Direção: William Friedkin
Roteiro: William Peter Blatty
Produção: William Peter Blaty, Noel Marshall e David Salven
(Produtores Executivos)
Elenco: Ellen Burstyn, Max Von Sydow, Linda Blair, Jason Mille, Lee
J. Cobb
O melhor e mais
assustador filme de terror de todos os tempos. Com certeza, são dois dos
adjetivos mais comuns que podem ser usados para falar de O Exorcista.
Sim, para mim é o filme de terror definitivo. O primeiro lugar nessa lista de
1001 filmes. Aquele que marca sua vida para sempre na primeira vez que você
assiste. E por mais que haja vários outros clássicos no gênero, nenhum deles
carrega a aura pesada de O Exorcista e nenhum é responsável por mexer
tanto com a psique e o medo das pessoas do sobrenatural. O sucesso atemporal
de O Exorcista pode ser dividido em três fatias iguais do bolo: a
direção de William Friedkin, o roteiro de William Peter Blatty baseado no seu
livro homônimo e sua trinca principal de atores. Ellen Burstyn como Chris
McNeil, Max Von Sydow como o padre Lankester Merrin e Linda Blair como Regan, a
garota possuída. Para se entender esse filme e o impacto que ele tem nas
pessoas que o assiste, vou tomar a mim mesmo como exemplo para explicar uma
certa teoria. A primeira vez que vi O Exorcista, como muito de vocês
provavelmente, foi quando eu era criança. O filme é de 1973, mas ao que eu me
lembre, devo tê-lo visto no final dos anos 80, começo dos anos 90, não sei bem
ao certo. O lance todo já começa por aí, afinal os tempos eram outros, e se
você parar para analisar o mundo extremamente careta e coxinha que vivemos
hoje, em que sã consciência um pai ou uma mãe deixaria o filho pivete assistir
a esse filme? Pois bem, tenho certeza que quase toda minha geração assistiu
muito novo, e por isso ele é algo tão impressionante e ficou marcado para
sempre. Quando você já é adolescente ou adulto, assisti-lo perde muito de sua
graça, pois convenhamos, é um filme que não mete mais medo em ninguém. Nem a
cabeça de Regan girando em 360º, o vômito de abacate, a cama levitando… E daí
chegamos a minha teoria: toda criança deve assistir O Exorcista. Sei lá,
deveria ser exibidos nas escolas, durante o ensino fundamental. Porque só
assim, em pleno Século XXI, o filme continuará enraizado no folclore popular
como o filme mais assustador de todos os tempos. O filme onde as pessoas saíam
passando mal do cinema. O filme que você tinha que dormir de luz acessa com o
crucifixo na cabeceira da cama. Porque se essa geração blockbuster de
hoje em dia assistir a essa obra prima muito velho, vai detestar, achar besta
pacas e capaz de sair falando um monte de groselha nas redes sociais. E pior,
vai ficar aí uma lacuna muito grande para futuros fãs dos filmes de horror,
impossível de ser preenchida por qualquer filme que venha a ser feito, e isso
me preocupa muito. Porque mesmo uma geração ainda depois da minha, conseguiu
até vê-lo no cinema, quando a Versão do Diretor foi lançada em 2001. E para
essa molecada de hoje em dia sobra o que? Fazer um remake? Pois bem, deixando
meus devaneios de lado, todo mundo deve estar careca de saber que O
Exorcista traz a história da doce menina filha de uma atriz de Hollywood
que fica possuída por um antigo demônio chamado Pazuzu, e após todos os testes
médicos e psicológicos darem negativos, o padre e psiquiatra Damien Karras e o padre
e arqueólogo Lankester Merrin tem de realizar um ritual de exorcismo para
expulsar o cramunhão da garotinha. O best-seller de Blatty foi
publicado pouco depois que o terreno perfeito estava completamente preparado
nos EUA, com o banho de sangue no Vietnã, o ataque da Guarda Nacional contra os
estudantes que protestavam contra a guerra na Universidade de Kent, os
assassinatos cometidos pela família Manson e o trágico show dos Rolling Stones
que acabou muito mal após uma confusão do público com os Hells Angels, que
foram contratados como seguranças do evento (???!!!). Não precisa dizer que foi
um sucesso de vendas, né? E a escolha de Friedkin foi o verdadeiro golpe de
sorte da Warner Bros., porque além da direção magistral, ele conseguiu
desenvolver todo o contraponto necessário para que o filme não caísse na
armadilha carola de Blatty. Outro ponto de sucesso do filme foi claro, Linda
Blair, uma verdadeira joia com sua interpretação brilhante da garota possuída.
