quinta-feira, 28 de abril de 2016

#572 1988 A VOLTA DOS MORTOS VIVOS 2 (Return of the Living Dead: Part II, EUA)


Direção: Ken Wiederhorn
Roteiro: Direção: Ken Wiederhorn
Produção: Tom Fox; William S. Gilmore (Coprodutor); Eugene C. Cashman (Produtor Executivo)
Elenco: Michael Kenworthy, Thor Van Lingen, Jason Hogan, James Karen, Thom Mathews, Dana Ashbrook, Suzanne Snyder

Definitivamente, para mim, o melhor filme de zumbis dos anos 80 foi A Volta dos Mortos-Vivos. A espirituosa galhofa dos zumbis comedores de miolos marcou toda uma geração de trintões, fez um baita sucesso e obviamente, deu início a uma franquia, que se seguiu com A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2, lançado três anos depois. Lembra no meu post sobre Do Além, quando eu falei que vira e mexe aparecia em casa umas cópias piratas de filmes em VHS, oriundos de alguma locadora obscura? Pois bem, A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2 foi uma dessas fitas que eu tinha lá na estante, e por isso assisti bastante durante minha infância. Essa continuação simplesmente não funciona. Sabe pneu recauchutado, que nunca vai ter a mesma performance do original? É exatamente essa sensação ao assistir A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2. Primeiro que a comédia foi muito mais acentuada que o terror (não que o primeiro fosse assustador, mas tinha lá seus momentos), segundo que o roteiro basicamente recicla as situações do primeiro filme e ainda por cima coloca um clima mais família, botando o heroi do longa sendo um moleque e uns conflitinhos adolescentes que não existia com o incorrigível bando de anti-herois do primeiro. Na verdade, o que funciona aqui são apenas os momentos que remetem ao original. Cópia, homenagem, reciclagem, chame como quiser. Mais uma vez um acidente com um daqueles tambores militares contendo o gás capaz de trazer os mortos à vida é espalhado em um cemitério, e o resto você sabe: todo tipo de cadáver ambulante faminto por cérebros sai pelas ruas de uma cidadezinha tocando o terror, e cabe ao pentelho Jesse (Michael Kenworthy), sua irmã mais velha Lucy (Marsha Dietlein), o instalador de TV a cabo, Tom (Dana Ashbrook) tentarem sobreviver, junto do Dr. Mandel (Philip Bruns), dos patetas ladrões de corpos, Ed (James Karen) e Joey (Thom Mathews) e sua namoradinha ruiva, Brenda (Suzanne Snyder). Então vamos lá, os atores James Karen e Thom Mathews voltam nessa sequência com papeis extremamente parecidos ao do primeiro filme e são intoxicados pelo gás, sofrerão todos os sintomas e transformar-se-ão em zumbis no decorrer da trama. Algumas falas são as mesmas do clássico, como quando Ed diz para o parceiro: “escute garoto, se você gosta desse emprego…” e Joey retruca: “Gostar desse emprego?”. A diferença é que no primeiro ao invés de violar túmulos, eles trabalham em um depósito de suprimentos médicos. Outro chiste é quando Ed fala que não será enterrado, e sim, cremado, mesma forma como ele morre no original. Outro diálogo cuspido e escarrado é quando jovem Jesse Wilson liga para o exército e a atendente fala: “Fique na linha, Sr. Wilson, você será transferido”, linha por linha repetido quando o personagem de Burt Wilson (Clu Gulager) também faz a mesma ligação com o mesmo problema. Temos também um novo Tarman, saindo do tanque perdido (sem o mesmo remelexo envolvente do original) e quase que Don Calfa, que interpretou o legista Ernie no primeiro, voltou para o papel do Dr. Mandel. Algumas sacadas originais também valem uma boa risada, como quando o Doutor pergunta para o zumbi qual o presidente dos E.U.A. e ele responde “Harry Truman”, os zumbis fazendo aeróbica acompanhando um programa de TV ao melhor estilo Jane Fonda (tão famoso nos anos 80) e claro, a paródia do zumbi Michael Jackson sendo eletrocutado no final. Mas religiosamente falando como um filme de zumbi mesmo, A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2 é pífio, e deixa a desejar principalmente no quesito gore, uma vez que esse é um dos principais fatores que atraem fãs para esse tipo de gênero. E ah, tem o final né. Enquanto no primeiro um míssil nuclear acaba com tudo e é uma baita de uma conclusão pessimista, aqui é o típico “final feliz” Sessão da Tarde. Isso tudo pode ser colocado principalmente na conta da medíocre direção de Ken Wiedehorn. Wiedehorn, apesar de oriundo do cinema de horror (o ótimo Ondas de Pavor, dos zumbis nazistas aquáticos com Peter Cushing foi sua estreia na direção), nunca foi fã do gênero. Muitos dos membros do elenco e equipe posteriormente expressaram em entrevistas que a falta de entusiasmo do diretor em comandar a película era gritante, e fica óbvio em tela o quanto ele é arrastado, burocrático e zero de inspiração, completamente diferente do trabalho de Dan O’Bannon em A Volta dos Mortos-Vivos. Para piorar, originalmente o roteiro também escrito por Wiedhorn não seria uma sequência, mas o produtor Tom Fox demonstrou interesse em financiá-lo somente se ele se tornasse parte da série. Deu no que deu. Mas enfim, a mitologia expandida em A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2 com seus zumbis comedores de cérebros criados por uma mutação resultante da liberação de um gás ainda rendeu uma terceira parte, dirigida por Brian Yuzna e duas “novas” sequências já nos anos 2000, Necrópolis e Rave, que nem merecem que sejam gastas minhas pontas dos dedos para escrever sobre.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/27/572-a-volta-dos-mortos-vivos-parte-2-1988/

#502 1985 A VOLTA DOS MORTOS-VIVOS (The Return of the Living Dead, EUA)


Direção: Dan O’Bannon
Roteiro: Dan O’Bannon (baseado na história de John Russo e Russell Streiner)
Produção: Tom Fox, Graham Anderson (Coprodutor), John Daly e Derek Gibson (Produtores Executivos)
Elenco: Clu Gulager, James Karen, Don Calfa, Thom Mathews, Beverly Randolph

