terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

#460 1982 POLTERGEIST - O FENÔMENO (Poltergeist, EUA)


Direção: Tobe Hooper
Roteiro: Steven Spielberg, Michael Grais, Mark Victor
Produção: Frank Marshall e Steven Spielberg, Kathleen Kennedy (Produtora Associada)
Elenco: Jobeth Williams, Craig T. Nelson, Heather O’Rourke, Beatrice Straight, Dominique Dunne, Zelda Rubinstein

“Eles estão aqui”. O mais interessante de Poltergeist – O Fenômeno é que na minha época de criança, realmente no final da noite a TV saía do ar e entrava um canal de estática em seu lugar, como acontece no filme. Hoje em dia, esse simples fato cotidiano, alçado ao status de algo assustador que pode esconder vozes, vultos e forças sobrenaturais, simplesmente desapareceu. Afinal, se uma TV sai do ar atualmente, você vai sentir medo com o que? Uma tela azul? Uma irritante frase “sem sinal” dançando pelo monitor? Enfim, divagações a parte, Poltergeist é o mais mainstream de todos os filmes de terror. É o filme, digamos, mais infantil dessa lista e certamente o que mais pode-se taxar de um blockbuster. E apesar de ser dirigido por Tobe Hooper, quase não se vê nada de Tobe Hooper nele. Pelo menos não daquele que antes havia dirigido o seminal O Massacre da Serre Elétrica e até mesmo Eaten Alive. O que se vê é um filme de Steven Spielberg, que produziu a fita e manteve o diretor no cabresto para que tudo saísse exatamente como ele queria, deixando-o quase como uma figura alegórica. Tudo se encaixa num verdadeiro quebra-cabeças spielbergiano (inventei essa palavra) e mais anos 80, impossível. Desde a família feliz de classe média americana, que vive em um subúrbio construído sobre medida, onde o patriarca lê a biografia do presidente Ronald Reagan na cama, passando pelos impressionantes efeitos especiais para a época, culminando na enfadonha e pomposa trilha sonora de Jerry Goldsmith. Até o interminável jabá para o compadre George Lucas é levado a exaustão, pois no quarto das crianças há dezenas de memorabílias de Star Wars, como bonecos, pôster, jaqueta do Chewbacca e um abajur do Darth Vader. Mas felizmente, por bem ou por mal, Hooper estava lá para aplicar sua especialidade em aterrorizar as pessoas, levando ao limite a classificação PG e conseguindo bons momentos em cenas sombrias e alguns exageros, como o sinistro boneco de palhaço ganhando vida (mesmo sendo outra imposição de Spielberg inspirada em um trauma de infância), túmulos e esqueletos brotando do chão da casa ou quando o rosto de um dos pesquisadores paranormais começa a se derreter em frente ao espelho. A família Freeling vive seu próprio sonho americano. Moram em um condomínio fechado construído sob medida, e Steve, o pai, interpretado por Craig T. Nelson, é o principal vendedor da corretora que comercializa e constrói as casas do local. Só há um pequeno detalhe nesse maravilhoso pedaço de terra: ele foi construído em cima de um cemitério. A construtora simplesmente realocou as lápides, mas deixaram os túmulos e corpos ali. E em uma sequência de bizarros eventos, eles vêm clamar por aquilo que é deles. O primeiro contato da família com os poltergeists (espíritos zombeteiros em alemão) é através da filha mais nova, Carol Anne, que consegue ouvi-los na estática da TV. Só que em uma noite de tempestade eles começam a se manifestar fisicamente e acabam raptando a garotinha através de uma passagem dimensional que existe no guarda-roupa do quarto das crianças, e aprisiona-a no limbo. Os Freeling resolvem pedir ajuda a um bando de parapsicólogos que recorrem a uma médium especialista em “limpar casas”, chamada Tangina, que usa a força e o amor da mãe, Diane Freeling (Jobeth Williams), para tentar trazer a garotinha de volta. Muita fantasia, muitos efeitos especiais para mostrar “olha como somos fodas e conseguimos fazer objetos voarem e espíritos translúcidos darem as caras”, muito terror superficial e infantil, muito hã, digamos, Spielberg, estragam o que poderia ser uma produção foda, se deixassem Hooper em seu auge trabalhar. Hoje em dia, depois do boom dos filmes de fantasmas japoneses, filmes espanhois assustadores como Os Outros e O Orfanato e o choque causado por Atividade Paranormal, Poltergeist – O Fenômeno é um filme dos mais bestas. Mas claro que tem seu valor indiscutível e inegável. Por isso entra em qualquer lista. E depois de O Exorcista, Poltergeist é o campeão das lendas urbanas e das maldições envolvendo produção e elenco, o que ajudou muito a perpetuar sua aura de assustador e maldito. Tudo começou com a terrível morte de Dominique Dunne (irmã de Griffin Dunne, de Um Lobisomem Americano em Londres), atriz que interpreta Dana, a irmã mais velha da família Freeling, que foi estrangulada pelo namorado ciumento com quem havia terminado, pouco depois do lançamento nos cinemas. A maldição continua com a morte do padre que atua na sequência, Poltergeist 2 – O Outro Lado, e culmina com a morte da atriz mirim Heather O’Rourke, a eterna Carol Ann, logo ao término do terceiro filme, vítima de uma doença intestinal fulminante. Ah, Tobe Hooper também nunca mais fez um filme que prestasse…
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/06/18/460-poltergeist-o-fenomeno-1982/

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