar a criatura eterna. Em uma das suas transformações, perseguido pela turba enfurecida (sempre eles), Talbot cai nos escombros da antiga mansão Frankenstein e lá encontra o monstro congelado no subterrâneo. O grandalhão já foi explodido, queimado, soterrado, atirado no fosso de piche… Mas ele sempre tá lá, vivo e inteirão. O Dr. Frank Mannering junto da baronesa Elsa Frankenstein, terceira geração da família de cientistas loucos, resolvem ajudar Talbot com as escritas do diário de seu pai. Mannering reconstrói a máquina do Dr. Frankenstein e pretende através dela matar dois coelhos com uma cajadada só: eliminar a energia do monstro e do lobisomem e livrar o mundo dessas duas pragas. Mas claro, óbvio, que na hora H, tomado por um desejo de poder, o Dr. Mannering ao invés de sugar a energia do monstro verde, vai deixá-lo ainda mais poderoso, colocando-o em um embate mortal (e infelizmente extremamente rápido, durando somente os cinco minutos finais do filme), com o lobisomem, até eles serem inundados pelos aldeões que explodem a barragem. Mais uma vez Chaney tem uma atuação muito interessante como o amargurado Larry Talbot, com aquela cara mista de bundão com cachorro largado na chuva, sofrendo horrores, até virar um monstro ágil, peludo e incontrolável nas noites de lua cheia. Lugosi faz o feijão com arroz como o monstro de Frankenstein. Aqui, um detalhe foi o furo no roteiro imenso se levarmos em consideração a cronologia dos filmes, já que em O Fantasma de Frankenstein, o cérebro do monstro foi substituído pelo cérebro do vilão Ygor (também vivido por Lugosi), dando a ele inteligência, capacidade de falar e deixando-o cego. Houve uma explicação no final de O Fantasma de Frankenstein de que a criatura e Ygor não possuíam o mesmo tipo sanguíneo, por isso a cegueira. Estou chutando aqui que talvez então o transplante de cérebro tenha sido mal sucedido e a criatura tenha voltado ao estado irracional e grunhindo apenas algumas palavras. Frankenstein Encontra o Lobisomem é um filme divertidíssimo. Novamente o mago da maquiagem Jack Pierce manda muito bem na aparência do homem lobo e do grandalhão verde, e nas cenas de transformação de Chaney utilizando a já famosa sobreposição de imagens. Atrevo-me a dizer que esse duelo de titãs dos monstros da Universal é infinitamente superior aos encontros de Freddy VS. Jason e Alien VS. Predador, por exemplo, que são duas bombas.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/12/23/51-frankenstein-encontra-o-lobisomem-1943/

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