Direção: Dan Curtis
Roteiro: William F. Nolan e Dan Curtis
(baseado no livro de Robert Marasco)
Produção: Dan Curtis, Robert Singer (Produtor
Associado)
Elenco: Karen Black,
Oliver Reed, Bette Davis, Burgess Meredith, Eileen Heckhart, Lee Montgomery
Dentro do gênero das casas mal-assombradas, A Mansão Macabra é um daqueles maiores exemplos. Filme que tem
a década de 70 cuspida e escarrada em seus longos 116 minutos de duração e traz
diversos elementos característicos deste tipo de produção, que hoje podem
parecer clichê, mas se pensarmos que essa fita é de 1976, acaba tornando
interessante o quanto ele foi influenciador de obras vindouras. Assistir A
Mansão Macabra é como um ver um grande mix de tudo que funciona no
subgênero. E mais é ver influências rasgadas de clássicos como Os Inocentes, Desafio do Além e A Casa da Noite Eterna, e antecipando tendências vistas
em grandes clássicos que ainda sequer foram lançados, como Terror em
Amityville e até o próprio O Iluminado de Stephen King (o filme de
Kubrick é de 1980 e o livro de 1977). Ou seja, trocando em miúdos: um casarão
que tem uma maligna força sobrenatural que começa a influenciar um casal de
moradores com seu filho e tia que acabaram de se mudar como inquilinos para o
local. O marido vira um surtado psicótico, a esposa uma reclusa, obcecada pela
casa com um TOC no nível um milhão, a velha senhora cansada e sem disposição
como se a casa lhe sugasse a energia vital e o filho mais novo que paga o pato
e sofre as piores mazelas. Mais que isso, o filme dirigido por Dan Curtis
(oriundo da TV, por isso o tão explícito clima de “filme feito para TV” que
acompanhamos durante toda a película) e baseado no livro homônimo de Robert
Marasco publicado em 1973, não apela em nenhum momento para sustos baratos ou
violência gráfica (quer dizer, tirando uma violentíssima morte no terceiro
ato), e é calcado apenas no terror psicológico, subentendido, levantando
perguntas que ficarão sem respostas, e um clima de suspense crescente. A trama
é focada no casal Ben (Oliver Reed, de A Maldição do Lobisomem) e Marian Rolf (Karen Black,
de Trilogia de Terror, também dirigido por Curtis) e
seu filho, David, que junto da tia Elizabeth (a estrela Bette Davis, de O Que Terá Acontecido com Baby Jane?) decidem passar o verão na
alugada mansão dos irmãos Allardyce, Arnold (Burgess Meredith, de As Torturas do Dr. Diábolo) e Roz (Eileen Heckart), por
míseros 900 dólares por todo o período. E não importa que os dois velhos são
sinistros pacas e que há uma estranhíssima condição, que é dividir a casa com a
inválida e reclusa mãe de 85 anos dos dois, que ficará confinada em seu quarto.
E o casal só deveria deixar uma bandeja de comida na antessala todos os dias, e
deixá-la em paz. Quem liga para essas coisas, não é mesmo? Apesar de relutante, Ben cai nos encantos da esposa
que quer muito ficar na casa (também, com aqueles lábios carnudos, aquele nariz
e os olhos azuis levemente estrábico de Karen Black, não tem como resistir).
Daí o terror começa, com a casa misteriosamente exercendo sua força maligna,
primeiro com a impressão de constantemente estar se renovando (telhas e tacos
sendo trocados por novos, a piscina impecável, flores renascendo), depois
alterando o comportamento errático dos inquilinos (obviamente o pai enche-se de
violência psicótica e quase mata o filho afogado na piscina e tenta abusar da
esposa, a mulher torna-se alienada, essas coisas básicas que vem com o pacote
quando se vive em uma casa mal assombrada) e por aí vai. Mas o grande suspense
que prenderá a atenção do espectador até seu derradeiro clímax é todo o
mistério envolto com a velha Sra. Allardyce que nunca foi vista por ninguém na
casa, e parece exercer um fascínio hipnótico em Marian, que perde horas e horas
do dia vendo a sinistra coleção de fotografias da velha (cuja origem será
devidamente explicada antes dos créditos, mas que se você é escolado em filme
de terror, já vai matar logo de cara), começando até a se vestir como velha
(tática também para enganar os quatro meses de gravidez de Black durante as
filmagens) ligando-a de forma umbilical àquela residência macabra e colocando-a
contra o restante da família que quer sair do local, mas é compelida exatamente
ao contrário. Fica claro (eu espero que fique, na verdade) para o espectador
que a casa se alimenta da energia dos ali presentes (e que ela necessita dessa
energia para manter-se em pé por mais de um século) manipulando-os por algum
poder que nunca é devidamente explicado (Alguém morreu naquela casa? Foi
construída em cima de um cemitério índio? O lugar é amaldiçoado?), deixando
várias perguntas em aberto, mesmo com seu inconclusivo e pessimista final. Tudo
bem que não precisamos de coisa mastigadinha né? E isso já é um alerta para
você caso não goste de filmes arrastados, lentos, sem jump scare e
com final em aberto. E claro que as ótimas atuações de Reed e Black seguram o rojão
e não dá para não sentir um arrepio com a cena da agonizante Bette Davis na
cama, ainda mais se você já teve algum ente querido de idade em um estado
parecido com aquele. A Mansão Macabra ganhou o prestigiado Saturn Awards
como melhor filme de terror em 1977 (concorrendo com Carrie – A
Estranha e A Profecia) e é um daqueles filmes esquecidos e
ofuscados por todas essas outras produções de casas mal assombradas. E a
curiosidade é que este é um dos preferidos de Stephen King (que convenhamos,
deve ter usado como inspiração para escrever sua obra prima).
FONTE: https://101horrormovies.com/2013/12/29/338-a-mansao-macabra-1976/
Nenhum comentário:
Postar um comentário