Direção: Alfred
Hitchcock
Roteiro: Anthony
Shaffer (baseado na obra de Arthur La Bern)
Produção: Alfred Hitchcock, William Hill (Produtor Associado)
Elenco: Jon Finch, Alec McCowen, Barry Foster, Billie Whitelaw,
Anna Massey
Frenesi é o penúltimo filme
dirigido pelo mestre do suspense, Alfred Hitchcok, em sua volta a Londres
depois de duas décadas sem filmar por lá, e sem dúvida é sua obra mais misógina
e fetichista. Para contar a história de um serial killer que é um
psicopata sexual que mata mulheres enforcadas com suas gravatas, Hitchcok faz
nesse filme uma verdadeira amálgama de vários elementos que utilizou em
diversos longas que dirigiu em toda a sua carreira. Há claro, uma dose cavalar
de suspense, qualidade técnica indiscutível, ângulos inusitados, personagens
curiosos, misoginia e seu famoso humor mórbido e sagaz. Há dois personagens
centrais na história de Frenesi: Richard Blaney é um ex-combatente
militar, azarado por natureza, que à primeira vista teria tudo para se tornar um
sociopata: é divorciado, bruto, alcoólatra, mal educado, vive rondando de
emprego em emprego enfadonho por não conseguir se estabelecer, não tem um
centavo no bolso e ainda não conta nem um pouco com a sorte. Seu melhor amigo é
Robert Rusk, exatamente o contrário de Blaney: bem sucedido, possui dinheiro,
um trabalho estável, pois é dono de uma loja de frutas no mercado de Londres,
boa pinta, polido, bom filho, simpático a todos, e por aí vai. Já mencionei o
azar de Blaney certo? Pois bem, ele é aquele tipo que está na hora errada e no
lugar errado. Ao visitar sua ex-mulher que agora tem um negócio de arrumar
casamentos (olha a ironia, mesmo o casamento deles ter sido um fracasso), ele
deixa o local sem saber que ela acabou de ser assassinada pelo famigerado
Assassino da Gravata, e é visto pela sua secretária. Pronto, isso faz com que a
Scotland Yard o considere suspeito número um. O filme então vai se concentrando
na não eficiente investigação policial conduzida pelo Inspetor Oxford, na
tentativa de Blaney tentar livrar sua barra, pedindo ajuda para sua namorada
atual, a atendente de bar Babs e até para Rusk, entre outras pessoas, e os
próximos passos do assassino, que antes da metade do filme já é revelada sua
identidade, não tornando-o um daqueles filmes de suspense chavão, onde você
precisa assistir até o último minuto para saber quem matou. Sem precisar se
preocupar em esconder a identidade do assassino para o público, Hitchcock pode
aqui trabalhar no modus operandi do criminoso, sempre com sua
maestria de costume, não apelando para cenas explícitas e apelativas, mas
assustando da mesma forma, principalmente na cena onde ele estupra e estrangula
a ex-Sra. Blaney. Além disso, alguns momentos da mais pura tensão são
memoráveis, como quando por um descuido, o assassino deixa uma pista em sua
próxima vítima, ao tentar despachá-la em um saco dentro de um caminhão cheio de
batatas. Para tentar reparar o deslize, ele entra no caminhão que sai andando e
ele começa a passar por uma terrível situação, lidando em um veículo em
movimento, com um cadáver já apresentando rigor-mortis e um tanto de
batatas atrapalhando-o de recuperar seu item perdido. Outro ponto positivo da
história são as cenas de humor sutis, mas muito engraçadas, que ele usa como
alívio cômico para atenuar mortes fetichistas cometidas por um homem
desequilibrado com tendências masoquistas sexuais. Entre elas, estão os
jantares entre o Inspetor Oxford e sua esposa, que está em um curso de
culinária francesa e prepara apenas práticos excêntricos para o pobre marido,
como sopa de peixes e enguias e pés de porco, ambas de aparência repugnante,
enquanto discutem detalhes circunstanciais do crime, sendo que na verdade o
pobre policial quer apenas carne, batatas e linguiças para comer. E sem contar
a deliciosa e sarcástica cena final do filme, quando o verdadeiro assassino é
pego com a boca na botija. O filme não é dos mais brilhantes da extensa
carreira de Hitchcock, ainda mais revisitando um gênero que ele já trabalhou
antes com perfeição, como Psicose. Mas o roteiro com
suas reviravoltas é bastante consistente e prende a atenção do espectador.
Roteiro esse baseado na novela “Good Bye Piccadilly, Farewell Leicester Square”
de Arthur Le Bern, e adaptado por Anthony Shaffer, que mais tarde escreveria o
controverso O Homem de Palha. Hitchcock nunca
deixa de ser uma boa pedida. Frenesi não foge a regra.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/09/25/270-frenesi-1972/
1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
555 1972 FRENESI (Frenzy)
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555 1972 FRENESI (Frenzy)
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