No ano de 1985 os zumbis já tinham invadido o universo pop, muito por conta do sucesso estrondoso do videoclipe Thriller de Michael Jackson lançado em 1982. E em 85 foi a vez do roteirista e diretor Dan O’Bannon apresentar sua história de zumbis em A Volta dos Mortos-Vivos, um dos mais famosos filmes do gênero, que pega emprestado o gore cartunesco de Romero em Despertar dos Mortos, retirando todo e qualquer contexto sócio-político, preocupando-se apenas em apresentar sangue e uma boa dose de bom humor. Essa carga cômica foi o que deixou A Volta dos Mortos-Vivos tão popular, inclusive aqui no Brasil. Dan O’Bannon já tinha dado sua contribuição incalculável ao cinema ao criar e escrever o roteiro de Alien – O Oitavo Passageiro, e por pouco não dirigiu o filme no lugar de Ridley Scott. A Volta dos Mortos-Vivos foi a sua homenagem a George Romero, que originalmente até tinha pretendido processar o filme por utilizar “mortos-vivos” no título mas depois desistiu ao ver o resultado final. Na verdade o roteiro original de A Volta foi escrito por John Russo, o mesmo que havia escrito A Noite dos Mortos-Vivos junto com Romero. Após desavenças com o diretor, Russo resolveu criar o seu próprio filme de zumbis e ofereceu o roteiro a Tom Fox que decidiu produzi-lo. Entregou nas mãos de O’Bannon para dirigi-lo, que não gostou por achar que seria uma mera continuação da então duologia de Romero e acabou reescrevendo. Mas a citação ao filme que revolucionou o gênero está lá. Logo na abertura do filme o aviso de que foi baseado em fatos reais, mas que nomes e lugares foram modificados e todo aquele blá blá blá de sempre. É o primeiro dia de Freddy em seu novo emprego em um depósito de suprimentos hospitalares, onde entre outras coisas, há cadáveres para serem usados em dissecação em faculdades ou testes balísticos. Frank é o responsável por apresentar as funções inerentes ao cargo, e ao ser questionado sobre qual a coisa mais esquisita que já havia visto, ele pergunta se Freddy já assistiu A Noite dos Mortos-Vivos, e se ele sabia que era baseado em fatos reais. Um tipo de arma química havia sido criada pelo exército e vazou em um hospital militar em Pittsburgh, onde os mortos voltaram a vida. Só que por questões de segurança e pressão militar, Romero foi obrigado a alterar a história do filme. Pois bem, esses mesmos mortos foram colocados em contêineres e por um erro administrativo do exército foram parar ali no armazém. Em um acidente, os dois funcionários patetas liberam um gás misterioso que traz os mortos de volta a vida. Após se livrarem do problema desmembrando um dos cadáveres reanimados do depósito junto com seu patrão, Burt, eles decidem queimar o corpo na fornalha do necrotério vizinho que pertence a Ernie, um antigo amigo de Burt. Ao cremá-lo, as substância sobe em forma de fumaça pela chaminé e a chuva a espalha pelo chão do cemitério logo ali do lado, fazendo com que os zumbis devoradores de cérebro saiam de seus túmulos para perseguir os quatro e mais Tina, a namorada de Freddy, e seus amigos punksque foram encontrar o rapaz após o expediente. O que se segue é sangue, correria e cenas hilárias, embaladas por uma trilha sonorapunk rock sensacional de bandas como The Damned e The Cramps e um estiloso figurino totalmente anos 80. E uma sequência de cenas antológicas, como Trash, a garota que faz um strip-tease no cemitério e fica pelada o resto do filme inteiro; ou Suicídio, o punk incompreendido reclamando que ninguém o entende e que aquilo é um modo de vida, e não uma fantasia; ou a explicação de um dos mortos capturados do porquê da fascinação por cérebros, já que a massa encefálica é a única coisa que aplaca a terrível dor de estar morto; ou a impagável cena onde os zumbis, após devorarem dois paramédicos, pedem reforços pelo rádio (“Mandem mais paramédicos!!!!”). E isso é um baita update no conceito zumbi. Aqui eles falam, são capazes de manejar instrumentos e virtualmente indestrutíveis, já que tiros ou fortes pancadas no cérebro não surtem efeito contra eles. O final do filme também é simplesmente genial. Quando você pensa que as coisas não podem ficar piores… BUM! A Volta dos Mortos-Vivos com certeza é um dos filmes saudosistas que marcou história. Daqueles impossíveis de não gostar, independente de sua idade. Tanto que muitas pessoas até hoje gritam “cérebroooo” ou “mioooolos” quando querem imitar um zumbi. Gerou mais quatro (!!!!) continuações, uma pior do que a outra.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/08/19/502-a-volta-dos-mortos-vivos-1985/

quarta-feira, 27 de abril de 2016

#571 1988 A VINGANÇA DO DIABO (Pumpkinhead, EUA)


Direção: Stan Winston
Roteiro: Mark Patrick Carducci, Gary Gerani; Mark Patrick Carducci, Stan Winston, Richard Weinman (história)(baseado no poema de Ed Justin)
Produção: Bill Blake, Howard Smith, Richard Weinman; Alex De Benedetti (Produtor Executivo)
Elenco: Lance Henriksen, Jeff East, Joh D’Aquino, Kimberly Ross, Joel Hoffman, Cynthia Bain, Tom Woodruff Jr.

A Vingança do Diabo (ou Sangue Demoníaco, outro título que ganhou aqui no Brasil) é um daqueles filmes obscuros de terror oitentista bem quisto pelos fãs do gênero. E foi só quando fui assisti-lo novamente para escrever a resenha que reparei no nome por trás das câmeras: Stan Winston. Se você não sabe quem é Stan Winston, deveria ter vergonha! O cara simplesmente foi um dos magos dos efeitos especiais de Hollywood, e tem no currículo nada mais nada menos que a criação do Exterminado do Futuro, os xenomórfos de Aliens, O Resgate, a criatura invisível de O Predador, e até mais recentemente, a armadura de Tony Stark (tira onda, que é cientista espacial) em Homem de Ferro. E A Vingança do Diabo é seu primeiro filme como diretor (apesar de já ter trabalhado como diretor de segundo unidade em Aliens de James Cameron). Claro, não é uma estreia glamorosa para um cara como o gabarito dele no ramo do FX, mas o que isso importa para nós, apreciadores do gênero? Pois seu toque em A Vingança do Diabo transforma o que poderia ser um filme trash do pior calibre, ao melhor estilo Abominável Criatura, em uma experiência visual extremamente satisfatória, por um simples motivo: o visual do tal Pumpkinhead (que em tradução literal seria Cabeça de Abóbora, inspirado no poema de Ed Justin, baseado em uma lenda folclórica americana). Mas não pense que é só isso não. Apesar de ser extremamente satisfatório ver um trabalho tão bem feito para um filme B, com CGI zero e só as velhas técnicas de efeitos visuais, a história também é das mais interessantes, com toda uma sinistra atmosfera rural gótica, auxiliada pela fotografia azulada de Bojan Bazelli e todo aquele aparato clássico como névoa, cemitérios, árvores de galhos retorcidos, cabanas velhas, bruxas, e tudo mais e ainda a atuação do sempre querido Lance Henrikssen, outra figurinha carimbada do horror e do sci-fi. A vingança, no entanto, não vem do diabo, não. Na verdade o Coisa-Ruim não tem absolutamente nada a ver com o causo.  Acontece que o caipira Ed Harley (Henriksen) perde seu filho, o pequeno Billy (Matthew Hurley) de forma trágica. Um bando de jovens arruaceiros para na sua loja de conveniência e acaba atropelando o moleque durante uma manobra de motocicleta. Como o causador do acidente já tinha passagem pelo xadrez e estava em condicional, foge deixando o garoto lá. Harley sente todo o pesar da morte do único filho que amava tanto, e entorpecido por uma raiva sem limites, decide procurar uma antiga (e horripilante, diga-se de passagem) anciã que mora em uma cabana isolada na montanha, em busca do secular espírito do Pumpkinhead, para que ele realize sua vingança dando cabo do grupo de jovens, por meio de um pacto de sangue. Daí para frente, a criatura das trevas começa a caçar um por um, parando somente quando todos forem eliminados, primeiro de forma subentendida, com closes apenas de seus longos braços e garras, mas no decorrer da fita, ele é mostrado em todo seu esplendor esquelético e aterrador, interpretado por Tom Woodruff Jr., deixando uma trilha de sangue por onde passa. O problema é que o pacto não sai como esperado e Harley então resolve intervir, para tentar evitar a carnificina, principalmente quando descobre que ele passa a sentir toda a fúria e maldade de Pumpkinhead quando dilacera as suas vítimas. Por conta de um pedido do próprio Winston, os roteiristas Mark Patrick Carducci e Gary Gerani fizeram tanto o Pumpkinhead quanto Haggis, a anciã da montanha, muito mais sombrios que o previsto. Melhor, para não dar espaço para nenhum tipo de alívio cômico tão costumeiro dos filmes de terror dos anos 80. Ambos também se inspiraram nos filmes de terror de Mario Bava, o maestro do macabro, e fica bem claro na ambientação gótica da trama. A Vingança do Diabo quase não viu a luz do projetor, pois ficou órfão com a falência da De Laurentiis Entertaniment Group (sim, aquela do Dino de Laurentiis), que originalmente distribuiria o filme. Porém ele ganhou um lançamento pequeno quando seus direitos foram adquiridos pela United Artists, que testou o filme em alguns cinemas e recebeu a aprovação do público. Ironicamente, ele foi exibido com o título “Vengeance – The Demon”. Talvez daí os brazucas se inspiraram para batizá-lo por aqui. Acabou ganhando certo espaço no coração dos fãs do horror, nas prateleiras das locadoras e nas reprises da televisão, ganhando mais três continuações, uma delas direto para o vídeo em 1993 e as outras duas, de 2006 e 2007, feitas para a TV.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/26/571-a-vinganca-do-diabo-1988/

terça-feira, 26 de abril de 2016

#570 1988 O SORO DO MAL (Brain Damage, EUA)