É sabido que a carreira dela foi para o buraco, limitando-se a paródias de si
própria e filmes eróticos (seria mais uma das maldições que envolve a
produção?). Mas sem Linda, O Exorcista não teria nem metade da sua
força. E tudo que essa menina passou não é brincadeira, como a cena em que ela
começa a sacudir de um lado para o outro na cama, onde era controlada por
amarras que a apertavam, machucando-a de verdade. Então quando ela grita para
“fazer aquilo parar”, estamos presenciando uma reação extremamente autêntica de
dor. Na audição para o papel de Regan, Linda com 12 anos na época foi
entrevistada por Friedkin:
– Você leu O
Exorcista?
– Li
– O Livro é
sobre o quê?
– Sobre uma
garotinha que é possuída pelo demônio e faz um monte de coisas ruins.
– Que tipo de
coisas ruins?
– Ela empurra um
cara de uma janela e se masturba com um crucifixo.
– O que isso
quer dizer?
– É que ela toca
siririca, não é?
– É sim. E você
sabe o que é tocar siririca?
– Claro que sim.
– E você faz
isso?
– Claro! Você
não toca punheta?
E Linda ficou com o
papel! Mas apesar disso, a verdadeira força motriz do filme é o papel de
Burstyn. Ela é a pedra fundamental pela qual nós vamos mensurando todas as
proporções que aquele acontecimento vai tomando e a forma como acaba afetando
sua vida, e nos traz próximo do terror de verdade: aquele de ver um ente
querido se deteriorando, seja por uma doença ou pela tal força sobrenatural
nesse caso. A mesma coisa com o atormentado padre Karras, ao ver sua mãe
perdendo o juízo até ser internada em um manicômio público, já que não tem
dinheiro para tratamentos ou clínicas particulares, por ter decidido ser padre
e feito um voto de pobreza. E isso coloca o questionamento e renovação da fé
como um tema que sempre ronda os personagens por todo o filme, até mesmo o
intrépido padre Merrin, que conhece os poderes do diabo, já o encontrou antes
em suas escavações no Iraque e sabe que seu corpo velho e doente têm limitações
contra as artimanhas sobrenaturais da criatura. Mas tirando todo o grosso que
impressionou as plateias nos anos 70 e subsequentes, ainda há cenas, mesmo que
revendo trocentas vezes, como meu caso, que ainda são assustadoras, como quando
Regan durante uma festa fala para o astronauta que ele irá morrer lá em cima.
Ou quando Damien vê sua mãe sentada na cama no lugar da garota, perguntando por
que ele a abandonou para morrer daquele jeito, em uma tática vil da entidade
para desestabilizar o sacerdote. E claro, existe todo aquele, podemos dizer,
charme, das maldições envoltas na produção, que adquirem o status de
lenda urbana e ajudam até hoje na publicidade do filme, como a morte do ator
Jack MacGrowan uma semana após terminar as filmagens (ele interpretava o
diretor Burke Dennings, o primeiro a morrer na escadaria), vítima de pneumonia,
ou o set de filmagens que pegou fogo, na verdade por causa da quantidade de
aparelhos de ar-condicionado ligados ao mesmo tempo para deixar o quarto com
uma temperatura baixíssima, e assim vai. Mas vamos pensar que é obra do capeta,
né? Bem mais divertido. Para fechar, vejam só O Exorcista concorreu a
10 Oscars. Isso mesmo 10. Mas quantos ganhou? Somente dois: melhor som e melhor
roteiro adaptado. Isso diz muito sobre a Academia, como sempre. Nem Linda Blair
levou como coadjuvante, nem Friedkin como diretor e o maior absurdo de todos,
nem Burstyn como atriz principal. Absurdo maior que esse só anos depois, quando
mais uma vez ela perdeu o Oscar de melhor atriz pelo seu papel
em Réquiem Para um Sonho para, pasmem… Julia Roberts! Isso sim é
coisa do diabo!
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/10/15/284-o-exorcista-1973/
1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
571 1973 O EXORCISTA (The Exorcist)
1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
571 1973 O EXORCISTA (The Exorcist)
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