Direção: Robin
Hardy
Roteiro: Anthony
Shaffer
Produção: Peter
Snell
Elenco: Edward
Woodward, Christopher Lee, Diane Cilento, Britt Ekland, Ingrid Pitt
O Homem de Palha é um filme polêmico e extremamente
controverso. Assim como todo bom filme que ouse propor concepções diferentes de
religião e que batam de frente com o cristianismo. Se O Exorcista traz o poder cristão ao topo máximo da
pirâmide contra o mal, já o filme escrito pelo excelente roteirista Anthony
Shaffer (o mesmo de Frenesi, de Hitchcock), renega essa crença
e aposta no paganismo como fonte da solução de todos os problemas de uma remota
ilha na costa escocesa. Tudo começa quando o Sargento Howie (Edward Woodward)
chega até a ilha, guiado por uma carta que recebeu no continente, para
investigar o repentino sumiço de uma garota local, Rowan Morrison. Cristão
fervoroso, a ponto de não acreditar no sexo antes do casamento e ser um
daqueles sujeitos bem carolas, ao chegar no local fica extremamente chocado com
a orientação religiosa dos moradores da ilha, que acreditam em deuses da
fertilidade, sem nenhum pudor fazem sexo grupal pelos campos, ensinam sobre a
importância de venerar o falo abertamente na escola e até recebe uma cantada
descarada da filha do estalajadeiro, que fica dançando e batendo na porta do
seu quarto nua em pelo (nessa cena, a atriz Britt Ekland usou uma dublê de
corpo para fazer as cenas onde aparece dançando de costas), convidando-o para
uma noite de luxúria. Cada vez mais abismado com o que vê a sua volta, Howie
então percebe que há uma imensa conspiração entre os moradores da ilha para
ocultar o que realmente aconteceu (ou irá acontecer) com Rowan, incluindo o
Lorde Summerisle (Christopher Lee, magnífico), neto do responsável por instalar
a religião oficialmente por lá. Em suas investigações, o sargento descobre que
a colheita do ano anterior tinha sido um fracasso, e segundo as tradições, um
sacrifício humano deveria ser realizado para o Deus do Sol e a Deusa dos
Pomares, afim de garantir uma farta colheita no próximo outono. E Rowan será
sacrificada durante esses festejos de 1º de maio (não, não será em nenhuma
festa da CUT ou da Força Sindical).
ALERTA DE
SPOILER – Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Apenas no finalzinho do filme que é revelada
a verdadeira intenção de Summerisle e seus seguidores: tudo não passou de um
embuste para atrair o virgem adulto Sargento Howie, que chegou ao local por
livre e espontânea vontade, apenas para ser ele a vítima do sacrifício para
aplacar os deuses da fertilidade da ilha, e ser queimado vivo dentro do tal
homem de palha gigante construído na encosta. O Homem de Palha é um filme
bem excêntrico, que mistura elementos de terror e suspense, com doses de humor
e muitas peças musicais (sim, isso mesmo: musicais). É extremamente bem
executado pela dobradinha entre o diretor Hardy e o roteirista Shaffer, que vão
nos conduzindo em uma trama quase policial, com um final extremamente
impactante e sinistro, sem apelar para um banho de sangue ou para os
estereótipos góticos das produções inglesas de terror que vinham sendo
realizadas até os anos 70, principalmente da Hammer. Talvez o quesito mais
polêmico do filme foi o fato de escancarar o uso da religião de uma forma
extremista, independente de qual seja, para que os fins justifiquem os meios,
colocando no centro do debate toda a mesquinharia religiosa do ser humano, que
pode muito bem fazer o mal a outra pessoa que não seja de sua crença para o seu
proveito, ainda mais se essa tal crença julgar ser a certa e única do universo,
enquanto todo o resto não passa de pecador e herege. Enfim, discussões
teológicas à parte, é um excelente filme que ficou por muito tempo desconhecido
do grande público, uma vez que os negativos foram acidentalmente destruídos e a
versão que se viu foi uma versão com cortes. O filme na íntegra só pode ser
conferido quando em 2002, a versão original do diretor foi lançada em DVD nos EUA.
Chegou até a ser lançado no Brasil pelo desbravador selo Dark Side da Works
Editora. E para provar que eu não estou mentindo, Christopher Lee considera
esse seu principal papel no cinema (e olha que não há nenhum outro ator no
mundo com mais filme no currículo que ele) e trabalhou na produção sem receber
cachê, pois sabia do orçamento baixo e principalmente, acreditava muito no
potencial do filme. Potencial esse que Hollywood e sua fábrica de estupidez
conseguiu estragar de uma forma sem precedentes, ao refilmar o clássico em
2006, com ninguém mais, ninguém menos que Nicholas Cage, o maior canastrão do
cinema, no papel do detetive e Ellen Burstyn (coitada!) no papel da Irmã
Summerisle (sim, uma mulher), em uma trama que se passa nos Estados Unidos e
deturpou toda a história original do filme. Aqui no Brasil, recebeu o nome de O
Sacrifício sendo que sacrifício mesmo é conseguir assistir essa bomba até o
final. Corra!
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/10/19/288-o-homem-de-palha-1973/
1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
566 1973 O HOMEM DE PALHA (The Wicker Man) 1001 T VISTO
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