Direção: Frank Henenlotter
Roteiro: Frank Henenlotter
Produção: Edgar Ievins; Ray Sundlin (Produtor Associado); Andre Blay, Al Eicher (Produtores Executivos)
Elenco: Rick Hearst, Gordon MacDonald, Jennifer Lowry, Theo Barnes, Lucille Saint-Peter

Frank Henenlotter é um retardado. E levantemos as mãos aos céus por isso. Depois de Basket Case, sua seminal bagaceira lançada em 1982, o diretor volta mais uma vez suas lentes para a trasheira repleta de gore, cenas nojentas, efeitos especiais toscos, decadência social de seus personagens, humor negro e nonscence no talo em O Soro do Mal. O longa na verdade é uma metáfora ao uso de drogas. Mas não pense que ele funciona como um estudo profundo sobre os efeitos nocivos dos entorpecentes nos jovens e sobre o universo junkie e underground de Nova York no final dos anos 80. Na verdade essa nem era a intenção, apesar do grande teor de conscientização que ele traz em suas entrelinhas. O lance é você chutar o pau da barraca mesmo, algo que Henenlotter sabe fazer com maestria em seus filmes, exatamente por saber contornar com criatividade e com roteiros malucos, a falta de um orçamento decente. Pensando um pouco em Basket Case, dá para perceber que o diretor aproveitou os mesmos elementos pontuais aqui em O Soro do Mal: temos novamente como pano de fundo uma NY decadente e um jovem que vive uma relação de dependência com uma criatura disforme e vice-versa, morando em um mequetrefe prédio de apartamentos. Esse jovem é Brian (Rick Hearst), que se torna hospedeiro de um parasita tosquíssimo e fanfarrão chamado Aylmer (que tem a voz não creditada de John Zacherle), com o formato de uma lesma com olhos e boca, capaz de injetar uma substância diretamente em seu cérebro que lhe dá um puta barato (quando isso acontece, vemos um close da sua massa encefálica com o líquido azul sendo gotejado, seguido de uma série de reações elétricas). Mas não pense que nada disso é de forma deliberada, não. Em troca de seu “suco”, ele precisa se alimentar de miolos humanos. Pronto, por meio deste enredo simples, está construída toda a trama que vai permear a vida do sujeito, que irá entrar em um caminho sem volta, cada vez precisando mais e mais do “tóchico” a ponto de cometer assassinatos para que Aylmer se delicie com seus cérebros, primeiro de forma inconsciente, durante sua trip cheia de cores e sensações, mas depois, obrigando-se a compactuar com o parasita, principalmente quando ele decide abandonar o vício, passa por um cold turkey nervoso, mas o sacana de fala suave consegue o convencer, tão forte já é sua dependência. Na verdade Aylmer merece um parágrafo a parte. Assim como Belilal consegue ser o grande personagem de Basket Case, a mesma coisa acontece aqui com a lesma ilícita. Primeiro ele consegue convencer Brian a cair como um patinho, provando que a sensação que ele passa é uma delícia, que fará apenas bem e para que tenha sua total confiança. Acho que esse seria mesmo o diálogo de um noia com sua droga. Depois, antes da pesada cena de desintoxicação, Aylmer se mostra extremamente confiante que o hospedeiro vai acabar cedendo, como todos o fazem, e ainda até cria uma musiquinha de escárnio, parecendo um stop motion da Disney às avessas. Interessante também a breve passagem quando o antigo hospedeiro de Aylmer conta sua origem, e descobrimos que ele é uma criatura que existe desde o começo dos tempos, como o próprio uso de drogas em si, e sempre foi disputada entre as pessoas, causando efeitos devastadores. Mas como disse lá em cima, isso não é um tratado sobre o efeito das drogas na destruição da vida dos jovens, da instituição familiar (há uma briga com seu irmão, que também não o ajuda na recuperação por ter outros interesses em comum, por assim dizer), das relações amorosas (agindo de forma abrupta com sua namorada), do adultério e sexualidade. É um filme trash com todo seu esplendor, servido de toneladas de cenas gráficas, sangue a rodo, efeitos caricatos de Aylmer, cérebros pulsantes no lugar de almôndegas em um prato de macarrão em uma das viagens de Brian e claro, a antológica e grosseira cena do boquete forçado de uma garota na criatura fálica, que acaba por sugar seu cérebro. E falando mais uma vez de Basket Case, há até uma própria homenagem metalinguística de Henenlotter ao seu filme anterior. No metrô, Brian está obcecado, esquadrinhando os passageiros a procura de um cérebro quando quem entra no vagão? Exatamente Duane Bradley, carregando sua infame cesta de vime, provavelmente com Belial em seu interior. O Soro Maldito é aquele tipo de podreira que só poderia ter sido feita nos anos 80, com seu humor ácido, toda sua situação controversa e a forma politicamente incorreta de tratar de um tema sério de saúde púbica, sangue em profusão, efeitos especiais ridículos e muita tosqueira como cúmplice da quase total falta de recursos. Mas tudo isso nas mãos de um cara como Frank Henenlotter, se torna um deleite para os fãs.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/25/570-o-soro-do-mal-1988/

#569 1988 O SILÊNCIO DO LAGO (Spoorloos / The Vanishing, Holanda, França)


Direção: George Sluizer
Roteiro: Tim Krabbé (baseado em seu livro), George Sluizer
Produção: Anne Lordon, George Sluizer
Elenco: Bernard-Pierre Donnadieu, Gene Bervotes, Johanna ter Steege, Gwen Eckhaus, Bernardette Le Saché

