quinta-feira, 7 de abril de 2016

#552 1988 DEMONS 3 O OGRO (La casa dell’orco / The Ogre / Demons III: The Ogre, Itália)


Direção: Lamberto Bava
Roteiro: Lamberto Bava, Dardano Sacchetti
Produção: Massimo Manasse, Marco Grillo Spina
Elenco: Paolo Marco, Virginia Bryant, Sabrina Ferilli, Stefania Montorsi, Patrizio Vinci

Olha vou confessar uma coisa leitor, até eu ganhar de Natal de minha ex-sogra o box de DVD de Demons há uns três anos, eu não sabia da existência desse tal Demons 3 – O Ogro. E não é para menos, já que o filme não tem absolutamente NENHUMA ligação com os dois filmes anteriores dirigidos por Lamberto Bava e produzidos por Dario Argento, e o título é só mais uma das picaretagens das distribuidoras nacionais e de outros países para tentar capitalizar em cima do sucesso dos anteriores. Para piorar ainda a confusão, ainda existem mais dois Demons 3 por aí: o famoso A Catedral de Michele Soavi, também produzido por Argento, lançado no ano seguinte, que é inicialmente seria uma espécie de continuação oficial dos filmes de Lamberto, e um Dèmoni 3 (ou Black Demons), dirigido por Umberto Lenzi (o pai do cinema canibal) que é aquela bizarrice com zumbis vodu no canavial brasileiro. Bom, sabemos que Demons – Filhos das Trevas e Demons 2 – Eles Voltaram foram hits nas locadoras e aterrorizaram a infância da pivetada dos anos 80 (eu incluso). Tornaram-se filmes cultuados, com todo seu splatter e possessões demoníacas, mas ficaram deveras toscos em uma revisitada. Também sabemos das tremendas limitações de Lamberto como diretor, que deveria fazer seu pai, o Maestro do Macabro, Mario Bava, revirar no túmulo. Junte tudo isso em um filme feito para a TV italiana, parte de uma série em quatro episódios chamado Brivido giallo e com um monstro que faz o Rawhead Rex parecer a mais incrível criatura do cinema de terror, e você tem a porcaria mor chamada Demons 3 – O Ogro. Sério é um filme tão ruim, mas tão ruim, que nem aquela máxima do “quanto pior melhor” consegue se encaixar. Primeiro porque ele se leva extremamente a sério. O roteiro escrito por Bava filho e o veterano do cinema italiano de horror, Dardano Sacchetti é uma fraude tentando colocar cenas de suspense e alguma espécie de tensão crescente que dá vontade de dormir pelo menos em três quartos do filme. Isso sem contar a chatíssima trilha sonora de Simon Boswell que chega a doer o ouvido a forma que aquele piano insuportável chora repetidamente. E o tal ogro do título aparece só nos 15 minutos finais, Mas calma que ainda vou chegar lá. A história das mais manjadas possíveis é sobre Cheryl (a péssima Virginia Bryant) uma escritora de terror que vive atormentada por mais de vinte anos com um sonho que teve quando criança, de andar pelo porão de um castelo e encontrar um ogro que sai de um casulo gosmento do teto. Eis que ela e seu maridão, Tom (o canastra Paolo Marco) vão passar as férias de verão em um vilarejo italiano com o filho pequeno Bobby (Patrizio Vinci) e não é que o porão é exatamente o MESMO de seu sonho e ela até encontra o ursinho de pelúcia que perdeu no pesadelo há 25 anos (e continua intacto)? Claro que seu marido vai achar que a mulher está com um parafuso a menos, ainda mais quando as cenas em que ela vai escrevendo em seu livro vão se misturando com a realidade, em uma metalinguagem das mais vagabundas já feitas e até rola uma treta entre eles. O filme enrola num marasmo entediante tentando construir o perfil psicológico dos dois, mesmo ambos sendo tão rasos quanto um pires, até que finalmente o monstro ganha vida, uma vez que, pasme, ele é atraído pelo cheiro de orquídeas e está pronto para fazer suas reles TRÊS vítimas. Quando pensamos em ogro a primeira coisa que vem em nossa cabeça é o Shrek, certo? Esqueça o monstro adorável da Dreamworks. O ogro de Lamberto Bava é um dos monstros mais salafrários e talvez o mais patético já visto nas telas (exceto os monstros gigantes, que aí nada se compara a O Ataque Vem do Polo). Quando ele finalmente sai de seu casulo, é nada mais que o sujeito com uma máscara de látex de baixíssima qualidade e que usa uma roupa de bufão, sabe-se lá por que diabo. Tá você pensa que a trasheira vai compensar com o que os italianos sabem mostrar de melhor em seu cinema de terror: gore e nudez. Bava filho é tão zoado que nem isso ele consegue entregar ao espectador. Tá certo que foi um filme para a TV, mas mesmo assim, “italians do it better”, certo? Errado! O máximo que vamos ver é o vislumbre do peitinho de Virginia Bryant em uma cena de banheira e só. E olha que o monstro é taradão e até tenta despir suas vítimas, atacando direto suas roupas bem na altura dos seios, como faz com a babá Maria (Stefania Montorsi) ou a sua voluptuosa e deliciosíssima irmã Anna (Sabrina Ferilli) que está somente de camisola na cama. Mas nem rasgar a roupa de dormir de uma garota o patético do monstro consegue e você vai ver só um sideboob. Chega a ser revoltante. O final então é uma piada dupla de mau gosto tremendo. Primeiro que o ogro é tão lixo que morre atropelado, com Cheryl passando com o carro por três vezes em cima do bonecão digno de um vilão do He-Man. Segundo quando o casal está empacotando as coisas para ir embora do local, após Cheryl ter jogado todo manuscrito de seu livro na fogueira, é como se nada tivesse acontecido e até falam que Anna avisara que sua irmã Maria tinha desaparecido porque tinha passado a noite fora com o namorado. Mas como é? Foi obra do imaginário coletivo? Ou do meu imaginário que inventei uma porcaria dessas e pensei que assisti de verdade? Demons 3 – O Ogro é uma das maiores porcarias deprimentes que já vi e um atestado gigantesco de incompetência de Lamberto Bava e de absolutamente todos os seus envolvidos, de realizadores, elenco, e equipe técnica, onde simplesmente nada, nem um frame sequer, se salva.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/10/25/552-demons-3-o-ogro-1988/

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