Direção: Renny Harlin
Roteiro: Brian
Helgeland, Jim Wheat, Ken Wheat
Produção: Robert Shaye,
Rachel Talaly; Karen Koch (Produtora Associada); Stephen Diener, Sara Risher
(Produtores Executivos)
Elenco: Lisa Wilcox,
Andras Jones, Danny Hassel, Rodney Eastman, Tuesday Knight, Ken Sagoes, Robert
Englund
Estamos lá no ano de 1988 e as sequências dos
filmes slasher continuam bombando! Jason Voorhees estrelava sua
SÉTIMA parte, Michael Myers voltava uma terceira vez (mas no filme de número
quatro) e além disso, Pinhead e Chucky haviam entrado de vez no hall da
fama dos movie maniacs. Claro que o titio Freddy, ou melhor, a New Line
Cinema, não ficaria atrás e tome A Hora do
Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos. Nada mais de novo ou original seria
visto em uma sequência do assassino queimado de pulôver verde e vermelho e
garras daqui em diante. Claramente a franquia entrou em declínio,
principalmente criativo, então o jeitão era apelar para mortes oníricas cada
vez mais elaboradas (diga-se de passagem, que aqui encontramos algumas das matanças
mais inventivas da cinesérie) e um caminhão de efeitos especiais. Foram gastos
sete milhões de doletas (o maior orçamento de um filme slasher dos
anos 80) e faturou nada menos que mais de 49 milhões, maior bilheteria da
franquia. E não é para menos, o Freddy Krueger era um pop star naquele momento.
Eu lembro da agressiva campanha de marketing do filme até aqui mesmo no Brasil.
Lá no fundo da minha memória infantil recordo de comerciais e chamadas passando
direto no Gugu no SBT (com destaque para a cena da praia em que Freddy faz as
vezes de um tubarão com sua garra sendo a barbatana) e até entrevistas com o
próprio Robert Englund! Fato é que a única coisa que realmente vale a pena são
as cenas de morte. Apesar da luta em manter ainda um pouco do clima sinistro
antes de se transformar em um escracho total dali para frente, Renny Harlin,
diretor mais conhecido até de filmes de ação (dirigiu Duro de Matar 2,
como alardeava a capa do VHS na época), joga os personagens em um turbilhão de
situações insólitas nos pesadelos e nos brinda com uma criatividade impar de
execuções, que vão desde Freddy sugando todo o ar de uma asmática, afogando um
moleque dentro do colchão d’água e a emblemática cena onde uma garota é
transformada em barata e esmagada dentro de uma caixa de fósforos. Lembra lá no
final de A Hora do
Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos onde Kristen (vivida por
Patricia Arquette, aqui substituída por Tuesday Knight, por conta de sua
gravidez), Joey (Rodney Eastman) e Kincaid (Ken Sagoes) eram os últimos filhos
da Rua Elm e com o auxilio de Nancy Thompson, derrotaram Freddy e enterraram
seus restos mortais em solo sagrado (que é o diabo de um ferro velho)? Claro
que o psicopata não ficaria dormente por muito tempo e voltaria para se vingar
dos três, dentro de um pesadelo de Kincaid onde seu cachorro Jason (sim, esse é
o espirituoso nome do animal) o ressuscita urinando labaredas de fogo (!!!???).
Kristen tem o poder de levar pessoas para dentro de seus sonhos, né, e faz com
que Alice (Lisa Wilcox), irmã de seu namorado, Rick (Andras Jones) acabe
entrando em um dos seus pesadelos. A pobre garota que tem uma vida difícil com
um pai alcoólatra e sente falta da mãe falecida servirá como isca para trazer
novas vítimas para Krueger, levando um a um seus amigos para dentro do nefasto
universo tétrico do vilão. Só que conforme cada um deles vai sendo abatido como
moscas, Alice passa a desenvolver a sua personalidade, como o poder de Kisten,
as artes-marciais de seu irmão (repare na mais patética cena de todo o filme,
quando ela começa a demonstrar suas recém adquiridas habilidades com um
nunchaku e quando filmada de costas, claramente é um dublê masculino usando uma
peruca!!!!), e por aí vai. No meio dessa matança desenfreada repleta de exagero
caricato, tiradinhas sarcásticas (como o famoso “Pronto para um sonho molhado?”
na cena da morte no colchão d’àgua) e humor negro, o roteiro escrito a seis
mãos por Brian Helgeland e Jim e Ken Wheat ainda tenta se enveredar por um
caminho pseudo filosófico existencialista a respeito do mestre dos sonhos,
tentando focar no fato de aquele que realmente controla seus sonhos tem o
poder, evocando Aristóteles e um monte de outras baboseiras. No final das
contas A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos funciona em seu
propósito e já dá o tom decadente do restante da série, que nos entregaria as
sofríveis quinta e sexta parte, com Freddy Krueger cada vez mais distante do
sombrio estudo psicológico sobre a adolescência, problemas familiares, culpa e
depressão imaginado por Wes Craven e sim mais uma máquina de matar que não
perde a chance de fazer um chiste antes de enfiar as garras afiadas de alguém.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/04/558-a-hora-do-pesadelo-4-o-mestre-dos-sonhos-1988/
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