Talvez você, como eu, tenha assistido primeiro a refilmagem americana de O Silêncio do Lago de 1993, com Jeff Bridgers, Kiefer Sutherland e Sandra Bullock no elenco, em algum momento nos anos 90, na Tela Quente ou Supercine da TV Globo. E deve pensar: aaaaah sim, é um filme de suspense dos mais meia boca! Abuse de sua capacidade de memória seletiva e esqueça tudo sobre a versão yankee ao assistir a produção franco-holandesa original do diretor George Sluizer. Baseado no livro de Tim Krabbé chamado “The Golden Egg” (em tradução literal, o ovo dourado, metáfora que é utilizada constantemente no filme), a fita facilmente é um dos thrillers mais aterrorizantes e misteriosos já feitos. Não a toa ganhou o prêmio de Melhor Filme no Dutch Critics Award de 1988. O brilhantismo de O Silêncio do Lago pode ser apontado em dois exemplos desconcertantes. O primeiro é a ruptura dos elementos padrões dos filmes de suspense convencionais. Antes de sua metade já conhecemos quem é o vilão e suas motivações. Não há aquele clichê característico do gênero, nada que lembre as tramas à la Edgar Wallace, nada de investigações mirabolantes que revela a identidade do criminoso no final. O segundo é a forma metódica, fria e nada convencional (incluindo aí as elipses de tempo e a narrativa não linear) que conduzem de forma inexorável o personagem para o seu final surpreendente, épico e completamente pessimista (algo que a refilmagem conseguiu de forma brilhantemente – e engraçado que também foi dirigida por Sluizer, mas sacumé…). Volto a falar do final mais tarde, com o devido alerta de spoiler. O que se inicia como um road movie do casal Rex Hofman (Gene Bervoets) e Saskia Wagter (Johanna ter Steege), torna-se um ensaio sobre a obsessão e paranoia. Ao pararem em um posto de gasolina, Saskia simplesmente desaparece ao ir sozinha comprar refrigerante e cerveja. Como a garota não retorna, um medo primal e desespero toma conta de Rex, que há pouco havia feito uma promessa de nunca mais abandoná-la (o que remete a sua atitude escrota na memorável cena do túnel no começo do filme). E isso irá definir sua vida nos próximos três anos. Rex continua procurando pela garota desaparecida, apelando de todas as formas possíveis, como colar cartazes em árvores e aparecer na televisão. Só falta mesmo colocar a foto da moça nas caixas de leite. Assim como para o espectador não há uma noção de passagem de tempo, feito um corte brusco para o futuro, para Rex também não há, pois ele está ali preso naquele espaço-tempo contínuo de sua busca pela amada, levando sua vida ao buraco, impedindo qualquer tipo de novo relacionamento e lhe trazendo prejuízo financeiro. Agora voltamos ao nosso sequestrador, que é a verdadeira cereja do bolo de O Silêncio do Lago. Raymond Lemorne (interpretado de forma nada menos que brilhante por Bernard-Pierre Donnadieu) é um professor de química, casado, com duas filhas, que tem uma vida completamente normal, mas que na verdade é um sociopata que fica imaginando se seria capaz de atos de maldade (inspirados por dois momentos de sua vida: quando pulou deliberadamente de uma janela na infância e quando salvou uma garotinha de se afogar já adulto, mas sentiu prazer no sofrimento da menina em deixar a boneca no lago) e desvirtuar o status quo de sua vidinha medíocre. O plano, executado e treinado à exaustão, de forma metódica, calma e com serenidade angustiante (Raymond esquematiza tudo, dramatiza a cena, faz contas e mais contas sobre o tempo de ação do clorofórmio versus a quilometragem até chegar a sua casa do lago, etc) é raptar uma mulher, usando uma desculpa até das mais esfarrapadas (que acaba se concretizando de forma deliciosamente revoltante apenas por um golpe de sorte do destino para ele, e de azar para Saskia e Rex) e infligir a vítima o seu pior medo: claustrofobia. Raymond é a epítome da banalização do mal e suas tentativas e maquinações são de um humor negro capaz de gerar risinhos nervosos no espectador, que acompanha angustiado sua missão sombria. Depois do rapto, não há escapatória. O destino do personagem principal é um trem desgovernado que você é obrigado a assistir de camarote. O vilão se mostra para o herói, que simplesmente não consegue se livrar de sua fixação compulsiva, e aceita a bizarra condição de Raymond: para descobrir o que aconteceu com Saskia, terá de passar pelo mesmo que ela. A cena da árvore na chuva mostra bem o desespero de Rex, que apesar de saber das consequências, é obrigado a passar por isso, eliminando algo que o atormentava a tanto tempo, qualquer que fosse o preço. É tipo você TER DE tirar de qualquer jeito com a língua aquela carninha que fica presa no dente do fundo, elevado à enésima potência.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
A cena final é simplesmente aterradora (ainda mais se você também for claustrofóbico) quando Rex é enterrado vivo e liga seu isqueiro, vendo-se preso à sete palmos em um caixão de madeira. Enquanto a luz diminui, ele solta uma risada doentia, pontuada pelo avanço da escuridão e a lembrança ao encontrar Saskia no túnel lá no começo, onde todos os acontecimentos fatídicos daquelas férias começaram, quando o carro deles quebra e independente dos apelos e choro da moça, ele a deixa sozinha no escuro. O ciclo das mórbidas coincidências do destino se fecha. Não antes de vermos a cara impassível de Raymond, que simplesmente se safa dessa incólume. Um detalhe interessante é que o livro de Krabbé (que também escreveu o roteiro junto com o diretor) é baseado em uma história real que leu em um jornal, sobre o desaparecimento de uma turista após comprar chiclete em um posto de gasolina na França. Dez anos depois, Krabbé fez uma extensiva pesquisa sobre o desaparecimento, após a polícia procurar pela garota exaustivamente por dois dias, e descobriu que ela estava viva e na verdade só tinha pego o ônibus errado. Como se não bastasse a história inquietante e a forma como ela se desenrola e prende o espectador, a direção de Sluizer é primorosa, com sua movimentação de câmera, sua narrativa não linear e sua óbvia referência a Alfred Hitchcock. Isso sem contar as atuações acima de qualquer média e os diálogos precisos, principalmente entre Rex e Raymond. Tudo isso somado faz O Silêncio do Lago a gema do suspense que ele é.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/19/569-o-silencio-do-lago-1988/

BETTER CALL SAUL 2ª TEMPORADA (EUA, 2016)


KAKASHI (Scarecrow, JAPÃO, 2001)


sexta-feira, 22 de abril de 2016

LUCIFER 1ª TEMPORADA (2016)


SLENDER (EUA, 2015)



#568 1988 SEXTA FEIRA 13 VII A MATANÇA CONTINUA (Friday the 13th Part VII: The New Blood, EUA)


Direção: John Carl Buechler
Roteiro: Daryl Haney, Manuel Fidello
Produção: Iain Paterson; Barbara Sachs (Produtora Associada); Frank Mancuso Jr. (Produtor Executivo)
Elenco: Lar Park-Lincoln, Terry Kiser, Kevin Spirtas, Susan Jennifer, Sullivan, Heidi Kozak, Kane Hodder

