Direção: Eugenio
Martín
Roteiro:Arnaud
d’Usseau, Julian Halevy
Produção: Bernard
Gordon, Gregorio Sacristán (Produtor Associado)
Elenco: Christopher
Lee, Peter Cushing, Telly Savalas, Alberto de Mendoza, Silvia Tortosa
Expresso do Horror é um daqueles
filmes canastríssimos que se tornam adorados e cultuados por diversos fatores.
Primeiro por ter a presença da dupla Christopher Lee e Peter Cushing, que só
por isso já vale o ingresso. Segundo por ter participação especial de Telly
Savalas, o eterno Kojak, como um cossaco chamado Capitão Kazan! Terceiro por
ter um monge russo que se revela um traíra satanista. Quarto por conta de um
roteiro maluco, cheio de algumas baboseiras homéricas, mas que se mostra
divertidíssimo. A trama da história começa em 1906, quando uma expedição arqueológica
chefiada pelo Prof. Sir Alexander Saxton (Lee) na Manchúria, encontra congelado
o que parece ser o fóssil do elo perdido entre o homem e o macaco. Ao tomar o
expresso transiberiano com o espécime antropológico, o Prof. Saxton mal imagina
o pesadelo que dará início, pois a criatura acaba escapando dentro do confinado
trem e começa a fazer suas vítimas. Com a ajuda do Dr. Wells (Cushing) e do
inspetor Mirov (Julio Peña), eles precisam investigar o sumiço do fóssil e a
estranha causa das mortes, já que todas as vítimas são encontradas com
sinistros olhos esbranquiçados. Daí por diante começa as presepadas do roteiro
(como se isso não fosse o bastante até então). Aos poucos, os dois intrépidos
heróis vão descobrindo que na verdade o que habitava o espécime era uma
entidade alienígena, que visitou nosso planeta há milhões de anos e ficou presa
naquele primata. E entre seus incríveis poderes, está a capacidade de absorver
pensamentos, memórias e aptidões de suas vítimas (desde assobiar uma canção
irritante até conhecimentos de engenharia e física) e apoderar-se das pessoas,
criando cópias perfeitas, mais ou menos como John Carpenter faria dez anos
depois em O Enigma de Outro Mundo, utilizando seus
malignos olhos brilhantes vermelhos para fazer essa transferência corpórea. O
mais legal de tudo isso é como eles descobrem essas coisas: primeiro através de
uma autópsia praticada pelo Dr. Wells, onde ao abrir a caixa craniana da
vítima, eles constatam que não há ranhura em seus cérebros, estão lisos como
bundinhas de bebê, e por isso, concluem que todas as memórias foram apagadas
(!!!!). Depois, quando finalmente o fóssil é pego e morto (não antes da
entidade ser transferida para o inspetor Mirov, que passa boa parte do filme
como o vilão), ao estudar o olho do primata em um microscópio, os cientistas
veem todas as lembranças anteriores da entidade gravadas em sua retina. Não,
você não leu errado. Eles veem através do microscópio, através do olho da
criatura, tudo que ele já viu na vida, incluindo desde o inspetor, sua última
visão, até dinossauros e a terra vista de cima, daí a conclusão dele ser um
alienígena. Não é simplesmente o máximo? Como se não bastasse, o monge russo,
que mais parece o Inri Cristo mais novo, de uma hora para outra resolve virar
seguidor de satã (achando que o intruso não é de outro planeta, e sim das
profundezas do inferno) e ainda tem a presença do arrogante Capitão Kazan
(Savalas), que sobe no trem junto com seus cossacos para colocar ordem na
situação, desfilando frases e atitudes completamente escrachadas, graças a sua
presença caricata. Ah, isso sem contar o trem de brinquedo que é mostrado toda hora
nas cenas externas, sem o menor pudor de tentar usar algum truque de câmera
para parecer mais real. Por fim, o exército junto com o Capitão Kazan toma o
trem e começa o massacre final, quando a entidade se apodera do padre russo e
começa a transformar a todos, inclusive Kazan, em seres autômatos de olhos
brancos, possuídos pela sua força telepática, que ressuscitam como zumbis para
aterrorizar o expresso. É um desfile de besteiras que vai tornando o filme cada
vez mais divertido, sem nunca realmente ter tentado se levar a sério, e isso
que o faz ganhar muitos pontos. E a dupla Lee/Cushing está afiadíssima, com
diálogos brilhantes, ambos em grandes interpretações, começando como inimigos e
depois tornando-se aliados contra o mal comum. Sem dúvida nenhuma, o ponto alto
da atuação dos dois é quando o inspetor (já possuído pelo alien) pergunta a
eles: “E se um de vocês for o monstro?”, e Cushing responde perplexo: “Monstro?
Nós somos britânicos!”. Impagável. Ou seja, desligue o botão da caretice e veja
(ou reveja) Expresso do Horror que tenho certeza que será uma
experiência incrível.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/09/24/269-expresso-do-horror-1972/
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