sábado, 13 de fevereiro de 2016

#477 1983 TUBARÃO 3 (Jaws 3-D, EUA)


Direção: Joe Alves
Roteiro: Richard Matheson e Carl Gottilebe, Guerdon Trueblood (história)
Produção: Rupert Hitzig, David Kappes (Produtor Associado), Alan Landsburg e Howard Lipstone (Produtores Executivos)
Elenco: Dennis Quaid, Bess Armstrong, Simon MacCorkindale, Louis Gossett Jr., John Putch, Lea Thompson, P.H. Moriarty

Como bem sabemos, Tubarão de Steven Spielberg foi um puta sucesso e o primeiro blockbuster da história. Até aí tudo legal, porque é um baita filme, um dos maiores clássicos do cinema, catapultou o diretor ao estrelato, meteu medo de entrar na água em um monte de gente. Mas como tudo que faz sucesso e coloca dinheiro no bolso dos estúdios, os inescrupulosos produtores sempre aproveitam para fazer sequências. Tubarão 3 foi lançado oito anos depois do original e cinco depois da sua continuação. Mas ser uma sequência salafrária não é o pior que poderia acontecer à fita dirigida pelo ilustre desconhecido Joe Alves (acredite esse é seu único trabalho como diretor), que até trabalhou como diretor de segunda unidade e designer de produção de Tubarão e Tubarão 2. A pior coisa foi ele ter sido lançado em 3D, indo no embalo da febre dos filmes em terceira dimensão no começo dos anos 80, para você usar nas salas de cinema aqueles óculos com lentes de celofane vermelha e azul. Claro que há uma defasagem tecnológica da época e tudo mais, mas os efeitos em 3D são os mais toscos possíveis. Impossível não soltar gargalhadas na sequência em que o tubarão branco estático vem se aproximando do restaurante, completamente sobreposto na cena, ou quando o submarino amarelinho está explorando os mares. Fato é que nada se salva em Tubarão 3. Talvez o tubarão mecatrônico que seja mais bem feito que o Bruce original e seu comparsa no segundo longa. Completamente caça níquel e motivo de chacota, Richard Matheson tinha sido escalado para escrever, porém o roteiro passou por tantas revisões do estúdio que não se aproveitou nada da história contada por um dos melhores roteiristas de Hollywood. Outro fato curioso é que inicialmente os produtores dos filmes anteriores, David Brown e Richard D. Zanuck tinham a intenção de que o filme fosse uma comédia, porém Spielberg ficou putinho quando descobriu, rejeitou a ideia, ameaçou quebrar o contrato que tinha com a Universal e ganhou a queda de braço, com os dois produtores pedindo demissão do estúdio. Mas o filme na verdade acabou se tornando uma comédia. Não no sentido literal, mas tem de ser zoada por se levar tão a sério. A trama se passa no Sea World (o que me dá uma raiva inenarrável, ainda mais depois de assistir ao documentário Blackfish) e o filho do Chefe Brody, Mike (Dennis Quiad) se tornou um oceanógrafo e trabalha com sua namorada, a bióloga marinha Dra. Kathryn Morgan (Bess Armstrong) no parque, que é gerido pelo inescrupuloso Calvin Bouchard (Louis Gossett Jr.). Enquanto Mike recebe a visita de seu irmão mais novo, Sean (John Putch), que se mudou para o Colorado e desenvolveu um tremendo trauma de água por conta do acontecido durante aquela derradeira velejada em Tubarão 2 (mas que logo perde esse medo tão fácil quando instigado por um rabo de saia), um tubarão branco (o que mais seria?) surge nos arredores do parque. Ele é capturado por uma equipe formada por Mike, a Dra. Kathryn e o britânico showman aquático Philip FitzRoyce (Simon MacCorkindale) e torna-se o primeiro carcharodon carcharia em cativeiro do mundo. Mas o peixe acaba sucumbindo em um dos tanques e não é que a mãe tubaroa dele, uma grande branco de 10 metros, resolve atacar o parque e a atração Reino Submarino, deixando diversos turistas presos dentro do complexo embaixo d’água? Daí cabe aos heróis exterminar o bicho e blá blá blá… Bem, para resumir a reação ao filme, Dennis Quaid em uma entrevista posterior ao ser questionado sobre estar em Tubarão 3, respondeu: “Eu estava em Tubarão o quê?”. Roy Scheider que já tinha ficado possesso de participar de Tubarão 2, obrigado por uma questão contratual por ter desistido de participar de O Franco Atirador, naquele momento concordou em atuar em Trovão Azul só para garantir contratualmente que estaria fora dessa bomba. E ainda disse em sua biografia: “Nem Mephistopheles me obrigaria a fazer aquilo. Eles sabiam disso tão bem que nem me procuraram”. Taí, nem precisa de mais resenha depois disso. Mas sabem o que é o mais legal, mas assim, O MAIS LEGAL de tudo? Você lembra do infame O Último Tubarão do picareta Enzo G. Castellari, que até rendeu o primeiro Horrorcast de 2014? Pois bem, a Universal processou os idealizadores do rip off italiano por plágio que foi até retirado dos cinemas. E não é que Tubarão 3 simplesmente SURRUPIA ideias da sua versão spaghetti? Só reparar no tubarão que ruge, a mesma medida de ambos e o caçador dentro da bocarra do animal levando uma bomba que será detonada pelo mocinho. Se eu fosse Castellari, processava esses sabichões! Mas como estamos falando de uma das franquias mais lucrativas do cinema, faturou mais de 13 milhões de dólares só no final de semana de estreia. Foi a maior bilheteria de estreia de um filme 3D até ser ultrapassado muitos anos depois por Pequenos Espiões 3-D. E um tubarão só voltou a ganhar a terceira dimensão nas telas nos recentes Terror na Água e Bait 3D (aquele do tubarão preso no supermercado depois de um Tsunami). Mas a falta de escrúpulos dessa galera não parou por aqui. Tubarão 3 é vexatório. Mas Tubarão – A Vingança, o quarto e último da série é execrável.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/07/15/477-tubarao-3-1983/

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