Sexta-Feira 13 encontra Carrie – A Estranha! Eu fico imaginando a reunião dos executivos da Paramount tentando espremer o bagaço da laranja chamada Jason Voorhes e tendo a ~brilhante ideia de meter uma menina com poderes telecinéticos para enfrentar o famososerial killer. Alguém achou que isso poderia dar certo de verdade? Pois bem, Sexta-Feira 13 Parte 7 – A Matança Continua decreta de vez o fim da franquia que já deveria ter acontecido muito antes (lembre-se que a quarta parte foi batizada deSexta-Feira 13 – O Capítulo Final). Ainda que o anterior Sexta-Feira 13 – Parte 6 – Jason Vive seja dos mais bacanas da cinesérie, falando o português claro, essa sequência é uma verdadeira B...! E assim, não dá nem para rolar um guilty pleasure, como até acontece em alguns outros Sexta-Feira 13. Tudo bem, ele pode ser melhor que a parte 5 ou a parte 9, mas aí também é nivelar por baixo. Simplesmente é impossível engolir o roteiro ridículo escrito por Daryl Haney e Manuel Fidello com a tal personagem Tina Shepard (a loirinha gata Lar Park-Lincoln) e a tosca ideia de seus poderes psíquicos, na tentativa de dar um toque diferente na matança desenfreada de Jason (que aqui chega ao número de 16 corpos). Mas se tem uma coisa que se deve tirar o chapéu é o visual do personagem, vivido pela primeira vez pelo dublê Kane Hooder, e que foi uma espécie de divisor de águas do morto-vivo, consolidando de vez seu status de “verdadeira força incontrolável”. O maluco toma tiro, pancada, é eletrocutado, enforcado, recebe uma saraivada de pregos, afogado, queimado vivo, explode, e ainda assim está lá em pé para continuar sua caçada implacável. Isso sem contar o excelente trabalho de maquiagem, comandando pelo próprio diretor John Carl Buechler (gabaritado ao cargo por ter dirigido nada mais nada menos que Troll – O Mundo do Espanto. Se você não percebeu, estou sendo sarcástico) que nos apresenta um Jason completamente apodrecido, com a roupa esfarrapada e até com sua costela à mostra. É uma espécie de “Jason definitivo”. Quando ele aparece sem máscara, todo putrefato, é um dos momentos altos da película. Só não entendo mesmo como e por que ele respira, mas tá tudo beleza. Mas, mesmo com todo o visual incrível do assassino da mamãe Pamela, o roteiro (mais uma vez ele) consegue estragar absolutamente tudo. Vamos lá, a pequena Tina, que mora ali nas imediações de Crystal Lake vê seu pai e sua mãe se desentendendo, o sujeito já tem histórico de bater na esposa, e a pequena foge para o lago, entra num barco e usa seus poderes de Jean Grey para arrebentar o píer e seu pai cair na água, resultando em sua morte por afogamento. Dez anos se passam e ela volta ao local com sua mãe para uma terapia intensiva com o escroto psiquiatra Dr. Crews (Terry Kiser), uma vez que ela ficou atormentada com o acontecido e vive entrando e saindo de instituições. Paralelo a isso, uma galera zé droguinha e promíscua está fazendo uma festa na cabana ao lado, presas preferidas de Jason. Um dia, Tina putinha com o Dr. Crews, corre até a beira do lago, usa seus poderes e adivinhe? Era lá que Jason estava acorrentado a uma pedra, deixado por Tommy Jarvis no final do filme anterior, e eis que ela traz o maníaco brucutu de volta à superfície, que irá matar absolutamente todos em seu caminho. Um dos grandes problemas de Sexta-Feira 13 Parte 7 – A Matança Continua está justamente aí. A promessa e a intenção eram de que esse seria o filme mais violento da série, e as mortes seriam as mais brutais e gráficas de toda a franquia. Porém, para evitar uma classificação X do MPAA, dezenas de cortes tiveram de ser feitos, durante as nada menos que NOVE vezes em que foi submetido ao órgão censor. Resultado, o longa ganhou um R, foi o mais mutilado da série e absolutamente TODAS as mortes são em off screen, o que funciona como um verdadeiro coito interrompido. Mas como nunca foi lançada uma versão uncut ou do diretor mesmo depois de todos esses anos, não adianta ficar pensando em um mundo hipotético: ah, mas era para ser o mais violento, mais gore, foi prejudicado pela censura, etc. What you see is what you get! Sem as mortes violentas e criativas com todo tipo de equipamento (até mesmo um apito!!!!) saltando aos olhos (salvando-se apenas o antológico assassinato onde Jason arrebenta uma garota dentro de um saco de dormir contra uma árvore com toda força) o que sobra é um filme patético. As batalhas telecinéticas de Tina com o vilão indestrutível são tão repetitivas que beiram a exaustão. A garota usa o poder da mente, atira alguma coisa no assassino, ele cai e logo depois volta. E assim se repete insistentemente até seu final vergonhoso.
ALERTA DE SPOILER: Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Eis que no embate final, na ponte sobre o lago, mais uma vez Tina usa seus poderes e não é que, pasme, ela consegue trazer o PAI DELA MORTO HÁ DEZ ANOS debaixo d’água (ou sua projeção psíquica, astral, ou o diabo que o valha, o que não adiantaria NENHUMA mínima explicação decente em todo universo), que enfia uma corrente em Jason e o arrasta novamente para as profundezas. Dá até vontade de chorar da cara de pau dos envolvidos que bolaram um final tão idiota e inverossímil. Mas poderia ser pior. Naqueles tempos, a Paramount e a New Line já costuravam o talcrossover entre Jason Voohrees e Freddy Krueger, que aconteceria exatamente neste filme. Porém eles não conseguiram chegar a um acordo, a ideia foi colocada de lado (botando a super Tina no lugar do tostadinho para combater o cadáver ambulante) e como bem sabemos, a vergonha alheia só chegou às telas em 2003 quando a New Line já era detentora dos direitos dos dois personagens. Sexta-Feira 13 Parte 7 – A Matança Continua só prepara ainda mais o terreno acidentado da ladeira abaixo que a franquia do assassino slasher mais fodão de todos seguirá no decorrer dos anos. E vale uma menção honrosa nesse post para o fã do horror Luiz Beagle, que comenta bastante aqui no blog e fez uma defesa fervorosa do filme na resenha da sexta parte, por conta dos famigerados cortes. E ele ainda indica assistir ao making of que você pode encontrar legendado no Youtube aqui. PS: Mas já mudou de ideia depois de revê-lo, como o mesmo explica nos comentários abaixo…rs.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/18/568-sexta-feira-13-parte-7-a-matanca-continua-1988/

#567 1988 RATO HUMANO (Quella villa in fondo al parco / Rat Man / Terror House, Itália)


Direção: Giuliano Carnimeo
Roteiro: Dardano Sachetti
Produção:Fabrizio de Angelis
Elenco: David Warbeck, Janet Agren, Eva Grimaldi, Luisa Menon, Werner Pochath, Nelson de la Rosa

O Rato Humano é o trash em seu estado mais puro! PUTAQUEPARIU esse filme. Sabe aquelas fatídicas listas dos piores filmes já feitos? Esse aqui entra com louvor. Até o citei na compilação que fiz para o Judão das maiores tranqueiras para se ver no Halloween passado. Mas também, você esperaria o quê de uma pérola feita na Itália (aonde mais?), produzida pela altamente sensacional Fulvia Films, do picareta máster Fabrizio De Angelis, dirigido por Giuliano Carnimeo (sob pseudônimo de Anthony Ascot), do lendário Os Exterminadores do Ano 3000, e escrito por Dardano Sacchetti (assinando como David Parker Jr.), aquele mesmo de praticamente todos os filmes italianos do período, de Bava a Fulci. Mas a cereja do bolo, é o tal do Rato Humano. Seria trágico se não fosse cômico o fato de meterem no filme um sujeito com uma doença genética que tem 72 centímetros (que em 1990 figurou no Guinness como o menor homem do mundo), pulando em cima das suas vítimas para se alimentar de suas vísceras, entocado dentro de uma gaiola ou de uma mala, e até saindo da privada. O ator dominicano Nelson de La Rosa acabou até se tornando famoso em países latinos, com suas aparições em programas na televisão da Venezuela e, vejam só, até contracenou com Marlon Brando naquela versão deprimente de A Ilha do Dr. Moreau dos anos 90. E o pior ainda é que se você meter o nome do rapaz no Google Imagens descobrirá que ele é pouquíssima coisa diferente de seu personagem mutante! Personagem esse criado por um cientista decadente que se muda para uma ilha tropical, o Dr. Olman (Pepito Guerra), que acha que estará revolucionando o mundo da ciência e mereceria um prêmio Nobel por fazer experiências de humanos com ratos, criando esse ser híbrido. Acontece que a aberração escapa de sua gaiola por conta de um capanga desastrado e começa a deixar um rastro de morte na tal vila ao fundo do parque (título original) e num resort turístico em suas proximidades. Terry (Janet Agren), filha de um senador americano é chamada para a ilha para reconhecer o possível cadáver de sua irmã, a modelo Marilyn (Eva Grimaldi, responsável pela melhor cena do filme, que é seu banho de chuveiro) morta de forma violenta por um suposto “animal”. Mas na verdade não foi sua irmã a vítima, e sim outra modelo com quem estava trabalhando. Ao lado do escritor de livros policiais, Fred Williams (David Warbeck), com quem dividiu táxi no aeroporto, começa a investigar por conta própria o paradeiro da irmã, em detrimento da inépcia da polícia local, que se embrenhou na mata para uma sessão de fotos exóticas. Uma a um, todos os personagens conseguem se tornar alvos bem fáceis para o diminuto mutante, que irá desafiar todas as leis da física e aparecer nas menores frestas e locais (como a privada já citada, e até dentro de uma geladeira) para derramar sangue mais falso do que guache vagabundo que sua mãe comprava para os trabalhos de educação artística da escola. Fora isso, além das já costumeiras atuações sofríveis da italianada, a fotografia é péssima, muitas das vezes tão escura que você mal consegue enxergar o que está acontecendo, e a única versão que rola aí pela Internet é das mais porcas e não ajuda em nada. Mas realmente o final é a cereja do bolo. Eu juro que nunca vi uma película acabar de forma tão tosca. 
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco
(se você realmente se importar como essa bomba acaba). No final das contas Marilyn acaba sendo trucidada pelo Rato Humano, o doutor nefasto também, e nossos heróis então pensam que o monstrengo foi derrotado. Mas o furtivo mutante enfia-se dentro da bolsa de Terry e é despachado no aeroporto para a América junto com eles (???!!!). Quando o avião levanta voo, a cena congela e começa-se a ouvir gritos de desespero, deduzindo que o homem roedor atacou e matou simplesmente TODOS os passageiros da aeronave. Dói até o pâncreas de tento rir! O filme sofreu vários cortes e só foi lançado em DVD na sua versão uncut em 2008, no Reino Unido, pela Shameless Screen Entertainment. Nome mais oportuno de distribuidora não há! Agora imagine uma trasheira sem tamanho como O Rato Humano ainda com cortes, sem o pouco gore que encontramos aqui e acolá e sem a fatídica cena do vilão devoyeur vendo a gostosona Eva Grimaldi tomando banho com direito a nu frontal e tudo?  O fato é que a grande diversão desta podreira é mais uma vez admirarmos um exemplar vindo direto da lata do lixo cinematográfico italiano para os mais ardorosos fãs da bagaceira.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/15/567-o-rato-humano-1988/

