sábado, 13 de fevereiro de 2016

#478 1983 VIDEODROME A SÍNDROME DO VÍDEO (Videodrome, Canadá)


Direção: David Cronenberg
Roteiro: David Cronenberg
Produção: Claude Héroux, Lawrence Neiss (Produtor Associado), Pierre David e Victor Solnicki (Produtores Executivos)
Elenco: James Woods, Deborah Harry, Sonja Smits, Les Carlson, Jack Creley

O canadense David Cronenberg é um dos meus diretores favoritos. Já tinha me conquistado com outros filmes anteriores dele, que também são ótimos, como Calafrios, Enraivecida na Fúria do Sexo, e Filhos do Medo. E apesar de toda a maluquice do diretor que é considerado o Rei do Terror Venéreo, Videodrome – A Síndrome do Vídeo, é um dos seus filmes mais controversos e bizarros. Os anos 80 já havia se firmado como a década da televisão e do vídeo. A proliferação da TV à cabo e o boom do VHS introduziram um novo aspecto comportamental na sociedade. E é mais ou menos aí que Cronenberg mete o dedo na ferida, misturando uma certa dose de crítica social com seu apreço pelo grotesco e pela carne. Max Renn é um executivo de um nada convencional canal de TV à cabo, que por ser pequeno e extremamente independente, apela para exibição de pornografia e violência para atrair público, mostrando-lhes aquilo que não veriam em outro lugar, como ele mesmo define. Na busca por conteúdo para rechear sua programação, Max se depara com um sinal pirata captado via satélite por um de seus funcionários, de um programa chamado Videodrome, que se resume a tortura, masoquismo e erotismo. Max então começa a ficar afetado pelo conteúdo apelativo daquele programa, que tem ares de ser um snuff vídeo, e tenta a qualquer custo descobrir quem o produz. Porém, tudo que envolve Videodrome é muito mais complexo que aparenta e Max vai entrando em uma trama macabra junto com a fetichista radialista Nicki Brand (interpretada por Deborah Harry, do Blondie), que imaginem só, quer se candidatar a uma audição do show! Um filme que começa como um thriller convencional, acaba se transformando em uma experiência completamente chocante enquanto Max vai se aprofundando nos bastidores da produção de Videodrome, que vão desde alucinações pesadas, mutação corporal com uma espécie de abertura vaginal surgindo em seu abdômen, onde ele consegue colocar, por exemplo, armas de fogo e fitas VHS, tumores provocados por sinais de televisão, conspirações empresariais e controle da mente do telespectador. Isso sem contar os personagens estranhos que sustentam a trama, sendo um dos principais deles, o profeta eletrônico Brian O’Blivion que sustenta a teoria de que a tela da TV é a retina do cérebro. E isso nada mais parece que a adaptação visceral das teorias do compatriota de Cronenberg, Mashall McLuhan, que em seus textos defende que o meio é a mensagem, os objetos são uma extensão do corpo do homem e que os meios de comunicação seriam os responsáveis pela criação de uma aldeia global. Em Videodrome – A Síndrome do Vídeo está tudo lá, da forma mais grotesca possível. Assim como a noia que Cronenberg tem pela carne, nesse caso, “a nova carne”, polimorfa, assimilada a componentes eletrônicos ou objetos. E dentro de toda a metáfora presente no conceito da transformação das pessoas quando expostas a conteúdo violento na televisão, Cronenberg aproveita para cutucar censores, distribuidores de Hollywood e até feministas de plantão, por todo o empecilho e dor de cabeça gerados ao diretor em suas produções anteriores. Não é um filme fácil e tampouco usual. Pode até despertar uma certa repugnância, muito graças aos excelentes efeitos visuais criados por Rick Baker, que no ano anterior havia levado o Oscar por seu trabalho em Um Lobisomem Americano em Londres. Mas Videodrome – A Síndrome do Vídeo é um filme que deve ser visto e revisto várias vezes.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/07/16/478-videodrome-a-sindrome-do-video-1983/

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