Direção: Lucio
Fulci
Roteiro: Elisa
Briganti, Dardano Sacchetti (não creditado)
Produção: Frabrizio
De Angelis, Ugo Tucci
Elenco: Tisa Farrow, Ian McCulloch, Richard Johnson, Al Cliver
Com o enorme sucesso
que Despertar dos Mortos fez na Europa,
lançado por lá com o título de Zombi, era inevitável que mais cedo ou mais
tarde, inspirasse o cinema italiano a produzir a sua versão, como era de praxe
na época. É aí que entra em cena o diretor Lucio Fulci, que transformou Zumbi 2 – A Volta dos Mortos, sequência não
oficial do clássico de Romero, em um banho de sangue e nojeira que supera o
original nesses quesitos. Diferente de famosos diretores italianos como Mario
Bava e Dario Argento, que ficaram famosos por sua estética de filmagem, jogo de
luz e sombra, fotografia e exploração das cores, Lucio Fulci é um cineasta mais
visceral, que investe muito no gore e
nos efeitos do cinema apelativo. E isso ele faz com maestria. Zumbi 2 –
A Volta dos Mortos é o ápice do cinema splatter italiano. E diferente do seu “predecessor” Despertar
dos Mortos, Zumbi 2 traz ao cinema uma nova forma brutal e
suja de zumbis, muito próxima do que estamos acostumados a ver hoje no cinema,
nada parecido com os mortos-vivos azuis comendo pedaços de borracha e
esguichando tinta guache vermelha, de Romero. O maquiador Giannetto De Rossi
desfila durante todo o longa cenas grotescas e sanguinárias, que vão de olhos
perfurados, membros devorados, cérebros tomando pauladas, antropofagia extrema
e zumbis pútridos e sujos de terra e barro. O exemplo perfeito
desse exploitation é a cena em que a esposa de Dr. David
Menard, um dos personagens do filme, é encontrada literalmente em pedaços,
servindo de banquete para alguns zumbis esfomeados. Logo na abertura do filme,
Fulci já mostra que não está ali para agradar aqueles de estômago fraco. O Dr.
Menard está vigiando um morto, com o corpo todo enrolado em um lençol, dos pés
a cabeça, que está deitado em uma maca. Claro que esse corpo começa a se
levantar e Menard prontamente atira na sua cabeça, esparramando sangue e miolos
pelo lençol. Em seguida corta para Nova Iorque, onde um barco abandonado aporta
em sua baía. Ao verificarem, os policiais encontram um zumbi em seu interior e
um deles acaba sendo mordido bem em sua jugular, em um close explícito. Anne
Bowles (Tisa Farrow, irmã menos famosa de Mia) descobre que esse barco é de seu
pai, que havia se mudado para a ilha caribenha de Matul, e parado de mandar
notícias há um certo tempo. Ela, junto ao jornalista Peter West, resolvem ir
até a ilha, com a ajuda de um casal de férias nas Antilhas que possuem um
barco, para descobrirem o que aconteceu com o pai da moça. O que eles encontram
em Matul é uma ilha dominada pela superstição vodu, trazendo de volta velhos
conceitos dos filmes inspirados pelo livro “A Ilha da Magia” de William B.
Seabrook, como Zumbi Branco e A Morta-Viva, e um exército de zumbis maltrapilhos
rondando entre as palmeiras. E daí é ladeira abaixo! Fulci entrega um
verdadeiro deleite para fãs de sangue, nojeira e mulher pelada. Uma morte
consegue ser mais violenta e escatológica que a anterior. Uma cena clássica é
quando a pobre esposa do Dr. Menard, após um longo e refrescante banho (captado
em nu frontal), é atacada por um zumbi que invade sua casa. Na tentativa
desesperada de se proteger, tranca-se em um quarto, porém sem sucesso, pois o
zumbi consegue arrebentar a porta de madeira e agarrar seus cabelos, arrastando
o rosto da garota em direção a uma lasca da porta, que vai perfurando seu olho
de forma agoniante, tudo em um super close-up. E aqui ficamos conhecendo a famosa tara de Fulci por
olhos, que vai acompanhá-lo pelo resto de sua filmografia. Claro que como toda
boa podreira que se preze, há alguns momentos ímpares de pura tosquice no
filme. Uma delas é a antológica e absurda cena em que quando todos eles estão
no barco à procura da ilha, a mulher do casal que está acompanhando Annie e
Peter resolve mergulhar para tirar fotos subaquáticas (nua também, é claro!), e
encontra um zumbi entre os corais, que luta contra um tubarão em pleno fundo do
mar. Sim, é isso mesmo. Há um embate entre um morto-vivo e um tubarão! Outra
cena que é ridícula é quando os herois resolvem recuperar suas forças no meio
do mato após uma malsucedida fuga, e se veem em um antigo cemitério dos
conquistadores espanhois. Sem mais nem menos, eles começam a levantar da terra
para voltar à vida. Bom, esses conquistadores espanhois estavam enterrados ali
há pelo menos uns 500 anos, e mesmo assim se erguem com carne no corpo, sangue
nas veias e órgãos intactos! Isso sem falar nas balas infinitas (outra especialidade
de Fulci) e nas cenas onde são jogados coquetéis molotov quando os herois estão
cercados pelos mortos-vivos. Mas essas coisas na verdade fazem parte do charme
do filme, que também tem seus momentos taciturnos, sendo acompanhado em quase
toda sua totalidade por tambores tribais quase ininterruptos e uma trilha
acidental que lembra bastante a banda Goblin, colaboradores frequentes de
Argento e também responsáveis pela trilha de Despertar dos Mortos.
E depois de Zombi 2 – A Volta dos Mortos, Fulci fez escola e deu
início a uma enxurrada de produções de mortos-vivos comedores de carne
humana Made in Italy. A
maioria sem nenhum pingo de qualidade.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2014/03/28/400-zumbi-2-a-volta-dos-mortos-1979/
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