segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

#400 1979 ZUMBI 2 A VOLTA DOS MORTOS (Zombi 2 / Zombie / Zombie Flesh Eaters, Itália)


Direção: Lucio Fulci
Roteiro: Elisa Briganti, Dardano Sacchetti (não creditado)
Produção: Frabrizio De Angelis, Ugo Tucci
Elenco: Tisa Farrow, Ian McCulloch, Richard Johnson, Al Cliver

Com o enorme sucesso que Despertar dos Mortos fez na Europa, lançado por lá com o título de Zombi, era inevitável que mais cedo ou mais tarde, inspirasse o cinema italiano a produzir a sua versão, como era de praxe na época. É aí que entra em cena o diretor Lucio Fulci, que transformou Zumbi 2 – A Volta dos Mortos, sequência não oficial do clássico de Romero, em um banho de sangue e nojeira que supera o original nesses quesitos. Diferente de famosos diretores italianos como Mario Bava e Dario Argento, que ficaram famosos por sua estética de filmagem, jogo de luz e sombra, fotografia e exploração das cores, Lucio Fulci é um cineasta mais visceral, que investe muito no gore e nos efeitos do cinema apelativo. E isso ele faz com maestria. Zumbi 2 – A Volta dos Mortos é o ápice do cinema splatter italiano. E diferente do seu “predecessor” Despertar dos MortosZumbi 2 traz ao cinema uma nova forma brutal e suja de zumbis, muito próxima do que estamos acostumados a ver hoje no cinema, nada parecido com os mortos-vivos azuis comendo pedaços de borracha e esguichando tinta guache vermelha, de Romero. O maquiador Giannetto De Rossi desfila durante todo o longa cenas grotescas e sanguinárias, que vão de olhos perfurados, membros devorados, cérebros tomando pauladas, antropofagia extrema e zumbis pútridos e sujos de terra e barro.  O exemplo perfeito desse exploitation é a cena em que a esposa de Dr. David Menard, um dos personagens do filme, é encontrada literalmente em pedaços, servindo de banquete para alguns zumbis esfomeados. Logo na abertura do filme, Fulci já mostra que não está ali para agradar aqueles de estômago fraco. O Dr. Menard está vigiando um morto, com o corpo todo enrolado em um lençol, dos pés a cabeça, que está deitado em uma maca. Claro que esse corpo começa a se levantar e Menard prontamente atira na sua cabeça, esparramando sangue e miolos pelo lençol. Em seguida corta para Nova Iorque, onde um barco abandonado aporta em sua baía. Ao verificarem, os policiais encontram um zumbi em seu interior e um deles acaba sendo mordido bem em sua jugular, em um close explícito. Anne Bowles (Tisa Farrow, irmã menos famosa de Mia) descobre que esse barco é de seu pai, que havia se mudado para a ilha caribenha de Matul, e parado de mandar notícias há um certo tempo. Ela, junto ao jornalista Peter West, resolvem ir até a ilha, com a ajuda de um casal de férias nas Antilhas que possuem um barco, para descobrirem o que aconteceu com o pai da moça. O que eles encontram em Matul é uma ilha dominada pela superstição vodu, trazendo de volta velhos conceitos dos filmes inspirados pelo livro “A Ilha da Magia” de William B. Seabrook, como Zumbi Branco e A Morta-Viva, e um exército de zumbis maltrapilhos rondando entre as palmeiras. E daí é ladeira abaixo! Fulci entrega um verdadeiro deleite para fãs de sangue, nojeira e mulher pelada. Uma morte consegue ser mais violenta e escatológica que a anterior. Uma cena clássica é quando a pobre esposa do Dr. Menard, após um longo e refrescante banho (captado em nu frontal), é atacada por um zumbi que invade sua casa. Na tentativa desesperada de se proteger, tranca-se em um quarto, porém sem sucesso, pois o zumbi consegue arrebentar a porta de madeira e agarrar seus cabelos, arrastando o rosto da garota em direção a uma lasca da porta, que vai perfurando seu olho de forma agoniante, tudo em um super close-up. E aqui ficamos conhecendo a famosa tara de Fulci por olhos, que vai acompanhá-lo pelo resto de sua filmografia. Claro que como toda boa podreira que se preze, há alguns momentos ímpares de pura tosquice no filme. Uma delas é a antológica e absurda cena em que quando todos eles estão no barco à procura da ilha, a mulher do casal que está acompanhando Annie e Peter resolve mergulhar para tirar fotos subaquáticas (nua também, é claro!), e encontra um zumbi entre os corais, que luta contra um tubarão em pleno fundo do mar. Sim, é isso mesmo. Há um embate entre um morto-vivo e um tubarão! Outra cena que é ridícula é quando os herois resolvem recuperar suas forças no meio do mato após uma malsucedida fuga, e se veem em um antigo cemitério dos conquistadores espanhois. Sem mais nem menos, eles começam a levantar da terra para voltar à vida. Bom, esses conquistadores espanhois estavam enterrados ali há pelo menos uns 500 anos, e mesmo assim se erguem com carne no corpo, sangue nas veias e órgãos intactos! Isso sem falar nas balas infinitas (outra especialidade de Fulci) e nas cenas onde são jogados coquetéis molotov quando os herois estão cercados pelos mortos-vivos. Mas essas coisas na verdade fazem parte do charme do filme, que também tem seus momentos taciturnos, sendo acompanhado em quase toda sua totalidade por tambores tribais quase ininterruptos e uma trilha acidental que lembra bastante a banda Goblin, colaboradores frequentes de Argento e também responsáveis pela trilha de Despertar dos Mortos. E depois de Zombi 2 – A Volta dos Mortos, Fulci fez escola e deu início a uma enxurrada de produções de mortos-vivos comedores de carne humana Made in Italy. A maioria sem nenhum pingo de qualidade.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/03/28/400-zumbi-2-a-volta-dos-mortos-1979/

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