Direção: Amando
de Ossorio
Roteiro:Amando de Ossorio
Produção: José Antonio
Pérez Giner, Salvadore Romero (Produtores Executivos)
Elenco: César
Burner, Lone Fleming, María Elena Arpón
Vindo de uma Espanha
que começava a ver ruir o regime do ditador Franco, devido a complicações de
saúde e o clamor público pela liberalização, surge o diretor Amando de Ossorio
com seu clássico filme dos templários mortos-vivos A Noite do Terror Cego, pegando os
conceitos que George Romero nos apresentou em A Noite dos Mortos-Vivos, e subvertendo-os em
sexo, violência e gore. Filmado em Portugal para escapar da censura
do regime espanhol, Ossorio nos traz uma história de zumbis nem um pouco usual,
baseada nos contos do escritor espanhol Adolfo Bécuqer. Aqui, os mortos-vivos
são encarnados na figura de Cavaleiros Templários, que voltaram das Cruzadas
renegando o cristianismo e praticantes do ocultismo, obcecados pela ideia de
conseguir a vida eterna. Para isso, eles executavam rituais de sangue e
canibalismo envolvendo mulheres virgens. O resultado foi que eles foram
excomungados pela Igreja, capturados e enforcados e colocados pendurados
coletivamente para os corvos comerem seus olhos. Mas seus rituais os condenaram
por toda a eternidade a voltar a vida vagando (ou cavalgando) como zumbis
cegos. O filme obviamente é uma podreira só. E aquele tipo de podreira que ou
faz a pessoa odiar os filmes de terror com tamanha veemência, ou faz amar o
gênero de paixão. A história começa com Virginia reencontrando uma velha amiga,
Betty, com quem teve uma caso lésbico nos tempos de escola. As duas e Roger, o
galanteador amigo de Virginia, partem para acampar no dia seguinte, só que o rapaz
começa a dar em cima de Betty, com ela retribuindo, o que gera um ataque de
ciúmes em Virginia, que desce do trem no meio do nada e vai parar nas ruínas da
cidade medieval de Berzano, lar dos Templários. Daí é aquela maravilha que os
filmes de terror sempre nos mostram: a garota sozinha resolve acampar numa boa
no lugar, que já é sinistro por si só, com direito a acender uma fogueira,
fumar um cigarrinho, ouvir música, ler um livro e trocar de roupa (claro!!!) e
acaba acordando os mortos cegos de seu sono secular, que logo a perseguem e
transformam-na em um zumbi também. Betty e Roger começam a investigar o
desaparecimento da moça e logo se deparam com a história dos cavaleiros
templários amaldiçoados e recorrem a ajuda do contrabandista Pedro e sua
namorada Nina, para tentar dar fim ao mistério envolvendo os zumbis. Com um
orçamento baixíssimo, os mortos cegos impressionam até que bastante, com sua
aparência esquelética, vestimentas maltrapilhas e rostos sem olhos, enquanto
cavalgam pelos campos abertos como arautos da morte, acompanhados por uma
trilha sonora macabra, com o rufar sequencial de tambores e uma espécie de
canto gregoriano sinistro. E diferente do que Romero propunha com sua crítica
social em A Noite dos Mortos Vivos, Ossorio não quer nem saber de
passar nenhuma lição de moral e dá-lhe canibalismo, com os zumbis templários
bebendo sangue de suas vítimas e muita mulher pelada com os seios de fora,
plantando a semente do que seria o cinema gore dali para
frente, principalmente tratando-se de produções europeias, deixando bem claro
que nós não passamos de sacos de carne e sangue e que a beleza feminina e os
corpos jovens, são meros convites para serem destruídos, devorados e
deturpados. E os mortos cegos de Ossorio fizeram tanto sucesso que viraram uma
quadrilogia depois com os filmes O Retorno dos Mortos-Vivos, O Galeão Fantasma e A Noite das Gaivotas. Um detalhe pessoal
é que, obviamente, A Noite do Terror Cego nunca foi lançado no
Brasil comercialmente. Assisti somente graças às maravilhas da Internet. E a
versão que eu baixei do filme está com uma boa qualidade de vídeo e tudo mais,
mas o áudio fica o filme todo trocando de espanhol para italiano, inclusive no
meio dos diálogos, o que é realmente MUITO engraçado e da ainda mais crédito
para o ar bagaceira do filme.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/09/28/273-a-noite-do-terror-cego-1972/
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