Direção: William F. Claxton
Roteiro: Don Holliday, Gene R. Kearney (baseado na
obra de Russell Braddon)
Produção: A.C. Lyles
Elenco: Stuart Whitman, Janet Leigh, Rory Calhoun,
DeForest Kelly, Paul Fix, Melaine Fullerton
A grande maioria dos filmes de eco-horror tem
ideias estapafúrdias. Mas A Noite dos Coelhos está de parabéns!!! Coelhos, os seres mais fofinhos e engraçadinhos
e adoráveis da natureza, transformando-se em criaturas mutantes gigantes
aterrorizando uma cidadezinha rural? Acho que não… Durante todos os anos 50,
fomos bombardeados por uma quantidade enorme de filmes com animais gigantes
representando uma ameaça para humanidade. Geralmente, eles eram resultados de
experiências com energia nuclear, mostrando os perigos de se brincar com o
átomo. Até um subgênero conhecido como Big Bugs surgiu, e daí
você via nas telonas formigas, louva-Deus, aranhas e escorpiões (que são
aracnídeos) gigantes, e além disso, outras espécies da fauna também foram
anabolizadas, como polvos, monstros de gila e até musaranhos! Precisou
Hitchcock surgir e colocar ordem na bagaça, fazendo um filme realmente descente
com animais, que foi Os Pássaros.
Mas isso, para o bem ou para o mal, desencadeou uma nova leva de filmes
trazendo bichos assassinos durante os anos 70 e 80. A maioria deles sem
muita preocupação com a estética ou passar alguma mensagem bacana do homem não
se meter com a natureza. E com orçamentos mínimos e falta de qualidade técnica
gritante, o que sobra são filmes toscos, abusando do camp e
com o único princípio de entreter aqueles que gostam dessas barbaridades. O
problema é quando eles se levam a sério demais, como é o caso de A Noite dos Coelhos, inspirado no
livro “The Year of the Angry Rabbit” do autor australiano Russell Braddon. O
livro que tinha uma grande dose de humor, aproveitava-se de uma tragédia
ambiental acontecida na Austrália, que também é citada no começo do filme, em
um momento Telecurso 2000, onde durante sua colonização, os ingleses
introduziram coelhos na ilha para satisfazer seus desejos esportivos por caça,
como praticavam no velho continente, e deram origem a uma superpopulação dos
simpáticos roedores trazendo um crescimento numérico desenfreado, fazendo com
que os animais acabassem com as plantações, causassem a extinção de espécies
locais e destruição de florestas, transformando-as em áreas arenosas e
improdutivas. E sim, estamos falando daquele bichinho fofinho de olhos vermelho
e pelo branquinho. Em 1950, os australianos resolveram usar uma arma biológica,
já que fogo, tiros e até uma cerca com quase dois mil quilômetros não tiveram
sucesso para deter o avanço dos coelhos. O contra-ataque humano consistiu em
espalhar uma doença transmitida por mosquitos e pulgas e conseguiram exterminar
500 milhões de coelhos (sendo que a população estimada era de 600 milhões!!!!).
Só que rapidamente os animais conseguiram adquirir resistência à doença e voltaram
a reprodução vertiginosamente, até uma nova medida ser tomada nos anos 90. Pois
bem, depois de toda essa minha explicação histórica e científica, somos
transportados para uma cidade interiorana no Arizona que está passando pelo
mesmo problema dos australianos. O rancho de Cole Hillman (Rory Calhoun) está
penando por conta de uma praga de coelhos, e não querendo apelar para o uso de
venenos, que acabaria com sua plantação e gado, ele recorre a ajuda de um casal
de cientistas, Roy Bennett (Stuart Whitman) e Gerry Bennet (Janet Leigh, sim a
Marion Crane de Psicose). Ambos desenvolvem uma pesquisa
com hormônios para interromper o ciclo reprodutor dos coelhos, e testam-na em
alguns espécimes. O grande problema é que a filhinha pentelha dos Bennett,
Amanda (Melanie Fullerton), gosta bastante bem daquele coelhinho inocente e
fofinho cobaia da experiência. O que a menina então faz? Troca o coelho do grupo
de controle por outro que ela havia pegado de e o bichinho de estimação acaba
escapando pelo rancho sem a conclusão dos testes, contaminando os demais
roedores e transformando-os em bestas mutantes gigantes assassinas. Daí para
frente, o filme é uma papagaiada só, usando maquetes em miniaturas toscas do
rancho e das minas onde os coelhos se escondiam, super closes para
termos a “nítida impressão” do tamanho avantajado do animal, dignos dos mesmos
utilizados em O Monstro Gigante de Gila, expoente do eco-horror trash dos
anos 50, e fora o bom e velho suitmation, com atores vestidos como
grandes coelhos da páscoa na hora dos ataques aos humanos, já que precisaria
ter a mínima interação entre os humanos e os animais. Agora imagine um fulano
vestido de coelho atacando alguém? Nem Donnie Darko é tão terrível. Fora que ketchup foi usado nos
rostinhos dos roedores para simular o sangue! Isso sem contar a péssima direção
de William F. Claxton, oriundo de westerns, além do o produtor do
filme, A.C. Lyles que também veio dos filmes de faroeste, por isso o clima
muito mais próximo dos bangue-bangues, usando as mesmas características deste
gênero de filme, Incluindo a atmosfera, ângulos inclinados, sombras escuras e
música rancheira. Além do fato que é simplesmente IMPOSSÍVEL constituir um
coelho como uma ameaça desse porte. Poxa vida, não dá para ver aqueles bigodes
balançando, aquele jeitinho desengonçado de se movimentar e aqueles olhos
profundos, e imaginá-los como “toelhos malutos”, parafraseando Hortelino Troca
Letras. A Noite dos Coelhos é
um dos mais ridículos filmes de eco-horror já feitos. Efeitos
especiais bizarros, pobre no roteiro, diálogo e atuações, direção nem um pouco
inspirada, atores e coelhos nunca “contracenando” juntos. É uma sucessão de
erros grotescos, que obviamente, acabam sendo o seu charme, como todo filme B.
FONTE:
https://101horrormovies.com/2013/10/01/274-a-noite-dos-coelhos-1972/
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