Direção: Ken
Wiederhorn
Roteiro: Direção:
Ken Wiederhorn
Produção: Tom Fox; William S. Gilmore
(Coprodutor); Eugene C. Cashman (Produtor Executivo)
Elenco: Michael
Kenworthy, Thor Van Lingen, Jason Hogan, James Karen, Thom Mathews, Dana
Ashbrook, Suzanne Snyder
Definitivamente, para mim, o melhor filme de zumbis
dos anos 80 foi A Volta dos Mortos-Vivos. A espirituosa
galhofa dos zumbis comedores de miolos marcou toda uma geração de trintões, fez
um baita sucesso e obviamente, deu início a uma franquia, que se seguiu
com A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2, lançado três anos
depois. Lembra no meu post sobre Do Além, quando eu falei que
vira e mexe aparecia em casa umas cópias piratas de filmes em VHS, oriundos de
alguma locadora obscura? Pois bem, A Volta dos Mortos-Vivos – Parte
2 foi uma dessas fitas que eu tinha lá na estante, e por isso assisti
bastante durante minha infância. Essa continuação simplesmente não funciona.
Sabe pneu recauchutado, que nunca vai ter a mesma performance do original? É exatamente essa sensação ao
assistir A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2. Primeiro que a comédia foi
muito mais acentuada que o terror (não que o primeiro fosse assustador, mas
tinha lá seus momentos), segundo que o roteiro basicamente recicla as situações
do primeiro filme e ainda por cima coloca um clima mais família, botando o heroi
do longa sendo um moleque e uns conflitinhos adolescentes que não existia com o
incorrigível bando de anti-herois do primeiro. Na verdade, o que funciona aqui
são apenas os momentos que remetem ao original. Cópia, homenagem, reciclagem,
chame como quiser. Mais uma vez um acidente com um daqueles tambores militares
contendo o gás capaz de trazer os mortos à vida é espalhado em um cemitério, e
o resto você sabe: todo tipo de cadáver ambulante faminto por cérebros sai
pelas ruas de uma cidadezinha tocando o terror, e cabe ao pentelho Jesse
(Michael Kenworthy), sua irmã mais velha Lucy (Marsha Dietlein), o instalador
de TV a cabo, Tom (Dana Ashbrook) tentarem sobreviver, junto do Dr. Mandel
(Philip Bruns), dos patetas ladrões de corpos, Ed (James Karen) e Joey (Thom
Mathews) e sua namoradinha ruiva, Brenda (Suzanne Snyder). Então vamos lá, os
atores James Karen e Thom Mathews voltam nessa sequência com papeis
extremamente parecidos ao do primeiro filme e são intoxicados pelo gás,
sofrerão todos os sintomas e transformar-se-ão em zumbis no decorrer da trama.
Algumas falas são as mesmas do clássico, como quando Ed diz para o parceiro:
“escute garoto, se você gosta desse emprego…” e Joey retruca: “Gostar desse
emprego?”. A diferença é que no primeiro ao invés de violar túmulos, eles
trabalham em um depósito de suprimentos médicos. Outro chiste é quando Ed fala
que não será enterrado, e sim, cremado, mesma forma como ele morre no original.
Outro diálogo cuspido e escarrado é quando jovem Jesse Wilson liga para o
exército e a atendente fala: “Fique na linha, Sr. Wilson, você será
transferido”, linha por linha repetido quando o personagem de Burt Wilson (Clu
Gulager) também faz a mesma ligação com o mesmo problema. Temos também um novo
Tarman, saindo do tanque perdido (sem o mesmo remelexo envolvente do original)
e quase que Don Calfa, que interpretou o legista Ernie no primeiro, voltou para
o papel do Dr. Mandel. Algumas sacadas originais também valem uma boa risada,
como quando o Doutor pergunta para o zumbi qual o presidente dos E.U.A. e ele
responde “Harry Truman”, os zumbis fazendo aeróbica acompanhando um programa de
TV ao melhor estilo Jane Fonda (tão famoso nos anos 80) e claro, a paródia do
zumbi Michael Jackson sendo eletrocutado no final. Mas religiosamente falando
como um filme de zumbi mesmo, A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2 é
pífio, e deixa a desejar principalmente no quesito gore, uma vez que esse
é um dos principais fatores que atraem fãs para esse tipo de gênero. E ah, tem
o final né. Enquanto no primeiro um míssil nuclear acaba com tudo e é uma baita
de uma conclusão pessimista, aqui é o típico “final feliz” Sessão da Tarde.
Isso tudo pode ser colocado principalmente na conta da medíocre direção de Ken
Wiedehorn. Wiedehorn, apesar de oriundo do cinema de horror (o ótimo Ondas de Pavor, dos zumbis nazistas aquáticos com Peter
Cushing foi sua estreia na direção), nunca foi fã do gênero. Muitos dos membros
do elenco e equipe posteriormente expressaram em entrevistas que a falta de
entusiasmo do diretor em comandar a película era gritante, e fica óbvio em tela
o quanto ele é arrastado, burocrático e zero de inspiração, completamente
diferente do trabalho de Dan O’Bannon em A Volta dos Mortos-Vivos. Para
piorar, originalmente o roteiro também escrito por Wiedhorn não seria uma
sequência, mas o produtor Tom Fox demonstrou interesse em financiá-lo somente
se ele se tornasse parte da série. Deu no que deu. Mas enfim, a mitologia
expandida em A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2 com seus zumbis
comedores de cérebros criados por uma mutação resultante da liberação de um gás
ainda rendeu uma terceira parte, dirigida por Brian Yuzna e duas “novas”
sequências já nos anos 2000, Necrópolis e Rave, que nem merecem
que sejam gastas minhas pontas dos dedos para escrever sobre.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/27/572-a-volta-dos-mortos-vivos-parte-2-1988/