quinta-feira, 28 de abril de 2016

#572 1988 A VOLTA DOS MORTOS VIVOS 2 (Return of the Living Dead: Part II, EUA)


Direção: Ken Wiederhorn
Roteiro: Direção: Ken Wiederhorn
Produção: Tom Fox; William S. Gilmore (Coprodutor); Eugene C. Cashman (Produtor Executivo)
Elenco: Michael Kenworthy, Thor Van Lingen, Jason Hogan, James Karen, Thom Mathews, Dana Ashbrook, Suzanne Snyder

Definitivamente, para mim, o melhor filme de zumbis dos anos 80 foi A Volta dos Mortos-Vivos. A espirituosa galhofa dos zumbis comedores de miolos marcou toda uma geração de trintões, fez um baita sucesso e obviamente, deu início a uma franquia, que se seguiu com A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2, lançado três anos depois. Lembra no meu post sobre Do Além, quando eu falei que vira e mexe aparecia em casa umas cópias piratas de filmes em VHS, oriundos de alguma locadora obscura? Pois bem, A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2 foi uma dessas fitas que eu tinha lá na estante, e por isso assisti bastante durante minha infância. Essa continuação simplesmente não funciona. Sabe pneu recauchutado, que nunca vai ter a mesma performance do original? É exatamente essa sensação ao assistir A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2. Primeiro que a comédia foi muito mais acentuada que o terror (não que o primeiro fosse assustador, mas tinha lá seus momentos), segundo que o roteiro basicamente recicla as situações do primeiro filme e ainda por cima coloca um clima mais família, botando o heroi do longa sendo um moleque e uns conflitinhos adolescentes que não existia com o incorrigível bando de anti-herois do primeiro. Na verdade, o que funciona aqui são apenas os momentos que remetem ao original. Cópia, homenagem, reciclagem, chame como quiser. Mais uma vez um acidente com um daqueles tambores militares contendo o gás capaz de trazer os mortos à vida é espalhado em um cemitério, e o resto você sabe: todo tipo de cadáver ambulante faminto por cérebros sai pelas ruas de uma cidadezinha tocando o terror, e cabe ao pentelho Jesse (Michael Kenworthy), sua irmã mais velha Lucy (Marsha Dietlein), o instalador de TV a cabo, Tom (Dana Ashbrook) tentarem sobreviver, junto do Dr. Mandel (Philip Bruns), dos patetas ladrões de corpos, Ed (James Karen) e Joey (Thom Mathews) e sua namoradinha ruiva, Brenda (Suzanne Snyder). Então vamos lá, os atores James Karen e Thom Mathews voltam nessa sequência com papeis extremamente parecidos ao do primeiro filme e são intoxicados pelo gás, sofrerão todos os sintomas e transformar-se-ão em zumbis no decorrer da trama. Algumas falas são as mesmas do clássico, como quando Ed diz para o parceiro: “escute garoto, se você gosta desse emprego…” e Joey retruca: “Gostar desse emprego?”. A diferença é que no primeiro ao invés de violar túmulos, eles trabalham em um depósito de suprimentos médicos. Outro chiste é quando Ed fala que não será enterrado, e sim, cremado, mesma forma como ele morre no original. Outro diálogo cuspido e escarrado é quando jovem Jesse Wilson liga para o exército e a atendente fala: “Fique na linha, Sr. Wilson, você será transferido”, linha por linha repetido quando o personagem de Burt Wilson (Clu Gulager) também faz a mesma ligação com o mesmo problema. Temos também um novo Tarman, saindo do tanque perdido (sem o mesmo remelexo envolvente do original) e quase que Don Calfa, que interpretou o legista Ernie no primeiro, voltou para o papel do Dr. Mandel. Algumas sacadas originais também valem uma boa risada, como quando o Doutor pergunta para o zumbi qual o presidente dos E.U.A. e ele responde “Harry Truman”, os zumbis fazendo aeróbica acompanhando um programa de TV ao melhor estilo Jane Fonda (tão famoso nos anos 80) e claro, a paródia do zumbi Michael Jackson sendo eletrocutado no final. Mas religiosamente falando como um filme de zumbi mesmo, A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2 é pífio, e deixa a desejar principalmente no quesito gore, uma vez que esse é um dos principais fatores que atraem fãs para esse tipo de gênero. E ah, tem o final né. Enquanto no primeiro um míssil nuclear acaba com tudo e é uma baita de uma conclusão pessimista, aqui é o típico “final feliz” Sessão da Tarde. Isso tudo pode ser colocado principalmente na conta da medíocre direção de Ken Wiedehorn. Wiedehorn, apesar de oriundo do cinema de horror (o ótimo Ondas de Pavor, dos zumbis nazistas aquáticos com Peter Cushing foi sua estreia na direção), nunca foi fã do gênero. Muitos dos membros do elenco e equipe posteriormente expressaram em entrevistas que a falta de entusiasmo do diretor em comandar a película era gritante, e fica óbvio em tela o quanto ele é arrastado, burocrático e zero de inspiração, completamente diferente do trabalho de Dan O’Bannon em A Volta dos Mortos-Vivos. Para piorar, originalmente o roteiro também escrito por Wiedhorn não seria uma sequência, mas o produtor Tom Fox demonstrou interesse em financiá-lo somente se ele se tornasse parte da série. Deu no que deu. Mas enfim, a mitologia expandida em A Volta dos Mortos-Vivos – Parte 2 com seus zumbis comedores de cérebros criados por uma mutação resultante da liberação de um gás ainda rendeu uma terceira parte, dirigida por Brian Yuzna e duas “novas” sequências já nos anos 2000, Necrópolis e Rave, que nem merecem que sejam gastas minhas pontas dos dedos para escrever sobre.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/11/27/572-a-volta-dos-mortos-vivos-parte-2-1988/

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