#566 1988 POLTERGEIST 3 (Poltergeist III, EUA)


Direção: Gary Sherman
Roteiro: Gary Sherman, Brian Taggert, Steve Feke (não creditado)
Produção: Barry Bernardi, Gary Sherman (Produtores Executivos)
Elenco: Tom Skerrit, Nancy Allen, Heather O’Rourke, Zelda Rubinstein, Lara Flynn Boyle, Kipley Wentz

Quando você pensa que Poltergeist II – O Outro Lado é o mais baixo no quesito “continuações” que um dos mais clássicos filmes do cinema de horror poderia chegar, é quando eles vêm e BLAM! Entregam uma aberração cinematográfica do quilate de Poltergeist III. Talvez a única coisa que gere um pingo de curiosidade (ou publicidade, talvez) para essa terceira parte da franquia é o fato de que a jovem Heather O’Rourke, que interpretou Carol Anne nos três filmes, tenha morrido durante a pós-produção, de parada cardíaca, devido a uma inflamação crônica no intestino, no dia 1º de fevereiro de 1988, aos 12 anos. Ou, mais uma “maldição de Poltergeist”, para a conta das lendas urbanas no filme. Na verdade foi a maldição derradeira, que fez com que a série finalmente descansasse em paz. Isso porque além de tudo, o filme foi recebido de forma péssima pelo público e crítica, apesar dos seus 14 milhões de dólares de bilheteria (mediante um orçamento de 10 milhões). Com um roteiro pífio/patético escrito por Gary Sherman (que também dirigiu e foi produtor executivo), nenhum dos atores da família Freeling original quiseram voltar para a bomba. O resultado foi colocar Carol Anne morando com os tios, Patricia (Nancy Allen), irmã de Diane, e Bruce (Tom Skerrit), junto da filha de Bruce, Donna (debute de Lara Flynn Boyle no cinema) em um prédio multiplex cafona em Chicago. Carol Anne é colocada em uma escola para crianças com dons especiais, mas segundo seu psiquiatra, Dr. Seaton (Richard Fire) tudo pelo que ela passou é resultado de hipnose coletiva (??!!!) e fazendo sessões de regressão com a menina, acaba mais uma vez despertando o famigerado Reverendo Kane (Nathan Davis), o vilão do segundo filme (que fora originalmente interpretado por Julian Beck, falecido pouco depois das filmagens) que vem puxar o pé de Carol Anne e encher seu saco novamente para que ela o leve para a luz. Dali para frente o filme transforma-se em um ridículo jogo de gato e rato com a garota e sua família tentando combater as forças do mal nos andares e aposentos do prédio espelhado, circulando entra as dimensões dos vivos e dos mortos, nos reservando cenas péssimas (a da perseguição no estacionamento congelado é sem dúvida nenhuma a pior de todas), recebendo a sempre pontual ajuda de Tangina (Zelda Rubinstein também volta aqui). Na verdade o diretor Gary Sherman tinha decidido não lançar o filme após a trágica morte de Heather O’Rourke, porém, como a MGM tinha gastado uma puta grana e não queria perder as verdinhas, obrigou o diretor a manter a data de lançamento para junho de 1988, pois se ele não o fizesse, outro o faria. Mas após o filme ganhar uma censura PG pelo MPAA, o estúdio decidiu refazer o final para levar pelo menos um PG-13, e então uma dublê teve de ser utilizada (inclusive naquela melequenta cena final onde a família toda feliz se abraça e obviamente não é mostrado o rosto da personagem). Talvez o único bom momento do filme, que não tem absolutamente nada a ver com a história ou com a franquia em si, é quando o personagem de Tom Skerrit fala que Carol Anne não é nenhuma Carrie – A Estranha, piada interna com a atriz Nancy Allen, que fez o papel de Chris Hargensen no filme de Brian de Palma, baseado no livro de Stephen King. E só. A famosa história de fantasmas dirigida por Tobe Hooper e produzida por Steven Spielber em 1982, Poltergeist – O Fenômeno, não poderia terminar de forma mais triste e deprimente do que Poltergeits III. Pelo falecimento precoce da pequena atriz, e por essa sequência malfadada.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/14/566-poltergeist-iii-1988/

quinta-feira, 21 de abril de 2016

#565 1988 A PASSAGEM (Waxwork, EUA)


Direção: Anthony Hickox
Roteiro: Anthony Hickox
Produção:Staffan Ahrenberg, Eyal Rimmon; Gregory Cascante, Dan Ireland, William J. Quigley, Mario Sotela (Produção Executiva)
Elenco: Zach Galligan, Jennifer Bassey, Joe Baker, Deborah Foreman, Michelle Johnson, David Warner, Eric Brown

