Direção: Tobe Hooper
Roteiro: Steven
Spielberg, Michael Grais, Mark Victor
Produção: Frank
Marshall e Steven Spielberg, Kathleen Kennedy (Produtora Associada)
Elenco: Jobeth Williams, Craig T. Nelson,
Heather O’Rourke, Beatrice Straight, Dominique Dunne, Zelda Rubinstein
“Eles estão aqui”. O mais interessante
de Poltergeist – O Fenômeno é que na minha época de criança,
realmente no final da noite a TV saía do ar e entrava um canal de estática em
seu lugar, como acontece no filme. Hoje em dia, esse simples fato cotidiano,
alçado ao status de algo assustador que
pode esconder vozes, vultos e forças sobrenaturais, simplesmente desapareceu.
Afinal, se uma TV sai do ar atualmente, você vai sentir medo com o que? Uma
tela azul? Uma irritante frase “sem sinal” dançando pelo monitor? Enfim,
divagações a parte, Poltergeist é
o mais mainstream de todos os filmes de terror. É o
filme, digamos, mais infantil dessa lista e certamente o que mais pode-se
taxar de um blockbuster. E apesar de
ser dirigido por Tobe Hooper, quase não se vê nada de Tobe Hooper nele. Pelo
menos não daquele que antes havia dirigido o seminal O Massacre da Serre Elétrica e até mesmo Eaten Alive. O que se vê é um filme de Steven
Spielberg, que produziu a fita e manteve o diretor no cabresto para que tudo
saísse exatamente como ele queria, deixando-o quase como uma figura alegórica. Tudo
se encaixa num verdadeiro quebra-cabeças spielbergiano (inventei essa palavra)
e mais anos 80, impossível. Desde a família feliz de classe média americana,
que vive em um subúrbio construído sobre medida, onde o patriarca lê a
biografia do presidente Ronald Reagan na cama, passando pelos impressionantes
efeitos especiais para a época, culminando na enfadonha e pomposa trilha sonora
de Jerry Goldsmith. Até o interminável jabá para o compadre George Lucas é
levado a exaustão, pois no quarto das crianças há dezenas de memorabílias de
Star Wars, como bonecos, pôster, jaqueta do Chewbacca e um abajur do Darth
Vader. Mas felizmente, por bem ou por mal, Hooper estava lá para aplicar sua
especialidade em aterrorizar as pessoas, levando ao limite a classificação PG e
conseguindo bons momentos em cenas sombrias e alguns exageros, como o sinistro
boneco de palhaço ganhando vida (mesmo sendo outra imposição de Spielberg
inspirada em um trauma de infância), túmulos e esqueletos brotando do chão da
casa ou quando o rosto de um dos pesquisadores paranormais começa a se derreter
em frente ao espelho. A família Freeling vive seu próprio sonho americano.
Moram em um condomínio fechado construído sob medida, e Steve, o pai,
interpretado por Craig T. Nelson, é o principal vendedor da corretora que
comercializa e constrói as casas do local. Só há um pequeno detalhe nesse
maravilhoso pedaço de terra: ele foi construído em cima de um cemitério. A
construtora simplesmente realocou as lápides, mas deixaram os túmulos e corpos
ali. E em uma sequência de bizarros eventos, eles vêm clamar por aquilo que é
deles. O primeiro contato da família com os poltergeists (espíritos
zombeteiros em alemão) é através da filha mais nova, Carol Anne, que
consegue ouvi-los na estática da TV. Só que em uma noite de tempestade eles
começam a se manifestar fisicamente e acabam raptando a garotinha através de
uma passagem dimensional que existe no guarda-roupa do quarto das crianças, e aprisiona-a
no limbo. Os Freeling resolvem pedir ajuda a um bando de parapsicólogos que
recorrem a uma médium especialista em “limpar casas”, chamada Tangina, que usa
a força e o amor da mãe, Diane Freeling (Jobeth Williams), para tentar trazer a
garotinha de volta. Muita fantasia, muitos efeitos especiais para mostrar “olha
como somos fodas e conseguimos fazer objetos voarem e espíritos translúcidos
darem as caras”, muito terror superficial e infantil, muito hã, digamos,
Spielberg, estragam o que poderia ser uma produção foda, se deixassem Hooper em
seu auge trabalhar. Hoje em dia, depois do boom dos
filmes de fantasmas japoneses, filmes espanhois assustadores como Os Outros e O Orfanato e
o choque causado por Atividade Paranormal, Poltergeist – O Fenômeno é um filme dos mais bestas. Mas claro
que tem seu valor indiscutível e inegável. Por isso entra em qualquer lista. E
depois de O Exorcista, Poltergeist é
o campeão das lendas urbanas e das maldições envolvendo produção e elenco, o
que ajudou muito a perpetuar sua aura de assustador e maldito. Tudo começou com
a terrível morte de Dominique Dunne (irmã de Griffin Dunne, de Um Lobisomem
Americano em Londres),
atriz que interpreta Dana, a irmã mais velha da família Freeling, que foi
estrangulada pelo namorado ciumento com quem havia terminado, pouco depois do
lançamento nos cinemas. A maldição continua com a morte do padre que atua na
sequência, Poltergeist 2 – O Outro Lado, e culmina com a morte da
atriz mirim Heather O’Rourke, a eterna Carol Ann, logo ao término do terceiro
filme, vítima de uma doença intestinal fulminante. Ah, Tobe Hooper também nunca
mais fez um filme que prestasse…
FONTE:
https://101horrormovies.com/2014/06/18/460-poltergeist-o-fenomeno-1982/
Nenhum comentário:
Postar um comentário