segunda-feira, 12 de outubro de 2015

#269 1972 EXPRESSO DO HORROR (Horror Express, Reino Unido, Espanha)


Direção: Eugenio Martín
Roteiro:Arnaud d’Usseau, Julian Halevy
Produção: Bernard Gordon, Gregorio Sacristán (Produtor Associado)
Elenco: Christopher Lee, Peter Cushing, Telly Savalas, Alberto de Mendoza, Silvia Tortosa

Expresso do Horror é um daqueles filmes canastríssimos que se tornam adorados e cultuados por diversos fatores. Primeiro por ter a presença da dupla Christopher Lee e Peter Cushing, que só por isso já vale o ingresso. Segundo por ter participação especial de Telly Savalas, o eterno Kojak, como um cossaco chamado Capitão Kazan! Terceiro por ter um monge russo que se revela um traíra satanista. Quarto por conta de um roteiro maluco, cheio de algumas baboseiras homéricas, mas que se mostra divertidíssimo. A trama da história começa em 1906, quando uma expedição arqueológica chefiada pelo Prof. Sir Alexander Saxton (Lee) na Manchúria, encontra congelado o que parece ser o fóssil do elo perdido entre o homem e o macaco. Ao tomar o expresso transiberiano com o espécime antropológico, o Prof. Saxton mal imagina o pesadelo que dará início, pois a criatura acaba escapando dentro do confinado trem e começa a fazer suas vítimas. Com a ajuda do Dr. Wells (Cushing) e do inspetor Mirov (Julio Peña), eles precisam investigar o sumiço do fóssil e a estranha causa das mortes, já que todas as vítimas são encontradas com sinistros olhos esbranquiçados. Daí por diante começa as presepadas do roteiro (como se isso não fosse o bastante até então). Aos poucos, os dois intrépidos heróis vão descobrindo que na verdade o que habitava o espécime era uma entidade alienígena, que visitou nosso planeta há milhões de anos e ficou presa naquele primata. E entre seus incríveis poderes, está a capacidade de absorver pensamentos, memórias e aptidões de suas vítimas (desde assobiar uma canção irritante até conhecimentos de engenharia e física) e apoderar-se das pessoas, criando cópias perfeitas, mais ou menos como John Carpenter faria dez anos depois em O Enigma de Outro Mundo, utilizando seus malignos olhos brilhantes vermelhos para fazer essa transferência corpórea. O mais legal de tudo isso é como eles descobrem essas coisas: primeiro através de uma autópsia praticada pelo Dr. Wells, onde ao abrir a caixa craniana da vítima, eles constatam que não há ranhura em seus cérebros, estão lisos como bundinhas de bebê, e por isso, concluem que todas as memórias foram apagadas (!!!!). Depois, quando finalmente o fóssil é pego e morto (não antes da entidade ser transferida para o inspetor Mirov, que passa boa parte do filme como o vilão), ao estudar o olho do primata em um microscópio, os cientistas veem todas as lembranças anteriores da entidade gravadas em sua retina. Não, você não leu errado. Eles veem através do microscópio, através do olho da criatura, tudo que ele já viu na vida, incluindo desde o inspetor, sua última visão, até dinossauros e a terra vista de cima, daí a conclusão dele ser um alienígena. Não é simplesmente o máximo? Como se não bastasse, o monge russo, que mais parece o Inri Cristo mais novo, de uma hora para outra resolve virar seguidor de satã (achando que o intruso não é de outro planeta, e sim das profundezas do inferno) e ainda tem a presença do arrogante Capitão Kazan (Savalas), que sobe no trem junto com seus cossacos para colocar ordem na situação, desfilando frases e atitudes completamente escrachadas, graças a sua presença caricata. Ah, isso sem contar o trem de brinquedo que é mostrado toda hora nas cenas externas, sem o menor pudor de tentar usar algum truque de câmera para parecer mais real. Por fim, o exército junto com o Capitão Kazan toma o trem e começa o massacre final, quando a entidade se apodera do padre russo e começa a transformar a todos, inclusive Kazan, em seres autômatos de olhos brancos, possuídos pela sua força telepática, que ressuscitam como zumbis para aterrorizar o expresso. É um desfile de besteiras que vai tornando o filme cada vez mais divertido, sem nunca realmente ter tentado se levar a sério, e isso que o faz ganhar muitos pontos. E a dupla Lee/Cushing está afiadíssima, com diálogos brilhantes, ambos em grandes interpretações, começando como inimigos e depois tornando-se aliados contra o mal comum. Sem dúvida nenhuma, o ponto alto da atuação dos dois é quando o inspetor (já possuído pelo alien) pergunta a eles: “E se um de vocês for o monstro?”, e Cushing responde perplexo: “Monstro? Nós somos britânicos!”. Impagável. Ou seja, desligue o botão da caretice e veja (ou reveja) Expresso do Horror que tenho certeza que será uma experiência incrível.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/09/24/269-expresso-do-horror-1972/

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