Não é só a fatídica sequência do lobisomem, mas na real, com aquele típico clima dos anos 80, o longa escrito e dirigido por Anthony Hickox é uma belíssima homenagem ao cinema de horror. E um filme bem divertido por consequência. Começa pelo fato do enredo se passar em um museu de cera. O título original é “Waxwork”, quase o mesmo nome internacional de O Gabinete das Figuras de Cera, um clássico do expressionismo alemão. Um bando de amigos universitários é convidado pelo misterioso dono do museu, David Lincoln, vivido pelo ator David Warner (o padre Jennings, de A Profecia), para a avant première do local, aberto recentemente em uma cidadezinha. O entretenimento obviamente é composto por bizarras e mórbidas figuras em cera de personagens do cinema de terror, e também da vida real, como o Marquês de Sade, por exemplo. Porém, ali dentro os visitantes atravessam uma espécie de barreira dimensional, ou passagem (hein, hein?) que o levam para um verdadeiro conto de terror. Os dois primeiros a se tornarem vítimas são Tony (Dana Ashbrook – que talvez você lembre como Bobby Brigs de Twin Peaks) e China (Michelle Johnson). O rapaz acaba entrando na dimensão de um lobisomem (vivido por John Rhys-Davis, ou o anão Gimli, da trilogia O Senhor dos Anéis, para os mais chegados), e a moçoila vai parar em um castelo do Conde Drácula (Miles O’Keefe) onde é obrigada a comer carne crua banhada com sangue e enfrentar o vampiro e suas concubinas do inferno. Mark Loftomore (Zach Galligan) e Sarah Brightman – não a cantora – (Deborah Foreman) ficam encafifados com o sumiço dos amigos e resolvem procurar a polícia, que não dá a mínima (mas depois resolvem investigar e acabam partindo dessa para uma melhor também) e depois Mark descobre que na verdade seu avô colecionava artefatos das “18 criaturas mais malvadas que já viveram” e Lincoln os roubou, onde por meio de magia negra, trouxe os monstros à vida na forma das figuras de cera, alimentando-as com as almas de suas vítimas. A lista das 18 terríveis criaturas usadas no filme, além do Drácula, o lobisomem e o Marquês de Sade, já citados são: o Fantasma da Ópera, a Múmia, os zumbis (que aparecem em uma sequência P&B em uma homenagem ao A Noite dos Mortos-Vivos do Romero), o monstro de Frankenstein, Jack, o Estripador, o Homem-Invisível, um sacerdote vodu, uma bruxa, o Homem-Cobra, um casulo de Vampiros de Almas, um bebê mutante (de Nasce um Monstro), um assassino com machado que é uma lenda urbana (originalmente seria Jason Voorhees, ideia dispensada por problemas legais), um alienígena, uma planta carnívora gigante (que devora o anão comparsa de Lincoln) e o Médico e o Monstro. Maior homenagem ao cinema de horror não há! A Passagem tem toda aquela famosa mistura de comédia com horror tão costumeira nos filmes do gênero dos anos 80, mesclado com cenas de gore muito bacanas (como a sequência dos vampiros, e adivinhe? Do lobisomem) e bons efeitos de maquiagem (que também remetem muito aos moldes feitos durante aquela década), trabalho árduo de Bob Keen que gastava 18 horas por dia durante as oito semanas de filmagem para dar vida aos monstros. Uma curiosidade interessante é que para o papel do Sr. Wilfrid, aquele que auxilia Mark contando a história de seu avô, foram considerados Michael Gough, Christopher Lee, Peter Cushing e Donald Pleasence, todos veteranos conhecidos do fã do horror. O papel ficou com Patrick Macnee.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/13/565-a-passagem-1988/

#564 1988 PALHAÇOS ASSASSINOS DO ESPAÇO SIDERAL (Killer Klowns from Outer Space, EUA)


Direção: Stephen Chiodo
Roteiro: Charles Chiodo, Edward Chiodo, Stephen Chiodo
Produção: Charles Chiodo, Edward Chiodo, Stephen Chiodo; Paul Manson e Helen Szabo (Produtores Executivos); J. J. Lichuaco e Christopher Roth (Produtores Associados)
Elenco: Grant Cramer, Suzanne Snyder, John Allen Nelson, John Vernon, Michael Siegel, Peter Licassi

Palhaços Assassinos do Espaço Sideral… O que mais precisa se falar sobre um filme com esse título? É um filme escrachado, que acertadamente não se leva a sério desde seu título, passando por sua música tema e por todas as proezas daqueles palhaços alienígenas, que diverte pencas e até tem seus momentos assustadores quando se assiste na infância. Afinal, dois medos irracionais estão contidos aqui nesta preciosidade escrita, produzida e dirigida pelos irmãos Chiodo: palhaços e alienígenas. Tem uma porrada de meninada por aí (e até muitos que já viraram marmanjos, mas cultivam esse pavor infantil) que tem medo de palhaços. Isso tem até nome técnico, que é coulrofobia. Se eles forem assassinos do espaço sideral então, aí o caldo entorna e a coisa fica realmente assustadora. E bem antes do terrível Pennywise matar moleque do coração em It – Uma Obra Prima do Medo, adaptação cinematográfica do livro “A Coisa” de Stephen King, esses palhaços tosqueira, carregados de maquiagem e usando suas roupas bufonas, estavam aqui no planeta para nos transformar em algodões-doces comestíveis. Só por estar no imaginário popular da geração dos anos 80 e 90, já é motivo de sobra para Palhaços Assassinos do Espaço Sideral ser um louvável objeto de adoração. Muita gente julga o filme como trash do mais baixo nível, mas eu vou ser obrigado a discordar veementemente. Ele é tosco, é camp, mas nesse meu exercício de escrever esse blog e também fazer o Horrorcast, já me deparei com bombas exponencialmente piores que Palhaços Assassino… Ruindades como Manos: The Hands of FateBlood FreakRobot MonsterO Ataque Vem do Polo e essas tranqueiras feitas pela Asylum Productions direto para TV e DVD, como o infame Sharkando, são muito piores que este simpático terror oitentista, que obviamente não vai trazer uma história rebuscada e prende-se em clichês típicos das fitas adolescentes daquela década, mas que possui muito esmero em relação a efeitos especiais e de maquiagem. Os irmãos Chiodo foram os responsáveis, por exemplo, pelo design e efeitos especiais dos Critters, as simpáticas e carnívoras bolas de pelos alienígenas de Criaturas. E o filme ainda, pasmem, teve um orçamento de dois milhões de dólares. Vai perguntar com quantos porcento disso Roger Corman fazia um filme B nas décadas de 50 e 60. Lógico, não havia o avanço da computação gráfica como vemos hoje, e por isso, algumas cenas são ridículas e datadas obviamente, mas o interior da nave, os casulos de algodões-doces, os veículos, o sujeito derretido por tortas, até mesmo a sombra de dinossauro projetada na parede que devora um grupo de pessoas e o “Klownzilla” no final, são bem feitinhos e interessantíssimos para a época. Lógico que essa pirralhada que vê Transformes, Os Vingadores e o Homem de Aço nas telonas, vai achar tudo ridículo e enfadonho. Fora isso, as mortes são todas provenientes de traquitanas à lá Acme, com os bizarros palhaços monstrengos usando armas de raio que transformam humanos em algodões-doces e bolas gigantes (tipo aquelas da Dic, lembram?), protótipos das Nerfs que atiram pipocas (sendo que algumas pipocas podem se transformar em monstrinhos repugnantes), cachorros farejadores feitos de balões, línguas de sogra que estrangulam policiais, marretas, piscinas de bolinhas, e por aí vai. Vai me falar que não é adoravelmente nonscense? E os palhaços têm seus momentos assustadores e sinistros em meio a toda patifaria e presepada. E não medem esforços em atacar crianças ou velhinhos em sua tentativa de tomar Crescente Cove, uma pequena cidadezinha típica do interior dos EUA. A invasão começa quando um meteoro traz os palhaços para nosso planeta. Mike (Grant Cramer) e sua namoradinha Debbie (Suzanne Snyder) descobrem a nave espacial e o terrível plano dos palhaços, e tentam alertar as autoridades, nas figuras de Dave (John Allen Nelson), ex-noivo de Debbie, que irá ter em um atrito inicial com Dave, o atual, e o xerife Curtis Mooney (John Vernon), folgado e truculento policial que se acha o Dirty Harry comedor de donuts. Obviamente ninguém irá acreditar nos dois, até que os aliens comecem a tocar o terror no local. Como se precisasse de mais alívio cômico do que todas essas idiotices que escrevi, ainda há os irmãos Terenzi, Rich (Michael Siegel) e Paul (Peter Licassi), que são dois imbecis palermas, que dirigem um caminhão de sorvete de noite (???!!!) e gostam de atrapalhar os amigos enquanto tenta faturar suas namoradas (porque eles mesmo não pegam ninguém), e são dois verdadeiros losers. Cabe a essa trupe abestalhada de heróis improváveis impedir o plano maligno dos palhaços maníacos em exterminar a cidadezinha, aumentando seu estoque de algodões doces humanos, e ainda de quebra resgatar a mocinha Debbie, que foi raptada pelos malfeitores arlequins intergalácticos. A mente doentia dos irmãos Chiodo conseguiram ainda chegar ao absurdo de viajar na maionese de uma forma tão, digamos, estratosférica, que certo momento quando os heróis estão dentro da nave mãe picadeiro, especificamente em uma sala cheia de desenhos de dinossauros, os irmãos Terenzi soltam a brilhante pérola, ao melhor estilo History Channel, de que os palhaços alienígenas visitaram a Terra à milhões de anos, e são na verdade os antigos astronautas e nossas ideias de palhaços vem deles. Erich von Däniken ficaria corado em ouvir isso. Outra teoria esplêndida dos Terenzi incluem que o sol do planeta deles está morrendo e eles estão em busca de outro lar, que talvez nós mesmos tenhamos sido criados pelos palhaços e sejamos experimentos deles, ou que simplesmente, estavam de rolê pela galáxia e pararam na Terra para fazer um lanchinho. Fato é que a verdade, nós nunca saberemos. Os anos 80 foram um celeiro fértil para todo tipo de absurdo e de porcaria no cinema de horror. Palhaços Assassinos do Espaço Sideral merece seu lugar de destaque no gênero e somente nesta década maldita que ele poderia ter sido lançado, com toda sua dose de absurdos cavalares, uma ou outra cena assustadora, atitudes e personagens politicamente incorretos e todas as cenas irreais e cômicas desse exemplo clássico do pastiche de horror.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/12/564-palhacos-assassinos-do-espaco-sideral-1988/

