Direção: David
Cronenberg
Roteiro: David
Cronenberg
Produção: Claude Héroux,
Lawrence Neiss (Produtor Associado), Pierre David e Victor Solnicki (Produtores
Executivos)
Elenco: James Woods, Deborah Harry, Sonja
Smits, Les Carlson, Jack Creley
O canadense David Cronenberg é um dos
meus diretores favoritos. Já tinha me conquistado com outros filmes anteriores
dele, que também são ótimos, como Calafrios, Enraivecida na Fúria do Sexo,
e Filhos do Medo. E apesar de toda
a maluquice do diretor que é considerado o Rei do Terror Venéreo, Videodrome – A Síndrome do Vídeo, é um dos seus filmes mais controversos
e bizarros. Os anos 80 já havia se firmado como a década da televisão e do
vídeo. A proliferação da TV à cabo e o boom do VHS
introduziram um novo aspecto comportamental na sociedade. E é mais ou menos aí
que Cronenberg mete o dedo na ferida, misturando uma certa dose de crítica
social com seu apreço pelo grotesco e pela carne. Max Renn é um executivo de um
nada convencional canal de TV à cabo, que por ser pequeno e extremamente
independente, apela para exibição de pornografia e violência para atrair
público, mostrando-lhes aquilo que não veriam em outro lugar, como ele mesmo
define. Na busca por conteúdo para rechear sua programação, Max se depara com
um sinal pirata captado via satélite por um de seus funcionários, de um
programa chamado Videodrome, que se resume a tortura, masoquismo e erotismo.
Max então começa a ficar afetado pelo conteúdo apelativo daquele programa, que
tem ares de ser um snuff vídeo, e tenta a
qualquer custo descobrir quem o produz. Porém, tudo que envolve Videodrome é
muito mais complexo que aparenta e Max vai entrando em uma trama macabra junto
com a fetichista radialista Nicki Brand (interpretada por Deborah Harry, do
Blondie), que imaginem só, quer se candidatar a uma audição do show! Um filme
que começa como um thriller convencional,
acaba se transformando em uma experiência completamente chocante enquanto Max
vai se aprofundando nos bastidores da produção de Videodrome, que vão desde
alucinações pesadas, mutação corporal com uma espécie de abertura vaginal
surgindo em seu abdômen, onde ele consegue colocar, por exemplo, armas de fogo
e fitas VHS, tumores provocados por sinais de televisão, conspirações
empresariais e controle da mente do telespectador. Isso sem contar os
personagens estranhos que sustentam a trama, sendo um dos principais deles, o
profeta eletrônico Brian O’Blivion que sustenta a teoria de que a tela da TV é
a retina do cérebro. E isso nada mais parece que a adaptação visceral das
teorias do compatriota de Cronenberg, Mashall McLuhan, que em seus textos
defende que o meio é a mensagem, os objetos são uma extensão do corpo do homem
e que os meios de comunicação seriam os responsáveis pela criação de uma aldeia
global. Em Videodrome – A Síndrome do Vídeo está tudo lá, da forma mais grotesca
possível. Assim como a noia que Cronenberg tem pela carne, nesse caso, “a nova
carne”, polimorfa, assimilada a componentes eletrônicos ou objetos. E dentro de
toda a metáfora presente no conceito da transformação das pessoas quando
expostas a conteúdo violento na televisão, Cronenberg aproveita para cutucar
censores, distribuidores de Hollywood e até feministas de plantão, por todo o
empecilho e dor de cabeça gerados ao diretor em suas produções anteriores. Não
é um filme fácil e tampouco usual. Pode até despertar uma certa repugnância,
muito graças aos excelentes efeitos visuais criados por Rick Baker, que no ano
anterior havia levado o Oscar por seu trabalho em Um Lobisomem Americano em Londres.
Mas Videodrome – A Síndrome do Vídeo é um filme que deve ser visto e
revisto várias vezes.
FONTE:
https://101horrormovies.com/2014/07/16/478-videodrome-a-sindrome-do-video-1983/
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