segunda-feira, 26 de outubro de 2015

#288 1973 O HOMEM DE PALHA (The Wicker Man, Reino Unido)


Direção: Robin Hardy
Roteiro: Anthony Shaffer
Produção: Peter Snell
Elenco: Edward Woodward, Christopher Lee, Diane Cilento, Britt Ekland, Ingrid Pitt

O Homem de Palha é um filme polêmico e extremamente controverso. Assim como todo bom filme que ouse propor concepções diferentes de religião e que batam de frente com o cristianismo. Se O Exorcista traz o poder cristão ao topo máximo da pirâmide contra o mal, já o filme escrito pelo excelente roteirista Anthony Shaffer (o mesmo de Frenesi, de Hitchcock), renega essa crença e aposta no paganismo como fonte da solução de todos os problemas de uma remota ilha na costa escocesa. Tudo começa quando o Sargento Howie (Edward Woodward) chega até a ilha, guiado por uma carta que recebeu no continente, para investigar o repentino sumiço de uma garota local, Rowan Morrison. Cristão fervoroso, a ponto de não acreditar no sexo antes do casamento e ser um daqueles sujeitos bem carolas, ao chegar no local fica extremamente chocado com a orientação religiosa dos moradores da ilha, que acreditam em deuses da fertilidade, sem nenhum pudor fazem sexo grupal pelos campos, ensinam sobre a importância de venerar o falo abertamente na escola e até recebe uma cantada descarada da filha do estalajadeiro, que fica dançando e batendo na porta do seu quarto nua em pelo (nessa cena, a atriz Britt Ekland usou uma dublê de corpo para fazer as cenas onde aparece dançando de costas), convidando-o para uma noite de luxúria. Cada vez mais abismado com o que vê a sua volta, Howie então percebe que há uma imensa conspiração entre os moradores da ilha para ocultar o que realmente aconteceu (ou irá acontecer) com Rowan, incluindo o Lorde Summerisle (Christopher Lee, magnífico), neto do responsável por instalar a religião oficialmente por lá. Em suas investigações, o sargento descobre que a colheita do ano anterior tinha sido um fracasso, e segundo as tradições, um sacrifício humano deveria ser realizado para o Deus do Sol e a Deusa dos Pomares, afim de garantir uma farta colheita no próximo outono. E Rowan será sacrificada durante esses festejos de 1º de maio (não, não será em nenhuma festa da CUT ou da Força Sindical).
ALERTA DE SPOILER – Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Apenas no finalzinho do filme que é revelada a verdadeira intenção de Summerisle e seus seguidores: tudo não passou de um embuste para atrair o virgem adulto Sargento Howie, que chegou ao local por livre e espontânea vontade, apenas para ser ele a vítima do sacrifício para aplacar os deuses da fertilidade da ilha, e ser queimado vivo dentro do tal homem de palha gigante construído na encosta. O Homem de Palha é um filme bem excêntrico, que mistura elementos de terror e suspense, com doses de humor e muitas peças musicais (sim, isso mesmo: musicais). É extremamente bem executado pela dobradinha entre o diretor Hardy e o roteirista Shaffer, que vão nos conduzindo em uma trama quase policial, com um final extremamente impactante e sinistro, sem apelar para um banho de sangue ou para os estereótipos góticos das produções inglesas de terror que vinham sendo realizadas até os anos 70, principalmente da Hammer. Talvez o quesito mais polêmico do filme foi o fato de escancarar o uso da religião de uma forma extremista, independente de qual seja, para que os fins justifiquem os meios, colocando no centro do debate toda a mesquinharia religiosa do ser humano, que pode muito bem fazer o mal a outra pessoa que não seja de sua crença para o seu proveito, ainda mais se essa tal crença julgar ser a certa e única do universo, enquanto todo o resto não passa de pecador e herege. Enfim, discussões teológicas à parte, é um excelente filme que ficou por muito tempo desconhecido do grande público, uma vez que os negativos foram acidentalmente destruídos e a versão que se viu foi uma versão com cortes. O filme na íntegra só pode ser conferido quando em 2002, a versão original do diretor foi lançada em DVD nos EUA. Chegou até a ser lançado no Brasil pelo desbravador selo Dark Side da Works Editora. E para provar que eu não estou mentindo, Christopher Lee considera esse seu principal papel no cinema (e olha que não há nenhum outro ator no mundo com mais filme no currículo que ele) e trabalhou na produção sem receber cachê, pois sabia do orçamento baixo e principalmente, acreditava muito no potencial do filme. Potencial esse que Hollywood e sua fábrica de estupidez conseguiu estragar de uma forma sem precedentes, ao refilmar o clássico em 2006, com ninguém mais, ninguém menos que Nicholas Cage, o maior canastrão do cinema, no papel do detetive e Ellen Burstyn (coitada!) no papel da Irmã Summerisle (sim, uma mulher), em uma trama que se passa nos Estados Unidos e deturpou toda a história original do filme. Aqui no Brasil, recebeu o nome de O Sacrifício sendo que sacrifício mesmo é conseguir assistir essa bomba até o final. Corra!
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/10/19/288-o-homem-de-palha-1973/

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566 1973 O HOMEM DE PALHA (The Wicker Man) 1001 T VISTO

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