#563 1988 A NOITE DOS DEMÔNIOS (Night of the Demons, EUA)



Direção: Kevin Tenney
Roteiro: Joe Augustyn
Produção: Joe Augustyn, Jeff Geoffray (Supervisor de Produção), Don Robinso (Linha de Produção), Walter Josten (Produtor Executivo), Michael Josten, Patricia Brando Josten, Rene Torres, Doug Yerkes (Produtores Associados)
Elenco: Hal Havins, Allison Barron, Alvin Alexis, Billy Gallo, Cathy Podewell, Lance Fenton, Linnea Quigley

Ahhhhhh, os filmes de demônios dos anos 80. Impossível você, se for da minha geração (e preferencialmente do sexo masculino) simplesmente não amar A Noite dos Demônios, exemplo gritante de uma década, uma cultura e um subgênero que nasceu com Sam Raimi em A Morte do Demônio. Fato é que A Noite dos Demônios de Kevin Tenney é realmente um filme para quem teve a infância ou adolescência nos ano 80. Porque é datado, clichê, cheio de esteriótipos, piadinhas sacanas da época e todos os elementos básicos dos filmes daquela década que parece nunca morrer (para nós). Assisti-lo hoje em dia, se você não o apreciou com a devida idade, torna-se mais uma filme bobo e tosco daqueles. Obviamente não acho isso. Afinal, essa pérola traz sangue, gore, humor negro, bons efeitos de maquiagem e sacanagem na medida certa para nenhum fã do horror botar defeito. Ácida e exagerada ao extremo, a premissa de A Noite dos Demônios não traz nada de original ou revolucionário, mas acerta na veia ao meter adolescentes idiotas, com suas ideias mais idiotas ainda, ressuscitando espíritos demoníacos em uma noite de Halloween numa casa mal-assombrada, que irá possui-los um a um e dar início a um banho de sangue e uma luta pela sobrevivência até o sol raiar. Essa tal ideia idiota parte da gótica Angela (Amelia Kinkade) a mais icônica personagem do longa (e que ilustra o seu famoso pôster), que junta mais nove jovens com seus hormônios em ebulição e dá uma festinha na Hull House (uma paródia a Hill House?), antiga funerária cercada de histórias macabras, já que o Sr. Hull tinha uma certa adoração pelos mortos e bizarros assassinatos ocorreram em seu interior, dando-lhe a pecha de assombrada. Perfeito lugar para uma festa de Halloween (estou falando sério), se não fosse pelo simples detalhe que Angela propõe uma sessão espírita e liberta os antigos demônios que vivem dentro de uma fornalha no porão. Quem são esses nove jovens que estarão presos na casa? São o retrato dos anos 80 gritando na tela, cada um com sua personalidade faceira e estereotipada. Tem além da gótica, a vagabunda, a inocente virginal, o almofadinha, o durão, o covarde, o gordo escroto, o bem humorado, a japa safada e a indiferente. E cada um tem a sua participação crucial na trama (ou não). Como já disse anteriormente, Angela é a personagem icônica que irá incitar a sessão espírita que acordará os demônios e será a segunda possuída, reservada a ela o papel principal de vilã, líder e a sensacional e inesquecível cena onde já possuída pelo espírito demoníaco de uma Jennifer Beals das trevas fará uma sensual e macabra sessão de dança rodopiante ao som de “Stigmata Martys” do Bauhaus. Já sua amiga Suzanne (interpretada pela musa dos filmes trash Linnea Quigley) é a vadia que brinda os marmanjos com outra antológica cena dela apenas de saia mostrando a calcinha e a bunda em uma loja de conveniência para distrair os nerds fracassados enquanto Angela rouba um monte de mantimentos; a primeira a se transformar em uma rameira do inferno e passará o demônio para sua amiga com um lascivo beijo na boca; aquela que nos mostrará um nu frontal e responsável pela surreal e bizarra cena onde ela se pinta toda com o batom, incluindo seus seios e guarda a peça dentro do próprio mamilo!!!!! Judy (Cathy Podewell) é a virgem que sabemos que irá sobreviver, metida na sua fantasia de Alice (aquela dos País das Maravilhas), passando por todo tipo de provação, mas se manterá casta, e o medroso Roger (Alvin Alexis) que é filho de um pastor e passará a maior parte do tempo choramingando ou se cagando de medo. Os demais estão lá para serem mortos, convertidos em demônio ou transarem. Algumas cenas são realmente bacanas (claro que com as limitações da época), como quando o gordão Stooge (Hal Halvins) já possuído quebra o pescoço da japinha Frannie (Jill Terashita) e depois decepa o braço de Max (Philip Tanzini) fechando violentamente a tampa do caixão sobre ele repetidas vezes. Fora isso as maquiagens são realmente assustadoras (claro que naquele mesmo padrão: garotas ficam feias como o diabo, no melhor estilo A Morte do Demônio ou Demons – Filhos das Trevas) e deve ter metido medo em muito moleque naqueles tempos –  trabalho competente de Steve Johnson – e a voz gutural de James W. Quinn quando Angela fica possuída. Outro ponto positivo é a música de Dennis Michael Tenney e a trilha sonora tipicamente gótica, industrial, punk rock e heavy metal dos anos 80. Apesar de ter sido malhado pela crítica, que talvez não tenha entendido a excelente mescla de terror com humor ácido debochado (e talvez sejam um bando de coxas também, pronto falei), A Noite dos Demônios teve um ótimo êxito nas bilheterias americanas. Com um orçamento de 1,2 milhão de dólares, faturou mais de três milhões, o que lhe valeu duas continuações, uma de 1994 (A Noite dos Demônios 2) e outra de 1997 (que no Brasil foi lançado como A Casa do Diabo) e um remake homônimo em 2009.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/11/563-a-noite-dos-demonios-1988/