Direção: Elliot
Silverstein
Roteiro: Michael
Butler, Dennis Shryack, Lane Slate
Produção: Marvin
Birdt, Elliot Silverstein
Elenco: James Brolin,
Katheleen Lloyd, John Marley, R.G. Armstrong, John Rubinstein, Elizabeth
Thompson
Clássicos feitos para TV são o máximo. Sinônimos de
outros tempos, a molecada ou adolescentes que cresceram vendo filmes de terror
nas reprises da madrugada na TV durante os anos 80 sempre sentem uma grande
pontada de saudosismo quando esses filmes são citados, e O Carro – A Máquina do Diabo é mais um desses faceiros
exemplos. Feito nos padrões para ser um enlatado televisivo e seguindo a linha
de outro clássico feita para TV, Encurralado, de
Steven Spielberg e pegando carona (com o perdão do trocadilho) em Corrida com o Diabo de Jack Stattett, O Carro – A Máquina do
Diabo do veterano Elliot Silvestein funciona como um road movie de
horror com toque sobrenatural, onde um assustador carro preto toca o terror
numa cidadezinha no deserto de Utah. E isso muito antes do Plymouth Fury de Christine
– O Carro Assassino de John Carpenter esquentar seu motor (o próprio
Stephen King diz ter se inspirado neste filme setentista para escrever seu
livro). Apesar de todas as deficiências orçamentárias e violência contida, pois
um filme feito para TV não poderia nunca mostrar os atropelamentos e batidas
que a possante e demoníaca máquina promove, o longa investe muito no suspense e
em cenas de perseguição muito bem executadas, filmadas sob um sol escaldante em
uma paisagem árida. E claro, fica sempre no ar quem diabos (literalmente)
estaria dirigindo aquele carro preto funesto com tamanho desejo sádico por
sangue e assassinato. E esse é o principal tom que toma O Carro – A
Máquina do Diabo interessante, por não trazer um psicopata por trás do
volante e sim algo muito mais maligno (como nas interessantes cenas quando
temos o POV do motorista, que mesmo o automóvel sendo todo filmado, sua visão é
vermelha viva). A cena de abertura é uma das mais clássicas do cinema de terror
(tanto que até foi usada na famosa recente abertura de A Casa da Árvores dos
Horrores de Os Simpsons dirigida por Guillermo del Toro, trazendo uma caralhada
de referências de filmes de terror e sci-fi). Um casal de jovens está
pedalando suas bicicletas na estrada quando o maldito carro chega acelerando e
buzinando, perseguindo-os violentamente até jogá-los precipício abaixo. Esse é
o estopim de uma série de mortes que tirará o sono do personagem de James
Brolin, Wade Parent, policial que transforma-se em xerife após o mesmo chefe da
lei local ser mais uma das vítimas do carro assassino. Só que nenhum dos esforços
policiais consegue parar o veículo. Nem bloqueios na estrada, nem perseguições,
nada detém a sua sede por morte. Pior ainda por Wade ter de se preocupar
constantemente com sua namorada, a professora infantil Lauren (Katheleen Lloyd)
e suas duas filhas pequenas, as gêmeas Lynn Marie e Debbie. Entre as
interessantes cenas do longa, podemos destacar o momento em que há um desfile
escolar sendo realizado no deserto, e o tal carro resolve aparecer para
aterrorizar as criancinhas, sendo impedido apenas quando elas, junto das
professoras, se escondem em um cemitério, e o carro não adentra solo sagrado (o
que vai começar a levantar a sua origem sobrenatural por um dos policiais) ou
quando subitamente o automóvel aparece na garagem de Wade, acelerando e buzinando
ferozmente. ALERTA DE SPOILER: pule para o próximo parágrafo ou leia por sua
conta e risco. Outros dois momentos emblemáticos é quando Lauren liga apavorada
para Wade, que está internado no hospital após um fracassado embate, dizendo
que a há uma ventania característica à aproximação do carro do lado de fora e
ela está ouvindo seu buzinar constante, quando acelerando a todo pau ele
simplesmente “pula” pela janela da casa atingindo a moça violentamente e
fugindo; e no final quando uma armadilha com dinamites é montada e Wade atrai o
carro até um precipício, e enquanto ele cai, uma explosão liberta uma fumaça
odiosa, e mesmo que com um efeito especial tosco, uma sinistra face demoníaca
de fogo surge no céu e comprova a teoria de que era o próprio Coisa-Ruim que o
dirigia. Interessante é que não foi utilizado nenhum modelo já existente para O
Carro – A Máquina do Diabo, e sim construído sobre um 1971 Lincoln Continental
Mark III. O possante preto, sem placa de identificação e maçanetas e com uma
“feição” realmente maléfica da junção de seus faróis e para-choque metálico foi
criado pelo mestre da customização automobilística George Barris, o mesmo que
criou o design do batmóvel do seriado doBatman dos anos 60, o Pontiac
Trans-Am de A Supermáquina e o DeLorean de De Volta para o
Futuro. A história original de Michael Butler e Dennis Shryack foi vendida para
a Universal Pictures pelos produtores Marvin Birdt e Elliot Silverstein como
“um tubarão sobre quatro rodas possuído pelo demônio”, claramente
aproveitando-se dos recentes sucessos de bilheteria de Tubarão e O Exorcista. E a
citação no início do filme foi retirada de “A Invocação da Destruição” presente
na Bíblia Satânica escrita pelo líder da Igreja de Satã, Anton LaVey, que até
foi creditado como consultor do filme (o que foi na verdade uma pura jogada de
marketing). LaVey já havia sido consultor antes de outro famosos filme de
terror do gênero, o aclamado O Bebê de Rosemary. Destaque também para a versão eletrônica do hino
Dies Irae utilizada na trilha sonora, que é o mesmo utilizado na famosa
sequência de abertura de O Iluminado de Stanely Kubrick. Com todos esses
requintes, O Carro – A Máquina do Diabo é um clássico das madrugadas.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/01/11/344-o-carro-a-maquina-do-diabo-1977/
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